Nada de especial havia no envelope deixado sob a porta do pesquisador inglês Tony Dodd, em julho de 1989. O seu conteúdo, no entanto, deixaria qualquer um estarrecido. O remetente, da África do Sul, afirmava que um avião da Força Aérea Sul-Africana (SAAF) tinha derrubado um UFO no Deserto do Kalahari. Forneceu a data do incidente: 07 de maio de 1989. Afirmava ainda que o objeto voador não identificado tinha sido resgatado intacto, com dois ocupantes, que aparentemente sobreviveram. Os extraterrestres e a nave teriam sido levados para uma base sul-africana e alguns dias depois um grupo de pesquisadores da Base Aérea de Wright-Patterson, Estados Unidos, chegaram ao local e os encaminharam para seu país. O escritor explicou que sua anonimidade se devia ao seu temor de que a carta fosse interceptada por terceiros. E concluiu prometendo enviar documentos do governo sul-africano.
O episódio intrigou Dodd. Se realmente se tratava do resgate de uma aeronave alienígena, essa seria a prova final, o “Santo Graal da Ufologia”. É claro que ele estava muito excitado com essa possibilidade e ainda mais porque receberia documentos oficiais do governo sul-africano, o que não lhe permitia julgar, precipitadamente, uma palavra da dita correspondência. Duas semanas depois, um novo pacote chegou, do mesmo país. Continha outra carta e cinco páginas sobre o que o remetente afirmava serem os documentos da SAAF. Agora, o escritor fantasma disse seu nome: James van Greunen e forneceu o endereço onde poderia ser encontrado na África do Sul. Imediatamente o ufólogo inglês suspeitou da cópia dos documentos e dos erros de gramática. Havia também uma mistura de métodos de medida, algumas vezes utilizando metros e em outras partes, pés. Mais alarmante era o fato de que o símbolo da SAAF, meio apagado, sugeria que pudesse ser a cópia de uma cópia. O conteúdo do documento era impressionante: confirmava a informação dada anteriormente por van Greunen. Por ser tão sensacional e conter vários erros gramaticais, Dodd já começava a crer que era falso.
Cada página do documento possuía o timbre da Força Aérea Sul-Africana, uma águia com as asas abertas. A reprodução era tão pobre que mal se podia ler o que estava escrito abaixo do timbre. Todas as cinco páginas eram denominadas como “Altamente Secreto. Não Divulgar”. A primeira delas era encabeçada pelas frases: “Departamento de Investigações Especiais e Pesquisa (DSIR)” e “Departamento de Inteligência da Força Aérea”. Havia uma data, dia 07 de maio de 1989. E como assunto estava grafado “Objeto Voador Não Identificado”. O documento listava um nome em código – Silver Diamond [Diamante Prateado] – com um número de arquivo e o destino do documento, que neste caso era a Base Aérea de Valhalla, em Pretória, capital da África do Sul. Depois mostrava o conteúdo das outras quatro páginas, incluindo-se as especificações da nave e as dos humanóides.
A página dois dava detalhes do incidente, ocorrido às 13h45, horário GMT, do dia 07 de maio de 1989. A fragata da Marinha Sul-Africana SA Tafalberg enviou uma mensagem de rádio para o seu quartel-general, na Cidade do Cabo, para relatar um objeto voador não identificado que havia sido detectado no seu radar e que ia na direção do continente africano a uma velocidade de 10.630 km/h. O quartel-general recebeu a mensagem e também confirmou que o objeto tinha sido detectado pelos radares terrestres e pelo Aeroporto Internacional da Cidade do Cabo. O objeto entrou no espaço aéreo sul-africano às 13h52. Tentativas de contato via rádio com ele foram feitas, mas nada foi obtido. A Base Aérea de Valhalla foi notificada e dois aviões Mirage III G foram enviados ao seu encalço. O objeto repentinamente mudou seu curso a uma grande velocidade, definitivamente impossível para os aviões seguirem.
