Foi realizada em San Marino a sexta edição do Simpósio Mondiale sugli Oggetti Volanti Non Identificati, de 3 a 5 de abril passado. O evento, já incorporado ao calendário mundial de congressos ufológicos,foi coordenado por Roberto Pinotti e contou com o patrocínio do governo da República de San Marino – o que o torna o único evento de Ufologia verdadeiramente oficial ocorrendo hoje. O país, apesar de ser uma pequena república encravada na costa adriática da Itália, entre Bologna e Ancona, tem a pretensão de levar a questão ufológica para a Organização das Nações Unidas (ONU) – e suas autoridades têm tido bastante sucesso nisso.
O simpósio reuniu mais de 20 pesquisadores italianos e 18 internacionais, provenientes de 13 países, constituindo-se num dos maiores eventos já organizados até hoje naquele país. Do Brasil, o convidado oficial foi o editor de UFO, A. J. Gevaerd. Uma platéia que superou 700 pessoas prestigiou o congresso que, como nos anos anteriores, teve entrada franca.
Três foram os pontos-altos do simpósio, que foi realizado como uma verdadeira maratona, tendo os quase 40 convidados se revezado no palco em períodos de não mais que 45 minutos cada. O primeiro momento foi a presença, inédita num evento do gênero, do irlandês Desmond Leslie, famoso nos anos 50 por ter sido co-autor do livro The Flying Saucers Have Landed com George Adamski.
Leslie, aliás, hoje com 79 anos de idade, foi quem escreveu quase o livro todo, transformando em bestseller da Ufologia por décadas. “Mais de 80% do livro fui eu quem escreveu, pois a Adamski coube apenas a narrativa de sua história”, declarou Leslie à Revista UFO. Quando questionado se, após todos esses anos, ainda acreditava em seu parceiro, não hesitou: “O tempo não altera a verdade “.
Leslie brindou a platéia, em sua maioria composta por jovens, com uma brilhante narrativa de sua amizade com Adamski. Embora bastante polêmica há décadas, a experiência daquele contatado ainda influencia ufólogos e ufófilos de todo o mundo. Ele declarou em seu livro com Leslie ter tido uma série de contatos com seres venusianos que vinham ao seu encontro num ponto remoto de Desert Center, na Califórnia. Um de seus amigos siderais foi denominado por Adamski de Orthon e este lhe garantiu na época que todos os planetas do Sistema Solar são habitados por diferentes civilizações. A narrativa de Leslie sobre o episódio foi muito emocionante.
Diferentes civilizações – Outro grande momento do simpósio foi o depoimento do coronel reformado das forças armadas norte-americanas Philip Corso, um homem que, hoje com 83 anos, revolucionou todas as concepções e descobertas até hoje feitas sobre o Caso Roswell. Corso publicou em 1997, quando o caso completou 50 anos, o livro The Day After Roswell, em parceria com William J. Birnes. Seu livro, já traduzido para vários idiomas, causou um reboliço no meio ufológico americano.
O oficial, ao contrário de muitos outros personagens que o antecederam em revelações sobre a queda de um UFO no Novo México, foi de fato uma alta autoridade de governo que teve acesso irrestrito a informações que até então os ufólogos apenas sonhavam em conhecer. “Corso nos proporcionou uma reviravolta completa no Caso RoswelI”, declarou Roberto Pinotti [representante de UFO em seu país], considerado o capo di tutti capi da Ufologia italiana e editor-responsável pelas revistas Notiziario UFO e Dossier Alieni, publicadas bimestralmente na Itália.
Em sua avaliação, no que é seguido por ufólogos de todo o mundo, Corso realmente apresentou ao mundo fatos sobre o Caso Roswell que os ufólogos vêm tentando descobrir nos últimos 30 anos, sem sucesso. Corso, enquanto estava na ativa, trabalhou em vários importantes gabinetes da hierarquia militar dos Estados Unidos, inclusive servindo a presidentes [Editor: veja edição 56 sobre o assunto].
Apesar disso, no entanto, esse oficial reformado não é uma unanimidade e suas revelações têm sido acompanhadas por uma acirrada polêmica. Budd Hopkins, por exemplo, não crê que sua história seja verdadeira e questiona, veementemente, o porquê de Corso ter vindo a público somente agora. “Considero oportunismo que o coronel Corso resolva revelar seu suposto envolvimento com o incidente em Roswell apenas agora quando o caso completa 50 anos”, declarou à Revista UFO. “Além disso, a narrativa do coronel não traz tantas novidades assim”, completou Hopkins, um dos mais consagrados ufólogos dos EUA e autor de vários bestsellers. Além de Corso e Leslie, a presença do administrador do único organismo estatal do mundo dedicado à pesquisa ufológica mereceu grande destaque.
Declaração pública – Jean Jacques Velasco é hoje quem comanda as operações do Groupément d\’Études de Phénomènes Aériens (GEPAN), que é uma entidade pertencente ao Centro Nacional de Estudos Espaciais da França, uma espécie de versão francesa da NASA, em muito menor escala. Fundado pelo próprio presidente Alain Giscard d\’Estaing em 1976, após uma declaração pública sobre objetos voadores não identificados nas redes de TV do país, o GEPAN tem sobrevivido a muito custo, e hoje está reduzido a um pequeno grupo chefiado por Velasco.
