Em 1982, o capitão da Força Aérea Portuguesa (FAP) Júlio Miguel Guerra viu um disco metálico voando a baixa altitude enquanto pilotava seu avião de caça sobre montanhas ao norte de Lisboa. Ele tentou persegui-lo e acabou se tornando testemunha das incríveis manobras feitas pelo artefato, em plena luz do dia, também observadas por outros dois pilotos de combate. Guerra ingressou na FAP em 1973 e foi oficial de operações especializado em prevenção de acidentes. Depois de deixar o meio militar, em 1997, tornou-se comandante da Portugália, a maior empresa aérea de seu país. O relato que ele aqui presta consta da obra UFOs: Generals, Pilots, and Government Officials Go on the Record [Random House, 2010], da jornalista norte-americana e consultora da Revista UFO Leslie Kean, entrevistada da edição UFO 180. Seu livro acaba de sair no Brasil pela Idea Editora com o título UFOs: Militares, Pilotos e o Governo Abrem o Jogo [Veja no Shopping UFO desta edição]. O relato do comandante Júlio Miguel Guerra mostra a forma direta como outras espécies cósmicas observam nossas atividades.
Na manhã de 02 de novembro de 1982, eu estava voando sozinho em uma aeronave DHC-1 Chipmunk na região da Montanha Montejunto e Torres Vedras, ao norte de Portugal, próximo à Base Aérea Ota. Era um dia lindo, sem nuvens e eu ia em direção à minha área de trabalho, chamada Zona E, planejando subir para 2.000 m de altitude para um treino acrobático. Tinha então 29 anos e já estava na Força Aérea Portuguesa (FAP) há 10 anos, como tenente e instrutor de voo do 101º Esquadrão daquela arma. Por volta das 10h50, quando estava na zona axial a uma altitude entre 1.600 e 1.800 m, notei abaixo de mim e à esquerda, próximo do solo, outra “aeronave”. Mas poucos segundo depois percebi que não tinha asas ou cauda, apenas fuselagem em formato oval. Pensei: “que tipo de aeronave seria?”
Instabilidade e oscilações
Imediatamente virei meu avião 180º para a esquerda a fim de perseguir e identificar aquele objeto, que estava voando para o sul. De repente, em apenas 10 segundos, ele subiu para a mesma altitude em que eu estava, 1.600 m. Aquilo parou na minha frente, a princípio com alguma instabilidade, oscilações e um movimento lateral, mas logo se estabilizou, permitindo ver que era um disco metálico e brilhante refletindo a luz do Sol. Era composto de duas metades e tinha um tipo de faixa no meio, que ligava ambas as partes — a de baixo tinha um tom escuro. No início do avistamento, o artefato se moveu junto com meu avião, mas depois empreendeu uma fantástica velocidade à esquerda realizando uma grande órbita, entre 1.800 m para o sul e aproximadamente 3.300 m para o norte, sempre da esquerda para a direita, repetindo essa rota várias vezes. Eu tentei mantê-lo em observação.
Logo que percebi que se tratava de um objeto desconhecido, entrei em contato com a torre de controle e informei ao operador que havia um estranho artefato aéreo girando ao meu redor. Ele e os pilotos de outros três ou quatro aviões disseram que deveria ser um balão. Alguns deles, que voavam em outras zonas, chegaram a fazer escárnio do meu relato, mas eu os desafiei a virem até onde estava e verem com seus próprios olhos aquilo, já que não acreditavam em mim. Perguntei- lhes como um balão sobe do solo para 1.600 m de altitude em alguns segundos — e sua resposta foi o silêncio. Eles começaram então a perguntar a minha localização e dois colegas da FAP, Carlos Garcês e Antonio Gomes, disseram que iriam se juntar a mim.
Enquanto eu via tal objeto e aguardava pelos meus amigos, quis saber mais sobre aquilo. Mas mesmo estando tão próximo, não conseguia identificá-lo. Fiquei sozinho com o artefato por uns 15 minutos e tive a sensação de não saber o que poderia vir a acontecer — mas fiquei ali, atento às manobras do objeto. Quando Garcês e Gomes chegaram, também pilotando aeronaves Chipmunk 15, eles perguntaram pelo rádio onde estava o aparelho e eu lhes dei a posição. Quando o viram, eu me senti melhor, porque agora outros dois pilotos militares também observavam a mesma coisa. Eles ficaram comigo por uns 10 minutos vendo o objeto fazer suas manobras circulares, loopings sucessivos, enquanto conversávamos pelo rádio. Como eu estava no centro das manobras do objeto, e Garcês e Gomes estavam fora, o UFO passava entre os dois aviões. Com isso conseguimos estimar seu tamanho relativo: já que o nosso avião tinha 7,75 m de comprimento, o objeto teria uns 8 m.
Quase colisão no ar
Depois de 10 minutos de observação, eu ainda estava curioso e queria realmente saber mais sobre aquele aparelho, quando então decidi fazer uma interceptação — ou seja, eu iria em direção a ele, mas ficaria ao seu lado, o que o forçaria a mudar o seu curso. Disse aos meus colegas minha intenção e voei diretamente na direção de sua trajetória elíptica, pois a velocidade dele era muito maior do que a minha. O UFO deslocou-se rapidamente e voou sobre mim, ficando em cima do meu avião parado, como se fosse um helicóptero, mas muito mais rápido e quebrando todas as leis aerodinâmicas. Ele estava bastante próximo do meu avião — uns 5 m de distância. Fechei os olhos e gelei por um momento, sem reação. Não houve impacto entre o aparelho e minha aeronave, e ele disparou como um raio na direção do Monte Sintra, para o mar. Tudo isso aconteceu tão rápido que eu não pude fazer nada para evitar o objeto. Um dos outros pilotos viu tudo.