Caminhamos firmes rumo ao futuro, evoluindo de maneira espantosa e como nunca se viu antes em sua história pregressa. Avanços que antes eram atingidos em um ano hoje o são em alguns meses — e logo serão alcançados em questão de dias. Tal progresso da humanidade também se reflete na Ufologia, que é capaz de dar respostas consistentes e definitivas para as indagações que temos, individuais e coletivas, sobre nossas origens. No entanto, a presença de alienígenas em nossas vidas não está apenas no futuro, mas também no passado, uma vez que esses seres já andaram por aqui há tempos e deixaram marcas significativas de sua passagem. Entre elas estão extraordinárias contribuições dadas à humanidade espontaneamente, ou por ela naturalmente absorvidas, por meio de nossas tradições e religiões.
O grande desafio do ser humano nos próximos anos é o reencontro com o verdadeiro conteúdo das antigas tradições, que muitos chamam de sagradas. Com o tempo, as religiões perderam grande parte de sua capacidade de conectar o ser humano à verdadeira essência da espiritualidade. Em um mundo dominado pelo capitalismo, onde a ciência tem sido usada mais para propósitos comerciais do que em benefício do ser humano, as pessoas estão descobrindo em antigas tradições indígenas respostas às suas buscas espirituais, além de uma profunda sabedoria. E nesses conhecimentos naturais encontram também a presença de seres não terrestres, que parecem ter tido com nossos antepassados muito mais intimidade do que preferem ter conosco, hoje. Seus ensinamentos vão desde o respeito à mãe Terra e tudo que nela reside, até estar constantemente em sintonia com o plano invisível.
Exercer crenças livremente
Os povos indígenas de nosso planeta foram abandonados ao esquecimento por muito tempo, chegando-se ao absurdo de serem proibidos de realizar seus próprios cultos. Assim, seu antigo relacionamento com seres espirituais e do espaço em grande parte se perdeu. Nos Estados Unidos, por exemplo, foi apenas em 1978 que o então presidente Jimmy Carter assinou a Lei de Liberdade Religiosa para os nativos daquele país, permitindo que pudessem exercer suas crenças livremente. Após isso, algumas lideranças indígenas começaram a transmitir seus ensinamentos fora das reservas, fazendo com que os “homens brancos” também tivessem acesso aos seus conhecimentos — antes, porém, o que chamamos hoje de xamanismo despertava somente o interesse de alguns poucos pesquisadores e antropólogos. E foi justamente os escritos de um destes pesquisadores que abririam de vez o universo misterioso dos xamãs à cultura ocidental.
O fato ocorreu no começo dos anos 70. Carlos Castañeda, então estudante de pós-graduação do curso de antropologia da Universidade da Califórnia, iniciou uma série de viagens até a região do Deserto de Sonora, na fronteira dos Estados Unidos com o México, com o objetivo de realizar estudos e pesquisas sobre plantas consideradas sagradas pelos índios da região. Ali Castañeda conheceu um índio yaque chamado Don Juan de Matus, já com mais de 70 anos de idade, que com o tempo iria lhe revelar uma série de conhecimentos. Aqueles que possuíam tal sabedoria eram conhecidos como “homens-médicos”, bruxos, xamãs, pajés ou feiticeiros. Eram uma espécie de intermediários entre o nosso mundo físico e material e os mundos espirituais e invisíveis — neles incluídos os de nossos visitantes espaciais.
Após anos de aprendizado, Castañeda transformou os conhecimentos que recebeu em uma série de livros que viraram um dos maiores fenômenos editoriais de todos os tempos — entre eles Jornada a Ixtlan [Nova Era, 1973]. O antropólogo, que jamais se deixou fotografar e nem mesmo ser filmado, por recomendações de Don Juan, foi matéria de capa da revista Time e manchete de alguns dos mais importantes veículos de comunicação de todo o mundo. A partir daquele momento, o mundo dos xamãs começaria a ser desvendado pela civilização moderna, como se antes ele fosse algo remoto e inatingível. Castañeda então aprendeu que os conceitos de realidade de nossa civilização precisavam ser revistos e que as pessoas deveriam ter entre seus objetivos ampliar e reformular seus conhecimentos — e não apenas aceitar as verdades impostas pelo sistema. Segundo Don Juan, muito além do que nossa limitada visão pode alcançar, existe um universo desconhecido para a maioria de nós, mas que precisa ser desvendado.
