Provavelmente qualquer paraense deve ter ouvido falar sobre o caso dos “Chupa-Chupa”. Trata-se dos polêmicos episódios ocorridos entre setembro e dezembro de 1977 no município de Colares, em que vários habitantes da cidade alegaram serem vítimas de “luzes do céu que queimavam” – algo que levou grande parte da população a creditar os acontecimentos a seres de outro mundo. Seja lá o que for, o assunto rendeu e hoje os habitantes de Colares já tornaram o episódio, inclusive, uma forma de festejar o carnaval e louvar sua cidade. São esses aspectos, majoritariamente culturais e não científicos, que os cineastas Adriano Barroso e Roger Elarrat sublinham em Chupa-Chupa: A História que Veio do Céu, documentário que será lançado oficialmente no dia 15 de junho na praça municipal da própria Colares, a partir das 18h00. “Antigamente as pessoas tinham vergonha desses acontecimentos, mas atualmente eles vêem como um diferencial da cidade. Eles inclusive fizeram por lá a ‘dança do E.T.\’”, destaca Adriano Barroso. A exibição em rede nacional das TVs públicas será no dia 24, às 23h00, transmitido no Pará pela TV Cultura local (que coordena o DOCTV no Estado), e reprisado nos dias 25, às 24h00, e 30, às 20h00.
Com uma equipe de 16 profissionais, entre cenógrafos, cenotécnicos, cameramen e diretores de produção, Chupa-Chupa: A História que Veio do Céu foi filmado entre agosto e setembro de 2006 e finalizado no último dia do ano passado. “Enquanto os fogos espocavam, nós finalizávamos o filme”, comenta Adriano. O curta-metragem foi um dos roteiros contemplados pelo programa DOCTV III, realizado pela Secretaria Audiovisual do Ministério da Cultura, Fundação Padre Anchieta e Associação Brasileira das Emissoras Públicas (Abepec), com o apoio da Associação Brasileira de Documentaristas (ABD). “Começamos a história há dois anos e meio, quando nos propusemos a entrar no DOCTV e fizemos um levantamento de vários episódios bons de se contar. O caso do Chupa-Chupa foi lembrado e pensamos que seria interessante, mas não do ponto de vista investigativo e sim de como as pessoas vêem isso hoje em dia”, explica Adriano Barroso.
O fio condutor do documentário é um programa de rádio idealizado pelos próprios diretores, em que se comemora os 30 anos das supostas aparições do chupa-chupa. Antes de apresentarem o roteiro ao programa, foram realizados dois anos de pesquisa sobre o tema. “O filme passa por depoimentos de várias pessoas envolvidas direta e indiretamente pelo acontecimento. Tudo ficou bem claro para a gente depois que encontramos esse lavrador, o Mestre Pacau”, explica Adriano. Compositor de Carimbós e fundador do Grupo Canarinho, o Mestre Pacau é o grande protagonista em Chupa-Chupa. O colono sonha em gravar um CD de carimbós e possui várias composições sobre “chupa-chupas”, lobisomens e coisas afins.
A partir dele, os diretores desvendam o imaginário cultural dos habitantes de Colares, que por muito tempo foram vítimas de comentários pejorativos da imprensa e da população paraense. “Contamos, além dos fatos, de como é o sonho dele gravar um CD. O encontro com ele foi legal porque Pacau foi uma espécie de cronista do filme. Ele fez várias composições na hora, e por tudo e todos que passávamos, ele registrava”. Em Colares, a exibição do documentário será em telão na praça pública, com a cobertura da TV Cultura do Pará e a presença dos diretores de Chupa- Chupa e do ufólogo Ademar Gevaerd, uma das maiores autoridades brasileiras sobre o assunto, editor da Revista UFO, especializada em Ufologia. O lançamento em Belém acontece no próximo domingo (17), no Espaço Municipal Cine Olympia, também com a presença de Gevaerd.