Quando os alienígenas finalmente chegarem, Steven Spielberg espera que eles sejam bons samaritanos galácticos como no filme ET, o extraterrestre [1982]. Bem diferente dos malvados saqueadores mostrados no seu próximo filme A guerra dos Mundos [2005]. “Eu, com certeza, tenho que acreditar no que diz o meu coração. Que a primeira vez que houver um encontro entre as mentes humanas e extraterrestres, este será um encontro amigável”, disse Spielberg a The Associated Press numa entrevista sobre o seu próximo longa metragem.
Nos seus filmes, Spielberg já cobriu todo um espectro de possíveis comportamentos alienígenas, desde os misteriosos e benevolente exploradores de Encontros Imediatos do Terceiro Grau, passando pelo simpático baixinho de ET, o extraterrestre, até os manipuladores da minissérie Taken. Em A Guerra dos Mundos, baseado no clássico de ficção científica de H. G. Wells, Spielberg apresenta monstros vindos do céu com a intenção de destruir a humanidade. No filme, com estréia prevista para 29 de junho nos Estados Unidos, o cineasta substitui os marcianos originariamente descritos no livro, por invasores do espaço de origem desconhecida.
Mas, ao mesmo tempo em que os últimos alienígenas de Spielberg são malvados, isso não significa necessariamente que o diretor tenha se tornado um pessimista no que se refere às possibilidades de contatos extraterrestres. Devido ao nível de tecnologia necessário para as viagens interestelares e ao longo caminho percorrido até se chegar à Terra, Spielberg crê que,inevitavelmente, os alienígenas virão em paz. “Não acredito que alguém viaje distâncias tão grandes motivado pela destruição. Creio que qualquer um que se disponha a cruzar estas imensidões seja um explorador curioso, não um conquistador”, disse Spielberg. “Carregar armas por centenas de milhares de anos-luz é um esforço enorme. Acredito que é muito mais fácil viajar 100.000 anos-luz com a versão deles da Bíblia debaixo do braço”.
Então, porque Hollywood prefere histórias de primeiros contatos orientadas para a guerra e a destruição? Primeiro, é mais divertido mostrar alienígenas explodindo humanos indefesos do que mostrá-los apertando as mãos e sentando à mesa para um encontro educado. Segundo, é mais uma reflexão sobre a natureza humana do que sobre as tendências extraterrestres. “Nós temos a tendência de projetar a nossa agressividade para o espaço externo. Isso não significa necessariamente que haja agressividade lá”, disse.