Percepção humana
Conhecedores dos segredos da natureza, do universo e das ervas sagradas — que curam corpo, mente e alma —, os xamãs têm, entre outras, a capacidade de comunicar-se com as plantas, chamadas por eles de instrutoras. Em rituais específicos, como na cerimônia com a ayahuasca — o “vinho das almas” —, podem alterar sua consciência e romper as fronteiras da percepção humana, adentrando assim nos mundos supradimensionais. Eles foram os primeiros homens de conhecimento de nosso mundo, os primeiros médicos, os primeiros sacerdotes etc. E através de um novo paradigma que está rompendo com as velhas ideias preconcebidas de um passado científico cartesiano, começamos a compreender sua linguagem e rituais — e a acessar verdades de grande significado para a humanidade, inclusive sobre nossos visitantes extraterrestres. Nisto, os livros de Castañeda — que era brasileiro e nasceu em São Paulo, em uma região chamada por ele de Juquiri — contribuíram de forma fundamental.
Observando todas as culturas nativas de nossa história, vemos que os incas edificaram um dos maiores impérios do Novo Mundo, que se estendia por todo o oeste da América do Sul, em mais de 4.000 km de área e com uma população superior a 12 milhões de pessoas. O centro administrativo de seu império era a cidade de Cuzco ou Qosqo, que significa “umbigo do mundo”. Contam as tradições perdidas no tempo que, há mais de 25 mil anos, Manco Ccapac e Mama Ocllo — respectivamente chamados de Filho do Sol e Filha da Lua — saíram das profundezas do Lago Titicaca para fundar seu império. Eles tinham a missão que o supremo criador Wiracocha lhes atribuiu, dando-lhes um bastão mágico e pedindo que andassem pelas montanhas dos Andes, até que este lhes indicasse o local onde deveriam fundar a primeira cidade — e foi em Qosqo que isto ocorreu.
Sobre o vasto império, chamado de Ta
wantinsuyo, se estabeleceram os incas. Ele compreendia as culturas Aymaras, Huari, Tiawanaco, Chavin, Paracas e outras. Embora a literatura em geral os trate de incas, seus descendentes preferem ser chamados de inkas — Inka quer dizer “filho do Sol” ou rei, e muitos poucos no império foram considerados assim. O povo em geral era governado pelo rei ou por inka, visto como filho de um deus maior, a quem se devia obediência. Assim, poderíamos dizer que a nobreza era considerada como inka, mas o povo, não. Ao lado do rei, a figura do xamã tinha um papel fundamental na edificação de todo o império, recoberto por templos cerimoniais. Não há quem deixe de admirar a exuberância das construções e a forma geométrica perfeita dos blocos de rochas do que sobrou do império dos inkas.
Mundos espirituais e deuses
Pesando dezenas de toneladas e encaixando-se perfeitamente uns sobre os outros, os blocos criam uma harmonia conjunta que mesmo em cidades modernas é difícil encontrar. Até as teorias mais apuradas ainda não conseguem explicar de forma satisfatória onde os incas adquiriram o conhecimento necessário para edificar um dos maiores impérios da Antiguidade. Neste enigma entram os xamãs, que estavam constantemente conectados com mundos espirituais e deuses que lhes transmitiam a sabedoria necessária para tais feitos, devidamente repassada ao rei — e aí está a chave para explicar parte da origem destes conhecimentos.
No final dos anos 60, o pesquisador suíço Erich von Däniken faria através do título de seu livro uma pergunta que até hoje nos fascina: Eram os Deuses Astronautas? [Editora Melhoramentos, 1969]. Milhares de respostas vieram após isso e mesmo que alguns argumentos apresentados por Däniken em sua obra tenham se mostrado ultrapassados com o tempo, uma coisa é certa: todas as antigas culturas da Terra receberam a visita de seres espaciais, chamados por eles de deuses, que lhes transmitiram diversos tipos de conhecimentos e lhes permitiram erigir grandes impérios. Tentar classificar estas manifestações como angelicais, divinas, extraterrestres, dimensionais ou ultraterrestres etc é o item menos importante de nossa análise, em comparação com o legado por eles transmitido.
