A NASA anunciou nesta quarta-feira, 27 de setembro, que o robô Curiosity, em missão na Cratera Gale em Marte desde sua chegada em 5 de agosto, encontrou provas de um antigo leito de água onde o líquido escoou em grandes volumes. Analisando imagens enviadas pelo rover, os cientistas observaram diversas rochas e afloramentos com sinais de haverem sido transportados por um forte fluxo de água. As rochas de tamanho considerável e superfície redonda foram provavelmente carregadas pela água por grandes distâncias, diz o comunicado da agência espacial.
As primeiras provas de água corrente em Marte vieram da sonda Mariner 9, lançada em março de 1971, que meses depois tornou-se a primeira a orbitar o Planeta Vermelho. Suas imagens mostraram cânions e canais naturais esculpidos pela água, incluindo o Valles Marineris, batizado em sua homenagem. As naves Viking que chegaram ao planeta em 1976 e várias outras missões descobriram mais evidências, culminando com a MRO (Mars Reconnaissance Orbiter), ainda em atividade desde a órbita, e que observou características alterando-se em poucos meses na Cratera Newton, sugerindo um fluxo de água corrente sazonal na superfície marciana ainda hoje.
A MRO também detectou minerais associados a água, como argilas e sulfatos em vários locais, e tais achados foram responsáveis pela escolha da Cratera Gale como alvo do Curiosity. Os rovers Spirit e Opportunity igualmente encontraram várias formações possíveis somente com a ação de fluxos de água corrente rica em minerais. Devido ao fato de na Terra a vida prospera onde quer que exista água líquida, a NASA adotou como meta em Marte seguir a água, dando com o Curiosity o passo seguinte, buscar ambientes habitáveis.
De acordo com William Dietrich, da equipe de investigação do Curiosity e da Universidade da Califórnia: “Pelo tamanho do cascalho que vimos nas imagens do rover, deduzimos que a água se movia aproximadamente a 90 centímetros por segundo, em um curso que provavelmente tinha perto de 50 cm de profundidade. Essa é a primeira vez em que realmente vemos rochas transportadas por água em Marte, é uma transição da especulação quanto ao tamanho do material levado a sua observação direta”.
O primeiro afloramento fotografado foi chamado de Goulburn, somente alguns metros distante do local de pouso do robô. O Curiosity fotografou outros dois, batizados como Link e Hottah, enquanto roda até uma área de nome Gleneig, seu primeiro grande alvo científico. Link e Hottah exibiram típicos sinais de terem rolado em meio ao fluxo de água, e os cientistas dizem que o líquido provavelmente esteve presente na superfície há bilhões de anos, apesar de o período exato ainda não ter sido determinado.
Porém, pelo tamanho dos afloramentos fotografados, as evidências apontam que sua produção não foi imediata. A água deve ter fluído por um grande período de tempo. Dietrich disse: “O que vemos certamente foi produzido ao longo de vários milhares de anos, mas ainda estamos reunindo informações a respeito”, afirmou Dietrich. O alvo principal da missão primária de dois anos do Curiosity é o Mount Sharp, uma montanha de 5,5 km de altitude no centro da Cratera Gale. Em suas bordas foram localizados, pelas naves orbitais, canais aluviais e depósitos minerais formados somente na presença de água corrente.
O cientista chefe da missão do Curiosity, John Grotzinger da Caltech de Pasadena, encerrou dizendo: “Um fluxo de água que correu por longo tempo pode ter sido um ambiente habitável. Entretanto, não é nossa principal escolha como um local que tenha preservado restos orgânicos. Ainda iremos ao Mount sharp, mas já temos a confiança de ter localizado nosso primeiro ambiente potencialmente habitável”.
Confira uma galeria com fotos obtidas pelo Curiosity
Veja a busca por água em Marte em fotos
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Livro: Quedas de UFOs