A noção de que algumas técnicas de resistência física e psíquica podem repelir a ação de seres extraterrestres — especialmente aqueles considerados indesejáveis, como os chamados visitantes de dormitório ou grays [Cinzas] — foi aventada pela primeira vez em meus artigos publicados no boletim Mufon UFO Journal, da MUFON, e na revista inglesa Flying Saucer Review, há poucos anos. Desde então, vários dados novos vêm surgindo para formar uma ideia mais completa e aperfeiçoar as técnicas, que podem levar até mesmo à prevenção de abduções ou o impedimento de que elas aconteçam. A reação aos primeiros artigos publicados foi gratificante e cerca de 70 novos casos que comprovam a teoria vieram à luz até agora. Gradualmente, um catálogo com 300 casos do gênero será montado e apresentado à Comunidade Ufológica Mundial. Mas os aspectos prós e contras desta polêmica questão estão sendo debatidos, e pesquisadores e testemunhas continuam oferecendo contribuições importantes.
Alguns estudiosos dizem que é impossível impedir um contato ou uma abdução, argumentando que os abdutores, seres avançados de origem extraterrestre, são tecnologicamente superiores a nós e dominam recursos físicos e mentais que não temos. Outros dizem que certas testemunhas têm uma espécie de “permissão” deles para acreditar que impediram o contato. Há algumas delas que aceitam cautelosamente a possibilidade de uma resistência bem-sucedida e pedem conselhos sobre como conseguir isso. Outras, que compartilham do sentimento de que os abdutores estão ajudando a raça humana a evoluir espiritualmente, não têm interesse em impedir o contato.
Nesses mais de 30 anos de pesquisas sobre os sequestros por extraterrestres, sempre trabalhei com o princípio de que cada testemunha sabe melhor do que ninguém o que viveu e o que experimentou nas mãos destas entidades, e elas são as melhores pessoas para discutir as razões delas as terem contatado e abduzido. Permaneço aberta à possibilidade de que vários grupos de inteligências desconhecidas e muitas raças cósmicas distintas estejam por trás do Fenômeno UFO. Assim, suas motivações em se aproximar da Terra e nos abduzir podem variar entre os dois polos opostos, do positivo ao negativo, tal como os efeitos nas testemunhas abduzidas podem variar do terror à euforia. As técnicas de resistência de que tratamos aqui são recomendadas apenas para aquelas testemunhas que sofreram traumas resultantes de um contato ufológico profundo e que se sintam violadas com os assédios recorrentes de seus abdutores. É sabido que os experienciadores destas situações passam pela mesma experiência inúmeras vezes, como se os extraterrestres tivessem um programa de acompanhamento de seus atos.
Contatos com seres benignos
De qualquer forma, sabemos também que nem todo contato ufológico produz traumas ou deixa sequelas. Vários casos em que UFOs são inesperadamente vistos por testemunhas no ambiente externo parecem ser de natureza benigna — em tais casos, os tripulantes das naves parecem ansiosos em fugir de nossa presença quando são descobertos. Outros casos, que podem ocorrer tanto dentro quanto fora de casa, sugerem contatos íntimos com seres benignos. É regra geral, porém, que as entidades supostamente benévolas sejam descritas como tendo formas bastante diversas das do tipo baixo e de cabeça grande, conhecido como cinza ou gray. Mas é inegável, todavia, que várias formas de trauma remanesçam nas testemunhas de contatos imediatos durante o que os ufólogos chamam de cenários típicos de abdução. A raça humana tem o direito básico de preservar-se contra interferências indesejadas, especialmente as vindas de seres desconhecidos.
Quanto à ideia geral dos estudiosos do Fenômeno UFO, de que entidades ajudam a raça humana a evoluir, nada é dito nas grandes obras filosóficas ou religiosas sobre outras raças de criaturas serem responsáveis por nós ou nossos atos. A única exceção a isso, possivelmente, é uma classe de seres chamada de anjos, que, segundo grandes obras — como o Alcorão e o Velho e Novo Testamentos —, seriam mensageiros de Deus e trariam para nós avisos sobre perigos individuais ou coletivos.