Mergulho para o deserto — Às 13h59, o líder do esquadrão Andrew Goosen relatou que tinha contato com o objeto no radar e visualmente. Foi dada ordem para se armarem e dispararem os lasers experimentais. Isso foi feito. Goosen informou que vários flashes brilhantes saíram do objeto, que começou a balançar e seguir na direção norte. Às 14h02 o objeto começou a perder altitude, a 915 metros por minuto. Então, à grande velocidade, o UFO mergulhou num ângulo de 25º e colidiu com o solo, 80 km ao norte da fronteira da África do Sul com Botswana, no Deserto do Kalahari. O líder do esquadrão foi ordenado a fazer círculos na área até o resgate do objeto ser finalizado. Um grupo de oficiais da inteligência militar sul-africana [Serviço de espionagem], juntamente com uma equipe de médicos e técnicos, logo chegou ao local da queda para investigação e resgate. As descobertas foram as seguintes: numa cratera de 150 m de diâmetro e 12 m de profundidade estava um objeto prateado. Ao seu redor, areia e pedras foram fundidas pelo imenso calor. E um intenso campo magnético e radioativo causou problemas nos equipamentos da SAAF [Veja o documentário em DVD Meio Século de Mentiras, código DVD-022 da coleção Videoteca UFO, no Portal UFO: ufo.com.br].
O comandante da operação sugeriu que o objeto fosse levado para uma base aérea, para mais investigações. O terreno de impacto foi coberto com areia e entulho para despistar o evento. A terceira parte do documento continha o título Especificações da Nave e incluía os seguintes tópicos:
Tipo da nave — Desconhecida. Suspeita de ser extraterrestre.
Origem — Desconhecida. Suspeita de ser extraterrestre.
Identificação — Nenhuma. Curiosa insigne na lateral da nave.
Dimensões — Comprimento de 18 m. Altura de 8,60 m.
Peso estimado — 50 toneladas.
Material — Desconhecido. Aguardando resultados de laboratório. A superfície externa é polida, prateada e lisa. Não há sinais de soldas ou costuras, dentro ou fora da nave.
Propulsão — Desconhecida. Aguardando resultados de laboratório.
Concluíram os militares sul-africanos que a engrenagem de aterrissagem da nave extraterrestre teria apresentado algum tipo de problema, o que resultou na queda do objeto não identificado. Um dos oficiais indicou que o acidente poderia também ter sido causado pelo disparo do laser experimental. Enquanto o grupo de investigação observava o disco voador, um estranho som foi ouvido. Eles notaram que uma fenda abriu-se silenciosamente na parte de baixo da nave. Essa abertura foi posteriormente aberta mais vezes através de equipamentos pesados. Tais observa
ções continuavam na quarta página do documento:
“Havia dois humanóides vestindo roupas cinzas coladas ao corpo que saíram do objeto e foram logo levados para o centro médico, Nível 6 na classificação da Força Aérea da África do Sul. Vários objetos de dentro da nave foram recolhidos para análise. Os resultados ainda estão pendentes. A nave foi colocada num compartimento estéril”.
Inusitadamente, o documento explica que, graças à natureza agressiva dos humanóides, nenhuma amostra de sangue ou tecido pôde ser retirada. Quando oferecidos vários tipos de alimento, eles recusaram todos. O método de comunicação é desconhecido e suspeita-se ser telepático. Os humanóides estão sob guarda da SAAF, que aguarda os resultados das análises. Foi requerida uma passagem para enviar os humanóides para a Base Aérea de Wright-Patterson, nos Estados Unidos, para investigações e análises mais profundas. A página final do documento era chamada de “Conclusão” e continha as seguintes informações: “Esperando pelas análises. O objeto e os humanóides serão removidos para Wright-Patterson, para investigações mais avançadas. Data do embarque para os Estados Unidos: 23 de junho de 1989”. Embora a conclusão do fato permaneça em aberto, esse relatório contém descobertas preliminares e mais detalhes estavam sendo esperados após o término das investigações realizadas pela SAAF e pelos militares norte-americanos.
