A região sul do Estado de Minas Gerais é um dos locais com maior índice de aparições de UFOs no território brasileiro. Algumas localidades como a pequenina São Thomé das Letras, incrustada numa área montanhosa a mais de 1400 metros de altitude, geralmente encontram-se envoltas por inúmeras lendas e mistérios. Essa localidade foi palco de pesquisas de campo realizadas recentemente por este autor integrante do Grupo EXO-X de São Paulo e outros pesquisadores, entre eles, Alexandre Calandra. Nosso encontro inicial foi na pousada do senhor Oriental L. Noronha, um ativo ufólogo da região de São Thomé das Letras popularmente conhecido como seu “Tatá”.
Comerciante é pioneiro na pesquisa ufológica em toda aquela região, já tendo presenciado por algumas ocasiões, ações de UFOs, inclusive, chegou à filmá-los. Mas foi uma outra filmagem relativamente recente que “seu” Tatá pediu que analisássemos. A imagem mostra dois supostos UFOs numa filmagem realizada pela equipe de televisão Câmera em Ação do SBT em maio de 2003. Na realidade a equipe do SBT teria feito apenas uma tomada do pôr-do-sol no último dia das filmagens. Mas, ao poente, o cinegrafista percebeu dois objetos que estavam se movimentando para direções opostas.
Ao observarmos a tal filmagem a princípio não parecia algo muito significativo, pois aparentemente os tais objetos se assemelhavam à “esteiras de condensação”, ou seja, um fenômeno provocado por aviões em elevadas altitudes. No entanto, um fato desconcertante ocorreu: um dos objetos apresentou, num dado instante, uma brusca aceleração, tornando-se este, objeto de nossa pesquisa.
São muitos os relatos de observação de UFOs, incluindo até mesmo de “pousos” em propriedades rurais, sendo que em alguns dos quais foram deixadas marcas no solo. Exemplo disso ocorreu em um caso que pesquisei em São Tomé no ano de 1996, onde o pouso efetuado por um UFO deixou uma área circular queimada com dois metros de diâmetro durante uma manhã de um dia de setembro do ano anterior. O tal pouso teria ocorrido a aproximadamente 100 m da sede da fazenda, que fica há alguns quilômetros da região da Gruta do Sobradinho, 28 km do centro de São Tomé, fato presenciado por Maria Aparecida Alves e sua filha Viviane. Ambas relataram que o tal objeto tinha a aparência de um “bolo” de cor azulada com dois metros de diâmetro.
Aproximadamente 10 km mais adiante, em 2001 um UFO comprido teria pousado por volta das 21h00 num terreno em frente a uma casa. O objeto foi visto por toda uma família que ali residia, deixando todos apavorados, pois acreditavam se tratar de “coisa do capeta”. Na manhã do dia seguinte, todos observaram uma área circular queimada e devido a todo o susto se mudaram dali e puseram a propriedade à venda.
Possível caso de abdução. Mas nem sempre as testemunhas ficam com medo perante um contato, como podemos constatar num relato coletado recentemente do senhor Júlio César Mendes. Ele citou que se encontrava numa elevação montanhosa conhecida como “cruzeiro” apreciando uma alvorada em julho de 1991, quando de repente, surgiu uma forte neblina, que em seguida enfraqueceu e aí nesse momento ao olhar para o vale, reparou um forte foco de luz passando sobre uma estradinha de terra, que logo em seguida sobrevoou a mata ganhando altitude. A luz passou perto da “Pedra da Bruxa” e foi nesse instante que Júlio percebeu tratar-se de um objeto em forma de disco, até que o mesmo pairou a uns 20 metros de distância da testemunha.
Ele contou que reparou em certos detalhes no tal objeto e nos descreveu o seguinte: “havia uma cúpula transparente sobre o disco, inclusive, consegui visualizar uma pessoa dentro dela que possuía uma pele morena, cabelo bem curto, com feições de rosto leve e bem fina. Possuía uma veste tipo macacão com gola que era bem justa ao corpo, era uma veste escura fosca; nesse instante meu coração ficou acelerado, mas logo me tranqüilizei quando uma frase simplesmente apareceu forte no meu pensamento: ‘Feliz daquele que não viu, mas crê\’”.
Implante no ouvido? Segundo a testemunha, o tal objeto possuía um brilho que ia do violeta para o alaranjado e emitia um discreto som que mudava de tonalidade conforme a alteração das cores de suas luzes. Após a formação da tal frase em seu pensamento, ele relata que “apagou” e após alguns instantes, ele percebeu que “estavam mexendo” na sua cabeça e na orelha direita, onde aparentemente sentiu que estavam tentando introduzir “algo” pela abertura da orelha (nesse instante, Júlio tinha consciência, mas não conseguia mexer os olhos e nem se mexer) e em seguida “apagou” de novo. Após algum tempo ele acordou no local onde já estava e foi embora meio desnorteado.
Alguns dias depois percebeu no ouvido direito uma acúmulo excessivo de cera que lhe estava causando uma surdez, mediante a essa situação foi ao médico e realizou uma lavagem pelo canal auricular, sendo eliminada grande quantidade de cera. Porém, ao jogá-la num pote metálico, se fez um forte barulho de atrito metálico e todos ficaram surpresos, pois ao observar melhor a tal cera, perceberam que havia um pequeno objeto cilíndrico com menos de meio centímetro e que possuía uma cor escura e de aspecto metálico, mas infelizmente na época o material foi desprezado pelo o médico.
Em alguns aspectos esse relato é bastante original e a testemunha não possui nenhum tipo de vício, não fuma, não bebe, nem consome droga e nem remédios; há uma grande possibilidade de sua história ser verídica, mas é preciso que se efetue uma investigação mais detalhada com o uso da hipnose regressiva, pois aparentemente ele teve o missing time – tempo perdido, o que é clássico nos casos de abdução.
