Mesmo tendo sido encerrada há 36 anos, supostamente em 1977, a mais robusta missão militar de investigação ufológica da história ainda suscita debates e levanta polêmicas. A Operação Prato, conduzida secretamente pela Força Aérea Brasileira (FAB) no litoral fluvial do Pará, entre os meses de setembro e dezembro de 1977, foi a mais colossal atividade já realizada por militares para se investigar o Fenômeno UFO — que na época se manifestava geralmente na forma de esferas de luz apelidadas pelos ribeirinhos de chupa-chupa ou luzes vampiras. Eram artefatos que emitiam raios de luz contra as vítimas, semelhantes a emissões de laser, através dos quais extraíam sangue. Foram centenas de casos, em especial na ilha de Colares, a 80 km de Belém, epicentro das manifestações, que resultaram em pelo menos quatro óbitos conhecidos. A referida missão militar já foi amplamente exposta em diversas edições pelas revistas UFO e UFO Especial, que nos últimos meses lançou uma série intitulada UFOs na Amazônia e Operação Prato [Edições 071, 072 e 073, ainda nas bancas], reativando as investigações.
Na verdade, esta publicação tem perseguido o assunto obstinadamente desde os anos 80, ainda no formato da antiga revista Ufologia Nacional & Internacional. Já naquela época nossa Redação recebeu de fontes anônimas dezenas de páginas de documentos sobre a Operação Prato, que, evidentemente, apesar de ainda vivermos no fim da Ditadura Militar, foram parar em nossas páginas e ficaram conhecidas em todo o país. Mais de 10 anos depois, em 1997, período em que mantivemos a busca por mais evidências sobre aquela missão militar, a publicação obteve uma entrevista bombástica e exclusiva com o homem que a comandou, o coronel Uyrangê Hollanda.
O militar confirmou o que em parte já se sabia — que a Aeronáutica chegou a obter mais de 500 fotografias de discos voadores e sondas ufológicas, cerca de 16 horas de filmes em formato super 8 e 16 mm e centenas de depoimentos de testemunhas e vítimas, formando um calhamaço de cerca de 2.000 páginas [Veja edições 053 e 054, agora disponíveis na íntegra em ufo.com.br]. Como se pode ver, o volume de informações gerado pela Operação Prato é assombroso e sua quantidade e natureza foram confirmadas, em 2008, pelo brigadeiro José Carlos Pereira, ex-comandante do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra) e homem de destaque no meio militar brasileiro, tendo ocupado vários cargos de prestígio no país — um deles a Infraero, quando tentou debelar o caos aéreo que assolou a nação recentemente. Pereira, em entrevista exclusiva à Revista UFO, não apenas fez declarações inesperadas para um homem em sua posição — “Está na hora de revelar todos os segredos sobre os discos voadores”, por exemplo — como ainda atestou a idoneidade de Hollanda e a veracidade de tudo o que ele declarara em 1997 [Veja edições UFO 141 e 142, idem]. Simplesmente não há conhecimento, em lugar algum do mundo, de uma ação militar que tenha obtido tamanho volume de documentação e tão impressionantes resultados — e tudo oficialmente conduzido por militares em missão oficial e com soldos para executá-la.
Isso é algo significativo e sem precedente na história da Ufologia. Sem contar o ponto crucial daquela missão militar, que tinha entre seus objetivos finais a tentativa de estabelecer contato direto com as inteligências responsáveis pelo chupa-chupa. Sim, exatamente isso: a Operação Prato, uma iniciativa oficial de pesquisa ufológica, tinha como seu maior propósito determinar a natureza das inteligências por trás do fenômeno e ainda tentar fazer contato com elas. Estas são informações passadas por Hollanda, o homem que começou sua função de comandante da operação como um cético e acabou, quatro meses depois, como contatado por ETs — com a significativa diferença de que ele era um militar em posição chave em um dos maiores destacamentos da Aeronáutica no país, o I Comando Aéreo Regional (COMAR I), e não uma testemunha qualquer.
Seu contato com um ser extraterrestre ocorreu no início da segunda quinzena de dezembro de 1977, quando a Operação Prato já tinha todos os registros documentais citados acima. O próprio Hollanda estava com um de seus comandados em uma pequena embarcação de alumínio no Rio Guajará-Mirim, que banha um dos lados da ilha de Colares, quando ambos avistaram um UFO cilíndrico de cerca de 100 m de comprimento. Emitindo um chiado, o objeto ficou suspenso no ar em posição vertical e a uns dois metros do solo sobre a margem oposta do rio. Uma pequena porta se abriu em sua parte superior e através dela uma criatura saiu do aparelho. Vestida com macacão inteiriço e capacete como o de um motoqueiro, ambos brancos, o ser desceu flutuando e se colocou praticamente na frente dos homens, atônitos. “Parecia que aquela criatura queria que o víssemos e soubéssemos que ele sabia de nossas atividades no local”, disse Hollanda.