Talvez seja este o fascínio que faz com que cada vez mais pessoas se dirijam a estes santuários sagrados e descubram a magia ali presente. Uma das atividades mais antigas realizadas pelo ser humano é a arte de peregrinar — caminhar sobre a Terra tem sido uma das coisas mais fascinantes que fazemos em nosso mundo. Ousando ir em direção ao desconhecido, nossa humanidade descobriu continentes, atravessou mares jamais navegados e rompeu as barreiras do próprio Sistema Solar. Mas um tipo de caminhada, em especial, tem sido responsável por conduzir o ser humano ao encontro de si mesmo, fazendo-o descobrir universos inexplorados ainda maiores que os até então descobertos: a peregrinação. Se pudéssemos em uma única palavra descrever os resultados que as pessoas que a praticam encontram ao final de suas jornadas, sem dúvida, ela seria transformação.
Conteúdo das antigas tradições
Estas caminhadas e os lugares a que nos levam têm transformado vidas e feito com que pessoas de todo o mundo voltem para seus lares com mais força e determinação para continuar suas vidas. Experiência, conhecimentos novos e muita reflexão são resultados diretos desse exercício. Mas, para isso, o peregrino deve aprender a estar sintonizado com o momento presente e consciente de que, muito além da sabedoria transmitida pelos guias a que segue, deve se conectar com a energia presente nos lugares que visitar. A contemplação passa a ser então um dos fatores mais importantes, como já fazia Castañeda e outros antes e depois dele. Deve-se permitir que o conhecimento dos lugares nos penetre e, junto deles, que possamos reencontrar o verdadeiro conteúdo das antigas tradições — o que inclui fatos sobre a presença alienígena na Terra, em todos os tempos.
O escritor Paulo Coelho, peregrino por excelência, menciona que ao longo de suas andanças por lugares sagrados aprendeu que se deve sempre estar atento ao momento presente e aberto ao inesperado. “Porque ele sempre se manifesta, testando assim nossa própria vontade de fazer esta jornada sagrada”, declara. Entre os lugares mais palpitantes para se praticar a peregrinação está a Cordilheira dos Andes, citada em muitas antigas profecias como “a região onde a luz renascerá sobre a Terra”. Nos Andes também está localizado o templo da mestra Nada, considerado o mais importante vórtice de irradiação de energia feminina da Terra. De fato, pelo menos para a Ufologia, está comprovado que toda a área tem grande importância, dada à elevadíssima incidência de observações e ocorrências lá registradas. Tradições tibetanas descobertas antes da invasão chinesa falam da existência de grandes túneis subterrâneos que sairiam do Palácio da Potala em direção aos Himalaias e, cruzando oceanos, terminariam em um ponto central da América do Sul.
O local também seria um misterioso santuário secreto escondido nos Andes, regido por Meru e Nada e situado justamente no Lago Titicaca. Em volta dele, comunidades nativas acostumaram a observar com regularidade objetos voadores não identificados nos céus e sobrevoando a água, bem como, muitas vezes, entrando e saindo dela. É notável encontrarmos nestas tradições tibetanas, escritas do outro lado do mundo, informações sobre a presença de seres espaciais — ou especiais — habitando os Andes. Elas nos trazem à mente recordações das lendas incas que falam do Filho do Sol e da Filha da Lua, que emergiram das águas sagradas do Titicaca para fundar o grande império. A existência de templos no local é mencionada ainda em outras tradições, assim como também é interessante notar que em diversas cidades ou templos edificados pelos incas existem relatos sobre grandes túneis que iriam de um lado ao outro do Peru — eles atingiriam até a Amazônia, no Brasil.
Estruturas descomunais
Alguns desses túneis foram descobertos por arqueólogos e fechados por motivos de segurança. Um deles, encontrado há alguns anos, vai do Templo Sagrado de Saqsayhuaman — um dos mais importantes dos incas, situado na cidade de Quzco — até o Templo de Coricancha, no centro da cidade de Cuzco, ainda no Peru. Tem ao longo de suas enormes estruturas, em forma de uma grande serpente escalonada, blocos com mais de 100 toneladas cada. Algumas dessas pedras encerram um grande mistério, pois são de ro
chas caliças e sedimentares, que têm algo de quartzo misturado com o sedimento. Sabendo-se que tal sedimento foi formado ao longo de milhões de anos no fundo do oceano, pergunta-se como podemos ter tal material presente neste lugar, a 3.600 m acima do nível do mar? E como blocos de 100 toneladas puderam ser manipulados de forma a fazer parte das estruturas do templo?