O conceito popular que todos nós temos de anjos da guarda, que nos acompanhariam e nos ajudariam ao longo de nossas vidas, também é bastante comum. Embora livros sobre tais criaturas sejam bastante populares, sabe-se muito pouco sobre a natureza essencial desses seres espirituais, se é que existem. O processo evolutivo da humanidade — isto é, nossa gradativa transformação em seres espirituais — não está comprovadamente nas mãos de qualquer outra ordem de criaturas conhecidas, exceto de nós mesmos. Alguns autores defendem a ideia de que há milhares de anos seres extraterrestres têm influenciado nossa evolução, mas até o momento as provas concretas acerca disso são discutíveis.
Uma ideia polêmica no meio ufológico diz que as abduções alienígenas teriam o propósito de servirem de experiências genéticas ou para cruzamento de raças, sendo, portanto, parte de um processo evolutivo. Se fosse assim, acredito que duas coisas seriam evidentes. Primeiro, que tal processo estaria mencionado na literatura de nossas maiores obras filosóficas e religiosas e, segundo, que ele aconteceria sem traumas. Embora muitas testemunhas sejam capazes de suportar as abduções e emergir delas como seres humanos mais fortes e conscientes, muitas outras sofrem danos que persistem para o resto de suas vidas.
Os ufólogos favoráveis à hipótese extraterrestre (HET) acreditam que seres de outros mundos, que viajam pelo universo em naves espaciais, devam ser necessariamente superiores a nós tanto em tecnologia quanto em inteligência, e que utilizam uma tecnologia igualmente superior para fazer com que suas vítimas aceitem suas experiências, entre elas as abduções. Mas embora o processo de sequestro geralmente envolva a concordância da testemunha ou sua aceitação do fato durante a ocorrência, normalmente por meio de uma paralisia física ou mental temporária da vítima, não há provas conclusivas de que seja a suposta tecnologia superior dos raptores que esteja provocando esse tipo de situação — eles podem também ter meios de afetar as testemunhas de maneira apenas mental, provocando a mesma sensação de paralisia.
Prova de superioridade mental
Há provas cr
escentes de que as abduções dentro de residências acontecem quando as testemunhas já estão em um estado alterado de consciência, como por exemplo em uma das fases do sono, como a sonolência em frente à televisão. Assim, é razoável supor que os abdutores possam saber como aprofundar e manipular em seu favor tais estados alterados, o que frequentemente envolve paralisia temporária em grandes grupos musculares. Mas, novamente, é importante que se diga que o simples fato de terem ciência de certos aspectos da fisiologia humana não constitui prova de superioridade mental.
Embora setores da raça humana sejam de alguma forma ainda primitivos, há vastas regiões na Terra onde grandes civilizações floresceram, se desenvolveram e reconhecem que os indivíduos têm direitos inalienáveis. Mesmo assim, a maioria dos extraterrestres, em suas abduções, trata todos os seres humanos como se estes não possuíssem qualquer direito e como se o sequestro não fosse uma violação grave da individualidade humana. Mas, ainda assim, a discussão de que tais entidades nos veem necessariamente como cobaias de laboratório, por estarem em uma escala evolutiva superior à nossa, não tem fundamento — se os ufonautas são tão avançados quanto muitos acreditam, então deveriam reconhecer nossa raça como uma forma de vida autônoma, guerreira, mas essencialmente espiritual.
Minha tese de trabalho no presente momento é a de que entidades que realizam as abduções não são meramente extraterrestres. Se fossem, seriam indubitavelmente superiores a nós — pelo menos tecnologicamente — e as técnicas de resistência que propomos simplesmente não funcionariam contra elas. Ademais, surgem cada vez mais provas de que a ações desses intrusos noturnos nas chamadas visitas de dormitório podem ser evitadas. É mais lógico, portanto, aceitar que tais inteligências tenham fontes intradimensionais e são muito possivelmente percebidas pelas testemunhas em estados alterados de consciência Criaturas deste gênero — como as fadas dos celtas, os djins hindus, gênios ou espíritos malignos dos muçulmanos, os íncubos, demônios masculinos da era medieval, as velhas bruxas de Newfoundland — e outras criaturas supostamente de fora deste mundo ou do mundo da fantasia, assediaram, sequestraram e impuseram contatos sexuais com membros da raça humana durante milênios.
