
Em 1947, quando os UFOs começaram a ser observados com maior intensidade nos céus do planeta, iniciava também o interesse do então cadete da Força Aérea Norte-Americana Wendelle C. Stevens pelo assunto. Mais de cinco décadas depois, este cidadão – hoje com 82 anos de idade – mantém acesa a chama que o impulsiona no sentido de aprender cada vez mais sobre Ufologia. Ninguém sabe de onde tira tanta energia, mas Wendelle revela: \”Tenho uma alimentação regrada e durmo cedo todas as noites. Mas se querem mesmo saber de onde tiro meu interesse pelos UFOs, eu digo que, quando comecei a estudar o assunto, prometi a mim mesmo que não descansaria enquanto não descobrisse tudo a respeito. Eu ainda não descobri\”.
De fato, Wendelle é parte viva da história da Ufologia, tanto quanto celebridades como o doutor norte-americano Joseph Allen Hynek, o pioneiro inglês Gordon Creighton, ou ainda a carioca Irene Granchi. Ele está presente nos mais diversos anais da cronologia ufológica. Esteve seriamente envolvido nas recentes investigações do Chupacabras em vários países da América Central, foi um dos maiores estudiosos da grande onda ufológica mexicana e é considerado o descobridor do Caso Meier. Entre estes grandes feitos, Wendelle acumula mais de mil investigações de casos pelo mundo afora.
Desde que fundou seu centro de pesquisas, intitulado UFO Photo Archives, o estudioso tem se dedicado a colecionar fotografias de naves extraterrestres nos mais variados países. Hoje, estima-se que tenha mais de 10 mil fotos em seus arquivos, organizadamente distribuídas por dezenas de estantes em sua residência, na cidade de Tucson, Arizona. É de lá, num amplo estúdio com mapas espalhados pelas paredes, que Wendelle copilota a realização do Congresso Internacional de Ufologia, celebrado em Las Vegas todos os anos [Veja UFO 64]. E é lá que recebeu o editor A. J. Gevaerd para esta entrevista.
Wendelle, há mais de 10 anos que você se dedica a colecionar fotos de UFOs, que estão por todos os cantos de sua casa. Quantas delas você julga serem autênticas e porque há tantas fotos falsas hoje em dia? Estaria sendo incorreto se não admitisse que 80% das fotografias de UFOs que já tive ou tenho em minhas mãos são falsas. A maioria, no entanto, não corresponde a falsificações propositadas, feitas por alguém com algum objetivo obscuro. Pelo que sei do assunto, acho que o número de fotos com tal problema não é maior que o de fotografias em que se têm efeitos luminosos incomuns, problemas nos negativos, manchas químicas, etc, registradas por pessoas sinceras, que se espantaram com o que viram depois de revelarem suas fotos e as entregam a mim, achando que se trataria de um registro autêntico. Hoje tenho fotos de dezenas de países, nas mais diversas condições. Algumas são simplesmente espantosas e resistem às mais diversas análises. Mas acho que há uma tendência crescente de se falsificar tais evidências, por parte de pessoas inescrupulosas. Sim, há muita gente que falsifica fotos e filmes de UFOs com os mais variados propósitos, desde notoriedade até para ganhar dinheiro. E há ainda aqueles que os falsificam para terem o prazer de enganar os ufólogos. Mas hoje em dia há instrumentos e técnicas sofisticadas para se detectar fraudes. Em Ufologia, uma fotografia não vale mais que mil palavras!
Em sua vida de pesquisador, qual foi o caso que mais o surpreendeu, tanto pela profundidade quanto pela qualidade das evidências? Sem dúvidas, foi o Caso Meier, que investiguei desde seus primórdios. Assim que conheci Billy Meier, fui imediatamente à Suíça e pude comprovar que havia uma grande quantidade de fatos misteriosos ligados ao incidente – fatos estes que não podiam ser explicados de forma lógica. No início das experiências de Meier, ele não tinha ainda sido \’contatado\’ pela mídia e nem por suas próprias elaborações mentais sobre seus contatos. Nesta fase, as evidências de suas experiências eram riquíssimas, testemunhadas por várias pessoas de dentro e fora de seu círculo de relações. Veja, agora temos seu filho, Methusalem Meier, vindo a público para descrever suas próprias experiências. Como ele, muitas outras pessoas sãs e normais confirmam ter presenciado os contatos de Meier.
