Os senadores brasileiros estão convocando uma sessão especial que visa trazer maior conscientização pública para a questão dos fenômenos aéreos não identificados (UAPs/UFOs), de acordo com um requerimento oficial do Senado que foi recentemente arquivado.
Citando países ao redor do mundo que “(…) estabeleceram comissões de pesquisa para esses veículos”, o requerimento faz referência a iniciativas como as realizadas pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos nos últimos anos e afirma que “(…) se busca uma abertura governamental para que a verdade descoberta por essas nações e seus órgãos de pesquisa seja revelada.” A sessão especial que a requisição propõe ocorrerá em ou por volta de 24 de junho de 2022, uma data reconhecida internacionalmente pelos proponentes por sua associação com o avistamento do piloto Kenneth Arnold de vários objetos não identificados sobre o Monte Rainier, em Washington, em 1947.
“O Brasil surge neste cenário como a primeira nação a admitir oficialmente que os UFOs realmente existem”, afirma uma parte do requerimento do Senado, enfatizando o longo histórico de envolvimento do país com investigações de UFOs. “Isso ocorreu em reunião aberta à sociedade, militares e imprensa realizada na Escola Superior de Guerra (ESG), no Rio de Janeiro, em 1954, quando o então capitão da Aeronáutica João Adil de Oliveira declarou aos presentes a realidade desses objetos voadores e suas características tecnológicas avançadas. A França só faria o mesmo, ficando em segundo lugar, em 1976, 22 anos depois”, acrescenta o documento. A iniciativa recente foi liderada pelo senador brasileiro Eduardo Girão, com apoio dos senadores Eliziane Gama, Alessandro Vieira, Izalci Lucas, Jorge Kajuru, Marcos do Val, Paulo Rocha e José Reguffe.
O Debrief entrou em contato com o gabinete do senador Girão sobre o requerimento, mas não obteve resposta. Os esforços recentes do Senado brasileiro são em parte resultado de uma iniciativa liderada por civis que começou em 2004, lançada por A. J. Gevaerd, editor da Revista UFO, e da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) chamada “UFOs: Liberdade de Informação Já.” A iniciativa resultou em um convite aos integrantes de ambos os grupos para comparecerem ao Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta) e ao Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra), em Brasília, onde tiveram acesso a documentos governamentais relacionados a UFOs.
Falando com Gevaerd no recente XXV Congresso Brasileiro de Ufologia, em Curitiba, ele disse ao Debrief que foi inicialmente contatado pelo senador Girão no final do ano passado, que o convidou para ajudar a organizar a audiência proposta no recente requerimento do Senado. “Estamos discutindo isso”, disse Gevaerd, “(…) e nesta mesma semana ele acabou de oficializar.” Gevaerd disse que se trata da primeira vez na história que um país em qualquer lugar do mundo organizou uma atividade oficial dentro de seu Senado para promover o assunto UFO. “Vamos nos encontrar por uma tarde inteira em Brasília”, disse Gevaerd, onde ele e outros pesquisadores falarão com o Senado e os congressistas presentes “(..) sobre evidências de UFOs, pesquisadores, documentos oficiais, os melhores casos… tudo de melhor que temos sobre ufologia no Brasil.” Rony Vernet, engenheiro de computação brasileiro atualmente cursando mestrado em física, também esteve envolvido em ajudar Gevaerd a planejar a audiência.
A. J. Gevaerd sendo entrevistado por Micah Hanks, do site The Debrief, em Curitiba em 20 de março de 2022.
Fonte: R. Krasinski
“Há algum tempo entrei em contato com Gevaerd para apresentar uma proposta de aproximar o Congresso brasileiro do que vem sendo feito nos Estados Unidos recentemente”, disse Vernet ao Debrief. Fundador do UAP Brazil, site que examina fenômenos aéreos não identificados relatados no país, Vernet havia obtido recentemente mais de 100 páginas de documentos e 20 minutos de vídeos sobre encontros de tribos indígenas com UFOs, quando entrou em contato com Gevaerd. Vernet disse que estava particularmente interessado nos desenvolvimentos de UFOs que ocorrem nos Estados Unidos e esperava que os funcionários do governo brasileiro também estivessem dispostos a se envolver com o tema. “Eu acompanhava diariamente as notícias que chegavam dos Estados Unidos”, disse Vernet.
“A sessão especial do Congresso brasileiro será um evento público”, continuou, acrescentando que estará entre os pesquisadores presentes e apresentará os pontos mais importantes dos documentos divulgados pelo governo sobre casos no Norte do país envolvendo aldeias de pescadores e comunidades indígenas desde os anos 70 até os dias atuais. “São incidentes delicados”, disse Vernet ao Debrief, “(…) pois envolvem pessoas atingidas por feixes de luz de UFOs, algumas com danos recuperáveis e outras com sequelas permanentes.” Alguns dos incidentes descritos por Vernet, que envolvem ferimentos supostamente resultantes de encontros com UFOs, foram investigados pela Operação Prato, da Força Aérea Brasileira, entre 1977 e 1978. O programa focou suas investigações principalmente em eventos ufológicos que estavam sendo relatados com frequência em torno da cidade de Colares, no estado do Pará.
Gevaerd disse ao Debrief que o Brasil teve “(…) quatro ou cinco comitês ou programas diferentes para pesquisa de UFOs no país.” Antecedendo em quase uma década a Operação Prato estava o Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados (Sioani), no IV Comando Aéreo Regional (COMAR), em São Paulo. Um esforço investigativo semelhante foi lançado em 1986, após um incidente amplamente divulgado envolvendo a perseguição de 21 grandes objetos esféricos por pilotos da Força Aérea Brasileira. Vernet acredita que apresentar ao Senado brasileiro informações bem documentadas sobre fenômenos aéreos não identificados poderia estimular o país a buscar iniciativas como as vistas nos Estados Unidos nos últimos meses. “O próximo passo seria ajudar os congressistas a elaborar um projeto de lei para criar um escritório de pesquisa envolvendo organizações civis e militares como o que foi proposto pela Emenda Gillibrand”, disse Vernet, que também disse ao Debrief que atualmente lidera uma iniciativa separada focada em informar cientistas brasileiros influentes sobre a questão dos UFOs.
Gevaerd diz que espera que a próxima audiência continue o que ele vê como um papel de liderança que o Brasil desempenhou ao trazer transparência à questão dos UFOs ao longo das décadas. “Eu diria que o Brasil tem uma liderança nesse campo”, diz Gevaerd. “Temos um movimento que começou há cerca de 10 anos para pedir ao governo que esclarecesse sobre os UFOs. E nós conseguimos”, diz Gevaerd. “Agora, na biblioteca pública do Arquivo Nacional de Brasília, há 20.000 páginas de documentos sobre UFOs produzidos pela Força Aérea Brasileira de graça para acesso público.” Apesar da longa história do governo brasileiro de envolvimento e documentação relacionada às suas investigações no Arquivo Nacional do país, Vernet diz que muitos no Senado brasileiro permanecem em dúvida, e que a audiência pode ser uma importante oportunidade para conscientizar sobre questões em andamento relacion
adas aos UFOs.