Poucas foram as manifestações de políticos a favor da realidade do Fenômeno UFO no Brasil, desde o início das pesquisas na área, nos anos 40. E a maioria delas foi desencadeada exclusivamente pelo interesse pessoal de cada um pelo tema, não por uma motivação maior ou constitucional. O interesse pela presença alienígena na Terra já passou pelo Poder Legislativo, sendo manifestado por vereadores, deputados estaduais, federais e senadores de todo o país, assim como pelo Executivo, quando prefeitos, governadores e até presidentes trataram do assunto. E vários foram os depoimentos que nossos políticos deram sobre experiências com UFOs que tiveram pessoalmente. Exemplos clássicos foram aqueles em que personalidades como o presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador do Paraná Ney Braga e o ministro Celso Furtado admitiram ter visto objetos voadores não identificados.
Um dos mais célebres políticos brasileiros a se envolver publicamente com o Fenômeno UFO foi ninguém menos do que o presidente Juscelino Kubitschek, que autorizou a publicação, na imprensa, das famosas fotos de um disco voador feitas na Ilha da Trindade pelo fotógrafo carioca Almiro Baraúna, em 16 de janeiro de 1958. Não que o aval de JK fosse necessário para ratificar ou aumentar a legitimidade das imagens de Baraúna, pois elas são inquestionáveis em função de uma série de situações, mas seu envolvimento no caso lhes atribuiu uma aura de oficialidade muito importante para a Ufologia – ainda mais considerando que isso se passou na década de 50.
Organização política necessária
A Comunidade Ufológica Brasileira também é ciente de que existe muito interesse pelo Fenômeno UFO por parte de autoridades que ocupam importantes funções públicas na atualidade, a exemplo do senador Cristovam Buarque, do governador do Distrito Federal José Roberto Arruda e do deputado federal Celso Russomanno, entre outros. Todos eles já admitiram publicamente que o assunto é sério e assim deve ser tratado. Buarque e Russomanno, por exemplo, chegaram a se comprometer com ufólogos ligados à Revista UFO afirmando que, se chamados à ação, dariam total apoio às suas reivindicações por liberdade de informações.
Assim, é mais do que desejável que a Ufologia se organize politicamente durante esta nova fase da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, quando a Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) protocolou junto à Casa Civil da Presidência da República, em Brasília, um pedido oficial para a liberação de registros sobre a presença de UFOs no Brasil, averiguados, arquivados e mantidos pelas Forças Armadas brasileiras. O chamado Dossiê UFO Brasil, protocolado na Comissão de Averiguação e Análise de Assuntos Sigilosos (CAAIS) daquele órgão, no final de dezembro de 2007, é o instrumento que permitirá à Ufologia Brasileira pressionar nossas autoridades para que se posicionem diante da realidade e do avanço do Fenômeno UFO [Veja versão completa do Dossiê UFO Brasil no Portal UFO: ufo.com.br]. Como nada se constrói em uma democracia sem a devida organização política, essa premissa se torna válida também para a Ufologia.
Se partirmos do princípio de que existem evidências inquestionáveis da presença de UFOs em nosso meio – em especial os casos de avistamos múltiplos por pessoal militar, em que houve detecção por radar e até perseguição dos objetos por nossos caças –, passa a ser uma obrigação de nossas autoridades se manifestarem publicamente sobre tais situações. O atual Governo deu um importante passo inicial favorável à Ufologia quando autorizou a visita dos membros da CBU ao prédio do Ministério da Aeronáutica e às instalações do I Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta I) e Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra), em 20 de maio de 2005 [Veja UFO 111]. Apesar de apenas simbólico e insuficiente para estabelecer uma política de abertura quanto ao tema, é fácil perceber, através deste ato, que a política promovida pela atual administração federal demonstra uma tendência para mudanças, seja em conceitos, em valores ou até em atitudes. Sendo assim, então, devemos nos organizar e aproveitar a oportunidade para tirar a Ufologia de baús arcaicos e de arquivos trancafiados por autoridades passadas, descomprometidas com a democracia que temos hoje.
