O final do século XIX assistiu ao apogeu da Era Industrial, em que até o pensamento se viu moldado em cadinhos científicos. O impossível foi suprimido e deu lugar ao desconhecido, ou seja, o possível ainda não compreendido. A imaginação, diante do nebuloso século XX, lançou vôo em todas as direções, não escapando as entranhas e o exterior do planeta, conforme se viu nas obras do francês Júlio Verne.
Vivia-se o mundo das leis físicas, das ciências exatas, da História totalmente apreendida – e controlada –, do declínio de tudo que não pudesse ser provado. Entretanto, um novo mundo necessita de novos símbolos. E, por dentro da couraça das verdades absolutas, um misto de dúvidas e incertezas insistia em entrar em ebulição, preparando-se para transformar o mundo frio da certeza em um espaço do improvável. O fato é que o avistamento de objetos e luzes estranhas no céu passou a habitar o imaginário popular, na maioria das vezes, com conotações de medo e pavor, o que proporcionou o surgimento de toda uma produção artística de invasores e conquistadores extraterrestres. A ficção científica transformou-se em uma verdadeira cultura do trágico, explorada principalmente pelo cinema e pela literatura.
O assunto tomou tão sérias proporções que chegou a ser visto como uma nova crença – uma religião tecnológica – ou uma espécie de atualização das religiões existentes. Até o famoso médico e psicanalista suíço Carl Gustav Jung enquadrou o fenômeno como um mito moderno, em consonância com o atual estado cultural da humanidade. Há um exemplo clássico de como as pessoas levavam a sério a possibilidade do nosso planeta sofrer um ataque marciano.
Em outubro de 1938, o cineasta americano Orson Wells transmitiu uma novela via rádio, na qual apresentava, passo a passo, a saga dos homenzinhos verdes deixando Marte e se aproximando da Terra. Como não havia sido anunciado antecipadamente que se tratava de uma obra de ficção [Uma passagem do romance A Guerra dos Mundos, de H. G. Wells], as conseqüências dessa transmissão foram pânico e destruição, envolvendo centenas, ou até milhares, de norte-americanos assustados. É consenso entre os pesquisadores que 1947 foi o marco inicial do movimento ufológico mundial. Nesse ano, a Ufologia foi reivindicada como ciência, e os próprios termos UFO, OVNI e disco voador foram popularizados. É importante citar que estes acontecimentos tiveram os Estados Unidos como palco, o que exige uma reflexão sobre outras questões que envolvem aquele país.
Terceiro Reich — A nação que sonhara ser uma superpotência mercantil acabou se convertendo em uma superpotência militar, o que, de resto, não constituía nenhuma novidade na história da humanidade. Após o final da Segunda Guerra Mundial, e a conseqüente derrota do Terceiro Reich, os americanos surgiram como os donos do mundo.
O quatriênio 1945-49 foi um período sem comparação na História. Senhores absolutos em quatro continentes, os norte-americanos exigiram a independência das colônias européias e trabalharam pela recuperação econômica da própria Europa e do Japão, enquanto o poderoso Marshall decidia se lançava já a bomba atômica sobre a desobediente Coréia ou aguardava mais um pouco. E, conforme tranqüilizou o presidente Franklin D. Roosevelt pouco antes de morrer, “o urso russo estava trancado em sua jaula de inverno”. Em suma: não havia um império malvado a combater. Ótima oportunidade para naves alienígenas visitarem aquele país.
Em 24 de junho de 1947, o piloto Kenneth Arnold voava em seu pequeno avião quando se deparou com uma esquadrilha de nove objetos voadores não identificados. De lá pra cá, avistamentos desse tipo se tornaram freqüentes em todo o mundo. O Caso Roswell foi, no entanto, o mais espalhafatoso de todos: entre os dias 1º e 02 de julho do mesmo 1947, um UFO desgovernado foi visto sobrevoando o estado americano do Novo México, vindo a se espatifar em pleno deserto, próximo à cidade de Roswell. Os destroços foram encontrados no dia 03 por um fazendeiro e, no dia seguinte, a notícia já havia se espalhado. A imprensa local, que de início registrou o ocorrido, logo teria sido calada pelo governo, que se apressou em dizer que se tratava de um balão meteorológico e, mais recentemente, ratificou que, na verdade, era apenas o protótipo de uma arma ainda secreta.