Isso está no folclore de muitos países. Dentro desse contexto, soa bastante lógica a hipótese de que as entidades que realizam as abduções ufológicas no presente sejam aquelas antigas criaturas, simplesmente vestidas com trajes espaciais mais apropriados à nossa atual era tecnológica, a fim de se ajustarem às nossas expectativas culturais. Assim, a hipótese intradimensional (HIT) não se desvia do fato de que tais contatos são considerados reais pelos contatados ou abduzidos. Há ainda vários dados que indicam que os abdutores são temporariamente físicos, pelo menos durante alguma fase do processo de contato e abdução, e capazes de produzir efeitos concretos. É importante para a hipótese das técnicas de resistência aos seus atos apresentar provas de que as entidades de abdução não são necessariamente extraterrestres.
Travando uma batalha mental
As entidades ufológicas associadas a relatos de abdução parecem ser de natureza intradimensional também porque, segundo muitos relatos, podem materializar-se e desmaterializar-se em pleno ar, além de atravessar paredes sólidas e matéria física. Mais do que isso, em alguns casos parecem ser capazes de mudar de forma de acordo com as necessidades do momento, alterando sua altura e formato. A natureza transitória dos abdutores parece indicar que eles sejam apenas temporariamente visíveis em nosso espaço-tempo. Se for assim, podemos postular que, quando seu objetivo é concretizado, a energia da qual seus corpos físicos temporários são formados retorna à fonte da qual é originária, deixando-nos sem qualquer pista real sobre sua natureza ou aparência verdadeira. Enfim, temos nas mãos um enigma considerável.
Se esses abdutores são apenas temporariamente físicos, então os veículos para onde levam os abduzidos também são, logicamente, temporariamente físicos. Esta pode ser a razão pela qual poucas naves ou mesmo entidades alienígenas são descritas de forma exatamente igual, mas sempre com variações aqui e ali. É claro que os abduzidos que têm contatos continuados e recorrentes com seus raptores sempre veem a mesma nave e entidades repetidamente, mas este é um outro aspecto da questão. Aplicando a teoria acima ao nosso principal propósito aqui, de discutir técnicas de rejeição à abdução, reiteramos que caso essas entidades não sejam tecnologicamente superiores a nós e não sejam parte permanente de nosso espaço-tempo, os seres humanos seriam capazes de impedir os contatos se assim desejassem.
As técnicas de resistência de que tratamos aqui são recomendadas apenas para aquelas testemunhas que sofreram traumas resultantes de um contato ufológico profundo e que se sintam violadas com os assédios recorrentes de seus abdutores alienígenas
A mente humana é um instrumento poderoso, uma ponte entre o corpo físico e evoluído e o espírito humano da essência da vida, algumas vezes chamado de “elã vital” ou, mais simplesmente, de alma. Ela é capaz de curar doenças físicas e mentais e até mesmo de afetar a matéria, conforme demonstrado por experiências psicocinéticas em laboratórios de parapsicologia no mundo todo. Se é assim, por que não poderíamos impedir invasões de outras criaturas intradimensionais? Pesquisas ao longo dos últimos anos têm demonstrado que as técnicas utilizadas com sucesso pelas vítimas de abdução são, na maioria das vezes, capacidades comuns da mente humana.
Em um caso recente, uma testemunha norte-americana, Jan Whitley, pessoa com grande força de vontade, descreveu ter usado a técnica de raiva justificada para impedir mais uma abdução. Jan passou por uma infância infeliz, tendo que mudar-se para longe de sua casa, até encontrar pais adotivos amorosos. Trabalhou meio período até concluir seus estudos. Quando começaram os ataques de abdutores, que se tornaram recorrentes, já tinha 23 anos e morava sozinha. Instintivamente, todas as vezes nas quais esteve consciente durante as aproximações, Jan utilizou uma “gue
rra mental” contra eles, com sucesso — os ataques, porém, continuaram, e Jan cansou-se da invasão de sua privacidade por aqueles seres. Ela começou então a “gritar mentalmente” contra eles: “Vão embora. Deixem-me em paz”.
