Porto Shag, Nova Scotia, Canadá. Quarta-feira, 04 de outubro de 1967, 23h20. Quando Laurie Wickens, um pescador de 18 anos, telefonou para o destacamento da Real Polícia Montada Canadense no Estreito de Barrington, naquela noite, certamente não tinha idéia da cadeia de eventos que iria se desenrolar a partir daí. Entretanto, ele não teve escolha, depois do que testemunhou quando viajava pela Rodovia nº 3 e entrou na vila de pescadores do Porto Shag pelo lado leste. Wickens e outras quatro pessoas a quem dava carona viram algumas luzes no céu através do pára-brisa do carro, e as observou por alguns segundos enquanto dirigia. A cada minuto que passava, a estranha posição e o tamanho que aquilo ocupava no céu chamava mais a atenção do grupo.
Eram quatro ou cinco luzes brilhando em seqüência. Primeiro a partir de uma extremidade, depois a partir da outra, ou todas de uma só vez. Estavam dispostas num ângulo de 45º descendente e aparentavam perder altitude lentamente. O objeto ao qual estavam acopladas não podia ser visto, mas o posicionamento das luzes dava a impressão de que deveria ser bastante grande. O que preocupava Wickens era o ângulo de descida do artefato em direção ao porto, que parecia ser uma queda iminente. O carro alcançou o alto de uma colina, contornou uma igreja e desceu em direção à costa, sempre tendo as luzes à vista. O pescador reavaliou sua estimativa original do local do possível impacto, e parecia agora que as luzes estavam descendo a oeste do Porto Shag – no mínimo um quilômetro e meio mais adiante. Avançando a uma boa velocidade, Wickens fazia o possível para manter o objeto dentro do seu campo de visão.
As estranhas luzes foram momentaneamente ocultadas pelas árvores existentes no alto de uma colina e estavam agora caindo sobre o mar aberto. Uma das garotas no banco de trás do veículo ouviu o som de algo se precipitando em alta velocidade, seguido de um estrondo. Próximo dali estava uma fábrica cujo estacionamento, amplo e coberto de cascalho, estava deserto naquela hora. Wickens diminuiu a marcha e estacionou no local. Todos desceram do carro e correram para o dique, contemplando do alto a grande extensão do Estreito de Barrington à frente. Eles varreram com os olhos a superfície da água, procurando pelo que quer que tivesse caído lá, sem ter idéia do que esperar. Então viram algo a uns 200 m da praia rochosa.
Uma pálida luz amarela — Num primeiro momento, os cinco não se impressionaram, pois não sabiam ao certo o que estavam vendo. Parecia ser algum tipo de avião com uma pálida luz amarela. O objeto era escuro e media cerca de 20 m de largura por uns 3 m de altura. A noite estava sem Lua e não proporcionava boa visibilidade. O que quer que fosse aquilo, estava abrindo caminho em direção ao mar aberto ou flutuando à deriva naquela direção. Sendo pescador e conhecendo as águas do Porto Shag, Wickens imaginou que a luz estava sendo carregada pela vazante da maré, auxiliada por uma corrente natural de três ou quatro nós que passava por ali. A decisão de ligar para a polícia foi unânime entre as testemunhas, o que fizeram de um telefone público em um posto de gasolina no vizinho Porto Woods.
O cabo Victor Werbicki era a única pessoa no destacamento da Polícia Montada no Estreito de Barrington naquela hora, e foi quem atendeu o telefonema. Muito agitado, Wickens disse ao policial que achava que um avião comercial havia caído no mar, e que suas luzes ainda estavam visíveis. O outro telefone do destacamento começou a tocar e o policial pediu ao pescador que permanecesse no local e desligou, após anotar o número do telefone público em que estava. A outra ligação era de Mary Banks, que residia em Maggie Garrons Point e também testemunhou a queda. Segundo ela, um grande avião acabara de cair no mar produzindo um estrondo. O telefone tocaria ainda outra vez. Agora era uma ligação anônima de um homem de Bear Point, a leste do Porto Shag, que relatou a mesma história contada pelas outras testemunhas.
