Desde o ano passado o México não sai do noticiário ufológico especializado. Em março de 2004, um caso surpreendente envolveu uma equipe de militares da Fuerza Aérea Mexicana (FAM) sobre a Península de Yucatán. Quase uma dúzia de pontos luminosos foram simultaneamente detectados pelo radar da aeronave Merlin C-26A na qual estavam e por uma câmera digital do tipo Flir Star Zapphir II [Com espectro de radiação infravermelho longo], ainda mais avançado [Leia UFO 100]. Além de ser um caso espantoso, mais incrível ainda foi a reação das autoridades mexicanas. O próprio general Clemente Vega Garcia, diretor da Secretaria de Defesa Nacional (Sedena) – uma espécie de Ministério de Defesa daquele país –, chamou os ufólogos mexicanos para entregar-lhes as gravações do fato. Num ato completamente inédito no país, o militar transferiu aos ufólogos civis a responsabilidade por analisar e divulgar o caso e ainda conferiu publicamente alta credibilidade às suas atividades ufológicas. À frente deles estava Jaime Maussán, considerado um dos repórteres mais bem informados sobre Ufologia em todo mundo.
Passou-se exatamente um ano e, novamente, em março de 2005, novos e extraordinários acontecimentos viriam do México para agitar a comunidade ufológica de todo o planeta – agora com a força de um tsunami. Desta vez foi a revelação, feita também por Maussán durante o 14º International UFO Congress and Film Festival, realizado em Laughlin, Nevada (EUA), de que uma verdadeira “invasão alienígena” estaria ocorrendo em seu país. O jornalista surpreendeu a platéia, habituada a grandes impactos, com informações e imagens estarrecedoras de imensas frotas de objetos voadores não identificados sobre diversas regiões mexicanas – inclusive áreas de densa concentração populacional, como a Cidade do México, a capital, e aeroportos congestionados. Os vídeos apresentados por Maussán mostravam frotas que iam de alguns objetos esféricos até mais de 100 deles, ora voando em formação harmônica, ora realizando complicadas manobras. Estive entre os presentes no evento e fui um dos que tomou enorme susto ao ver imagens tão chocantes. Com a permissão de Maussán, trouxe o material ao Brasil e o distribui entre ufólogos de todo o país, especialmente da Equipe UFO. Suas reações foram diversas, sendo as mais comuns delas a estupefação e a negação dos fatos. Mesmo os que aceitaram a explicação de que se tratava de algo extraordinário e não-terrestre se espantou com o que viu. Não era para menos. Nunca, em momento algum da história da Ufologia Mundial se viu algo assim. Jamais foram filmadas – ou mesmo vistas – esquadrilhas tão numerosas de supostos UFOs. Entre os que negaram a priori os fatos estavam ufólogos que, perante os demais, acabaram sendo vistos como preconceituosos e de limitados horizontes. Ora, é certo que a aceitação imediata de um fato dessa envergadura, sem um exame minucioso das circunstâncias, é um equivoco, mas sua negação também é um erro. Pronto, estava criada a polêmica que iria se espalhar por várias edições de UFO.
Condenação imediata — Os debates na internet foram tão polêmicos e acirrados que me levaram a escrever duas Mensagens do Editor a respeito – e, confesso, com sentimento de insatisfação ao ver as reações precipitadas. Numa delas, cheguei a afirmar que a falta de serenidade na discussão a respeito das frotas mexicanas, com sua condenação imediata, levava a Ufologia à Idade Média. Não houve exageros. Para completar, os ufólogos mexicanos à frente das investigações das flotillas, como são conhecidas naquele país, se aborreceram enormemente com seus colegas brasileiros e ameaçaram romper uma tradição de décadas de cooperação. O quadro foi agravado quando o ombudsman Rogério Chola e a consultora Laura Elias – ela que escreveu longo e detalhado relato sobre o Caso Yucatán para a UFO 100 – voltaram a tratar da casuística mexicana em nossa edição 108, com textos que, seguindo uma linha de raciocínio predominante nos círculos céticos norte-americanos, traziam uma explicação científica que se pretendeu apresentar lógica a frota de 11 UFOs vistos pela Fuerza Aérea Mexicana (FAM).