Ainda assim, é a única entidade genuína e publicamente financiada por um governo para pesquisar discos voadores de todo o mundo. A abertura do simpósio, na tarde de 3 de abril, foi um momento muito especial, constituído de uma homenagem aberta aos ufólogos brasileiros que realizaram o Primeiro Fórum Mundial de Ufologia, em Brasília, de 7 a 14 de dezembro passado. Por quase 30 minutos os ufólogos italianos e internacionais presentes em San Marino, em especial Roberto Pinotti e Maurizio Baiata, dedicaram boa parte de seus discursos para enaltecer o trabalho realizado no Brasil e a tenacidade com que o Fórum foi conduzido, reconhecendo seu enorme benefício em prol da união da Ufologia nos mais diferentes países.
O mesmo tipo de homenagem foi prestado em inúmeras páginas das revistas Notiziario UFO (Itália), UFO Magazine (Inglaterra) e Magazin 2000 (Alemanha), todas trazendo cobertura completa do Fórum. A consagração do esforço brasileiro é reconhecimento da importância de “nossa” Ufologia para a comunidade internacional.
Revista UFO em San Marino – Estando presente no evento do ano passado em San Marino, o enviado de UFO A. J. Gevaerd notou imensa diferença entre o tratamento recebido naquela época e nesta ocasião. “Se nossa Ufologia já era respeitada antes do Fórum, ao ponto de estarmos sendo regularmente convidados para apresentá-la em eventos no exterior, depois da Carta de Brasília, então, nossa reputação cresceu acentuadamente”, comentou.
De fato, inúmeros eventos estrangeiros dedicaram espaço recorde para descrever os acontecimentos do Fórum Mundial, fazendo com que tais platéias estejam familiarizadas com os fatos. “Foi uma emoção muito grande saber que fizemos, no Brasil, algo que está sendo elogiado no mundo todo”, concluiu Gevaerd.
O simpósio resultou na elaboração da chamada Charta di San Marino que, a exemplo da Carta de Brasília, formulada quando do encerramento do Primeiro Fórum Mundial de Ufologia, em dezembro passado, tem o objetivo de alertar as autoridades mundiais quanto à questão ufológica. A diferença, no caso de San Marino, é que a carta foi efetivamente oficial, auspiciada pelo governo da república.
Sua intenção é levar a questão para a Organização das Nações Unidas (ONU), na tentativa de reabrir as discussões oficiais que foram conduzidas por sua assembléia geral em 1978, por requisição do então primeiro-ministro de Grenada Eric Gairy. A Charta, que está reproduzida no box desta matéria, foi assinada por todos os ufólogos presentes no congresso. Numa seqüência quase interminável de conferências, apresentaram-se em San Marino alguns dos maiores estudiosos de Ufologia da atualidade.
Boris Chourinov, representante de UFO na Rússia, trouxe um caso recentemente descoberto em que um avião comercial de seu país quase colidiu com um UFO, causando enormes danos à saúde de sua tripulação. Da Espanha, o dedicado jornalista Javier Sierra, editor-chefe da revista Más Allá, trouxe uma análise minuciosa de como a cultura espanhola foi influenciada, nos tempos medievais, por ocorrências ufológicas que despertavam o interesse e a crendice popular. “Na Espanha, assim como em muitos países europeus, os UFOs estão presentes na História e narrados vivamente pelos nossos antepassados”, declarou Sierra à Revista UFO.
Colin Andrews, da Inglaterra, e Michael Hesemann, da Alemanha, fizeram conferências ricamente ilustradas. O primeiro sobre os círculos nas plantações inglesas e o segundo sobre filmes de UFOs em várias partes do mundo. Andrews, considerado a maior autoridade nos chamados crop circles, fez uma exposição de como os círculos ingleses são formados e apresentou evidências de que sua origem está intimamente ligada aos extraterrestres. Ainda sobre casuística, Ivan Mohoric, da Eslovênia (e novo representante de UFO no exterior), e Candida Mammoliti, da Suíça, descreveram inúmeros casos de avistamentos e registros de UFOs em seus países.
Reboliço no meio ufológico – Dos Estados Unidos, seis pesos-pesados da Ufologia Mundial compareceram. Budd Hopkins, David Jacobs e Yvonne Smith, autoridades em abduções, mostraram um panorama global de como os raptos por ETs estão se alastrando cada vez mais. Jacobs, que acaba de lançar seu novo livro Threctt (ameaça), descreveu de forma clara e concisa o que considera um programa alienígena de penetração na Terra para seqüestros de humanos.
“Não podemos ter receio de falar a verdade: os extraterrestres estão raptando um número cada vez maior de pessoas, ao seu bel prazer. Fazem isso por razões que só eles conhecem e não estão se importando com o sofrimento dos abduzidos”. Jacobs, que é professor de História Americana na prestigiada Universidade de Temple, na Filadélfia, afirmou que seus estudos indicam que pelo menos 2% da população dos Estados Unidos já foram raptados por ETs.