O cabo contatou por rádio a única viatura que estava em patrulhamento e informou o fato aos policiais Ron Pond e Ron O’Brien, pedindo que voltassem para o destacamento o mais rápido possível. O’Brien relatou que haviam acabado de passar pelo Porto Shag e não viram nada fora do normal. Laurie Wickens ainda aguardava pacientemente ao lado do telefone público, quando o cabo ligou e perguntou se o pescador se importaria de voltar à fábrica para ficar observando o local onde a luz foi vista, até que seus oficiais chegassem. Ele concordou prontamente. Werbicki ainda não estava convencido de que um avião havia caído no mar e pensou que talvez pudesse se tratar de um meteoro, suspeita reforçada pela afirmação de O’Brien. Mesmo assim, mandou os policiais para a área.
Luzes penduradas — Em seguida, o cabo ainda recebeu a ligação de uma mulher que vivia na Ilha Cape Sable, cerca de 20 km a leste de Shag. Ela relatou ter visto, junto com a filha, luzes descendo no céu e piscando seqüencialmente, e disse que pareciam fazer parte de um objeto que teria caído próximo ao porto. Com mais uma testemunha, Werbicki passou então a considerar a hipótese de um acidente aéreo. Assim, com uma lista de nomes de pescadores vinculados à equipe de auxílio em resgates da Guarda Costeira Canadense, o cabo saiu do destacamento e foi até o local, onde encontrou Pond e O’Brien. Alguns minutos antes, retornando de Cape Sable, Dave Kendrick e Norm Smith passavam pela Rodovia nº 3 quando perceberam as mesmas luzes no alto do céu.
“Eram quatro ou cinco luzes grandes e em linha reta, que pareciam penduradas no ar aproximadamente 5 m umas das outras”, declarou Smith. Tinham cor vermelho-alaranjada e piscavam apontando para baixo, num ângulo de 45º. Logo à frente, um obstáculo impediu que ambos continuassem a observar o inusitado fenômeno. O pai de Smith, Wilfred, também avistou o fenômeno e relatou tratar-se de um objeto com grandes luzes vermelhas e laranjas, caindo em grande velocidade na direção presumida do Porto Shag. Wilfred pegou seu caminhão e também seguiu para o estacionamento da fábrica, e ali todos juntos passaram a observar aquele incrível cenário.
Ainda era possível ver uma pálida luz amarela no mar quando os policiais passaram a colher declarações do pescador Wickens e das outras testemunhas, que unanimemente concordavam que um avião havia se acidentado. O cabo Werbicki também pediu a algumas pessoas que se aglomeravam no local um barco a remo emprestado, para tentar resgatar possíveis sobreviventes do desastre. Mas, àq
uela altura, o objeto já havia sido arrastado pela correnteza para um ponto bem mais distante do que o observado inicialmente, inatingível com um barco pequeno.
Informações desencontradas — Durante o pouco tempo em que observaram o afastamento do objeto, à deriva, parecia que ele ia afundando aos poucos. Durante anos acreditou-se – principalmente devido a uma matéria com informações equivocadas publicada na imprensa – que os guardas da Polícia Montada e um pescador teriam chegado ao local do afundamento em um barco a remo, mas isto nunca ocorreu. Eles nunca foram até lá. Ao contrário, quando parecia que o objeto já estava submerso, o que se deu minutos depois da chegada dos policiais ao local, Werbicki decidiu recorrer à sua lista de pescadores da região e ligou para alguns deles solicitando ajuda. Nesse meio tempo, também ordenou que O’Brien contatasse o Centro de Coordenação de Resgates (RCC), em Halifax, estado de Nova Scotia, para se informar a respeito de possíveis aeronaves desaparecidas.