A rejeição ao Caso Yucatán e as flotillas de dezenas de objetos voadores não identificados, estas detalhadamente expostas em grandes fotos em UFO 109, fez com que a insatisfação dos mexicanos ficasse ainda mais evidente. Daniel Muñoz, Santiago Yturria Garza e Ana Luisa Cid – estes últimos que tiveram textos sobre novas esquadrilhas de naves publicadas na edição 110 – juntaram-se a Jaime Maussán num protesto pacífico. Sua manifestação deu-se junto a este editor e não visou gerar uma polêmica com os ufólogos brasileiros, mas sim mostrar a eles que estavam errados e que há muitos fatos sobre ambos os casos que não são bem conhecidos em nosso país. “É difícil julgar uma ocorrência a milhares de quilômetros de distância do palco dos acontecimentos e exclusivamente com informações de terceiros”, alega Muñoz.
Desta forma, decidi fazer uma reavaliação da situação mexicana, a começar com o Caso Yucatán – principal motivo da discórdia –, e apresento nesta edição um estudo detalhado do mesmo, feito pelo ufólogo e nosso correspondente do México Santiago Yturria Garza. Além dele, há um esclarecimento geral sobre as flotillas dado numa entrevista exclusiva concedida à Revista UFO pelo próprio Maussán. Para completar, Yturria Garza fala também de circunstâncias específicas envolvendo uma das testemunhas das flotillas. O tom exaltado de ambos os trabalhos, raramente apresentado na publicação, é justificado pela insatisfação de ambos os ufólogos em ver ocorrências tão significativas como o Caso Campeche e as impressionantes esquadrilhas de objetos voadores não identificados sendo mal interpretadas pelos ufólogos brasileiros, principalmente por seguirem uma linha de pensamento cética que, mesmo no México e nos EUA, onde se originou, já foi revista há meses.
Complexa casuística mexicana — Maussán, nosso entrevistado desta ediç&ati
lde;o, trata também de inúmeros outros importantes aspectos da Ufologia Mexicana e Mundial, com um nível de detalhamento de casos e situações que certamente auxiliará o leitor de UFO a compreender e sentir a complexidade da casuística daquele país. O entrevistado é um dos mais conhecidos ufólogos do mundo, embora não goste de ser chamado assim. “Sou jornalista, não pesquisador. Meu trabalho é relatar os fatos”, declarou. Repórter há quase 30 anos, Maussán já teve vários programas de rádio e TV – alguns deles, sobre Ufologia e temas afins, estão entre os de maior audiência no planeta. Há poucos anos, apresenta o programa Mistérios del Tercer Milenio, assistido por milhões de pessoas em seu país e outras 20 nações da América Central, do Sul e Caribe. Com tamanha audiência, é natural que Maussán seja a pessoa que mais receba documentos e registros de supostos UFOs em toda essa vasta região. De fato, seu acervo de fotos e filmes ufológicos é espantoso e provavelmente o maior do mundo. É nessa condição que ele recebeu do Sedena o material com registros de objetos sobre Yucatán, assim como vem tendo acesso nos últimos meses as fantásticas imagens de flotillas sobre seu país. “Não sabemos o que são, mas certamente sabemos o que não são. E não são fraudes”, declarou.
