
As exposições, congressos e qualquer possibilidade de se debater e divulgar a Ufologia em público permite aos seus realizadores e participantes o acesso a muita informação. Esses eventos costumam encorajar as pessoas que possuem algum conhecimento ou tenham vivido alguma experiência a prestar seus depoimentos. Dessa maneira, um piloto de identidade não confirmada, relatou ao Grupo Mineiro de Pesquisas Ufológicas (Grumpu), muito tempo depois da realização da 1ª Expo-UFO 96, em Belo Horizonte, que tinha vivido acontecimentos que o fizeram acreditar em Ufologia. Esse fato, inclusive, o motivou a visitar o evento citado.
Na ocasião, este autor conversou com a testemunha, sem saber porém, que viria a ter conhecimento de tal relato, três anos depois. Durante o evento, centenas de pessoas conversavam e faziam perguntas aos ufólogos, sempre reservadamente, entre um intervalo e outro. Os dados dessas pessoas eram anotados em um cadastro de visitantes, mantido pelo Centro de Investigações e Pesquisas de Fenômenos Aéreos Não Identificados (Cipfani), responsável pela coordenação do evento. Por problemas com o arquivamento e devido ao acúmulo de informações e anotações, o nome do piloto se perdeu alguns meses depois do evento. Ficaram apenas algumas recordações quanto à identificação e conversas a respeito de sua profissão e da ligação com o tema. Felizmente o piloto guardou cuidadosamente o cartão do grupo, tendo o cuidado de anotar de próprio punho, o telefone da empresa onde trabalhava o pesquisador, na intenção de um dia conversar mais.
Cerca de três anos se passaram e, quando em 1999 o piloto estabelece novo contato o Grumpu havia se mudado para o Bairro Suíça. Nesse novo contato, ele revelou ao pesquisador, o desejo de contar algo importante, que havia ocorrido com no fim de 98. O segundo contato foi estabelecido quando o piloto ligou para a residência deste autor, na noite do mesmo dia. Poderia, a princípio, parecer alguma brincadeira, ou até mesmo uma mentira, mas pelas descrições que fez era a pessoa com quem havíamos conversado em 1996, durante a 1ª Expo-UFO 96. Depois de uma longa conversa por telefone, que durou mais de uma hora, o pouco conhecido homem justificou a sua necessidade de falar sobre o assunto UFO. Segue abaixo, a pequena organização dos fatos, que de uma linguagem aparentemente utilizada na aviação, pude auditivamente captar e aos poucos transcrever.
Sistema de controle de informações
O piloto revelou que estava convicto da existência de um sistema de controle de informações sobre avistamentos de objetos aéreos não identificados em Minas e em todos os estados brasileiros, adotado pelas companhias aéreas civis. Esses sistemas de controle agiriam como os utilizados pelas Forças Armadas, que de fato vigiam o céu de maneira sigilosa. O relato de um piloto não é novidade, citar seu nome e a empresa possivelmente acarretaria problemas. Quando ainda estava efetuando o seu registro, ele comentou: “Só não diga meu nome, nem a companhia de aviação”. Declarou também que estava incomodado com duas situações, que vivenciara na empresa, no fim do ano, próximo ao Natal de 1998. Ele jamais imaginou que o simples fato de observar um fenômeno aéreo não identificado, estando em vôo, acarretaria uma série de fatores. O assunto é pouco conversado dentro das empresas, não por temer-se alguma represália, mas porque as conversas interessam a apenas um ou dois.
Ele sempre teve conhecimento de um procedimento que diz respeito a assuntos ligados aos UFOs e que o piloto tem a opção de reportar o avistamento à torre de controle de tráfego. Entretanto, ele não sabia que quando pousam são submetidos a uma verdadeira investigação, capaz de causar-lhes sérias conseqüências.
Esse piloto mineiro contou que foi afastado, temporariamente, de suas atividades na aviação, porque reportou um avistamento de um UFO. Segundo seu relato, estava no comando de uma aeronave, um avião Fokker MK-600, junto com seu co-piloto, quando estando a uma altitude muito elevada, próximos ao estado de São Paulo, por volta de 21h00, e preparados para o pouso, observam na tela do equipamento de radar dois pontos que pulsavam de forma atípica.