Fotografias dos tripulantes do UFO — Quando o pesquisador Tony Dodd ligou para James van Greunen, este insistiu em que o documento era genuíno. Ele entrou em contato com um oficial da inteligência sul-africana que tinha acesso a informações sigilosas e lhe deu os nomes fornecidos por van Greunen. Para sua surpresa, confirmou que um UFO havia sido derrubado e afirmava que tinha quatro fotografias do objeto e seus ocupantes. Disse também que um telegrama de 19 páginas foi enviado pelo governo sul-africano para a Base Aérea de Wright-Patterson, com instruções sobre o resgate do UFO e a captura de seus ocupantes [Wright-Patterson, nos Estados Unidos, esteve envolvida no Caso Roswell, onde os destroços do disco encontrado foram armazenados. Desde então, figurou como sendo o lugar preferido para deixar os alienígenas mortos e discos voadores. Foi assim em 1948, quando supostamente uma aeronave de origem extraterrestre caiu no deserto do Novo México, e em 1953, quando cinco corpos de seres alienígenas foram resgatados de um UFO acidentado e levados em sacos de gelo para a base].
De acordo com documentos secretos norte-americanos, a Força Aérea Sul-Africana perseguiu e derrubou um UFO no Deserto do Kalahari, em Botswana, no ano de 1989
— Graham Birdsall, ufólogo inglês (já falecido)
Agora que Dodd tinha a confirmação do oficial da inteligência sul-africana, acreditava que possuía algo importante em mãos. Van Greunen poderia até ter falsificado o documento – e essa ainda era a grande suspeita –, mas a sua história era baseada em algo que realmente ocorreu. O oficial da inteligência tinha inclusive confirmado o nome do projeto secreto: Silver Diamond. Ele disse que gostaria de trocar informações com Dodd, pois queria o material de um projeto inglês chamado TR-47, em troca de mais informações sobre o caso no Kalahari. Dodd não sabia do que se tratava tal documento. Mas posteriormente descobrira que versava sobre testes secretos de um tanque militar. Após a descoberta do significado do TR-47, Dodd logo informou às autoridades sobre o interesse sul-africano no caso [Veja o documentário em DVD Meio Século de Mentiras, código DVD-022 da coleção Videoteca UFO, no Portal UFO: ufo.com.br].
Imediatamente contatou mais uma vez o oficial da inteligência para conseguir mais informações, sem nada em troca. Em poucos dias, Dodd recebera outros documentos sobre a queda no Deserto do Kalahari, dos quais constavam os nomes dos militares, do grupo médico e de cientistas, tanto dos Estados Unidos como da África do Sul. Na mesma época, o pesquisador inglês conseguiu um informante dentro do escritório da inteligência norte-americana. Ele confirmou que o acidente no Kalahari realmente ocorreu, e que especialistas norte-americanos tinham voado para a África e voltaram com o UFO e os alienígenas. Ele também forneceu um novo detalhe: embora Silver Diamond fosse o nome dado pelos sul-africanos ao acidente, os norte-americanos deram-lhe outra denominação: Projeto Pantry [Projeto Armazém ou Despensa].
Quando o nome dos militares e cientistas chegou da África, Tony Dodd já tinha algo de concreto em mãos. Entre tais nomes havia o de um cientista civil norte-americano que trabalhava na Base Aérea de Wright-Patterson. Telefonou para esse cientista, considerando-se esta a melhor maneira de confirmar os nomes e sua veracidade. A telefonista de Wright-Patterson forneceu o número direto do cientista, pois trabalhava num escritório especial. A conversa entre o ufólogo e o cientista foi gravada. De forma direta, o pesquisador foi falando sobre os nomes em código Silver Diamond e Projeto Pantry. Em princípio, o cientista pareceu perder o fôlego, e depois de ouvir tudo disse que não podia ajudar. Quanto Dodd telefonou no dia seguinte, foi informado de que o cientista tinha viajado e só voltaria várias semanas depois. Sua atitude, quando confrontado com as questões inesperadas, confirmaram para Dodd que estava na pista certa.