Encontro com um ET na selva
Minutos depois, sem que uma única palavra fosse trocada entre as partes — e nem comunicação telepática —, encerrou-se o primeiro contato imediato entre militares e seres extraterrestres de que se tem conhecimento na história. O fato é impensável, mas real. E como parte de suas atribuições rotineiras, Hollanda foi à capital, Belém, desta vez com urgência e euforia, dar seu relato semanal dos acontecimentos da Operação Prato ao seu superior, no I COMAR, o brigadeiro Protásio Lopes de Oliveira, comandante daquela unidade e figura de referência na Amazônia, tendo seu nome amplamente usado para batizar ruas de cidades diversas. Oliveira foi quem determinou a criação da operação, que colocou Hollanda no comando e que fazia a ponte entre os militares que estavam na selva, seus quadros no quartel e o alto Comando da Aeronáutica, em Brasília.
Hollanda declarou que fez o relato dos fatos ao seu superior de maneira entusiasmada, imaginado que iria impressionar o major, que já vinha demonstrando entusiasmo com os resultados da Operação Prato há meses. E realmente o impressionou, porém muito mais do que imaginara e de uma forma inesperada. Ao ouvir o que o comandante da Operação Prato tinha a contar, ou seja, a descrição de seu encontro com um ser extraterrestre no Rio Guajará-Mirim, algo que era um dos objetivos daquela missão militar, Oliveira tomou um enorme
susto. Pediu a seu comandado que retornasse no dia seguinte, quando receberia novas ordens. Quando voltou a ter com seu superior, Hollanda foi surpreendido com sua determinação para encerrar sumária e imediatamente as atividades. “Certamente, Oliveira não decidiu isso sozinho, mas naturalmente após ter relatado os estarrecedores fatos aos seus pares, em especial, ao alto Comando da Aeronáutica”, estimou Hollanda.
É justamente sobre esta decisão que pairam as maiores dúvidas de toda esta história, que, como as peças desencontradas de um quebra-cabeças, não formam a figura final. Esta publicação, no entanto, está ainda determinada em esclarecer o que levou ao encerramento da Operação Prato tão prematuramente, se ela estava programada para durar muito mais tempo. E mais: por que isso se deu justamente quando seu objetivo máximo foi alcançado, ou seja, quando se deu um contato direto entre seus integrantes e as tais inteligências responsáveis pelo fenômeno, sem qualquer hostilidade e consequências para ambas as partes?
Processo inacabado
Ao que tudo indica, tal fato colocou em alerta a cúpula da Aeronáutica, que optou pelo encerramento sumário das atividades, e assim foi feito. Hollanda recebeu a determinação de juntar seus homens em Colares e retirar-se de lá, e cumpriu a ordem. Naquele momento, o Brasil dizia não a um encontro franco com o emissário de uma outra civilização. O militar recebeu ordens também para entregar ao seu superior toda a documentação obtida nos quatro meses de operações. Desta forma, fotos, filmes, relatos, mapas, croquis etc, tudo foi arquivado no I Comando Aéreo Regional (COMAR I) e uma parte foi posteriormente enviada ao Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra), em Brasília, onde se encontra até hoje e de onde, desde 2009, começou a emergir a conta-gotas, por ação da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), através de seu movimento UFOs: Liberdade de Informação Já, resultando na liberação oficial de centenas de páginas de documentos ufológicos até então classificados como confidenciais e secretos. A abertura de arquivos continua até hoje, cada dia mais fraca, e o que se conclui é que tudo o que a Aeronáutica disponibilizou até agora não representa nem 20% de todo o material compilado pelos militares da Operação Prato, em termos de papéis e fotos — e simplesmente nenhuma das 16 horas de filmes apareceu até agora.
Como se sabe, o material liberado foi entregue pelo Centro de Documentação e Histórico da Aeronáutica (Cendoc) à CBU e disponibilizado no Arquivo Nacional, em Brasília, podendo ser consultado também no site da Revista UFO [ufo.com.br]. Isso é um alento, mas também um incômodo para os ufólogos brasileiros — pelo menos para aqueles mais conscientes dos fatos, que sabem que, muito provavelmente, as poucas centenas de páginas e fotos liberadas até agora não passam da ponta do iceberg. Suspeita-se, com razão, que um volume imensamente maior, e certamente mais contundente, continua nas mãos da Força Aérea Brasileira (FAB), e isso não parece que virá à tona tão cedo. Que segredos inconfessáveis são estes, que fazem os já liberados parecerem brincadeira de criança? Militares graduados garantem, desde que seus nomes não sejam revelados, que são fatos muito além do que revelou Hollanda. Mas o que seriam?
