Em março de 1966, o cientista Richard Hoagland, ex-pesquisador da Agência Espacial Norte-Americana (NASA), enquanto estudava as imagens do solo lunar feitas pela missão Apollo 10, percebeu a presença de três estruturas insólitas na superfície do satélite. Hoagland lhes deu os nomes de Shard, Tower e Castle, respectivamente agulha, torre e castelo, em inglês. Tal descoberta acabou por conduzir o estudioso à antiga questão das anomalias lunares e inspirou, em 2004, a mais importante e séria associação ufológica italiana – o Centro Ufologico Nazionale (CUN) – a monitorar essas anomalias em conjunto com organizações de astrófilos, criando o chamado Moonwatch Project.
Ainda não há respostas para os misteriosos fenômenos lunares transitórios, como são chamadas tais anomalias, muitas vezes registradas sobre a superfície da Lua, que contradizem a idéia de que nosso satélite natural seja um mundo morto, estático e inativo. Em 1968, devido a tais descobertas, foi editado pela NASA um catálogo cronológico de todos os registros de anomalias lunares conhecidos até então, que recebeu a identificação de Publicação TRR-277. O catálogo foi organizado pelos cientistas Barbara M. Middlehurst, da Universidade do Arizona, Jaylee M. Burley, do Centro Espacial Goddard, Patrick Moore, do Planetário Armagh, e Barbara L. Welther, do Observatório Astrofísico Smithsonian.
Com a Publicação TRR-277 a NASA tinha o objetivo de criar um rico banco de dados em circuito fechado, mas acabou tornando conhecida boa parte das fontes originais que serviram como base, tal como a Bibliographie Génèrale d’Astronomie [Bibliografia Geral de Astronomia, Holland Press, 1964], de J. C. Houzeau e A. Lancaster, e a Astronomischer Jahresbericht [Compêndio de Astronomia, G. Reimer Press, 1968], de vários autores. Além disso, a agência espacial incluiu no catálogo numerosas contribuições individuais de diversos estudiosos sobre o assunto, coletadas de uma vasta quantidade de publicações.
No compêndio, os organizadores do documento se referem à publicação como “uma útil ferramenta para que seja possível o desenvolvimento de eventuais atividades sobre a Lua”. Em outras palavras, tudo que aparecia sobre o assunto e era entregue aos astronautas e técnicos do Programa Apollo, que estavam prestes a desembarcar sobre o nosso satélite – o que de fato ocorreu poucos meses depois, em 1969 –, iria aos poucos ser acessível a qualquer cidadão. Assim, segredos seculares sobre a Lua deixariam de sê-lo com a liberação da Publicação TRR-277, que logo chegaria ao conhecimento público.
As anomalias lunares, como se sabe, acontecem no lado do astro iluminado pelo Sol, nas zonas sombreadas e sobre o limitador, que é uma linha imaginária de demarcação que separa os dois lados da Lua. E os fenômenos lunares transitórios são muitos. Nesta edição são apresentados cerca de 600 eventos relativos a um período compreendido entre 1540 e 1968. Todos são descritos sucintamente, por questões de espaço, mas com suas fontes devidamente citadas. O objetivo deste trabalho, baseado na Publicação TRR-277, semelhantemente ao objetivo que lhe deu origem, é servir de fonte de consulta aos ufólogos de todo o mundo. Essa é a primeira vez que isso ocorre no país.