Mas as histórias contadas por indígenas que residem nas montanhas dos Andes são ainda mais incríveis — elas mencionam a cidade perdida dos incas, Paititi, situada quase na fronteira entre a Amazônia peruana e a brasileira, onde o legado daquele povo estaria oculto, juntamente com descendentes diretos do Filho do Sol e da Filha da Lua. Após muitas viagens a tais terras, este autor passou a compreender e a crer nestas tradições. Com o tempo, adquiri a confiança dos moradores, que começaram a relatar interessantes lendas. Como a de que um grupo de arqueólogos teria descoberto, recentemente, uma grande cidade perdida a cerca de 30 km de Machu Picchu, na direção de Wilcabamba. O mais incrível é que eu já havia ouvido relatos sobre a existência desta cidade antes de ela ser achada — e como ela, muitas outras histórias nos são contadas.
Apesar de tantas fascinantes lendas, é proibido por lei que moradores façam pesquisas em busca de relíquias perdidas. Assim, quando alguém faz uma descoberta do gênero, quase ninguém fica sabendo com medo de represálias. Viajando de Saqsayhuaman em direção ao majestoso Vale Sagrado dos Incas, encontramos o Templo de Ollantaytambo, também chamado de “templo dos ventos” e considerado uma espécie de portal interdimensional pelos descendentes dos incas. Nesse lugar é possível ter um vislumbre da engenharia de construção de tal povo, que chegou a esculpir montanhas para transformá-las em templos cerimoniais — abaixo do conjunto deles existe um pequeno povoado, todo circundado por montanhas.
Para outros mundos
Escalando-se uma escadaria que se eleva até o topo de uma destas montanhas iremos encontrar outro templo, com seis grandes blocos em forma de gigantescas portas, situadas umas ao lado das outras — nesse local, no passado, ocorria um ritual fascinante, segundo alguns registros. Para se chegar a tais blocos tem que se passar por um portal em pedra onde os guardiões, no passado, permitiam somente a entrada de sacerdotes. Em ocasiões especiais, segundo as tradições, a população que ficava abaixo da montanha se reunia em coro, juntamente com dezenas de sacerdotes situados no alto do templo, e entoava sons tântricos que tinham o poder de promover uma abertura dimensional para outros mundos — justamente onde se situam essas seis portas de pedra. Fato curioso é a menção de que muitos sacerdotes e parte da nobreza da época conseguiram escapar dos conquistadores espanhóis utilizando o portal como rota de fuga. Verdade ou mito, até hoje se desconhece o destino da grande maioria dos incas, que simplesmente desapareceram sem deixar pistas. É interessante notar também que, ao longo das edificações do complexo de Ollantaytambo, a maioria das construções está alinhada geometricamente com estrelas e auroras ocorridas em épocas especiais do ano,
como os solstícios.
Algo de fascinante é a exploração da Cordilheira dos Andes, o que fiz com dedicação. A cada nova viagem para lá se percebe a força dessas tradições, mantidas vivas por séculos. Histórias sobre a presença de seres espaciais nos Andes — ou mesmo de luzes que saem de lagos, como o Titicaca — são comuns e pode-se ouvi-las em toda a região. Este autor pôde também conhecer essas mesmas narrativas partindo dos guardas que cuidam do santuário sagrado da cidade de Machu Picchu, à noite. Segundo eles, enormes bolas de luz saem das montanhas e cruzam os céus da cidade, desaparecendo em direção a outras montanhas.