Documentos comprobatórios — O próximo passo seria falar com o piloto que foi chamado no documento de “líder do esquadrão Andrew Goosen”. Mais uma vez Dodd buscou ajuda de suas fontes: um oficial da inteligência britânica. Ele concordou em fazer alguns telefonemas para tentar encontrar o tal Goosen – interessantemente ele não estava na Base Aérea de Valhalla, mas na capital sul-africana, Pretória. No telefonema seguinte, o contato de Dodd encenou um sotaque norte-americano e fingiu ser o general Brunel, de Wright-Patterson, um alto oficial cujo nome tinha aparecido nos documentos recebidos da África do Sul e de sua fonte norte-americana. Novamente a rápida conversa foi gravada:
Brunel — Quem está falando é o líder do esquadrão, Andrew Goosen?
Piloto — Sim.
Brunel — Aqui é o general Brunel, da parte de Wright-Patterson, Estados Unidos.
Piloto — Sim, senhor.
Brunel — Escute, estou confuso sobre o documento do Silver Diamond na minha frente, pois aqui não diz quantas vezes você disparou contra o objeto.
Piloto — Quem é que o senhor disse estar falando mesmo?
Brunel — Aqui é o general Brunel, de Wright-Patterson. Senhor, essa é uma pergunta muito direta: quantas vezes você atirou naquela maldita coisa?
Piloto — Uma vez, senhor. O senhor poderia aguardar um momento enquanto atendo outra ligação?
Brunel — Isso nã
;o será necessário, líder do esquadrão. Você já respondeu a minha pergunta.
Desde que o documento de van Greunen tornou-se público, críticos e céticos têm tentado desmentir todo o incidente no Kalahari. Um dos pontos controversos foi a patente do líder do esquadrão. Nas forças aéreas sul-africana e norte-americana as patentes são as mesmas e o líder de um esquadrão tem o status de coronel. Qualquer que fosse a patente desse oficial, a confirmação do incidente por Goosen deu uma grande esperança. Mais e mais fontes estavam dizendo que realmente um UFO havia sido derrubado. Mais telefonemas foram feitos, sendo um deles para um oficial do Comando Aeroespacial Norte Americano [North American Aerospace Defense Command, NORAD], pois, achando ser uma ligação interna, pesquisou nos arquivos do NORAD e confirmou ter detectado um objeto voador não identificado entrando na atmosfera e movendo-se na direção ao continente africano no dia da queda no Kalahari. Outra ligação para o Escritório de Investigação Especial da Base Aérea de Wright-Patterson o colocou em contato com outro homem, que aparentou ter estado presente quando o UFO foi resgatado pelos norte-americanos. Mas não negou nem afirmou tal fato.
No dia 31 de julho de 1989, van Greunen sucumbiu às constantes pressões e viajou para a Inglaterra, onde ficou até o dia 16 de agosto. Ele era um jovem alto e magro, com cabelos negros e um forte sotaque sul-africano. Trouxe vários cartões de identificação e documentos, incluindo um da NASA, onde teria acesso a áreas restritas. Noutra, havia uma foto sua da Agência de Inteligência da Defesa, na qual era tratado como tenente-coronel da USAF, trabalhando no Centro de Inteligência Técnica Aérea, em Wright-Patterson. Mas toda essa documentação poderia ser falsa, e Dodd, agora com a ajuda dos pesquisadores ingleses Graham e Mark Birdsall, não se impressionaram com isso. Era uma situação embaraçosa. No entanto, graças a ele o Caso Kalahari foi descoberto e os pesquisadores admitiram que a maioria – senão todos – dos detalhes eram verdadeiros. Eles não queriam tratá-lo como um sem-vergonha, mas era difícil entender as suas razões: se possuía acesso a informações ultra-secretas, por que tinha arriscado isso criando inverdades?