Capacidades paranormais
Essa técnica de raiva justificada funcionava mais rapidamente do que a batalha mental, método que também foi utilizado por Emily Cronin. Durante vários meses ela foi visitada repetidas vezes no meio da noite por entidades de pele branca com grandes olhos e mãos gigantes. Ela descobriu que, por meio de uma batalha conjunta mental e física, mesmo paralisada por eles, conseguia mexer um dedo da mão ou do pé, com o que fazia aos poucos desaparecer a paralisia e os visitantes. Emily, assim como Jan, é muito consciente de seus direitos enquanto pessoa, com a convicção de que sua dignidade individual é inviolável.
Outra testemunha, Robert Nolan, foi soldado durante a Guerra do Vietnã. Ele aprendeu a sentir a presença dos vietcongues antes de precisar usar um dos cinco sentidos que indicaria a chegada do inimigo. Essa faculdade, como uma capacidade paranormal, salvou-lhe a vida várias vezes. Ao retornar aos Estados Unidos, Nolan começou a ter contatos noturnos com entidades tipicamente ufológicas, sofrendo abduções, exames etc. Ele começou então a usar uma técnica semelhante à que usava durante a guerra, para sentir quando um contato estava prestes a acontecer. Nolan acha bastante difícil expressar adequadamente em palavras o que sente quando usa tal técnica, mas a associa ao mesmo tipo de intuição que tinha enquanto era soldado no campo de batalha. Até hoje os abdutores continuam tentando contatá-lo de vez em quando, mas ele descobriu que a resistência, a batalha mental nos primeiros estágios de aproximação, funciona muito mais rápido do que se esperasse até que as entidades se materializassem.
As experiências de Nolan parecem dar mais força à hipótese intradimensional. É lógico supor que, se os visitantes são físicos, assim como nós, o ambiente em que um contato ocorre não seria perturbado por sua presença. Porém, se teorizarmos que as entidades estão invadindo nosso espaço-tempo vindos de uma outra dimensão, parece mais lógico que esse espaço-tempo seja alterado e as modificações poderiam ser detectadas de forma intuitiva — a técnica de apelar a personagens espirituais, que também foi descrita por outras vítimas de abdução, parece dar bons resultados, qualquer que seja a entidade imaginária a quem se recorre, como quando se pede proteção de símbolos religiosos.
O processo é comumente utilizado por testemunhas e pode ser considerado eficaz. O personagem espiritual a quem se recorre difere conforme as crenças pessoais de cada pessoa. Se ela acredita ou não em entes espirituais, um fato básico permanece. Se a testemunha envolvida em contatos ufológicos sente dentro de si que tem direitos invioláveis, está protegida por essa ideia, e da mesma forma se as testemunhas sentem que podem proteger-se de uma fonte espiritual de fora de si, também estarão protegidas por esse conhecimento.
Estado de paralisia
Há casos em que as testemunhas utilizam uma variedade de técnicas em conjunto, como o de Morgana van Klausen, cujos vestígios de pouso de um UFO no quintal de sua casa e contatos com entidades foram descritos na revista Flying Saucer Review. Esta autora e a ufóloga Georgeanne Cifarelli, investigadora de campo da Mutual UFO Network (MUFON), pesquisaram o caso de Morgana juntas. Entre dezembro de 1987 e maio de 1990, Morgana passou mensalmente por ocorrências perturbadoras. Durante algumas delas, criaturas de olhos grandes materializaram-se em sua casa, geralmente à noite. Outras experiências envolviam lapsos de tempo inexplicáveis, um deles associado ao avistamento de uma grande luz que se movia sobre seu quintal. Seu filho de cinco anos também relatou ter visto criaturas em seu quarto e desenhou o interior e o exterior da nave espacial que ele teria visto.