A estranha coincidência é que tudo girou em torno da data em que se comemora a independência dos Estados Unidos (04 de julho). Este fato, em todo caso, gerou histórias mirabolantes, sustentadas por supostos filmes e fotografias do aparelho danificado e até de autópsias realizadas nos ocupantes mortos. Ou seja, o assunto ganhou visibilidade e cores científicas, deixando de ser relato de visionários ou delírio coletivo.
Obviamente, a Ciência reagiu, afirmando que tudo não passava de frutos de imaginações férteis. Porém, o fenômeno se proliferou, com notícias de novas experiências em todas as partes do mundo: desde luzes sobre campos agrícolas na França até a luta com ETs na Venezuela; desde alienígenas amigáveis na Escandinávia a UFOs devastadores de aldeias na África. Contra os argumentos psicológicos, estavam as atentas e imparciais lentes das câmeras fotográficas, apesar de muitas delas não serem tão honestas como se esperava. Finalmente, a crescente incidência de seqüestros de pessoas veio acrescentar mais um ingrediente ao fenômeno: o medo individual.
Brinquedos Bélicos — No campo da política, o tempo havia mudado. O urso russo conseguira se soltar da sua jaula de inverno e enterrara as garras na Ásia, além, é claro, de ter detonado sua bomba, dando início ao que se chamou de Guerra Fria. Com o mundo divido em blocos de influência, onde o mal nem sempre estava só do outro lado, talvez se pudesse esperar um certo desinteresse pelo tema ufológico, visto que a humanidade já havia criado seus novos brinquedos bélicos para se divertir. Mas o que se viu foi um interesse crescente pelo assunto em todo o planeta. Hollywood lançou a sua visão de um ataque alienígena e livros tornaram-se campeões de venda, como o famoso Eram os Deuses Astronautas?, de Erich von Däniken. Até fins da década de 70 e começo da de 80, Hollywood ainda nos colocou em contato cara-a-cara com os enigmáticos alienígenas, além de comover com o simpático E.T., triste por se encontrar tão distante do lar.
Uma das explicações que sugerimos para estes novos caminhos é que, ao invés de se ressentir com a chegada da Guerra Fria, a Ufologia se transfigurou nela, atualizando-se e modernizando-se. Assim, um alienígena simpatizante da causa comunista poderia estar ajudando Moscou. Outro ET, por sua vez, seria capaz de colaborar com os americanos. Uma terceira linha de ufólogos desconfiava que os Estados Unidos estavam “roubando&rdquo
; a tecnologia extraterrestre, afirmando com convicção existir, inclusive, um local secreto no deserto de Nevada, que abrigaria uma espécie de oficina de desmanche de discos voadores.
A Ciência também deu a sua contribuição ao silenciar sobre o assunto ou, como convinha à propaganda militar, declarar que o segredo se fazia necessário – por se tratar de novas armas e, portanto, da segurança nacional. O pior é que já se sabia que importantes governos investiam em programas sobre o tema, o que só veio alimentar o mistério. A negação da comunidade científica e dos governos seria a prova definitiva da existência dos ETs? Até mesmo o comércio ao redor dos UFOs cresceu vertiginosamente e, também, a imaginação. Grupos de simpatizantes amadores se equiparam com os recursos tecnológicos que podiam bancar os seus bolsos e foram em busca de alguma aventura alienígena. Sonhavam se transformar em protagonistas de uma experiência extraordinária, da qual poderiam sair, em uma única cartada, com a admiração do povo e o respeito da Ciência.