Durante as duas semanas em que esteve na Inglaterra, van Greunen mostrou o seu uniforme das forças armadas sul-africanas. Mas isso não impressionou em nada os pesquisadores, já que na África do Sul a maioria dos jovens tem um uniforme militar semelhante. E além do mais, eles tiveram mais tempo para investigar quem era van Greunen e descobriram se tratar de um aficionado por Ufologia, membro, inclusive, da Mutual UFO Network (MUFON) desde os 16 anos de idade. Dodd não tinha sido o primeiro ufólogo a manter contato com van Greunen [Veja o documentário em DVD Meio Século de Mentiras, código DVD-022 da coleção Videoteca UFO, no Portal UFO: ufo.com.br].
Jogo perigoso — Quando confrontado sobre a inconsistência de sua história, a princípio van Greunen ficou calado, depois disse que estava envolvido num jogo perigoso e que só estava passando as informações que lhe haviam sido entregues. Contou que os norte-americanos haviam recolhido discos cristalinos do local da queda do UFO, que nestes havia informações sobre futuras aterrissagens na Terra e que eles agora estavam monitorando essas áreas. Comentou também que o planeta estava enfrentando um perigo iminente. Mas os investigadores nunca encontraram algo substancial nessas afirmações. Lidar com van Greunen era irritante: havia certamente alguma verdade nos documentos que enviou, pois foram encontradas muitas evidências. Certa vez, inclusive, gravou-se uma conversa sua com um oficial da inteligência e outra com alguém da embaixada sul-africana.
Investigadores sendo investigados — Dodd recebeu um telefonema de um militar da dita inteligência que afirmava possuir fotos do UFO acidentado. Os pesquisadores foram atrás para descobrir quem eram essas pessoas e revelaram que se tratava de um oficial que trabalhava no Departamento de Documentos, equivalente ao Ministério da Defesa. Tal personagem disse que estava com medo, pois o vazamento de informações tinha lhe causado um grande problema: fora levado ao encontro do seu comandante e recebera considerável repreensão. Contou ainda que as autoridades sul-africanas tinham conhecimento de todas as pessoas envolvidas na investigação do Caso Kalahari e que os próprios investigadores estavam sendo seguidos. Van Greunen recebeu outra ligação enquanto esteve na Inglaterra, desta feita da embaixada da África do Sul. Mais uma vez a conversa foi gravada e todos ficaram perplexos ao ouvir as ameaças explícitas a van Greunen e o pedido para que retornasse imediatamente ao país ou se envolveria em mais problemas.
Os pesquisadores decidiram então que era hora de enfrentar a embaixada, pedir informações sobre o incidente no Kalahari e saber mais sobre o seu interesse por van Greunen. A primeira resposta que obtiveram foi que não sabiam do que os ufólogos estavam falando, mas quando estes disseram que poderiam entregar como prova as gravações captadas da embaixada a van Greunen, prometeram procurar informações mais profundas sobre o assunto. Era uma resposta insatisfatória, mas pelo menos Dodd e os irmãos Birdsall tinham exposto suas cartas na mesa. Eles possuíam também outro trunfo que não citaram: o conhecimento, através de uma de suas fontes, na inteligência norte-americana, de que a Base Aérea de Wright-Patterson tinha recebido um fax da embaixada da África do Sul, em Londres, no qual estava escrito sobre parte do incidente no Kalahari. O fax era de um coronel baseado em Londres. Os pesquisadores tinham esse nome, mas a embaixada supostamente não deveria possuir nenhum militar, e quando pesquisaram descobriram que ele estava listado como “senhor” apenas. Essa era uma grande surpresa: todo o país camuflava seus oficiais da inteligência utilizando tratamento civil [Veja o documentário em DVD Segredos Governamentais, código DVD-005 da coleção Videoteca UFO, no Portal UFO: ufo.com.br].
Numa conferência ufológica em Yorkshire, Inglaterra, em 1989, Dodd falou pela primeira vez ao público sobre o caso. A reação foi uma mistura de entusiasmo e descrença. Menos de um mês depois, proferiu outra palestra num congresso de Ufologia na cidade alemã de Frankfurt, Alemanha. Quando acabou sua apresentação, foi abordado pelo famoso pesquisador e tenente-coronel da Força Aérea Norte-Americana
(USAF) Wendelle Stevens [Consultor da Revista UFO]. Ele não havia assistido a sua palestra em Yorkshire. Portanto, era a primeira vez que tinha ouvido falar sobre o caso.