Sua reação é um recado direto aos ufólogos céticos que concentraram seu poder de fogo contra as esquadrilhas no fato de que várias delas foram feitas por um personagem curioso da Ufologia Mexicana, o engenheiro Arturo Robles Gil. Gil, sobre quem o ufólogo Yturria Garza também apresenta uma matéria nesta edição, cometeu fraudes ufológicas no passado e manchou sua reputação. Segundo os ufólogos mexicanos – até brasileiros e norte-americanos –, isso o condenaria à eterna rejeição. Ocorre que Gil fez imagens recentes de flotillas que desafiam qualquer explicação lógica, e mesmo que tenha sido autor de fraudes em tempos remotos, isso não invalida gravações sobre as quais ele não tem qualquer controle. Enfim, a história de Gil é outra incômoda peça desse quebra-cabeças, que nesta edição de UFO está prestes a ser esclarecido.
Como ufólogo, devo reconhecer que considero as imagens de esquadrilhas apresentadas por Maussán, Yturria Garza, Muñoz, Ana Luisa e seus colaboradores simplesmente impressionantes. Meu acesso às investigações sobre sua natureza e condições deixou-me ainda mais certo de que há um fenômeno absolutamente significante acontecendo naquele país – e talvez tenha sido parte dele o famoso e depois desacreditado Caso Yucatán. Se isso se confirmar, é certo que a Ufologia Brasileira estará em débito com seus colegas mexicanos, pela maneira cética e em alguns casos até superficiais como suas investigações foram tratadas. Assim, como editor, dedicarei boa parte deste exemplar de UFO para tentar reparar eventuais danos e restabelecer a tradicional ponte de comunicação que sempre tivemos com aqueles nossos colegas. E o farei apresentado, nas próximas páginas, a entrevista com Maussán e textos de Yturria Garza.
É importante saber de onde vêm. Mas mais importante é saber por que vêm…
As flotillas mexicanas representam um dos maiores desafios que a Ufologia já enfrentou em suas quase seis décadas de existência. As mais cuidadosas e dedicadas tentativas de explicá-las em termos naturais – desde balões até bandos de aves – não lograram êxito. E a acirrada disputa entre os ufólogos mexicanos e de outros países, que buscam encontrar uma explicação razoável para o fenômeno, em nada de concreto resultaram até agora. A opção que resta à Ufologia é, portanto, justamente aquela que alguns pesquisadores advogam desde o princípio de tais manifestações: tratam-se de esquadrilhas de naves de origem exoterrestre, provenientes de fora do planeta Terra. Suas manobras, versatilidade e formatos, além da quantidade de tais objetos e principalmente suas características de vôo, indicam que há uma inteligência e uma intenção por trás de suas apresentações.
Mas se saber que as flotillas são de fora de nosso planeta é uma conclusão absolutamente importante, embora não definitiva – ainda há teorias sendo testadas para explicar sua natureza –, compreender o que representam suas manifestações é ainda mais significativo. A julgar pela maneira aberta como se expõem as esquadrilhas, pode-se especular que seus pilotos e tripulantes não se preocupam muito em serem vistos. Principalmente se levarmos em conta que as ocorrências se dão geralmente sobre áreas densamente populosas. Da mesma forma, por conclusão, pode-se imaginar que as frotas de UFOs tenham uma mesma origem e um interesse primordial pelo território mexicano. Em primeiro lugar, porque têm características muito semelhantes entre si e, em segundo, porque suas ações estão concentradas naquele país, com raros registros noutras partes do globo. Fazendo coro aos mais experientes ufólogos mexicanos, pode-se ainda especular que as inteligências por trás das flotillas tenham alguma relação com as adiantadas nações indígenas pré-colombianas que habitaram o México – principalmente astecas e maias.
Enfim, as discussões estão abertas e nada é definitivo quanto às razões de tantas e tão abertas manifestações. A investigação continua ininterruptamente, mas com um ingrediente fascinante: enquanto progridem, as diligências são alimentadas por novas observações e filmagens de frotas, que ocorrem regularmente e numa escala sem precedentes na história da Ufologia Mundial. Os ufólogos mexicanos gozam de uma oportunidade única de examinarem este aspecto do Fenômeno UFO de maneira dinâmica e interativa. E suas conclusões têm sido aguardadas com ansiedade pela comunidade ufológica internacional.