Meio século após o primeiro pouso lunar, uma nova disputa pelo satélite terrestre parece estar em andamento. EUA querem novamente sair ganhando. Qual é a ambição dos russos? E qual o papel do resto do mundo?
No início deste mês, Israel quase se juntou ao clube não oficial das potências espaciais globais. Mas os israelenses não tiveram o mesmo sucesso que russos, americanos e chineses: o módulo lunar Beresheet não conseguiu pousar, caindo na superfície da Lua devido a falhas no motor. No entanto, o experimento alimentou os boatos de uma “nova corrida espacial para a Lua”.
Os Estados Unidos venceram a primeira corrida, em 1969, quando os astronautas da Apollo 11 caminharam sobre o satélite. Agora eles querem outro pouso na Lua – em dose dupla. No fim de março, o vice-presidente, Mike Pence, instruiu a agência espacial do país, NASA, a colocar os americanos na Lua novamente dentro de cinco anos. Se a agência não conseguir, advertiu Pence, o governo recorrerá às empresas privadas.
Vence quer colocar astronautas na lua dentro de 5 anos. Crédito: E. Vucci
O político republicano afirmou que os Estados Unidos vão vencer essa nova corrida lunar, assim como na década de 1960, mas não revelou com quem exatamente o país estaria competindo.
Segundo Ramon Lugo, diretor do Instituto Espacial da Flórida, na Universidade de Orlando, Pence estaria possivelmente se referindo à rivalidade com a China. Não há dúvida de que Pequim tem um programa lunar, afirma, acrescentando que Washington e Pequim estão competindo em “muitas áreas da tecnologia”.
Em janeiro, a China conseguiu pousar sua primeira sonda espacial no lado escuro da Lua. Lugo, que por muito tempo trabalhou na NASA, considera improvável que a Rússia, apesar de seu papel no envio de astronautas à Estação Espacial Internacional (ISS), possa, atualmente, se posicionar como um verdadeiro rival dos Estados Unidos no espaço.
Após a aposentadoria do programa de ônibus espaciais, a NASA contou com a Rússia para enviar astronautas à ISS
Em sua opinião, os americanos competiriam consigo mesmos na “corrida para Lua”, pois se trata antes da concorrência entre a NASA e empresas privadas, como a SpaceX de Elon Musk. Para o diretor do Instituto Espacial da Flórida, o plano de Pence de retornar à Lua até 2024 é otimista demais. Os astronautas poderão voltar à órbita lunar dentro dos próximos cinco anos, mas pousar no satélite terrestre não será possível até por volta de 2030.
A única maneira de acelerar esse cronograma seria a NASA empregar foguetes da SpaceX que foram desenvolvidos para uma missão à Marte, sugere o ex-funcionário da NASA, embora ressalvando que as condições na Lua são muito diferentes das em Marte.
Rússia e UE no páreo?
De acordo com Andrey Ionin, da Academia Russa de Cosmonáutica, não há “corrida pela Lua” e a declaração de Pence foi “motivada internamente” para ganho político. Ele não descarta a possibilidade de um pouso lunar dos Estados Unidos como um “projeto único” nos próximos cinco anos, mas não pode imaginar a Rússia ou a China participando do tipo de “corrida lunar” promovida por Pence.
A Rússia não tem condições financeiras nem tecnológicas de fazê-lo no momento, apesar de seus progressos na pesquisa lunar, afirma Ionin. O experimento de quatro meses da Sirius-19, para simular um voo à Lua, está em andamento em Moscou desde meados de março, com a participação principalmente de cientistas russos. Além disso, a agência espacial do país, Roscosmos, anunciou planos para estabelecer uma colônia lunar até 2040. Uma missão tripulada russa à Lua não deverá acontecer antes da década de 2030.
Thomas Jarzombek, parlamentar e coordenador de assuntos aeroespaciais do Ministério de Economia e Energia alemão, descartou o potencial de uma nova “corrida para Lua”. “Não é que os americanos queiram ir sozinhos, haverá, antes, uma cooperação em larga escala semelhante à ISS, algo com o Canadá, a Europa e o Japão. Precisamos de um anúncio dos EUA sobre como proceder daqui”, disse ele.
Pence não mencionou que tipo de cooperação seria. No entanto, a União Europeia está interessada em participar do projeto internacional Gateway, liderado pela NASA, para a construção de uma estação espacial na Lua, atualmente ainda em fase de planejamento. A Rússia também mostrou interesse, mas, em 2018, Dmitri Rogozin, diretor da Roscosmos, afirmou que Moscou não queria fazer “um papel de coadjuvante”.
Após a aposentadoria do programa do ônibus espacial Space Shuttle, os Estados Unidos tiveram que recorrer à nave espacial Soyuz da Rússia para enviar astronautas à ISS. Agora, os americanos estão desenvolvendo uma nova espaçonave tripulada, a Orion, que a NASA usará para uma provável missão lunar. O primeiro voo de teste foi concluído em 2014.
A Agência Espacial Europeia (ESA) desenvolveu para a Orion um módulo de serviço, construído na Alemanha, que fornecerá combustível, água e oxigênio à espaçonave. Para Jarzombek, trata-se de um importante sinal de cooperação com os Estados Unidos. “É um grande sucesso para nós, fornecermos, pela primeira vez, componentes essenciais para os americanos”, afirmou Jarzombek.
Fonte: Deutsche Welle
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