Quinze minutos depois, os policiais se encontraram na Administração do Cais, no centro de Shag, com alguns dos pescadores convocados, entre eles os capitães Lawrence Smith, irmão de Wilfred e proprietário do barco Rhonda D, e Bradford Shand, dono do Joan Pricilla. Ambos concordaram em zarpar imediatamente com suas embarcações, que, por sorte, estavam amarradas do lado de fora do cais. Outros pescadores também estavam presentes no estaleiro e decidiram também ajudar. Werbicki foi ao local do acidente no Joan Pricilla, e O’Brien seguiu no Rhonda D. Ambos estariam acompanhados de experientes navegadores.
Mesmo não havendo, até aquele instante, registro de qualquer aeronave desaparecida no RCC, os barcos deram início a uma busca, fazendo contato por rádio e telefone com instalações governamentais de toda a costa leste do Canadá. Os policiais tentavam averiguar que avião poderia ter sobrevoado a área e caído no mar, incluindo possíveis vôos civis e militares norte-americanos. Eles também entrariam em contato com o navio Life Boat 101, do destacamento da Guarda Costeira no Porto Clarks, para que viesse até o local da queda ajudar. A equipe de resgate improvisada estava com pressa. Naquele momento havia somente as duas embarcações com quatro ou cinco pessoas em cada, mas dentro de uma hora chegariam outras seis, os Cape Islanders. O Ronda D foi o primeiro a sair do cais.
Areia, rochas e algas — O Estreito de Barrington, onde tudo se passou, é uma massa d’água de cerca de 2 km de largura por 3 km de comprimento limitado a leste por Maggie Garrons Point e as ilhas Inner e Stoddart, e a oeste pela Ilha Outer. As águas ali não vão além de 12 m de profundidade e o fundo é composto de areia, rochas e algas. No lado nordeste da Ilha Outer, a cerca de 100 m da península, existe uma bóia de sinalização permanente, chamada pelos habitantes de Budget Light. Foi pela comparação entre a altura estimada do objeto no mar e a altura conhecida da bóia – cerca de 2,5 m acima da água – que os pescadores foram capazes de calcular a largura e altura da pálida luz amarela sobre a água.
Espuma misteriosa no mar — O barco de Lawrence Smith ia à frente e se aproximava da luz, pouco antes dela afundar. A noite estava fria, sem nuvens e sem vento. O único movimento visível eram as ondas, extensas e vagarosas, causadas pela maré e pela correnteza. Dentro dos dois barcos reinava um sentimento de apreensão. Ninguém queria ver corpos flutuando nas águas. Os policiais, logicamente, não eram inexperientes em casos de acidentes, mas sabiam que estavam sendo colocados numa complicada situação de resgate.
Ao chegarem perto do objeto, que já estava submerso, os homens a bordo do Rhonda D começaram a gritar aos possíveis sobreviventes. Em questão de segundos se depararam com uma estranha espuma no mar, que, a princípio, pensaram se tratar da característica quebra das ondas. A luz do Rhonda D iluminou aquela substância. Era amarela, grossa e reluzente, semelhante a creme de barbear, flutuando na superfície da água com cerca de 8 a 10 cm de espessura. Lawrence Smith parou o motor do Ronda D e viu-se cercado por aquela coisa. O Joan Pricilla, também com os motores sendo desligados, adentrou aquela coisa no mar. “De maneira alguma aquilo se parecia com espuma do mar”, declarou o capitão do barco, acrescentando que tinha cheiro de enxofre e bolhas se formavam na superfície da água.
Os homens presentes ao resgate disseram ainda nunca ter visto nada como aquilo. Eles alcançaram o outro lado da mancha de espuma, que tinha o dobro do comprimento dos barcos, uns 25 m de largura, e constataram que uma vasta extensão do mar estava tomada daquela substância. Relutantes, ligaram os motores e intensificaram a procura por destroços e sobreviventes. Em determinado momento, um dos jovens no barco Joan Pricilla enfiou os braços até a altura dos cotovelos dentro da espuma e, quando os retirou, estranhamente, percebeu que não havia vestígios da substância em sua roupa.
