Não foi a primeira vez que fomos surpreendidos com a imagem de um suposto objeto voador em Marte. A última foi há algumas semanas, quando uma das câmeras do robô Opportunity flagrou a formação de um risco no céu marciano, ocasionado pela passagem de algum artefato em vôo. Cerca de dois dias depois das fotos terem sido mostradas ao público, através do site mantido pela NASA especialmente para essa missão, e também pelas emissoras de tevê, os responsáveis pelo controle do programa espacial revelaram tratar-se de algum “objeto familiar”. Segundo eles, poderia ser a plataforma espacial que havia carregado uma das sondas Viking na década de 70. A imprensa, de uma forma geral, não perdeu tempo em dizer que se tratava mesmo de um UFO e muitos meios de comunicação chegaram a afirmar que o elemento fotografado era na verdade uma nave de procedência alienígena.
No entanto, o termo UFO, amplamente empregado pela imprensa, não significa que o objeto estudado seja mesmo uma aeronave alienígena. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a sigla tem um significado muito mais amplo e serve como substitutivo para toda a sorte de artefatos avistados no céu que não podem, mesmo após todas as análises possíveis, serem definidos. Para quem pensava ser este o primeiro caso de um suposto avistamento ufológico em Marte, devemos lembrar que já em meados de 1988 a sonda Phobos 2 foi dada como perdida após encerrar as comunicações com o pessoal do controle da missão, na Terra. O fato se deu após a pequena nave ter sido atraída por uma estranha sombra projetada na superfície de Marte.
Fatos legados ao esquecimento
Pensando se tratar da sombra ocasionada por um dos satélites naturais do planeta, Phobos ou Deimos, ou de algum fragmento de naves anteriores, os controladores da missão russa redirecionaram as câmeras da sonda de modo a tornar possível a captação de imagens do objeto que se encontrava logo acima. Tomados de surpresa, viram atônitos que não se tratava nem de uma coisa, nem de outra, e que na realidade um estranho corpo cilíndrico acompanhava as evoluções da Phobos 2 na órbita de Marte. Após uma breve pausa nas comunicações, tentaram em vão restabelecer o comando da nave, sem sucesso. Até hoje pouco se sabe sobre o episódio, e a maior parte dos ufólogos acredita que a nave terrestre tenha sido neutralizada, por motivos ignorados, por um UFO real – este sim de origem alienígena.
A verdade é que desde os primórdios da corrida espacial, quando as duas superpotências começaram a lançar ao espaço pequenas naves com objetivos militares de mapeamento e exploração, fatos realmente estranhos se sucederam. E, de quebra, muito pouco foi feito pra que tais episódios fossem esclarecidos à população. Mesmo na atualidade parece não haver disposição de certas instituições e governos em falar sobre o assunto, fazendo-o quase cair em esquecimento. Em 1997, flagrados pelas lentes da Mars Orbital Camera, dois objetos não identificados foram classificados dentro do que alguns fizeram questão de chamar de “aeronaves alienígenas”, ainda que absolutamente nada pudesse ser confirmado e a NASA, como de hábito, permanecesse em silêncio.
O primeiro dos objetos fotografados parecia ter sido vítima de algum acidente. Em meio a algumas dunas de areia, permitia a visão de partes de sua suposta fuselagem metálica, de formato triangular e até aparentemente enferrujada, semelhante a muitos objetos estranhos já fotografados em vôo na nossa atmosfera. O outro objeto registrado parecia apoiado no alto de uma grande montanha marciana, possuindo o formato tradicional dos chamados discos voadores avistados por várias testemunhas em nosso planeta. Este, de grandes dimensões, se comparado ao tamanho da colina em que se encontrava, sugeria mesmo desafiar as leis da gravidade, pois uma parte de sua base parecia não tocar a superfície da montanha. Ainda que fosse alguma formação de origem natural, como explicá-la?
Algum tempo se passou e nada de novo foi visto, até que nas últimas de uma série de fotos obtidas pela sonda Opportunity em solo marciano, bem pouco divulgadas, aparecia um conjunto de imagens do horizonte do planeta, onde, ao fundo, bem à direita, parecia haver um objeto material em altitude de vôo. É curioso notar que o corpo semelhante a uma esfera não aparece nas outras fotos desta seqüência, apenas numa. Como foram batidas em curtos intervalos de tempo, não poderíamos dizer que se tratava de um defeito na lente, pois a imagem do artefato perduraria enquanto a referida lente fosse utilizada, o que não parece ter acontecido. Por outro lado, fosse mesmo um objeto voador, para onde teria ido? Qual sua origem e intenção?
A notícia, além de também ter sido relegada ao esquecimento e praticamente sequer comentada nos meios ufológicos e científicos, permaneceu dentro dos arquivos de alguns pesquisadores para posterior análise. Voltando aos exames da recente imagem obtida em março passado, e reforçando a tese de que pudesse mesmo ser algo artificial e não um defeito qualquer na lente das câmeras, uma esteira de condensação ou rastro luminoso foi registrado no céu marciano pelas mesmas câmeras que fotografaram o objeto anterior. Sabemos que, por apresentar uma atmosfera bem mais tênue em relação à terrestre, Marte não interpõe barreiras para o impacto de meteoritos, sejam grandes ou pequenos. Portanto, objetos dessa natureza não tenderiam a deixar um rastro tão visível no céu.