Insólita reunião de semideuses
Próximo de Puno, no Complexo de Sillustani, existe uma montanha rodeada pelo Lago Umayo, onde os moradores de uma comunidade relatam ver com frequência enormes esferas luminosas saindo de dentro do lago para sobrevoar os céus da belíssima região. Também são comuns os relatos de fenômenos estranhos por sobre toda esta extensão da Cordilheira dos Andes. Chegando à milenar cidade de Tiawanaco, já próximo a La Paz, na Bolívia, encontramos o Templo de Kalassassaya, em outra região de grande incidência ufológica. Em forma de uma grande piscina abaixo da terra, lá podemos ver rostos de pessoas esculpidos em todas as paredes ao longo do templo. As figuras impressionam por serem representações de diversos tipos de raças, incluindo algumas com as quais a cultura Tiwanaku jamais teve contato ou que nós mesmos, hoje em dia, não podemos reconhecer.
Um conhecimento ancestral daquele povo registra que há muitos séculos houve no lugar uma reunião de semideuses, e que os rostos ali representados seriam destas divindades. À frente de Kalassassaya temos o templo onde se encontra a mística Porta do Sol, maravilha da Antiguidade pesando cerca de 10 toneladas. No ponto mais alto da escultura está representada a figura do deus Wiracocha, demonstrando que a tradição é remotíssima. Até hoje é desconhecida a idade certa de Tiwanaku, mas suas lendas nos contam que há tempos a deusa Orjana, vinda das estrelas, ali chegou para ser a primeira mãe da Terra — ela teria gerado dezenas de filhos e retornado aos céus em seguida.
Mas nada representa de forma melhor aquele povo que o templo de Saqsayhuaman, “o mais sagrado dentre o sagrado” ou “o lugar onde homens e mulheres adquirem o conhecimento”, segundo a história. Saqsayhuaman quer dizer literalmente “satisfação da mente”, ou seja, o lugar onde se satisfaz a mente com o conhecimento ali presente. Somente sacerdotes e grandes mestres podiam entrar em tal templo. Seu conjunto tem o aspecto de uma gigantesca serpente e as pedras que dão formato a ele estão dispostas umas sobre as outras, com uma configuração progressiva — as maiores ficando abaixo das menores, até se chegar a pedras muito pequenas, minúsculos cristais. Desta forma, do alto se pode ver uma serpente de três corpos toda iluminada pelo Sol.
É graças à m
ilenar tradição daquele povo que sabemos que, dos céus, quando eram realizados rituais com plantas sagradas, os deuses e os espíritos dos xamãs podiam contemplar a gigantesca serpente. Os incas tinham o hábito de ver tudo ao seu redor como sagrado. Isso gerou interpretações errôneas sobre suas crenças, quando se afirma que eram politeístas. Prestando mais atenção em sua história, percebemos que quando se referem aos deuses existentes, indicam que esses seriam divindades menores — não um Deus onipotente. Porém, além desses, existia para eles o Grande Criador, aquele que a tudo gerou, inclusive os deuses menores. Mesmo antes de o imperador Pachacútec substituir o culto ao deus Sol Inti pelo culto ao deus e criador Wiracocha, os incas acreditavam em um único Criador. Porém, consideravam todas as coisas como sagradas e as chamavam de apu, que não necessariamente significava um Deus supremo.
Sobre coisas sagradas
Assim, temos Apu Unu (deus das águas), Apu Nina (deus do fogo), Apu Wayra (deus do ar) e Apu Pacha Mama (deus da terra ou mãe Terra). É o equivalente a dizer que na tradição católica existem diversos santos, mas um único Deus. Os incas também dedicavam uma especial atenção ao momento do nascimento de seus filhos, pois novas almas estavam chegando — assim como a morte de seus entes, por representarem o momento da partida de suas almas em direção aos mundos espirituais. Por acreditarem na continuidade da vida após a morte, enterravam seus falecidos em posição fetal, como sementes dispostas a germinar novamente. Também de forma curiosa, ao longo dos templos e edificações de todo seu império, iremos encontrar a chamada cruz inka, cujo significado tem importância fundamental e representa o conjunto de estrelas do Cruzeiro do Sul. Como os incas sabiam detalhes desses astros, senão pelo contato direto com seres não terrestres e mais avançados tecnologicamente, que os visitavam e com eles conviviam?