Nem mesmo o mau cheiro ou odor de querosene, diesel ou gasolina foi encontrado, para surpresa dos policiais, que achavam que a espuma poderia ser derivada do combustível vazando dos tanques de uma aeronave afundada. O’Brien não excluiu nem mesmo a possibilidade da espuma ser oriunda do vazamento em algum barco pesqueiro que tivesse navegado por aquelas águas mais cedo. Mas não havia manchas de combustível nem odor, e se um tanque de combustível de avião tivesse se rompido, haveria resíduos por ali. Mas não havia nada, só a espuma. Pouco depois da meia-noite, já na madrugada de 05 de outubro, quinta-feira, o Life Boat 101, da Guarda Costeira, chegou ao local, após cruzar 25 km de oceano desde o Porto Clarks.
Naquele momento já estavam no local sete embarcações fazendo buscas, incluindo os barcos de pesca que se juntaram ao grupo na primeira meia hora de operações. Estes foram mais ao sul, riscando o Estreito de leste a oeste, enquanto Life Boat 101 fazia o sentido inverso e retornava, no caso da correnteza ter carregado fragmentos ou sobreviventes para a entrada sul do Porto Shag. Não distante dali há uma corrente marítima extremamente rápida, causada pelo encontro do Atlântico Norte com a correnteza do Estreito. Era naquele ponto que o comportamento das águas mudava dramaticamente.
Três letras significantes — Pouco depois que o barco da Guarda Costeira chegou, o capitão Ronnie Newell comunicou-se por rádio com o cabo Werbicki, informando que havia contatado o Centro de Coordenação de Resgates (RCC), em Halifax. O órgão informava que o pedido de busca por uma aeronave desaparecida foi transmitido a todas as unidades, mas não havia registro de qualquer avião sumido desde a costa do Labrador até Cape Hatteras, na Carolina do Norte, já nos Estados Unidos. Nada! Começou aí a suspeita de que, talvez, o que tivesse se acidentado em Porto Shag não era um avião, e as tripulações dos barcos da pequena frota passaram a procurar por qualquer artefato na água, fosse o que fosse.
William Bain, oficial da Real
Força Aérea Canadense que coordenava o Centro de Controle de Tráfego Aéreo, em Ottawa, recebeu na tarde daquele dia um breve relatório do RCC, que confirmava que nenhuma aeronave ou embarcação estava desaparecida, além de uma mensagem do chefe de operações da Polícia Montada em Porto Shag, declarando que nada havia sido encontrado no mar após cinco horas de busca. Ele leu a mensagem e rabiscou três letras no alto e à direita da mensagem, sublinhando-a três vezes: UFO. Mas sua avaliação da situação era um pouco tardia, pois Werbicki e o restante das pessoas que trabalhavam nas buscas já acreditavam na queda de um disco voador no local desde que se confirmou que não poderia ser qualquer tipo de avião. Mesmo assim, continuaram procurando por eventuais sobreviventes.
Os pescadores e tripulantes das embarcações que estavam fazendo as buscas receberam instruções para retornarem ao cais por volta das 04h00 de sexta-feira, 06 de outubro. Eles tinham ficado acordados por mais de 24 horas e precisavam ser substituídos por outros barcos e novas equipes. Em Halifax já não havia mais dúvida de que se tratava de um UFO, tanto que o RCC enviou a unidade de mergulho da Marinha para Shelburne, de onde partiram para o local do acidente, com instruções específicas para procurar um objeto desconhecido afundado na vizinha Porto Shag. Já era oficial. Certamente, os setores de inteligência governamentais e militares canadenses tinham informações sobre a queda muito além daquelas dos policiais do destacamento da Polícia Montada e dos pescadores, e já davam como seguro o fato de que uma cuidadosa operação de resgate deveria ser efetivada.