Anomalias marcianas
Tanto é assim que, desde as primeiras missões de sondagem, os controladores já se viam com os cabelos em pé por não conseguirem, dada à limitação tecnológica da época, direcionar as pequenas naves terrestres à superfície do planeta, sem que se chocassem em alta velocidade e espatifassem em seguida. Tal problema é evidenciado mesmo nos dias atuais, sendo o mais recente, o da Beagle 2, que, segundo se estima, teria se estatelado contra o solo. Além do mais, para que um rastro se torne visível, além de condições propícias para seu aparecimento – como atmosfera densa e choque de temperaturas –, seria muito pouco provável que uma esteira de condensação ou luminosidade fosse fotografada pela Opportunity.
Especula-se também que o corpo fotografado possa ser um pequeno núcleo
de cometa formado de gelo, mas a esteira gerada pela condensação ou sublimação dos gases seria tão fraca que mal poderia ser percebida pela câmera, uma vez que Marte não apresenta uma resistência tão grande à entrada desses objetos. Ademais, o monitoramento da área não acusou a presença de nenhum cometa de passagem pela região. Então, não deixa de ser curioso o fato de que, justamente durante a passagem do objeto, as câmeras da Opportunity estavam direcionadas exatamente para aquele ponto no céu. Dois dias depois de obtida a imagem, representantes da NASA alegaram que o rastro teria mesmo sido gerado pela passagem da nave que transportara a Viking 2, há 30 anos. Não é preciso dizer que pouca gente acreditou nisso.
Durante as investigações levadas a cabo pelas modernas sondas norte-americanas, um novo estudo que vinha meio esquecido parece ter somado força nos últimos tempos: o das anomalias marcianas. Surgido de forma incipiente no fim da década de 70, desde quando o homem pôs os pés na Lua, esse estudo se fortaleceu após a publicação das imagens do chamado “rosto marciano” na planície de Cydonia e, mais recentemente, com a chegada das imagens feitas pela Spirit, efetuadas há pouco mais de três meses no local onde pousara, o interior da cratera Gusev. Lentamente, materializando seus pixels na tela do computador, a linda figura de uma pequena pedra que, além de aparentar ter sido seccionada por algum instrumento cortante de precisão, mostrava justamente um lado aparado com um orifício quadrado. Isso absolutamente qualquer força natural seria capaz de produzir, menos ainda com tamanha perfeição. Não que se possa duvidar do poder da natureza, mas é simples detectar que ela não utiliza régua e compasso para formar um cenário. Basta olhar em volta.
Quase tudo o que existe possui formas curvas, onduladas ou pontiagudas. A natureza é assim, prodigiosa em combinar os elementos de forma a tornar harmoniosa uma paisagem, ainda que se valendo de elementos conflitantes entre si. Outras figuras detectadas no solo de Marte passaram despercebidas por muitos, mas não pelo pessoal dos órgãos de pesquisas oficiais. Prova disso é que as imagens normalmente são publicadas em preto e branco. Num ambiente inóspito e alegadamente impróprio para a existência de vida, como os cientistas da NASA explicariam a existência de vegetais rasteiros, objetos metálicos ou quem sabe até mesmo de fósseis? Mas é fácil acabar com as especulações. Basta adicionar a cada foto comprometedora uma dose de “problemas com a câmera”, “erros de transferência de dados”, “transmissão em preto e branco”, ou ainda, quando a coisa foge do controle, “excluir a imagem do site”. Isso para não falarmos nas figuras nunca publicadas…
Lei da mordaça espacial
Como a quantidade de fotos publicadas é imensa, é natural que uma ou outra mais comprometedora só venha a sofrer algum tipo de intervenção certo tempo depois de já ter sido levada a público. Numa das tomadas realizadas pela Opportunity, nas cercanias de um afloramento rochoso no solo, observou-se a existência de um objeto postado no terreno que não podia ser uma pedra, dadas as suas características. Fosse essa imagem produzida em cores, a existência do artefato se destacaria por sobre o referido afloramento e geraria o caos na comunidade científica internacional e na imprensa. A imposição da universalmente conhecida lei do silêncio, com supressão de dados, informações e imagens, não é novidade no tocante à exploração espacial. Desde os primeiros passos do homem em direção às estrelas, os órgãos governamentais sempre se preocuparam em divulgar somente o estritamente essencial.
A título de exemplo de exclusão deliberada de informação e imagem, ocorrida mais recentemente, lembramos o caso de uma foto em que aparecia uma espécie de construção semelhante a um pentágono, classificada com o código 086-A-07. A simetria entre os ângulos e lados da edificação é tão perfeita que se torna quase impossível acreditar que se trate de uma formação rochosa natural, causada pela ação de ventos ou erosão. Embora mais uma vez fosse retratada em preto e branco, a elevação dos muros que formam a “fortaleza marciana” deixa entrever que alguém pode estar por trás disso, controlando o que pode ou não ser publicado, disponibilizando a conta-gotas um conteúdo pouco comprometedor aos interessados. No lugar da imagem da tal fortaleza os técnicos da NASA colocaram durante algum tempo uma série de pequenos desenhos coloridos de pequenas naves espaciais animadas, como se estivessem querendo brincar com a nossa inteligência.
Após alguns dias, nem mesmo a página na Internet que continha essa imagem podia ser acessada, estando até o fechamento desta edição como se nunca tivesse existido. É até possível que uma das tantas faces e construções piramidais fotografadas em Marte possam mesmo ser frutos de erros de interpretação, ocasionados por jogos de luzes e sombras, mas a imagem de que estamos falando é muito mais do que isso, apenas para mencionar um único exemplo dentre tantos outros. Isso tudo só confirma que, quanto mais exploramos o planeta, mais indagações temos.