Assustada, Morgana deixava as luzes acesas à noite no corredor e no banheiro de sua casa, e isso parecia evitar que as experiências voltassem a acontecer. Seu marido, um profissional bastante conhecido, achou que suas experiências fossem imaginárias e discutiu com ela quanto a deixar as luzes acesas — até que ele também viu as entidades em uma determinada noite, enquanto estava em estado de paralisia. Ele mudou de atitude imediatamente e passou a apoiar a esposa, não discutindo mais sobre deixar as luzes acesas durante a noite. Morgana ficou fortalecida com seu apoio, mas, quando estava sozinha em casa, o medo dos contatos voltava e ela começava a vociferar em voz alta mensagens de rejeição às entidades, tais como “vão embora e não voltem mais!” Por meio de uma combinação de técnicas — a rejeição verbal, deixar as luzes acesas à noite e pendurar um terço perto do abajur —, ela finalmente sentiu-se protegida e foi capaz de retomar uma vida normal, livre do terror que sentiu durante vários meses.
A mente humana é um instrumento poderoso, uma ponte entre o corpo físico e evoluído e o espírito humano da essência da vida, algumas vezes chamado simplesmente de alma. Ela é capaz de curar doenças físicas e mentais e até mesmo de afetar a matéria
Em março de 1995, Morgana passou por um aborto traumático que associou, em um primeiro momento, a um possível caso de feto retirado, muito comum no universo ufológico das abduções — tais embriões seriam gestados dentro de naves alienígenas. Em junho do mesmo ano, começou a sentir dores por todo o corpo. Seu médico suspeitou de lúpus, uma doença crônica de causa desconhecida na qual acontecem alterações fundamentais no sistema imunológico da pessoa, atingindo predominantemente mulheres. Mas os exames não confirmaram tal hipótese. A dor evoluiu até viraram sensações de queimação interna. Vários testes, incluindo escaneamento de seu corpo, não puderam identificar a causa.
Um neurologista finalmente diagnosticou como sendo fibromialgia ou fibromiosite, uma perturbação caracterizada por dores muito incômodas e rigidez dos tecidos moles como os músculos, os tendões e os ligamentos. Ele disse à Morgana que aquela condição era resultante de um trauma severo no corpo, como, por exemplo, um acidente de carro ou um estupro. Mas nenhuma das coisas tinha acontecido com a testemunha Morgana e ela foi forçada a esperar por sete meses, bebendo grandes quantidades de água sob recomenda
ção médica, a fim de limpar-se das toxinas em seus músculos e terminações nervosas. O profissional também disse a Morgana que a seriedade e extensão de seus distúrbios eram excepcionais. Seu último contato com abdutores — aparentemente isolado — aconteceu em maio de 1991, quando uma das criaturas de pele branca se materializou ao lado de sua cama.
Uma figura assustadora
Morgana pôde se livrar da paralisia a que foi submetida e se lançar em um esforço para proteger-se, empurrando a criatura, o que a fez desaparecer. Uma técnica similar de apoio familiar, em lugares onde ocorrem os mesmos contatos com entidades ufológicas, também foi utilizada por uma correspondente minha na Flórida, que chamarei de Jean. Ela teve várias experiências com uma figura assustadora que a assediava enquanto era criança. A entidade, em suas palavras, “era quase como uma força mecânica ou eletrônica, tentando arrancar-me do meu corpo”. Um dia Jean finalmente se abriu com sua avó e descobriu que ela também tinha tido o mesmo problema e que costumava se defender dos intrusos com orações. A avó tinha até mesmo dado um nome para a criatura: Medvet, “criatura que vem durante a noite”. Seguindo os conselhos da avó, Jean armou-se com imagens do Sagrado Coração de Jesus, um conceito católico.
Durante os contatos seguintes, em meio aos assédios, a testemunha falava à criatura de que o Sagrado Coração a protegia contra ela. Jean controlou satisfatoriamente seu terror com aquelas situações e chegou a ter coragem de perguntar ao abdutor coisas como “quem é você?” e “o que você quer?”, mas não recebeu qualquer resposta. Em vez disso, a criatura se aproximava dela, ficando perto de seu rosto, e então Jean pulava da cama e corria para fora do quarto. A proteção que Jean acreditava ter contra forças espirituais não impedia que a criatura viesse, mas ela tinha confiança de que sua sintonia com uma força protetora a mantinha segura contra qualquer efeito nocivo.
