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Quadrinhos e Alienígenas III

Renato A. Azevedo
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As capas originais de Batman: Livro dos Mortos; as nacionais são idênticas, exceto pela mudança de idioma
Créditos: DC Comics

Retornando finalmente ao tema de alienígenas nos quadrinhos, o foco agora é a DC Comics, uma das gigantes da área, ao lado da Marvel. Mas o caso da DC é particularmente emblemático, já que um de seus personagens principais é um alienígena. Claro que estamos falando do Super-Homem, atualmente referido apenas como Superman graças a padronização que está virando regra na indústria do entretenimento.

Ainda podemos mencionar o caso do Lanterna Verde, o primeiro dos quais aliás foi Hal Jordan (houve um antes chamado Alan Scott, mas para explicar a longa linhagem de Lanternas Verdes precisaríamos de um post inteiro). O anel que lhe confere poder é conhecido como a mais fabulosa arma que existe, uma tecnologia alienígena criada pelos seres do Planeta Oa chamados de Guardiões do Universo. O personagem, aliás, terá um filme que estreará em 2011.

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Mas um dos personagens que teve as maiores mudanças e variações, e também esteve diante da maior variedade de alienígenas, é aquele considerado por muitos como o maior herói de todos: Batman! Ao contrário de seus colegas, o Cavaleiro das Trevas é totalmente humano, mas graças a sua férrea disciplina, e talvez também boa dose de obsessão, tornou-se o ápice do desenvolvimento físico e mental a que qualquer humano pode aspirar.

Batman, criado por Bob Kane e Bill Finger, estreou em maio de 1939 na revista Detective Comics 27. No começo já possuía as qualidade de ser um detetive excepcional, combatendo o crime nas escuras ruas de Gothan City. Na famigerada época de caça as bruxas no começo dos anos 50 os quadrinhos foram duramente atingidos, e suas histórias tornaram-se bizarras e com muita non sense.

Na década de 60 com a famosa série de TV, Batman ganhou popularidade, mas seus quadrinhos experimentavam franca decadência. Foi preciso que o genial artista Neil Adams, entre o final dos anos 60 e início dos anos 70, retomasse o tom sombrio de suas histórias para que renascesse o personagem soturno e não raro violento que conhecemos hoje.

Nos anos 80 a popularidade do Morcego chegou as alturas com a celebração de seu cinquentenário em 1989, e sobretudo quando, antes dessa comemoração, em 1986 foi publicada a antológica série O Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller. Mostrando uma Gothan em um futuro próximo e caótico, o alter ego do herói, Bruce Wayne, retoma o manto do justiceiro aos 55 anos, tornando-se uma ameaça que faz com que o governo americano use sua arma secreta: o Superman. O confronto dos dois emocionou toda uma geração.

E finalmente, quanto ao tema que nos interessa, Batman já apareceu em diversas histórias alternativas, até enfrentando o asqueroso Alien e o feroz Predador. Ele teve várias histórias também publicadas pela DC na série Túnel do Tempo (Elseworlds no exterior). Em uma delas foi abduzido em Batman: Abduzido, e em uma sequência desta, investigou uma famosa base secreta em Batman: Área 51. Evidentemente, em um mundo onde o mais poderoso herói é um alienígena, não fazem muito sentido aliens grays ou a base secreta de Nevada, mas as duas HQs são interessantes.

Em outra publicação dessa série, o bebê Kal-El, enviado de Krypton, chegou a Terra e foi adotado não pelos Kent, mas pelos Wayne. E após seu assassinato, um Bruce Wayne superpoderoso tornou-se o Morcego de Aço. Poderíamos mencionar ainda O Reino do Amanhã, mostrando um futuro apocalíptico em que os velhos heróis retornam para conter seus novos e violentos sucessores.

Mas a melhor trama envolvendo Batman e alienígenas é sem dúvida O Livro dos Mortos. O selo Túnel do Tempo mostra realidades alternativas as já conhecidas dos heróis, e nesta o casal Wayne tem por profissão a arqueologia, e são assassinados com o fim de acobertar algo que não deveriam ter descoberto: um símbolo em forma de morcego de um deus egípcio antes desconhecido.

Bruce Wayne adota o mesmo símbolo, tornando-se o Batman (em seu universo normal, como é conhecido, um morcego invade o estúdio onde o herói agoniza, inspirando-o a adotar essa forma para aterrorizar os criminosos). Ele finalmente se interessa pelas pesquisas da Dra. Sheila Ramsey, que descobriu outra pista do mesmo deus-morcego.

Paralelamente, vemos o que aconteceu mais de 12.000 anos antes, quando alienígenas posando como deuses constroem as Pirâmides de Gizé para servirem de depósitos de seu avançado conhecimento, destinado a sobreviver a mudança dos pólos que ocorreria devido ao fenômeno da precessão dos equinócios. A Dra. Ramsey explica a Wayne as teorias de Graham Hancock, Anthony West e Robert Bauvau, de que a História da humanidade possui lacunas importantes e que eles estão a um passo de poder preenchê-las.

Wayne se convence e eles partem para o Egito. Enfrentando a hostilidade das autoridades locais conseguem mais pistas, culminando com Batman percorrendo um labirinto que os pesquisadores mencionados afirmam existir sob as areias de Gizé, até o local onde os deuses-astronautas deixaram seu legado para toda a humanidade. Falamos brevemente dessa excepcional trama em UFO 141.

O Livro dos Mortos é uma aventura cheia de investigação e muita ação, bem ao estilo Batman, e enfocando com muita competência a UFO-Arqueologia. Ao final de seus dois volumes existem listas com as obras de consagrados pesquisadores, que apresentam as teorias que serviram de base para a trama. A investigação do robô de Rudolf Gantenbrink em 1992 (os personagens fazem algo similar na trama), e as profecias de Edgar Cayce são igualmente mencionadas, fazendo de Livro dos Mortos, além de uma das melhores histórias do Batman já escritas, uma obra que também traz muito conteúdo ufológico.

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