Troca de tecnologia nuclear por UFO — Qual não foi a sua surpresa quando Dodd disse que uma de suas fontes na inteligência da Marinha norte-americana havia lhe informado que os Estados Unidos tinham trocado tecnologia nuclear com a África do Sul por um disco voador. O detalhe é que a África do Sul não tinha a permissão para possuir força nuclear, por causa das leis internacionais, então os norte-americanos deveriam ter muito interesse no UFO e seus ocupantes para driblar uma lei dessa magnitude. Voltando um pouco na história, van Greunen não foi o único a ser ameaçado. Uma das fontes de Dodd no governo inglês disse-lhe que ele e os outros pesquisadores estavam sendo vigiados de perto. Passado algum tempo, Dodd foi a uma conferência na Alemanha e encontrou na platéia James van Greunen! Dodd ficou tão furioso que no meio do saguão do centro de convenção gritou com van Greunen, exigindo-lhe a verdade. E, finalmente, ela foi dita. Conforme contou o militar sul-africano, 12 meses anteriores à data do incidente, um amigo seu da inteligência sul-africana havia lhe mostrado documentos secretos, e este, sabendo do interesse de van Greunen pelos UFOs, mostrou o Caso Kalahari.
Van Greunen percebeu imediatamente que tinha algo inacreditável em mãos e pediu para tirar cópias desses documentos. Mas seu amigo, que possuía uma carreira militar pela frente, falou que de maneira nenhuma poderia dispor dessas cópias – o máximo que poderia fazer seria estudar os documentos. Van Greunen, então, saiu da base direto para sua casa e começou a escrever tudo de que se lembrava sobre o episódio, incluindo datas, nomes, codinomes e mesmo o layout dos documentos. Ele tinha uma memória fotográfica, o que lhe permitiu se recordar de quase tudo.
Um fato interessante ocorreu também noutro congresso na Alemanha. Seus organizadores avisaram que havia dois oficiais da Embaixada da África do Sul na platéia, e que estavam lá para ouvir Dodd palestrar. Eles não se levantaram, apenas assistiram à palestra e anotaram algumas coisas que Dodd falou. No final, levantaram-se e foram embora. Dodd contou com a ajuda de muitos outros pesquisadores para descobrir detalhes sobre o incidente no Kalahari. Um deles foi Harry Harris, que tinha ouvido de um contato seu que um UFO fora realmente derrubado sobre o Deserto do Kalahari, e subseqüentemente teria sido levado para os Estados Unidos. Depois de ouvir a palestra de Dodd em Yorkshire, Harry enviou um fax para Wright-Patterson pedindo informações sobre o incidente. Incrivelmente, recebeu uma pequena mensagem assinada por um tal de Ted B. Wadheim, do quartel-general do Comando de Logística da USAF, Divisão da África. Era um fax estranho, contendo as frases “O Continente Negro” e “As Supremas Forças Brancas da África do Sul”.
Também dizia que o objeto não havia sido derrubado, mas tinha caído em decorrência de fadiga de seu material de composição, e que nenhuma forma de vida foi encontrada no local. E acabava com uma frase muito conhecida: “Que a força esteja com você”. Provavelmente todo o fax não passou de uma brincadeira. No dia seguinte, Harry recebeu outra mensagem, novamente de Ted Wadheim. Dessa vez sem chacotas e mencionando apenas que não podia confirmar o avistamento de maio daquele ano. Essa comunicação ofereceu uma possível explicação: quase um ano antes, uma bola de fogo ou um satélite reentrou na atmosfera terrestre sobre Kalahari, tendo sido relatado por várias testemunhas. Essa seria a explicação dos céticos. Mas e os dois faxes que Harry recebeu? O primeiro, provavelmente, veio de alguém de dentro de uma divisão que trabalha com isso, mas não era algo oficial – pode ter sido alguém querendo dizer que os investigadores estavam no caminho certo. O segundo fax foi a posição oficial. Outros pesquisadores também levaram o caso a sério. Dois deles foram J. J. Hurtak, diretor da organização chamada Academy for Future Science [Academia para Ciência Futura] e seu companheiro de pesquisa, o barão alemão Johannes von Buttlar. Os dois viajaram para o Kalahari, e na volta Hurtak entrou em contato com Dodd para dizer que tinha como confirmar a queda do UFO por meio de suas fontes militares [Veja edições UFO Especial 47 e 48].
