Conforme previamente anunciado, diversos especialistas reuniram-se em Houston, Texas, para debater os desafios das futuras viagens interestelares, dentro da Iniciativa da Nave Estelar em 100 Anos. Apoiado pelo ex-presidente norte-americano Bill clinton, o projeto estuda como incentivar o desenvolvimento da humanidade a fim de que, dentro de um século, estejam disponíveis as tecnologias necessárias para construir uma nave estelar.
Enviar pessoas para outro sistema estelar será uma tarefa monumental, e de acordo com os participantes do simpósio os desafios serão não apenas tecnológicos mas também humanos. Um dos tópicos do debate foi a religião, e se esta deveria ou não fazer parte do empreendimento. Diversos líderes religiosos participaram do evento em 14 de setembro e discutiram a questão.
De acordo com Jason Batt, diretor do Capital Christian Center em Sacramento, Califórnia, a Igreja tem recursos, capital e alcance para arrrebatar apoio para uma missão interestelar. Ele afirma que existe um potencial espiritual nas viagens espaciais, e que a instituição deveria começar os preparativos para organizar um ministério fora da Terra.
Entretanto, outros resistem a idéia de envolver religiões organizadas em uma viagem para as estrelas. Provavelmente, caso um grande avanço tecnológico não seja alcançado, uma missão como essa seria extremamente longa. Fala-se de uma gigantesca nave com talvez 10.000 tripulantes, e os que chegassem ao destino seriam seus descendentes, talvez séculos após a partida.
O reverendo Alvin Carpenter, pastor da First Southern Baptist Church, também de Sacramento, afirma: “A única forma de a humanidade sobreviver é deixar para trás as religiões baseadas na Terra. Se existe um meio de fazer uma missão como essa fracassar, é levar a religião organizada a bordo”.
Carpenter concorda que as religiões, algumas vezes, traze agressão e conflito, mencionando as Cruzadas e a Inquisição como exemplos do passado violento do cristianismo. Também aponta a perseguição aos homossexuais, que ainda hoje são alvos de diversas interprestações fundamentalistas das diversas crenças.
O reverendo prossegue: “Quando você leva uma religião a bordo de uma nave estelar, leva todo perigo de conflitos como os que existem na Terra. É algo que não queremos exportar para as estrelas. Tudo que basta é um líder carismático e fundamentalista, com uma Bília ou Corão nas mãos, para começar um conflito em uma missão interestelar”.
Carpenter, entretanto, concorda que não necessariamente a religião significa violência e intolerância, dizendo que ela é parte da vida das pessoas. Contudo, ele defende que sejam deixadas na Terra as religiões tradicionais, para abrir oportunidades a novas formas de fé. “Penso que uma religião nascida no espaço seria baseada na ciência”, ele diz.
É evidente, entretanto, que a questão de convidar ou não as religiões para participar de uma missão interestelar pode não fazer diferença, pois certamente as pessoas a levarão consigo, de acordo com Batt. Ele diz: “Onde as pessoas vão, levam a religião com elas. Mesmo que se decrete que em uma missão como essa não serão permitidas práticas religiosas, é provável que em 100 anos as pessoas retornem as suas crenças”.
Livro: O Pensamento da Ufologia Brasileira – Parte 2
DVD: 50 Anos de Exploração Espacial – Parte 3