A descoberta de Machu Picchu também é chocante. Foi somente em 1911 que o arqueólogo norte-americano Hiram Bingham viria descobrir, a cerca de 2.400 m de altura, o que seria a maior preciosidade daquele povo — Machu Picchu quer dizer “lugar onde os homens velhos mascam folhas de coca”. Envolto entre montanhas e uma densa floresta nativa, o local é naturalmente protegido e impediu durante décadas que os próprios espanhóis o descobrissem. As tradições sagradas situam Machu Picchu como uma cidade cerimonial de grande importância religiosa e onde as plantas sagradas, como a ayahuasca, eram cultivadas.
Machu Picchu que quer dizer “lugar onde os homens velhos mascam folhas de coca”. Envolto entre montanhas e uma densa floresta nativa, o local é naturalmente protegido e impediu durante décadas que os próprios espanhóis o descobrissem
Acredita-se que foi o imperador Pachacútec a idealizar a construção de Machu Picchu, e somente a nobreza e os sacerdotes tinham permissão para visitá-la. Nas andanças deste autor pelo Peru, conheci parte de uma história que poderia ser a verdadeira forma como fora descoberta a chamada Cidade da Paz Celestial. Segundo um xamã que reside em Cuzco e que teve acesso ao diário pessoal de Bingham, este havia atingido a encosta da montanha em que se encontra Machu Picchu já desanimado por estar há muito tempo a sua procura, sem sucesso. Cansado, teria começado a falar consigo mesmo, em voz alta, sobre como vinha sendo enganado pelos índios, que lhe forneciam informações erradas sobre a localização exata da cidade. Então, Bingham teria ouvido a voz de um menino de aproximadamente 13 anos de idade, que o chamava alguns metros acima de onde estava.
O indiozinho dizia poder lhe mostrar a localização exata que buscava mediante o pagamento de um Solo, a moeda peruana. O arqueólogo não gostou e acabou se irritando ainda mais porque achava se tratar de outro nativo querendo enganá-lo em troca de dinheiro. Mas o jovem índio insistiu tanto que Bingham resolveu segui-lo. Alguns metros acima, chegou a um ponto de onde pôde contemplar uma das maiores descobertas do seu século, e para lá se dirigiu. Aos poucos, foi percebendo que em meio à densa vegetação existiam muros e edificações em pedra. Chamou o restante do grupo, que se situava mais abaixo, e após algum tempo de euforia percebeu que o jovem índio havia desaparecido. Bingham jamais voltou a encontrar o menino que, contam as lendas, seria o guardião espiritual de Machu Picchu.
São impressionantes também as lendas e registros históricos a respeito do “grande deus branco” Wiracocha, que prometeu em um futuro breve retornar à Terra. Profecias incas que tratam dessa figura também advertem sobre catástrofes a que a humanidade será submetida por desrespeitar o planeta e a mãe natureza. Em tal momento, os deuses da água, do fogo e do ar mostrariam sua força e a Terra seria então purificada dos males cometidos pelo homem civilizado — o mesmo presságio está presente em praticamente todas as culturas nativas de nossa história, notadamente nas americanas. Após tais cataclismos, o Filho do Sol e a Filha da Lua retornariam à Terra para resgatar parte de seu povo. Para muitos estudiosos, esse retorno coincide com a prometida volta de Wiracocha e com o de outros seres espaciais, que estiveram sobre a face deste planeta.
Energia e espiritualidade
Durante muito tempo suspiramos diante da possibilidade de nossa raça ter um contato com civilizações mais evoluídas — e muitos ainda aguardam tal encontro. Após inúmeras viagens aos locais descritos, depois de respirar o conhecimento ancestral que impregna templos e construções dos Andes, e de ver com que detalhes a presença de seres espaciais é narrada pelos descendentes dos incas, pode-se descobrir que este contato sempre ocorreu, o tempo todo. Sim, há vida fora da Terra em níveis que sequer possamos imaginar — não somente material, mas energética e espiritualmente. E isso os incas já sabiam há séculos. Mas, talvez, antes de passarmos os próximos anos tentando contatar tais formas de vida inteligente, devêssemos buscar aqui na Terra o seu legado, através da compreensão dos povos que os conheceram. Como peregrinos, devemos aprender que criamos nossa própria realidade, que pode ser de lindos sonhos ou horríveis pesadelos, para continuar a maior de todas as jornadas sagradas — a da própria vida.