Um trecho de solo marciano analisado pelo robô Spirit, da Nasa, é tão rico em sílica – uma combinação de silício e oxigênio – que pode representar uma das evidências mais fortes já descobertas de que, no passado, Marte teve muito mais água do que hoje em dia. Os processos que poderiam ter dado origem a um depósito de sílica tão rico exigem a presença de água. Segundo análise química realizada por um dos instrumentos transportados pelo robô, a amostra avaliada é 90% pura sílica. “Dava para ouvir as pessoas engolindo em seco com espanto” quando esse resultado foi anunciado, disse o principal pesquisador dos instrumentos científicos dos jipes-robôs em Marte, Steve Squyres.
A descoberta foi feita ao longo de algumas colinas no interior da Cratera Gusev, uma enorme depressão na superfície de Marte, e onde já haviam sido detectados outros sinais de um passado úmido. Spirit e seu “irmão gêmeo”, o robô Opportunity, completaram suas missões originais em Marte em abril de 2004. Ambos ainda operam, embora já mostrem sinais de desgaste. Uma das seis rodas do Spirit não gira mais, e essa roda travada acaba escavando a camada mais superior do solo – o que já levou a várias descobertas, incluindo a do depósito de sílica.