Desde o dia 24 de junho de 1947, marco inicial da chamada Era Moderna dos Discos Voadores, quando o piloto norte-americano Kenneth Arnold avistou uma formação de nove objetos voadores não identificados ao sobrevoar o Monte Rainier, no estado de Washington, passamos a viver de maneira definitiva um novo tempo, em que parece cada vez mais evidente que o ser humano não está isolado no universo. Mas essa trajetória da humanidade, escrita com muita dedicação pelos pioneiros do movimento ufológico e de seus seguidores, tanto no Brasil como no exterior, nunca foi e continua não sendo uma jornada fácil — muita gente reluta em sair do pedestal em que a ignorância e pretensão humanas colocaram nossa sociedade.
Independe da ampla divulgação da Ufologia, com o início das investigações de casos, tanto no meio civil como na esfera militar, foram surgindo episódios que, por sua inegável importância, passaram a ser tidos como bases para a demonstração decisiva não só da realidade do Fenômeno UFO, mas também — e principalmente — de sua natureza extraterrestre. Mas esses episódios, clássicos da Ufologia Mundial, ainda hoje são constantemente bombardeados pelos céticos de plantão — o que não acontece por acaso, é claro, pois, afinal, associar-se a esses acontecimentos, combatendo-os na contramão da história, sempre pode trazer algum tipo de projeção para eles.
Isso para não falarmos de pessoas, tanto no Brasil quanto noutros países, que desenvolveram um processo aparentemente patológico contra a realidade ufológica, algo que envolve a necessidade de negação a qualquer custo até da mais mínima evidência do Fenômeno UFO. Isso é algo além de nossas preocupações normais dentro da Ufologia, mas que talvez mereça a atenção dos nossos parceiros de investigação que militam no campo da psicologia e, principalmente, da psiquiatria.
Erros de interpretação
Mesmo nos casos ufológicos em que nenhuma evidência de fraude é constatada — inclusive com reconhecimento desse fato pelos próprios céticos —, a explicação considerada para o registro de um UFO em uma fotografia, por exemplo, continua sendo o uso de pequenos modelos através de manipulação no negativo ou mesmo de trucagem digital. Como no Caso Ilha de Trindade. Na melhor das hipóteses, a foto é tratada com “erro de interpretação”. É claro que a falta de detecção de um sinal ou evidência de fraude em uma imagem não é garantia alguma de que estamos diante de algo indiscutível, mas este posicionamento tem seus limites de aplicação. No entanto, para as pessoas cuja postura fiz menção, não se trata disso. Para elas, a fraude tem que estar sempre presente, pois, segundo esses legítimos representantes do mais radical antropocentrismo, os discos voadores não existem e nem podem existir.
Assim, quanto mais projeção ou divulgação um caso ufológico produzir, mais ele será objeto da atenção dos detratores do Fenômeno UFO, que o atacarão. Ou mesmo de pessoas que desejam, a partir de uma associação com essas experiências, mesmo que tardia, ter seu lugar de destaque na história da Ufologia Mundial. Essa busca de um lugar ao Sol, infelizmente, inclusive no Brasil, não só tem produzido o aparecimento de “novas testemunhas”, supostamente relacionadas a casos de destaque do passado, como também tem feito pesquisadores até então considerados sérios — mas ainda sem muito reconhecimento — trilharem o caminho inverso. Ou seja, de buscadores da verdade, passam a ser os algozes dos casos aos quais buscaram se associar.
Algo bem diferente
Afinal, acrescentar um pequeno detalhe descoberto na estrutura geral de um clássico da Ufologia, em apoio à credibilidade da experiência previamente já estabelecida, não representará um furo de reportagem e muito menos trará projeção, mas descobrir uma “nova testemunha” disposta a fazer uma afirmação bombástica de fraude ou de negação daquilo que foi sempre considerado verdadeiro, é algo bem diferente.
Sempre podemos encontrar tais “testemunhas” por aí. Eu mesmo já localizei várias delas, alegadamente ligadas a episódios de destaque do passado — incluindo alguns que envolveram nossos militares. Umas reafirmaram a validade dos mesmos, outras o contrário, ou seja, seu suposto caráter fraudulento. Algumas delas, inclusive, estavam associadas ao Caso Ilha de Trindade, mas foram deixadas de lado por não corresponderem aos mínimos preceitos de credibilidade que a Ufologia exige. Enfim, a verdadeira investigação nessa área é algo um pouco diferente do que temos visto por aí.