Homens-rãs ao mar — No entanto, desde a manhã anterior, 05 de outubro – apenas algumas horas após a queda –, os mergulhadores da Marinha se juntavam a outros, de diversas divisões, num destróier que partiu para Porto Shag carregado de equipamentos e suprimentos. Às 13h00 daquele dia, os homens estavam prontos para entrarem na água. A equipe fez buscas no fundo do Estreito até o pôr-do-Sol, sem resultados, e de novo na manhã seguinte, mas novamente nada foi encontrado. As operações de mergulho eram feitas reservadamente. Donald Nickerson, pescador de Shag, lembra-se de ter visto homens-rãs trazendo do oceano fragmentos de alguma espécie para bordo da embarcação da Marinha. “Pareciam peças alumínio, mas os mergulhadores se recusavam a falar a respeito daquilo”, disse. Nickerson e seus companheiros também estranharam o fato de que havia vários submarinos canadenses e norte-americanos ao longe na costa, observando as operações.
UFO nas águas do Atlântico — Na edição de sábado, 07 de outubro, a manchete da primeira página do Chronicle Herald era UFO em Porto Shag: Força Aérea Continua Busca Hoje. O texto dizia que um porta-voz do Departamento de Investigação de Objetos Voadores Não Identificados da Real Força Aérea Canadense, um órgão até então desconhecido, dissera que as luzes que cintilaram dentro do oceano em Porto Shag, na noite de 04 de outubro, poderiam ser “um dos casos extremamente raros em que algo concreto talvez seja encontrado”. De maneira extremamente inusitada, o porta-voz, que se identificou como líder da Esquadrilha Bain da Força Aérea, declarou ainda que seu departamento estava muito interessado no caso e esperançoso de que um disco voador pudesse ser retirado das águas.
A reportagem foi assinada por Ray MacLeod e informava também que o jornal recebeu centenas de relatos durante toda aquela semana, informando fatos relativos à queda de um UFO no oceano. As buscas oficiais continuaram, mas os mergulhadores continuavam a dizer que nada haviam encontrado, e que, assim, encerrariam as buscas e partiriam no meio da tarde de sábado. Rick Wood, um dos homens da Marinha a bordo do Granby, afirmou que nada havia sido descoberto no fundo do mar, exceto algas e lagostas, e por isso estavam dando a missão por concluída. “Não há nenhum disco voador lá”, disse. Mas acabaram recebendo uma mensagem do RCC ordenando que as buscas continuassem por mais algum tempo, e eles permaneceram no local até 08 de outubro, domingo, às 18h30. Acredita-se que esta foi uma manobra para desviar a atenção da população quanto à verdadeira natureza da operação que estava ocorrendo no Porto Shag.
O Comando Marítimo do Canadá informou ter cancelado as buscas oficialmente dias depois, atestando que “nada foi encontrado referente à queda de Porto Shag. Nenhum vestígio, nenhuma pista, nenhum sinal de coisa alguma”. Nem sequer uma única menção foi feita quanto às operações dos mergulhadores e as dezenas de objetos prateados que eles trouxeram do fundo do mar! Ou mesmo quanto ao envio ao local de uma quantidade enorme de embarcações da Marinha, inclusive de submarinos. Nada! Parecia que tudo terminava ali, com uns poucos dias de matérias exageradas na imprensa e algum temor dos pescadores de que o objeto poderia emergir por baixo das embarcações ou próximo delas enquanto estivessem pescando ou passando pela área.
Hipóteses e possibilidades — Na época do incidente, três possibilidades foram cogitadas para explicar porque o objeto não havia sido encontrado. A primeira é de que ele teria sido varrido pela correnteza mar adentro, permanecendo nas profundezas e sendo retirado mais tarde, em sigilo, pelos militares. Uma área assim tão ampla demoraria para ser vasculhada. De acordo com esta tese, o material recolhido pelos mergulhadores seriam apenas fragmentos que teriam se soltado do corpo principal do artefato.