Além das técnicas comuns já apresentadas, como a batalha mental e física, a raiva justificada, o apoio dos adultos da família e apelos a personagens espirituais, há vários métodos metafísicos válidos para repelir e até impedir abduções, que também são relatados como eficazes pelas testemunhas e podem ser aprendidos por qualquer um. Um deles, bem simples, parece ser o processo de envolver-se com uma luz branca imaginária, que, se pensada com verdadeira intensidade, dá a sensação de proteger a pessoa de ataques externos. Há várias formas de exercitar essa técnica, todas aparentemente ativas. Algumas pessoas veem a luz branca como vindo do alto da cabeça, da área conhecida como chacra da coroa — que, segundo a filosofia iogue, seria ponto onde as rotas energéticas estão mais próximas da superfície do corpo —, espalhando-se pelo corpo e estendendo-se por alguns centímetros ao involucrá-lo.
É comumente utilizada durante a meditação e hipnose por médicos de inclinação metafísica, e serve basicamente como um meio de proteger o ser humano de intrusões de forças desconhecidas, que, acredita-se, têm a entrada facilitada na psiquê dos indivíduos enquanto estes estão em estados alterados. Se as entidades de abdução intrusivas são vistas como forças não íntegras, e se a pessoa assediada acredita na eficácia da técnica da luz branca, este pode ser um meio eficaz de resistência ao contato, conforme demonstrado por meio de vários casos que recolhi. Muitas descrições que as testemunhas dão de seus relatos enfatizam que os olhos das entidades abdutoras são quase hipnóticos e têm a capacidade de paralisá-las e induzi-las à submissão. O caso de Licia Davidson é um exemplo bastante notório disso. Junto com uma colega de quarto, ela passou por várias abduções durante os últimos anos — Licia tinha tantas lembranças conscientes de muitas de suas experiências quanto inconscientes que por isso também passou por técnicas de hipnose regressiva aplicada por um terapeuta.
Aproximação de ETs
Durante uma sessão de hipnose, Licia entrou em transe profundo e reconheceu com certa surpresa que aquele parecia ser o mesmo tipo de estado alterado do qual se lembrava de ter passado em suas experiências de aproximação de ETs. Seu terapeuta deu-lhe sugestões pós-hipnóticas de que deveria ser capaz de expandir o inconsciente sempre que se visse em um contato ou abdução iminente, permitindo-se lembrar-se e controlar os eventos durante o processo, se ele ocorrer. Por seu nível de irritação estar crescendo devido às frequentes intrusões dos abdutores, Licia foi também incentivada a tentar espantar qualquer contato que considerasse intrusivo. Ela concordou em levar adiante a experiência e praticou sua técnica de expandir o inconsciente diariamente em períodos de meditação de 15 minutos, utilizando uma máquina de sincronização cerebral que usa luz e som para sincronizar os hemisférios do cérebro.
Manobra dos abdutores
A teoria por trás disso é a de que a atividade química cerebral é estimulada por esses dois canais. Em uma experiência de abdução seguinte, entidades grays de tamanho menor — aos quais muitos ufólogos se referem como “trabalhadores” — colocaram nela um aparelho de audição e disseram, em suas palavras, que ela ouviria “a voz de Deus”. A voz que ouvia pelo aparelho era uniforme, sem variações e mecânica. Licia entendeu que os pequenos seres estavam mentindo e recusou-se a continuar ouvindo pelo aparelho. Ela deu as costas e evitou o contato nos olhos. Então, sentiu uma explosão de temperamento dos seres e percebeu uma confusão entre eles. Então, um dos grays, com cerca de um metro e meio, surgiu e restabeleceu a ordem entre eles, levando Licia para outra sala. Olhando para os seres menores, ela os viu parados em filas, “parados como estátuas”, disse. Achando que poderia ser morta por causa de sua resistência, decidiu ceder. Porém, apesar de sua atitude, aquele contato em particular terminou de forma benigna.