Mas o Caso Meier é também um dos mais polêmicos da Ufologia. Muitas das fotos e filmes feitos pelo suposto contatado são quase unanimemente consideradas fraudes… Não há uma \”quase unanimidade\” tão grande assim como você descreve. Na verdade, há uma divisão quase por igual da Ufologia Mundial, com cerca de metade de seus praticantes pró-Meier e a outra parte contra. Mas não se trata de ser a favor ou contra o contatado. Trata-se, isso sim, de investigar o caso e ver onde está a verdade e onde está a invenção, a mentira ou o exagero. Por exemplo, ao mesmo tempo em que Meier começava a ter seus contatos, sem qualquer publicidade dos fatos, outras pessoas, noutras partes do mundo, também passaram a ter estranhas experiências com seres que diziam vir das Plêiades [Grupo estelar de onde Meier alega que provêm os extraterrestres que o contatam]. Essa gente não se conhecia e, no entanto, afirmava ter o mesmo tipo de contato, com seres idênticos e nas mesmas condições. Como isso é possível?! Por outro lado, há uma informação que me chegou às mãos há mais de 10 anos e que corrobora positivamente o Caso Meier. No fim dos anos 70, começo dos 80, a CIA estava interessadíssima em conhecer detalhes do que se passava na vida de Eduard Meier. Para tanto, usou de sua estrutura para infiltrar-se em seu grupo, monitorar suas atividades e controlar suas aparições públicas – que ainda eram poucas naquela época. O curioso é que, para poder estar mais perto do sítio de Meier, na localidade de Hinterschimidrüti, perto de Zurique, a Agência comprou algumas terras na vizinhança e passou a montar guarda na expectativa de fotografar ou filmar algo – tanto de dia como de noite. E eis que os agentes da CIA obtiveram inúmeras fotografias de UFOs – claras, nítidas e espetaculares, mas que jamais virão a público…
Você esteve preso por cinco anos, durante a década de 80. Sabe-se que a acusação contra você foi de abuso sexual de menores. Você realmente é culpado do que o acusaram? Posso responder à esta pergunta com minha consciência tranqüila. Primeiro porque eu não fiz o que disseram e, segundo, ainda que tivesse feito, meus anos na cadeia foram uma punição que pode ser considerada exemplar. Mas, na verdade, o que se passou foi uma armação para que eu fosse tirado de cena. Isso se deu numa época em que o Caso Meier estava em grande evidência e o envolvimento da CIA era quase público. Eu sabia muito sobre o que estava acontecendo no mundo, tinha contatos em vários países, recebia relatórios diários de fatos surpreendentes registrados em todo o planeta. Acho que eles tinham que me silenciar. E o fizeram com esta acusação, levando-me para a cadeia sem qualquer evidência de que o crime havia sido cometido. Sequer a suposta vítima compareceu ao tribunal, pois foi considerada muito jovem para depor. Ela foi representada pelos advogados e familiares, sem que pudesse realmente reconhecer seu alegado agressor – eu. Ora, quase cinco anos depois de encarcerado, numa nova avaliação da pena, é que pude conhecer a jovem, que já não era mais menina e tinha consciência dos fatos. Ela disse ao juiz e às autoridades presentes que nunca havia me visto antes e que não fazia idéia de quem eu era! Foi assim que me liberaram, sem sequer pedirem perdão pelos meus anos de isolamento.
Nossa humanidade se encontrará com alienígenas. Porém, somente se formos capazes de evoluir espiritualmente
É triste! Mas como você sobreviveu tanto tempo numa cela, sem comunicação com ufólogos e testemunhas, sem investigar casos ou acompanhar o que se passa? Eu conseguia enviar algumas cartas – todas lidas pelos carcereiros antes de serem recolhidas pelo correio -, assim como recebia na cadeia certa quantidade de correspondência, que também era censurada. Dessa forma, aos poucos, conseguia manter-me parcialmente informado do que estava se passando do lado de fora. Alguns ufólogos amigos não romperam o contato comigo, outros nem sabiam que estava preso… Vários deles continuaram a me mandar suas investigações por escrito, e eu, que tinha tempo de sobra, ia compondo tal material em livros que eu mesmo preparava com minha máquina de escrever, em minha cela. Dia e noite eu transformava os textos que recebia de ufólogos de todo o mundo em mais de 30 livros que lancei em menos de 10 anos – inclusive o seu, que compilei a partir dos relatórios que você me enviou sobre o Caso Jardim Alvorada [Wendelle se refere ao livro UFO – Abduction at Maringá, sobre o caso dos jovens Jocelino e Roberto Carlos de Mattos, seqüestrados naquela cidade paranaense, pesquisado por este editor]. Publiquei livros de autores sul-americanos, europeus e até de asiáticos. O que me deu mais prazer foi a série sobre fotos de UFOs, publicada em dois grandes volumes. Acho que não há nenhuma obra em todo o mundo com tamanha quantidade de casos. Quem dera eu tivesse publicado os livros em cores…
E agora, Wendelle, o que você espera para o futuro? Um contato com extraterrestres? Acho que não viverei para ver este contato ocorrer. Creio que a Humanidade estará brevemente frente a frente com alienígenas – não como ocorre hoje, às escondidas, mas abertamente. Porém, isso ainda vai demorar e dependerá muito de nós mesmos sermos capazes de evoluir espiritualmente. Entretanto, vejo poucas possibilidades disso acontecer num futuro muito próximo. Mas com certeza teremos o tão esperado encontro final dentro de algumas décadas. Quem viver verá!
Quem faz Ufologia
Vencer em Ufologia é algo de extrema dificuldade – principalmente no Brasil, pois poucos conseguem reconhecimento nesta área. Nosso consultor Cláudio Suenaga venceu gloriosamente. Em 22 de março passado, Suenaga tornou-se o primeiro ufólogo a receber um título de mestre, outorgado por uma instituição universitária brasileira, com uma tese sobre Ufologia. A Dialética do Real e do Imaginário: Uma Proposta de Interpretação do Fenômeno OVNI, é o título da tese de mestrado que Suenaga defendeu perante o Departamento de História da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Se já vinha brilhando nas páginas da UFO, onde publica trabalhos de excepcional qualidade, o novo mestre agora mostra ao mundo acadêmico que há maneiras de se tratar o assunto de forma séria. Nossos parabéns a Suenaga, e que seu esforço seja exemplo para outros!
Novos membros do Conselho Editorial de UFO acabam de ser empossados. Wallacy Albino mostrou a qualidade de seu trabalho ao publicar uma interessante matéria sobre UFO em Fernando de Noronha, em UFO 63, voltando a publicar um texto nesta edição. Eloir Variei Fuchs, do Centro Paraibano de Ufologia (CPB), também passa a ser consultor da revista, após suas excelentes pesquisas terem sido publicadas em UFO 63 e 64.