“Pode parecer um número assombroso, mas cerca de 5 milhões de norte-americanos, ainda que a maioria deles não saiba, já passou por terríveis momentos nas mãos de seres extraterrestres”, disse sem medir as conseqüências – no que foi acompanhado por seus colegas abducionistas. Ainda dos Estados Unidos, James Courant, Michael Lindemann e Antonio Huneeus estiveram presentes. A Itália foi maciçamente representada por várias gerações de ufólogos. Guardando uma profunda semelhança com a Ufologia Brasileira, também na Itália há uma integração bastante peculiar entre os pesquisadores pioneiros e as gerações mais recentes de ufólogos. Existe no país um grande número de grupos de pesquisa, a maioria composta por entusiastas universitários coordenados pelo Centro Ufologico Nazionale (CUN), de Maurizio e Pinotti.
Particularmente interessantes foram as conferências apresentadas por Corrado Malanga, sobre a casuística avançada da Itália, e Emanuele Gattei, sobre as pesquisas conduzidas pelo grupo ufológico oficial de San Marino. A Equipe UFO aproveitou a oportunidade para agradecer o reconhecimento manifestado pelos ufólogos internacionais quanto ao Primeiro Fórum Mundial de Ufologia e apresentou seus planos para a realização da próxima edição da série, já em estudos avançados. Gevaerd descreveu detalhadamente, também, os procedimentos dessa operação.
Convidado a apresentar-se em San Marino novamente no próximo ano, o editor de UFO lembrou aos organizadores do evento que existem inúmeros ufólogos brasileiros que possuem excelentes trabalhos de pesquisa para apresentar ao mundo e que, por isso, merecem uma oportunidade para poderem fazê-lo no exterior. Durante o jantar oficial do simpósio, oferecido pelo ministro de Turismo de San Marino Augusto Casali, Gevaerd declarou ainda que não só no Brasil, mas também em inúmeros países da América Latina e do Terceiro Mundo há pesquisadore
s desenvolvendo trabalhos excepcionais que devem ser ouvidos. Alguns dos internacionais presentes, que promovem eventos em seus países, garantiram que olharão com cuidado a questão.
A Charta di San Marino
Considerando os resultados positivos de nossos esforços durante os últimos seis anos, devido à hospitalidade e clareza do governo de San Marino, nós, ufólogos, representando nossos países no 6º Simpósio Mundial de Ufologia, ocorrido de 3 a 5 de abril de 1998, na República de San Marino, concordamos com as seguintes conclusões:
1. Relatos de objetos voadores não identificados de natureza tecnológica possivelmente não terrestre têm sido verificados globalmente por pelo menos meio século.
2. O interesse do público em geral pelo assunto tem crescido significativamente em todo o mundo.
3. É necessário que se realize um estudo científico, aberto e interdisciplinar sobre este fenômeno.
Por isso, solicitamos aos chefes de estado do governo da República de San Marino que apresentem à Organização das Nações Unidas uma moção que requeira o “estabelecimento de uma agência ou departamento da ONU para estabelecer, coordenar e disseminar os resultados de uma pesquisa sobre UFOs e fenômenos correlatos”, conforme sugerido pela Decisão 33/426, adotada durante a 87a Sessão Plenária da Assembléia Geral, realizada em 18 de dezembro de 1978, como resultado das ações da delegação de Grenada, porém nunca implementada.
Tal ato poderia envolver o Centro Internacional Permanente de Documentação Ufológica de San Marino, estabelecido em 1994, e um comitê internacional para pesquisa ufológica a ser proposto pela Secretaria de Estado para as Telecomunicações e Transporte. Os participantes do 6º Simpósio, em San Marino, estão à disposição para dar seus testemunhos, evidências documentais e o apoio que possam ser solicitados pelo coordenador do evento.
A. J. Gevaerd (Brasil) Antonio Huneeus (Chile) Auguste Meessen (Bélgica) Boris Shurinov (Rússia) Budd Hopkins (EUA) Candida Mammoliti (Suíça) Colin Andrews (Inglaterra) Corrado Malanga (Itália) Cristina Vannucci (Itália) David Jacobs (EUA) Desmond Leslie (Irlanda) Emanuele Gattei (San Marino) Gabriele Gatti (Itália) Gildas Bourdais (França) Giorgio Buonvino (Itália) Giulio Salierno (Itália) Ivan Mohoric (Eslovénia) James Courant (EUA) Javier Sierra (Espanha) Jean Jacques Velasco (França) Maurizio Baiata (Itália) Michael Hesemann (Alemanha) Michael Lindemann (EUA) Michele Ainis (França) Paola Harris (Itália) Philip Corso (EUA) Roberto Doz (Itália) Roberto Pinotti (Itália) Sun-Shi Li (China) Vladimiro Bibolotti (Itália) Yvonne Smith (EUA)