Licia não soube dizer se essa sensação de que seria morta veio de sua própria consciência ou de alguma sugestão mental vinda das entidades. Seu caso é bastante complexo, mas o importante aqui é
que uma técnica de resistência deliberada por parte da testemunha aparentemente interferiu em uma manobra dos abdutores. Os contatos de Licia continuam causando na testemunha muita frustração e preocupação, mas ela diz que não quer interromper os contatos de vez, pois tem profunda curiosidade sobre as entidades e quer ver se pode comunicar-se de forma efetiva e franca com elas, a fim de descobrir o que realmente são e o motivo de a estarem contatando — e acredita que o uso criterioso de técnicas de resistência pode ajudá-la a conseguir isso.
Para que as técnicas de resistência à abdução funcionem, as testemunhas e os pesquisadores que trabalham com elas devem oferecer uma possibilidade para que possam ser efetivadas. É essencial o emprego das técnicas com verdadeira força
Há uma outra técnica que, embora relacionada à raiva justificada, conforme utilizada por Jan Whitley, apresenta diferenças essenciais. Trata-se da “fúria protetora”, que tem sido utilizada com sucesso por várias testemunhas e provoca a fuga rápida das entidades intrusivas. Ela consiste de uma verbalização forte da rejeição dirigida às entidades, frequentemente originada do desejo da testemunha de proteger outras pessoas além de si mesma. Essencialmente, a raiva justificada é de alguma forma uma emoção mais suave e pode ser demonstrada sem palavras. É quase sempre usada durante o próprio contato e o motivo é o de proteger a si mesmo. A fúria protetora, por outro lado, utiliza a verbalização de uma forte linguagem de rejeição e pretende proteger outros membros da família, podendo ser utilizada não apenas durante o contato, mas também após ele ter se dado ou sido repelido. Quando utilizada dessa última forma, parece estabelecer um escudo de proteção, por assim dizer, em volta da testemunha, sua família e sua casa. Morgana van Klausen utilizou esta técnica de forma eficaz em associação com outros métodos, já descritos.
Para que as técnicas de resistência à abdução funcionem, as testemunhas — e os pesquisadores que trabalham com elas — devem oferecer uma possibilidade para que possam ser efetivadas. Testemunhas e pesquisadores que estejam convencidos de que os abdutores estão associados à nossa evolução espiritual tendem a diminuir as possibilidades de emprego das técnicas de resistência ou não são inclinados a tentá-las, embora o trauma seja um resultado comum nas abduções recorrentes. Testemunhas que sentem seus direitos violados parecem mais dispostas a experimentar e ter sucesso com as técnicas de resistência.
Provas, diálogo e comprovação
A polêmica até agora nos trouxe uma questão básica: uma vez que essas entidades parecem superiores a nós, não estaríamos obrigados a fazer o que mandam? Em minha opinião, se tipos desconhecidos de abdutores querem algo de nós, deixemos que eles expliquem o que desejam, peçam nossa cooperação e, de alguma forma, ofereçam-nos provas de que estão dizendo a verdade. Isso, por si só, poderia ser um processo bem longo.
Em resumo, embora as entidades ufológicas paralisem física e mentalmente suas vítimas e rendam facilmente à maioria delas, tornando-as obrigatoriamente complacentes e cooperadoras, isso não indica, necessariamente, que tenham uma superioridade mental ou tecnológica. Os abdutores provavelmente sabem que os humanos que abordam sem aviso prévio ficam aterrorizados, pois estudam e conhecem nosso comportamento e sabem que tememos o desconhecido — o medo é parte do nosso processo normal de sobrevivência. É possível que a paralisia, que é parte da maioria dos cenários de abdução, seja ao menos parcialmente autoproduzida. Todos estamos familiarizados com o conceito de terror paralisante que nos é imposto nos sequestros. Por outro lado, talvez o estado de consciência alterada em que a maioria dessas experiências ocorre cause uma paralisia temporária dos grandes grupos musculares. Tipos semelhantes de paralisação ocorrem em outros estados alterados de consciência, como em algumas fases de hipnose e nos sonhos.