Eficiente serviço de informações — Entretanto, a maior novidade veio no final de 1989, quando um grande amigo de Dodd teve uma função diplomática em Londres. Ele nunca tinha tido muito interesse por Ufologia, mas certa vez teve a chance de dividir a mesa de almoço com um alto funcionário do governo de Botswana, Dithoko Seiso, ministro do Desenvolvimento. O assunto UFO apareceu na discussão e o amigo de Dodd mencionou o evento no Kalahari. Todos na mesa desacreditavam o fato. Quando ele insistiu em que havia evidências, senhor Seiso disse que embora não acreditasse nisso, ia dar uma olhada. Meses depois, ele encontrou-se novamente com esse ministro e, na frente dos outros, disse-lhe: “Chequei o que você havia dito. Aquilo realmente aconteceu. E o que mais me impressiona é como você conseguiu antes de mim essa informação”. Como o UFO havia caído na fronteira entre Botswana e África do Sul, ele esperava ser informado logo do fato.
Depois que Dodd falou pela primeira vez sobre o fato publicamente, na conferência em Yorkshire e na Alemanha, a imprensa mundial abriu os olhos para o evento. E, como sempre, apareceram várias histórias. Tais como relatos de oficiais norte-americanos no interior das naves alienígenas com extraterrestres. E outro relato dizendo que um corpo humano havia sido encontrado dentro do UFO. Isso os fez dar risadas. Quando estiveram numa conferência em Tucson, Arizona, em 1991, Dodd, juntamente com vários outros ufólogos, viram dois homens vestindo ternos escuros se aproximarem e perguntarem se podiam entrar na conversa. Os ufólogos logo se levantaram e saíram do recinto. Dodd, no entanto, permaneceu, mais por curiosidade do que por outra coisa. Os dois sujeitos tinham cerca de 30 anos, com cabelos curtos e bem cortados. Apesar de não falar seus nomes, disseram que eram do governo dos Estados Unidos e deram um aviso a Dodd: “Seja extremamente cuidadoso. Nós podemos parar você, se quisermos. Seja cuidadoso, muito cuidadoso no futuro”. Dodd os enfrentou dizendo que eles não o intimidavam, recebendo a seguinte resposta: “Não faça besteiras, nós temos meios de parar você”.
Conspiração mundial — Fica aqui a pergunta: tudo não seria uma conspiração mundial para acobertar o caso e silenciar os envolvidos? A informação que Dodd forneceu – e que era baseada nos documentos falsificados por van Greunen – sobre a velocidade do objeto e a sua posição após a colisão com o solo provocou interessantes pesquisas, principalmente por parte do ufólogo Willian Travis, ex-oficial da Força Aérea Norte-Americana (USAF). Pelo tamanho deixado pela cratera e o ângulo do impacto ele calculou a velocidade do choque como sendo de aproximadamente 1.600 km/h. Baseado na sua pesquisa, o piloto do caça deveria ter decolado no momento em que o objeto foi detectado e isso não parece ser difícil, já que a África do Sul está sempre em 100% de alerta para que o seu espaço aéreo não seja invadido. São necessários somente seis minutos para um caça totalmente preparado decolar.
Embora o documento de van Greunen dê os detalhes que possibilitaram tais cálculos, ele tem um erro capital. Refere-se ao canhão laser Thor 2. Essa foi a única vez que a memória fotográfica de van Greunen o deixou na mão. Ele pode ter se confundido com outra arma conhecida como Maser [Mass amplification by stimulated emission of radiation, ou amplificação de massa por emissão estimulada de radiação], que não é um laser. Essa tecnologia está disponível nas forças armadas desde a década de 50. Segundo um coronel da USAF, tais armas foram desenvolvidas nos Estados Unidos para equipar os aviões F-14 Tomcat, mas hoje em dia outros aviões já têm contato com elas, os Mirage, por exemplo. Ele disse também que os norte-americanos já haviam comercializado esses armamentos e que no mundo apenas França, África do Sul e Brasil ainda utilizam os caças Mirage.