Porém, o final do século XX chegou sem que muitas coisas viessem juntas. Não veio a guerra atômica; não veio o Apocalipse; não vieram os cometas e asteróides assassinos. E a queda do interesse do público pelo fenômeno ufológico se deu pelo menos por uma questão: os discos voadores também não vieram, ou, então, não se tornaram visíveis para a grande maioria da população, o que, enfim, dá no mesmo. Entretanto, as pessoas que continuaram na Ufologia tiveram que buscar argumentos no futuro ou no passado, a fim de sustentarem o desfavorável presente. Com relação ao futuro, sobraram duas importantes correntes. A primeira prevê uma grande invasão dos extraterrestres, cujas aparições e seqüestros de humanos são apenas os estudos e os preparativos para um assalto maior. Nesta mesma linha, outros acreditam que a invasão já ocorreu e que os alienígenas governam a Terra através de acordos firmados com as nações mais influentes do mundo. Para a segunda corrente, os ETs são bons e já visitaram a Terra em épocas remotas, quando teriam criado a espécie humana através de experiências genéticas com macacos. Desde então, eles estariam acompanhando a nossa evolução, como se fôssemos cobaias em uma gaiola. E estes ETs estariam prontos para intervir, caso decidamos fazer alguma besteira como, por exemplo, explodir o planeta. Ou seja, para dar maior sustentação à tese, se usou conceitos darwinistas, como a Teoria da Evolução.
Justificativas Racionais — No seu olhar para o futuro, a Ufologia se aproximou do tom catastrófico das seitas escatológicas, no primeiro caso, e das mensagens de conforto e esperança das crenças messiânicas, no segundo. Difícil, porém, é convencer alguém a esperar pacientemente toda a vida por uma previsão que parece nunca chegar, e na qual se utiliza, ainda por cima, justificativas racionais. Tornou-se necessário recorrer a algo mais concreto, já ocorrido, e os ufólogos focaram, então, os seus telescópios para o passado.
Eles descobriram que a História pode ser escrita de diversas maneiras e se puseram a recontar a aventura humana, colocando os homenzinhos verdes, ou cinzentos, como protagonistas. Onde as enciclopédias destacavam as passagens históricas, lá estava o olho do ET, fosse na China antiga, no Império Romano ou na América pré-colombiana. E relatos bíblicos também não escaparam, tendo a carruagem de fogo, vista por Ezequiel, se transformado em uma nave espacial.
Estas interpretações colocam os alienígenas apenas como observadores ou interventores indiretos da História. Existem, porém, outras linhas de pensamento que sugerem a intromissão direta dos extraterrestres em nosso planeta. Assim, a eles é dada a culpa pela extinção dos dinossauros; pelo dilúvio; pela construção das pirâmides do Egito, e por outras coisas menos espetaculares, como a conversão do imperador Constantino ao cristianismo. Até a morte de John Kennedy é vista como obra dos ETs, pois o presidente americano teria descoberto a conspiração mundial, e discordado dela.
Sem perceber, os ufólogos criaram um filtro para explicar a História, pelo qual passam, principalmente, os fatos menos esclarecidos ou mais difíceis de serem comprovados. Caíram, assim, na mesma armadilha que havia aproximado a Ufologia a uma crença, e afastando-a do que se entende hoje como ciência moderna. Tendo ou não a mão do ET ajudado a empurrar as torres gêmeas de Nova York, a aceitação do fato presume uma demonização – ou sacralização, dependendo do ângulo que se olhe – dos alienígenas, atraindo inevitavelmente os ufologistas para o campo gravitacional do misticismo. Mas os abduzidos não se tornaram “os escolhidos” pelas entidades aladas, nem os perseguidos pelos homens de preto, pois assim a Ufologia abriria mão do seu sonho mais caro: o de se tornar um instrumento científico de análise, dentro do espectro da lógica e da razão.