A caverna do Chico Taquara. Nesse período, também realizamos uma expedição para investigar uma região montanhosa, situada a nordeste de São Thomé das Letras. Nosso objetivo principal era investigarmos a caverna onde viveu o misterioso personagem Chico Taquara. A equipe era composta por este autor, o ufólogo Alexandra Calandra, Janaína Martins, o morador da região, Júlio César e sua filha e por mais dois estudantes de Arqueologia da Universidade de Cuzco, no Peru. Para chegarmos, tivemos que atravessar uma bela região cujo terreno era composto totalmente por um quartzito típico da região conhecida como pedra de São Tomé, com suas grandes formações rochosas montanhosas, de podia ser visto todo o Morro do Gavião.
Após quase uma hora e meia de caminhada chegamos na região da dita gruta, porém, a entrada da mesma estava totalmente camuflada pela vegetação e como seu Júlio já tinha ido uma vez com seu cão, reconheceu por onde deveríamos adentrar pelo o mato, mas curiosamente o cão do Sr. Júlio que também tinha nos acompanhado, foi o primeiro a encontrar e a entrar na boca da caverna.
A “boca” de entrada é relativamente pequena e adentra para um salão também pequeno, mas que podia comportar “confortavelmente” umas quatro pessoas; indo mais para o fundo da caverna chegamos a uma fenda com passagem estreita – só passa uma pessoa por vez, que dava ainda mais para o interior de outro compartimento da caverna, mas não fomos mais adiante por falta de outros equipamentos adequados para uma exploração mais profunda.
Essa caverna esta inserida dentro de uma montanha de quartzito, onde escalamos a mesma até seu topo e tivemos um belo visual de toda a região, com quase 360º. Daquele ponto, pode-se ver São Thomé, o Pico do Gavião, várias formações montanhosas e também outras localidades como Luminária – que possui esse nome devido ao fato que desde da época de sua fundação eram comuns os relatos de observação de objetos luminosos noturnos que os antigos moradores chamavam de luminárias, ou seja, um fato ufológico originou o nome de uma cidade.
Nada de anormal foi detectado, nem no interior da caverna e nem nas proximidades, inclusive, não detectamos qualquer alteração magnética. Decidimos ir até a caverna motivados pelas histórias “fantásticas” que norteiam o Chico Taquara, cujo nome verdadeiro é Francisco de Góes Gonçalves, filho de José Gonçalves de Góes e de Ana Junqueira de Jesus, nascido em 1849 e desaparecido em 1926. Dizem que o Chico sumiu no interior de uma caverna para o “mundo subterrâneo”. Citam que ele tinha a capacidade de aparecer e desaparecer instantaneamente dos lugares, e que aparentemente realizava milagres.
São Thomé. Data de 1770 a mais remota notícia a respeito do início do povoamento daquela região. Segundo a História, o escravo João Antão, que havia fugido da fazenda Campo Alegre, devido aos maus tratos recebidos de seu Senhor. Refugiando-se numa gruta no alto da serra, passou à viver da caça, da pesca e da coleta de raízes e frutos silvestres. Após algum tempo, um senhor vestido de branco, elegante e educado apareceu para o escravo. O escravo contou-lhe sua história, explicando o motivo pelo qual havia fugido e se alojado na gruta. Então, esse personagem misterioso escreveu uma mensagem e pediu ao escravo que entregasse ao seu Senhor, dono da fazenda, capitão João Francisco. Assegurou que se assim o fizesse, seria perdoado por ele e receberia bons tratos.
João Antão era analfabeto e, mesmo não sabendo do conteúdo da mensagem, voltou para a fazenda e a entregou para o seu Senhor que leu a mensagem e, logo em seguida o capitão ordenou ao seu escravo que o levasse até a tal gruta. Quando lá chegaram não encontraram ninguém. Dentro da gruta encontraram uma imagem de São Tomé, esculpida em madeira; o capitão recolheu a imagem e levou-a para sua casa. Conta-se que a imagem sumia da casa e reaparecia na gruta diversas vezes. E com isso, acreditando se tratar de um milagre de São Tomé, o capitão Francisco associou o mesmo ao tal senhor que lhe escreveu o bilhete com belas letras naquela época. Assim, o capitão mandou construir uma capela ao lado da tal gruta, onde em 1785, foi erguida e encontra-se preservada, a Igreja Matriz de São Tomé que em seu interior, possui afrescos do artista Joaquim da Natividade, discípulo de Aleijadinho.
“As Letras” foram incorporadas ao nome da cidade de São Thomé devido às supostas grafias encontradas na gruta onde acharam a imagem. Apesar de já apagadas pelo tempo, elas ainda podem ser vistas na gruta ao lado da Igreja da Matriz. Alguns pesquisadores defendem que as letras teriam sido antigas pinturas rupestres, usando uma tinta avermelhada que permaneceu na rocha por diversos séculos. Já outros pesquisadores defendem que a formação das “letras” se deu por efeitos de liquens e ações de fungos que, ao acaso, teriam formado uma estranha “grafia” contendo três “algarismos”.
Uma curiosidade: a região de São Thomé das Letras pertencia à Fazenda Campo Alegre, tendo como fundador o capitão João Francisco Junqueira, falecido em 1819 e sepultado na própria igreja que iniciara. Dentre os herdeiros, salientamos que, seu filho, Gabriel Francisco Junqueira, em 1842 recebeu de D. Pedro II, o título de “Barão de Alfenas”, tendo falecido em 1869 e sendo sepultado também na Igreja Matriz.
Paulo Aníbal G. Mesquita é biólogo, ufólogo e membro do grupo de pesquisas EXO-X de São Paulo/SP.