A qualquer momento podemos ser liquidados por uma explosão com energia equivalente a uma galáxia inteira. E isto a cerca de 7500 anos-luz de nós. Esta é a distância de Eta Carinae, a sétima estrela em brilho aparente da constelação da Carina. A gigante do tipo Variável Luminosa Azul (em inglês, LBV) é um dinossauro cósmico, uma remanescente deste tipo de estrelas, super massiva, com cerca de 160 massas solares, que povoava o universo no início dos tempos. Caso ela resolva realmente liquidar de vez com sua vida, explodirá num acontecimento conhecido como hipernova.
Dizer que Eta Carinae é um dinossauro, não quer dizer que ela é uma estrela que vive desde os primórdios do Universo e sim, que ela tem a constituição física de um tipo de estrela que já não se forma mais. Estrelas do tipo LBV provavelmente foram as responsáveis pela produção em grande quantidade de elementos químicos mais pesados como o oxigênio. Assim que estas estrelas, que possuem vida curta devido a sua grande massa, foram se extinguindo, de suas nuvens de matéria originárias das explosões nasceram estrelas de “segunda linha”, com massas menores e composições diferentes.
Em 1843, houve uma grande explosão em Eta Carinae, a estrela liberou uma capa de matéria correspondente a massa de dois sóis. Este evento criou em volta da estrela uma grande nuvem de matéria que foi apelidada por Homúnculo, uma forma de boneco ou halteres, muito bonita e famosa em fotos de grandes telescópios. Esta nuvem nos impede de visualizar o que se passa no interior dela, começando ai um grande mistério a ser resolvido. Como uma estrela de dimensões tão grandes ainda continua a brilhar de forma aparentemente estável?
O Prof. Dr. Augusto Damineli do Instituto de Astronomia e Geofísica da Universidade de São Paulo (IAG/USP), durante anos vem se dedicando aos mistérios desta estrela. Internacionalmente reconhecido pelo seu modelo para explicar os mecanismos envolvidos em Eta Carinae, Damineli já travou muitas brigas defendendo sua teoria. Para ele, o sistema é composto de uma estrela dupla, não sendo possível observa-lo devido ao Homúnculo.
As primeiras evidências da teoria de Damineli vieram com o apagão da estrela ocorrido em 1997. Segundo o astrônomo, o apagão se repetiria em 2020 dias com aproximadamente uma semana de adiantamento ou atraso, ou seja, a um pouco mais de 5,5 anos. E afirma que o fenômeno do apagão é explicado pela passagem da companheira menor de Eta Carinae, pelo momento de máxima aproximação destes dois astros. Neste momento, a estrela menor seria varrida pelos ventos de partículas de Eta Carinae, causando o apagão na radiação que chega até o nosso planeta. O intervalo de 2020 dias é o período de translação do sistema.
No final de junho deste ano, tivemos novamente a redução de brilho da estrela, como era previsto pela teoria de Damineli, desta forma confirmando-a. Ficou comprovado que Eta Carinae é um sistema binário. Muitos mistérios ainda cercam esta estrela, que pelo seu tamanho e comportamento é um achado arqueológico, que nos ajuda a entender um pouco mais sobre a origem do nosso universo e como ele foi constituído.
Com certeza os astrônomos continuam trabalhando…..