Hollanda estava com um de seus comandados em uma pequena embarcação de alumínio no Rio Guajará-Mirim quando ambos avistaram um UFO cilíndrico de cerca de 100 m de comprimento, suspenso no ar em posição vertical e a uns dois metros do solo. Dele saiu um ET
A esta pergunta soma-se a mais inquietante de todas: por que o Comando da Aeronáutica decidiu encerrar a Operação Prato em seu auge? É praticamente um insulto à inteligência dos ufólogos brasileiros e de toda a sociedade que os militares queiram nos fazer crer que, tendo como um de seus principais objetivos a tentativa de contato com tripulantes dos UFOs, a Operação Prato tenha sido encerrada justamente quando isto ocorreu. É simplesmente inaceitável que a missão militar que tinha a função de determinar a natureza das manifestações no Pará, além de estabelecer contato oficial com seus responsáveis, tenha sido cancelada justamente quando se constatou que a origem do fenômeno era extraterrestre — e embora fosse terrivelmente hostil com os moradores, nenhum dos mais de 30 homens que participaram daquela missão militar foi atacado uma só vez. Pelo contrário. “Parecia que os seres sabiam que estávamos ali por causa deles, e iam para onde quer que nos dirigíssemos, como se nos investigassem ao mesmo tempo que investigávamos eles”, disse Hollanda.
Mais sofisticação
Finalmente, chega a ser inocente acreditar que após ter documentado a atividade de forças alienígenas em plena ação no país, nossos militares, tão ciosos de suas responsabilidades — a ponto de permanecerem mais de 30 anos calados quanto à Operação Prato —, tenham preferido ignorar o fato e seguido adiante com suas rotinas. Não, certamente aquela fantástica missão militar não foi encerrada em dezembro de 1977, como se afirma, e muito provavelmente continuou a ser conduzida com recursos mais sofisticados e estratégias mais bem definidas, para que nossas autoridades pudessem avaliar a extensão exata da ação de extraterrestres em nosso território. Se é que o contato direto com eles, iniciado por Hollanda, também não continuou sob outro formato, com outros grupos e novos resultados. Esta é a aposta da Ufologia Brasileira.
O desafio, agora, é checar esta hipótese para comprová-la para toda a Ufologia Brasileira e Mundial, exatamente como a UFO fez nos anos 80, quando sustentava que a Operação Prato existia e a maioria de nossos ufólogos não levava isso a sério. Agora vemos que sério mesmo é muito mais do que a operação produziu até ser encerrada, e que nunca veio a público. Hoje se suspeita com elevado grau de realismo que as atividades na selva assumiram outro formato, após Hollanda e seus homens serem sumariamente afastados — o que, aliás, o levou a uma brutal depressão que resultou em seu suicídio, logo após ter concedido entrevista à UFO. Pois existem indícios claros de que os contatos com as inteligências por traz do fenômeno chupa-chupa foram incrementados não somente em número, como também em profundidade. Mas quem conduziu estas novas ati
vidades na selva? Outros militares do I Comando Aéreo Regional (COMAR I), de Brasília ou dos Estados Unidos, como também se suspeita [Veja artigo de Edison Boaventura Júnior nesta edição].
Os indícios começam a se concretizar em evidências a partir de várias constatações e de informações prestadas por diversas fontes. Dentro desta nova busca, por exemplo, já se teve confirmação, partindo de um informante que ainda terá que ser mantido anônimo, mas é bastante conhecido no meio militar brasileiro, que aquilo que se supunha de fato ocorreu. Segundo ele, não somente a Operação Prato assumiu outro formato, muito mais fechado, reservado, secreto e técnico, como passou, já com outro nome, a contar com a participação decisiva e intensa de militares norte-americanos. Se antes eles apenas sondavam e se mostravam curiosos com os resultados daquela missão militar até seu encerramento formal, acompanhando uma ou outra investigação, depois disso passaram a dar as cartas na sua fase seguinte.
“Naquela época, os militares norte-americanos estavam por todos os lados no Brasil. Estávamos em plena Ditadura e eles mandavam e desmandavam aqui”, revelou a mesma fonte, confirmando algo que todos já sabíamos sobre os tempos negros de exceção da liberdade em nosso país, e acrescentando que os Estados Unidos também davam ordens aos nossos militares quando o assunto era Ufologia. Mas o que não sabíamos era até que ponto os estrangeiros tinham acesso ao que produzíamos aqui na área ufológica. “Sem os norte-americanos, nós não tínhamos sequer combustível e pneus para nossas aeronaves. Então, é claro que cedemos e demos a eles acesso completo a tudo o que se apurou sobre UFOs e ETs na Amazônia”, continuou nossa fonte. “E eles tomaram conta”, finalizou. Agora resta apurar, seja nos documentos oficiais, que se espera virem de novas aberturas, ou então de novos vazamentos, como isso ocorreu.