O orbitador Mars Express, da Agência Espacial Europeia (ESA), pode ser antigo – foi lançado em 2003 – mas ainda está descobrindo novas pistas. Agora, sinais de estruturas internas na lua podem ajudar a revelar a origem enigmática desse satélite.
Equipada com uma nova atualização de software para seu instrumento Mars Advanced Radar for Subsurface and Ionosphere Sounding (MARSIS), a espaçonave veterana agora deu uma olhada mais profunda em Phobos, uma das luas de Marte cujas origens permanecem um enigma para os astrônomos. Andrea Cicchetti, membro da equipe MARSIS do Instituto Nacional de Astrofísica da Itália, disse em um comunicado à imprensa: “Ainda estamos em um estágio inicial em nossa análise. Mas já vimos possíveis sinais de características anteriormente desconhecidas abaixo da superfície daquela lua. Estamos animados para ver o papel que o MARSIS pode desempenhar na resolução do mistério em torno da origem de Phobos.”
Phobos, junto com Deimos, são duas luas diminutas de Marte, sinistramente nomeadas em homenagem aos deuses gregos do medo e do pânico. Nenhuma delas, vale a pena notar, é particularmente parecida com a Lua. Ambas são pequenas, com Phobos tendo menos de 27Km de diâmetro, e se parecem mais com asteroides irregulares do que com a lua arredondada da Terra. Essas características estranhas, mas fascinantes, juntamente com suas composições suspeitas de asteroides, há muito dividem os astrônomos em suas origens.
O cientista da Mars Express, Colin Wilson, disse no comunicado: “Se as duas pequenas luas de Marte são asteroides capturados ou feitas de material arrancado do planeta vermelho durante uma colisão, é uma questão em aberto. Sua aparência sugere que eles eram asteroides, mas a maneira como orbitam Marte sugere o contrário.” É aí que entra o MARSIS. Com uma antena de mais de 40m de comprimento, o MARSIS é capaz de disparar ondas de rádio de baixa frequência que podem penetrar profundamente no núcleo de Phobos.
Atualização no Mars Express pode ajudar a desvendar o mistério de uma das luas de Marte.
Fonte: ESA
Embora muitas das ondas não passem pela superfície, as que conseguem quicam entre as estruturas internas e os limites de diferentes materiais no interior da mini-lua. Examinar essas reflexões, capturadas em um “radargrama”, poderia pintar aos cientistas uma imagem melhor das estruturas subsuperficiais de Phobos, bem como sua composição geral.
Linhas brilhantes no “radargrama” indicam reflexões de superfície mais ou menos inofensivas, mas os cientistas dizem que há evidências de “reflexões baixas” mais fracas que podem ser sinais de estruturas subterrâneas. Para chegar ao fundo deste mistério, a ESA irá colaborar com a Agência Espacial Japonesa para recolher amostras da superfície de Phobos na missão Martian Moon Exploration (MMX), atualmente programada para ser lançada em 2024.