A última notícia que o pesquisador Dodd teve veio em 1997, de outro contato seu, falando sobre uma enfermeira que trabalhava no Hospital Groote Schuur, na Cidade do Cabo, África do Sul, quando o acidente no Kalahari aconteceu [O hospital em questão é mundialmente famoso, já que formou o médico Christian Barnard, tornando-o pioneiro em transplantes]. Segundo esse amigo, a enfermeira tinha participado da autópsia de um dos alienígenas encontrados no objeto. O pesquisador inglês conseguiu contatá-la por telefone e depois de alguns minutos ela confirmou ter participado dessa autópsia juntamente com especialistas de várias áreas diferentes. Contou ainda que a maior diferença entre essa raça de extraterrestres e os seres humanos era que eles não tinham órgãos sexuais aparentes nem sistema imunológico ou digestivo. A descrição que forneceu dos corpos era muito parecida com a dos seres conhecidos como grays [Cinzas].
Relatórios da autópsia — A enfermeira afirmou também que todos que estavam presentes à autópsia foram obrigados a não comentar absolutamente nada sobre o acontecimento e ela só estava relatando o fato porque não vivia mais na África do Sul. Outra intrigante afirmação foi a de que quando ela tentou conseguir os relatórios da autópsia, os arquivos haviam sido apagados. Quando perguntada se poderia colocar o pesquisador Dodd em contato com outras pessoas envolvidas, respondeu negativamente, pois temia represálias, já que tinham sido ameaçados anteriormente. Embora o que a enfermeira tenha dito coincidira com informações anteriores – de que os corpos haviam sido levados para a Base Aérea de Wright-Patterson –, essa era a confirmação essencial de alguns fatos. Lentamente muitos céticos do caso começaram a rever seus conceitos.
É de consenso da maioria que os documentos enviados por van Greunen foram forjados, mas também existem evidências de sua credibilidade após a investigação do pesquisador Tony Dodd e de seus colegas. Hoje ainda não temos uma confirmação final quanto ao caso. Fica a cargo dos leitores tirarem as suas conclusões. Será que um UFO realmente caiu no Kalahari? Ou foi tudo uma farsa? Segundo o ufólogo Kevin Randle, o pesquisador alemão Michael Hesemann havia descoberto uma ligação da MUFON com o suposto militar James van Greunen. Este teria recebido dinheiro do grupo para inventar o caso. Mas e quanto às descobertas de Tony Dodd? Suas fontes? Bom, ainda temos muito a desvendar.
Relatório Médico das Entidades Humanóides
Segundo documento recebido pelo ufólogo inglês Tony Dodd
Origem — Desconhecida. Provavelmente extraterrestre.
Altura — Entre 1,0 e 1,2 m.
Aparência — Verde-azulada. A textura da pele é lisa e extremamente resistente.
Cabelos — Totalmente desprovidos de qualquer tipo de pêlo no corpo.
Cabeça — Desproporcional se comparada com as proporções humanas. Marca azul-escura em volta de toda a cabeça. Ossos da bochecha salientes.
Olhos — Grandes e alongados. Sem pupilas.
Nariz — Pequeno e constituído apenas de dois orifícios.
Boca — Pequena e fina, sem lábios. Mandíbula larga em relação à humana
Orelhas — Nenhuma observada.
Pescoço — Muito fino se comparado ao humano.
Corpo — Braços longos e finos. Mãos com três dedos com unhas em forma de garras. Tórax feito de peito e abdômen cobertos por uma pele enrugada. Costelas pequenas e afinadas. Pernas curtas e finas. Genitais sem órgãos sexuais externos. Pés com três dedos e sem unhas.