A segunda possibilidade é a de que o objeto teria caído, mas conseguira seguir seu vôo abrindo caminho por baixo das águas, movido por sua própria energia. A hipótese seria sustentada pelo registro, tantas vezes antes, de objetos submarinos não identificados na costa do Canadá – objetos que entram e saem da água com facilida
de. Neste caso, talvez nem tenha havido acidente, mas a teoria esbarra nos depoimentos dos pescadores, que viram o recolhimento de pedaços prateados no local da suposta queda. Já a terceira possibilidade é de que o aparelho tenha submergido propositalmente e, sob controle inteligente, seguido seu destino ao longo da costa, escondido pela água.
As primeiras duas hipóteses levantam outras questões. Por exemplo, se os pescadores e militares da equipe de resgate estavam cientes das fortes correntes da região, que poderiam arrastar o objeto mar adentro, por que não foi feita uma busca com sonares e outros métodos disponíveis? Ou ela teria sido feita em segredo? A partir da observação de Donald Nickerson, sobre os submarinos em mar aberto, a pergunta que não se cala é o que eles estavam procurando. Até hoje não se sabe, mas uma dedução é lógica: se eles estavam ali, certamente uma razão muito forte haveria para o deslocamento de equipamentos tão sofisticados para aquela região. De qualquer forma, para os ufólogos, a terceira hipótese aventada parece mais atrativa.
Eram dois UFOs acidentados — Cerca de um ano e meio antes de eu me envolver nas investigações do Caso Porto Shag, o ufólogo canadense Chris Styles também havia realizado uma exaustiva pesquisa em todos os registros marítimos de Nova Scotia e Ottawa, em busca de indícios que confirmassem algo além do que se sabia oficialmente. Passamos então a trocar informações. Meu interesse era organizar os elementos e transformá-los em um livro, onde incluiria muitas informações obtidas por Styles e entrevistas feitas com várias testemunhas. Aos poucos, eu já tinha um compêndio sobre o incidente de Porto Shag.
Meu livro acabou saindo há alguns anos, em co-autoria com Styles. Chama-se Dark Object [Objeto Escuro, Dell Editors, 2001]. Durante minha pesquisa, todos os militares com quem conversei se recusavam a dar detalhes do acidente e mais ainda em ter seu nome revelado. Alguns até tinham detalhes a contar sobre o episódio, mas relutavam a fazê-lo. De qualquer forma, como nenhuma das testemunhas entrevistadas tinha ligação entre si, ou sabia umas das outras, suas histórias eram muito convincentes e intrigantes. Concentrei minha investigação nas histórias contadas por alguns mergulhadores, que são amplas e detalhadas. Um deles confirmou ter participado das operações em Porto Shag naquela data, e afirmou que seis ou sete navios da Marinha e um submarino tinham sido empregados nas buscas. Surpreendentemente, disse também que dois UFOs afundados foram encontrados, não apenas um.
Os objetos teriam caído a cerca de 30 m de profundidade e ficaram estacionados no fundo do mar em um local chamado Government Point, na boca do porto de Shelburne e não muito longe de Shag. Segundo o homem, mergulhadores e outros membros da Marinha Canadense vasculharam o local por uma semana, observando o fundo e fotografando-o detalhadamente. Mas, também estranhamente, de alguma forma os supostos UFOs teriam se erguido do fundo e se evadido do local pelo sul, deixando as autoridades sem ação. Outra testemunha, localizada por Styles, mas que também não quer ter seu nome revelado, contou que “o quente mesmo aconteceu fora da área de Shelburne”. Ele informou que um amigo seu, expert em identificação de aeronaves, lhe confidenciou que objetos não identificados haviam caído no local.