Sem se converterem em profetas da boa nova tecnológica, pois não era o propósito, os ufologistas se entrincheiraram em uma série de teses, que vão até aonde a imaginação consegue chegar, mas que não interessam ou amedrontam mais as pessoas comuns. O sistema como um todo se desgastou pela perda de evidências e, enquanto exprimiu uma vontade geral, serviu à população, depois caiu em desgraça.
A divisão surgiu, então, como uma estratégia de sobrevivência, como tribos enfurecidas que lutam para preservar o território conquistado. Os mais críticos dentro do movimento querem se tornar proprietários, inclusive, do que contestam. Já os menos decadentes lutam para retornar e conservar a influência que possuíam. Por isso surgem as diferen
ciações, como boa e má Ufologia, ou ufólogos e ufólatras. Mas, enquanto o assunto desaparece gradativamente dos noticiários de TV e dos temas de livros e revistas, sobrevive através de um instrumento não imaginado nem mesmo pelos ETs: a internet.
Curiosamente, porém, quando a maioria da população perde o interesse por esta questão, a Ciência, acusada durante tantas décadas de estar escondendo informações do público, se sente segura o suficiente para informar que realmente tem procurado vida, não só inteligente, em outros planetas. Talvez a queda na audiência do fenômeno tenha dado confiança aos cientistas de que não seriam levados para o lado do ridículo ou hilário.
Templos Virtuais — Se algum dia um disco voador vier nos destruir ou salvar, como brincou Raul Seixas, talvez tenhamos ainda uma fração de segundo para refletir: “Não é que os ufólogos estavam certos!” Mas enquanto tal coisa não ocorre, parece perder força o dilema proposto pelo mesmo Raul: as pessoas estão cada vez menos envolvidas com os segredos do Universo e cada vez mais preocupadas com suas vidas, com a prestação que vai vencer no fim do mês. Resta à Ufologia um punhado de grupos de discussão espalhados pela internet, que mais se assemelham a templos virtuais. Fora deles, há pouco espaço para a divulgação do assunto. De verdade científica, a pesquisa ufológica passou a fenômeno transcendental e, por fim, corre o risco de figurar apenas como objeto de estudo sociológico.
Curas médicas realizadas por extraterrestres
Será que os seres extraterrestres têm poder para curar as pessoas? No livro Curas Médicas por ETs (Editora EducareBrasil), Virginia Aronson defende que sim. Ela relata contatos com seres alienígenas em que se promoveu uma significativa melhora na saúde das vítimas. “É imprescindível saber ler e interpretar com acuidade o conteúdo desta obra”, afirma a autora. Segundo ela, ao compreendermos a atividade de anjos, demônios, entidades celestiais, extraterrestres, corpos físicos ou etéreos, precisamos ter clara a influência determinante dessas entidades em nossa vida. “No momento de transição pelo qual nossa humanidade passa, é no mínimo curioso constatarmos que inteligências atentas nos observam, curam e contatam”, afirma Virginia.
Segundo ela, os protagonistas de eventos ufológicos se identificarão facilmente com as informações e casos descritos no livro. “Eles se verão retratados a todo instante, e terão a certeza de que não são os únicos a passar por experiências fantásticas de cunho ufológico”. A obra ainda instiga os leitores e pesquisadores a uma efetiva tomada de consciência quanto à realidade do Fenômeno UFO e à necessidade de estarmos atentos às suas manifestações, cada vez mais freqüentes e transformadoras. Curas Médicas por ETs pode ser adquirido com a Editora Educare Brasil, pelo telefone (21) 2531-2834 e e-mail educare@amchamrio.com.br. A empresa tem se destacado no cenário nacional pelo lançamento de excelentes obras sobre Ufologia, através de sua conhecida Biblioteca Documento UFO. Este é o sexto livro da série, que já contou, em lançamentos anteriores, com autores como Budd Hopkins, John E. Mack, Bill Hamilton e Philip Corso.
— Equipe UFO