É chegada a hora de uma grande revolução na área, pois a sociedade brasileira precisa saber a verdade sobre os UFOs. Nós, ufólogos, estamos fazendo a nossa parte, mas precisamos mais, precisamos de um “tratamento de choque” no que se refere à organização política de nosso movimento. Perdemos muito tempo com diferenças individuais desnecessárias e deixamos de lado a urgência de nos organizarmos. Não temos que lamentar o tempo perdido, mas sim aproveitar a nova oportunidade que se apresenta para perseguirmos novas e mais objetivas metas. Já dizia Chico Xavier que “ninguém pode voltar atrás e fazer um novo começo, mas todos podem começar agora e fazer um novo final”. “Os ufólogos são os pioneiros de uma nova era”, disse o saudoso ex-governador do Distrito Federal José Aparecido de Oliveira, e esta nova era deve ser pautada pelo grande debate que se faz necessário sobre a realidade da presença alienígena na Terra.
Ciência e espiritualidade
Dizem algumas vozes do movimento paracientífico brasileiro que não haverá futuro para a humanidade se ciência e espiritualidade não caminharem lado a lado. A Ufologia pode ser vista e interpretada sob ambas as óticas, sem prejuízo à sua natureza objetiva. É hora de se constatar o que a ciência pode fazer pela espiritualidade e o que a espiritualidade pode fazer pela ciência. Desta forma, iremos elevar o nível do debate sobre os discos voadores para um andar superior, mais rico, mais completo, mais realista. Em maio de 2005, compondo a Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), recebida ineditamente pela Aeronáutica numa visita aos seus arquivos, disse ao jornalista Luiz Petry, do programa Fantástico, que acompanhava a jornada, que aquele momento significava a “graduação” da Ufologia Brasileira, ou seja, que ela estava recebendo seu diploma universitário. E que, a partir dali, todos os ufólogos do país deveriam subir um degrau a mais e buscar agora a “pós-graduação” da Ufologia, o reconhecimento científico da realidade do Fen&ocir
c;meno UFO.
A visita representou uma conquista inequívoca para toda a Comunidade Ufológica Brasileira, mas seu simbolismo deve ser bem entendido. Ela deixou claro que não compete mais aos ufólogos provar nada a ninguém, e que compete, sim, à ciência dar uma resposta para a humanidade sobre a questão dos UFOs. Os ufólogos são coadjuvantes neste processo, que precisará ter agora, em outros meios e ambientes, uma continuidade condizente com sua importância.
Por fim, quero destacar que grande maioria dos avanços ocorridos na Ufologia Brasileira, nos últimos 25 anos, só foram possíveis porque nos organizamos em torno da Revista UFO, que encampou várias ações para defesa e difusão da Ufologia. Um exemplo disso é o sucesso da campanha UFOs: Liberdade de Informações Já, que chegou onde está graças ao empenho de toda a família que compõe o Conselho Editorial da publicação. UFO tem o respeito de grandes segmentos da sociedade e de grandes personalidades. Vejam que, quando os integrantes da CBU se preparavam para a despedida da visita ao Comdabra, em maio de 2005, fomos cumprimentados pelo comandante geral do órgão, o brigadeiro José Carlos Pereira. Naquele instante, quando o editor Gevaerd foi presenteá-lo com alguns exemplares da UFO, fomos surpreendidos quando Pereira nos disse: “Agradeço o presente, mas quero informar que sempre compro a UFO nas bancas de Brasília. Não perco uma edição”. Simplesmente, um dos homens mais poderosos da hierarquia militar brasileira é leitor da Revista UFO.
Quando observamos o imenso caminho que já percorremos e as importantes conquistas que já concretizamos, constatamos que não estão tão longe nossos próximos objetivos, que visam à ampla e irrestrita abertura ufológica em nosso país. Mas esta não é uma luta apenas dos ufólogos, e sim de todas as pessoas genuinamente interessadas pela verdade sobre o assunto em nosso país, em especial os leitores da UFO. Vamos todos buscar esta grande revolução, pois, no mínimo, devemos isso aos heróis que dedicaram suas vidas à pesquisa do Fenômeno UFO, e que já não estão mais entre nós.