Testemunhas corroboram os fatos — Infelizmente, as peças deste quebra-cabeças são confusas e temos apenas poucas delas, insuficientes para formarem um quadro completo do que ocorreu em Porto Shag. Mas um indício grave de que algo muito sério se passou lá foi a constatação, feita por outra testemunha, da presença de militares norte-americanos no local, o que era muito incomum. Esta testemunha revelou ter ouvido alguns mergulhadores da Marinha Canadense terem sido duramente repreendidos por oficiais norte-americanos também presentes nas operações de busca, que determinaram que mantivessem suas bocas fechadas. Ora, como é possível que militares dos Estados Unidos estivessem dando ordens aos mergulhadores da Real Marinha Canadense, especialmente a bordo de um navio canadense?
Militares acobertam a queda — Durante o período de 1940 a 1980, pilotos ou militares canadenses não eram facilmente admitidos nem tinham acesso a operações da CIA realizadas por oficiais norte-americanos no território do Canadá. Talvez isso explique o que a testemunha relatou, pois a queda de Porto Shag ocorreu durante esta época, no meio da Guerra Fria, período em que mesmo aliados como Canadá e Estados Unidos se estranharam. O que aconteceu naquela localidade da gélida costa canadense é até hoje um segredo muito bem guardado, uma história que ainda não está completa, mas parece se expandir à medida que mais detalhes surgem.
Para confirmar isso, uma nova fonte anônima surgiu recentemente com informações extraordinárias, que corroboram que um ou mais UFOs foram detectados naquela noite percorrendo metade da órbita da Terra, descendo sobre a Sibéria e em seguida rasgando os céus do Pólo Norte até o norte do Canadá, acionando o sistema de alerta do país. O Comando de Defesa Aeroespacial Norte-Americano (NORAD) teria enviado jatos de interceptação em North Bay, no estado de Ontário, e Goose Bay, em Labrador. Um dos UFOs prosseguiu em direção sul, a 12.900 km/h, ultrapassando a Ilha Ellesmere antes de parar repentinamente e pairar no ar por uns instantes, quando o radar parou de rastreá-lo.
A mesma fonte informou que o objeto diminuiu sua velocidade para 9.000 km/h na área central de Labrador, e que em seguida sobrevoou o leste de New Brunswick até chegar à Nova Scotia. Pelo menos um deles aterrissou ou caiu dentro do Estreito de Barrington, próximo ao Porto Shag. Um dado anexado por esta fonte dá conta de que o UFO continuou subindo pela costa de Shelburne, onde assentou no fundo do mar, aparentemente com algum tipo de defeito, e acabou recebendo de assistência de outro objeto. Ambos os artefatos foram fotografados pela Marinha e observados durante sete dias, até escaparem por debaixo d’água. Isso teria ocorrido quando um submarino soviético entrou em cena. Só não se sabe se para ajudar nas buscas ou para espionar os procedimentos.
Uma explicação? — Estas são, sem dúvida, informações desconcertantes. Até que ponto seriam verdadeiras? Não se sabe, mas foram corroboradas por outras testemunhas, igualmente anônimas e insatisfeitas com o sigilo imposto ao caso. E assim continuam as investigações sobre o Caso Porto Shag. Sete dias depois do incidente, em 11 de outubro, e quase no mesmo horário, às 22h00, o morador de Porto Woods Lockland Cameron saiu de sua casa para arrumar a antena da TV, que apresentava algum problema, quando se surpreendeu ao ver uma cadeia de luzes vermelhas saindo do mar e ascendendo aos céus, a uns 800 m de distância da praia rochosa. As luzes ficaram paradas e suspensas no céu por alguns minutos e partiram.
Cameron, sua esposa Lorraine e sua filha Luella, além de seu irmão Havelock, a esposa dele e seus dois filhos, observaram o show aéreo. Segundo eles, as luzes mediam cerca de 20 m e o objeto a que estavam presas permaneceu estacionário a uma altitude de uns 200 m e a uns 1.000 m da costa, até desaparecer. O fato foi relatado a um guarda da Real Polícia Montada Canadense, que fez um relatório. Seria um dos UFOs acidentado em Porto Shag, em 04 de outubro? Não se sabe e talvez nunca se saiba, mas, depois disso, aparentemente, tudo voltou ao normal na cidade.