Imediatamente solicitou informações ao Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Trafego Aéreo (Cindacta). Passados exatos um minuto e 20 segundos, um longo período em aviação, recebeu a informação de que se tratava de duas possíveis aeronaves e que apenas uma delas fora identificada. Tratava-se de uma aeronave modelo Learjet 55, mas que a segunda permanecia não identificada. O Cindacta informou que as aeronaves não traziam perigo para sua rota, uma vez que estavam à cerca de 30 km de distância e a uma altitude muito inferior. O piloto então solicitou novas informações: “As aeronaves estão muito próximas, comunicaram o fato aos outros pilotos?”, perguntou o piloto. “Aguarde instruções”, respondeu a torre. Após esta comunicação, não obteve qualquer resposta.
O piloto disse que conversou com seu co-piloto e ambos concluíram que essas aeronaves estavam entrando na outra escala de dados, que faz uma espécie de leitura sobre a posição de outros corpos e que pareciam representar uma temível linha de colisão, entre o desconhecido ponto e o Learjet, mas que desconheciam suas altitudes. Neste instante, foi informado pela torre de controle que deveria se deslocar alguns graus. “Favor convergir em direção sul, em manobra que mantenha sua altitude. Depois de feita e passados quatro minutos, comunicar imediatamente um pedido de retorno à sua rota estabelecida”.
“Algo não identificado”
Após obedecer a ordem de manobra, imposta pelo centro de controle, o piloto então questionou o motivo, perguntando se tinha algo a ver com as aeronaves. Responderam que estavam apenas certificando sua posição, e em seguida perguntaram sobre algum possível contato visual: “O piloto ou seu auxiliar possuem alguma informação de aproximação da aeronave Learjet em suas telas?”, perguntou a torre de controle. “Claro, estou preocupado que, embora tenha se distanciado da primeira aeronave, mantêm uma velocidade estimativamente alta, e mais, não é o Learjet, eu o identifiquei agora. É algum modelo militar? Algum caça?”, inquiriu o piloto. “Não, aquilo continua não identificado. Você fez contato visual?”, insiste
a torre. “Ainda não, mas não conheço nada que voe assim. É um UFO?”, questionou novamente o piloto em meio a risos.
Encerrando a conversação, a torre ainda perguntou aos aviadores se eles queriam reportar o objeto voador não identificado, ao que responderam afirmativamente. Passados cinco dias, na véspera do Natal, foi chamado a responder questionários e também foi informado de que a companhia mudara completamente sua escala de vôo, reduzindo suas horas semanais. Esse foi um fato estranho, já que era época de muitas viagens. A empresa o manteve o tempo todo voando no estado de São Paulo. O piloto comentou ainda, que foi obrigado a fazer um curso não programado, que durou 20 dias, e que outros pilotos da companhia não o fizeram. Em meio ao curso, foram apresentadas uma série de normas, todas já vistas em tantos outros cursos de formação. Porém, conduta sobre como reportar um UFO ou risco de colisão teve ampla discussão. Foram tratados casos de abduções e algumas loucuras encontradas na Ufologia, embora abordassem outros assuntos também, como segurança de vôo, disciplina interna etc.
Ele não soube precisar se era apenas coincidência, mas considerou estranho o fato de apenas cinco pilotos terem participado do referido curso e recebido instruções sobre o assunto, entre eles um piloto de Manaus. Passada a experiência, ele começou a discutir o acontecimento com amigos dentro da companhia e aeroportos, mas foi aconselhado a não tratar mais desse episódio. Um piloto de longa carreira disse: “Amigo, é melhor desacreditar o assunto do que ficar desempregado”. E assim encerrou este relato, feito em 1998. As experiências desse piloto são raras, porém em 2001 ele ligou novamente ao Grumpu informando sobre a edição 78 de UFO, dizendo “vou ler para você o que está na página 20”. O aviador fez referência a casos de sigilo ufológico, revelados em Minas Gerais, destacando o trecho do artigo, que leu em voz alta: “UFOs e aeronaves em Minas Gerais são constante e sistematicamente censurados. Equipes que operam em torres de controle dos aeroportos locais são impedidas de revelar o que sabem, sob pena de demissão”.