Na edição UFO 104 os consultores Vanderlei D’Agostino e Laura Elias escreveram um longo e memorável texto sobre o que leva as pessoas a abraçarem a Ufologia e a praticá-la com tanto entusiasmo. O artigo Ufólogo: O Maior Mistério da Ufologia foi um dos mais elogiados dos últimos tempos, por leitores e também por pesquisadores do Fenômeno UFO. Para compor a matéria, os autores entrevistaram inúmeros ufólogos, colhendo suas razões pessoais para se dedicarem à Ufologia. E dentre todas as entrevistas feitas, uma chamou especial atenção – a do ufólogo e astrólogo Ademar Eugênio de Mello. Assim, como forma de homenagear sua trajetória na Ufologia e também por ele representar de maneira exemplar o conjunto da Comunidade Ufológica Brasileira, apresentamos a entrevista abaixo. Confira:
Qual foi o motivo que o levou a se dedicar à pesquisa ufológica? Desde criança já gostava do assunto, colecionava as matérias da revista O Cruzeiro e assistia a todos os filmes de ficção da época. Sentia necessidade de fazer essas coisas, isso me preenchia. Gostava de olhar para as estrelas. Oficialmente, entrei para a Ufologia em 1968, quando me integrei a Associação de Pesquisas Exológicas (APEX), após assistir a uma palestra do grupo. Estava então com 21 anos. De lá para cá tive três avistamentos significativos, sendo o primeiro deles em 1970, em Santo André (SP).
Qual seu objetivo pessoal atual dentro do universo ufológico, após tanto tempo de pesquisa? É o mesmo de quando iniciou? No início, o meu objetivo, assim como de todo o grupo, era o levantamento de dados visando o entendimento do Fenômeno UFO. Hoje minha intenção é demonstrar a complexidade dessa fenomenologia e, para isso, estou trabalhando atualmente no estudo da intervenção extraterrestre no passado remoto do planeta, juntando dados para demonstrar essa hipótese.
A Ufologia me deu uma ampliação de consciência e maior percepção da realidade. Ela me deu a sensação de que o universo é todo vivo, um celeiro de vidas, e que essas vidas têm que se encontrar e trocar informações, dados etc
– Ademar E. Mello
UFO — De alguma forma a Ufologia mudou sua vida e visão de mundo? Sim. Trouxe uma ampliação de consciência e maior percepção da realidade. Sinto-me como uma formiga numa floresta. Ela não consegue ver a floresta, mas intui que ela existe. A sensação que a Ufologia me deu é que o universo é todo vivo, é um celeiro de vida e que essas vidas têm que se encontrar e trocar informações, dados etc.
A Ufologia trouxe alguma mudança na inter-relação entre você e a sociedade? Sim, inclusive fui prejudicado por isso. Minhas apresentações na mídia trouxeram um certo mal-estar profissional, com muita gozação de colegas e parentes. Por outro lado, meu trabalho influenciou espontaneamente as pessoas que me cercam, como minha esposa, meu pai e meus filhos, que tomaram conhecimento da realidade do Fenômeno UFO.
Por que você se manteve na contramão das pressões externas? Faço isso por ter um forte sentimento de tarefa a ser cumprida, de que eu preciso fazer um trabalho na área, ajudar meus colegas e ao público – mesmo que este seja resistente ou pouco receptivo às idéias. Por isso eu procuro sempre embasar meu trabalho no conhecimento científico e em dados que julgo confiáveis.
O que é ser ufólogo, na sua opinião? Ser consciente do que acontece ao seu redor, não apenas em termos locais, mas mundiais. É buscar uma relação séria e honesta com seus colegas de pesquisa e procurar ajudá-los. Fazer com que as informações cheguem ao público de forma mais sólida e organizada. Ter consciência de que, embora a Ufologia seja formada por pessoas com forte sentimento de individualidade, ela não se faz sozinha. A união dos esforços é fundamental na área e precisa ser incentivada. Um outro ponto é procurar fazer trabalhos inéditos, evitando ser repetitivo e ampliando o leque de atuação.