Em 1976, a Agência Espacial Norte-Americana (NASA), realizou um feito histórico ao fazer pousar em Marte os dois módulos das sondas Viking 1 e 2. Era o primeiro esforço sistemático de procurar vida em outro planeta, e as sondas foram as primeiras a sobreviver por bastante tempo em outro mundo. A Viking 2 funcionou até abril de 1980, e o módulo de pouso da Viking 1 transmitiu até novembro de 1982.
Carl Sagan, em sua obra-prima Cosmos, que está fazendo 30 anos em 2010, analisou detalhadamente os sucessos do Programa Viking, do qual participou. E ele deixou claro que, em dois locais diferentes de Marte, os resultados obtidos nas experiências realizadas pelos dois módulos a fim de procurar vida deram positivo.
Sagan expôs a explicação que muitos cientistas ainda hoje consideram, que os resultados positivos eram devido a química complexa do solo marciano. Contudo, ele mesmo apontava os dados como profundamente inconclusivos, e ainda hoje outra facção de cientistas prossegue afirmando que as Viking encontraram vida em Marte.
Em 2008 a NASA fez pousar nas proximidades do pólo do Planeta Vermelho a sonda Phoenix, e pela primeira vez foi possível a um engenho terrestre tocar a água que lá existe. As informações dessa missão continuam sendo analisadas, e um novo e surpreendente resultado acaba de ser divulgado. As Viking podem, de fato, haver descoberto ingredientes da vida em Marte.
Um problema com os resultados das Viking foi a ausência de detecção de compostos orgânicos no solo do planeta vizinho. Os únicos encontrados foram clorometano e diclorometano, que contém cloro e na época foram explicados como contaminação do material de limpeza aplicado as sondas, antes do lançamento. Contudo, a Phoenix igualmente comprovou a existência de perclorato, quando esse elemento foi combinado no Chile com amostras de solo desértico contendo material orgânico, foram produzidos clorometano e diclorometano.
As amostras foram analisadas utilizando-se os mesmos métodos que as Vikings experimentaram em Marte. Segundo Rafael Navarro-Gonzáles, da Universidade Autônoma do México, principal autor do estudo, “Nossos resultados sugerem que não só matéria orgânica, mas também percloratos, podem ter estado presentes no solo em ambos os locais de pouso das Vikings“.
Esperava-se a descoberta de matéria orgânica em Marte, e vale lembrar que esta pode provir tanto de fontes biológicas quanto não biológicas. Também meteoritos já foram encontrados na Terra com esses materiais, e obviamente eles também caem em Marte. Segundo o cientista da NASA Chris McKay, co-autor do artigo que detalha a descoberta: “Isso não diz nada a respeito da questão de se vida existiu em Marte, mas pode fazer muita diferença sobre como procuraremos pela resposta“.
Mckay ainda complementa: “A ausência de matéria orgânica foi uma grande surpresa das Vikings. Mas por 30 anos estivemos olhando para o quebra-cabeças com uma peça faltando, o perclorato“. A NASA atualmente finaliza os preparativos para o lançamento do robô Mars Science Laboratory, batizado como Curiosity. Muito maior que o Spirit e o Opportunity, que ainda funcionam em Marte, ele deverá chegar ao planeta em 2012, e irá fazer experimentos com amostras do solo em diferentes locais. São grandes as chances de que finalmente seja confirmada a presença de vida em Marte.
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