Vitor Viggiani tem um dos trabalhos mais difíceis no universo. O diretor aposentado de uma escola básica passa seu tempo instigando os repórteres para expor um grande acobertamento governamental e revelar que extraterrestres têm visitado nosso planeta durante anos. “Não tenho nenhuma intenção de convencer qualquer pessoa de qualquer coisa”, diz o diretor de relações de mídia da Exopolitics Toronto, um grupo educacional não-lucrativo que busca a revelação total da verdade sobre seres de outros mundos. “O que eu faço é apontar para eles as evidências”.
Exopolítica é um campo de estudo que se afastou bastante da famosa pergunta: Nós estamos sós no universo? Seus partidários acreditam que há bastante evidência lá fora e eles podem declarar como fato que:
a) Existem seres extraterrestres inteligentes, sensíveis e éticos;
b) Eles estabeleceram contato;
c) Eles têm, provavelmente, anos-luz de lições para nos ensinar sobre fontes de energia sustentáveis e outros assuntos incontáveis de importância global.
“Isto não tem nada relacionado com luzes no céu. Nós estamos tentando reunir um movimento de diplomacia civil que vai ensinar às pessoas estes tipos de coisas, de forma que nós possamos desenvolver uma relação com estes extraterrestres e nos tornarmos parte daquela comunidade, mas, como uma espécie, nós não estamos prontos ainda”, diz Viggiani, que vive com sua esposa em Mississauga. Uma grande parte da preparação para lidar com diplomacia em tal grande nível inclui o desafio que os exopolitícos se referem freqüentemente como o “verdadeiro embargo” das informações governamentais sobre o assunto. Viggiani faz a parte dele colecionando resmas de documentos, como arquivos espessos que ele obteve do Departamento Canadense de Defesa Nacional sob a luz da Lei de Acesso à Informação, onde pilotos falam sobre como eles são convocados para localizar “alvos não-correlatos”, também conhecido como UFOs.
Mas para chegar ao ponto onde um time de repórteres investigativos estaria disposto a mergulhar no que Viggiani chama de “Watergate cósmico”, ele enfrenta algo que é cada vez mais complicado: “o fator ridículo”. Esse fator é uma arma potente que assegura que os jornais só mencionarão normalmente nas suas páginas os extraterrestres como pequenos homens verdes, descritos em pequenas linhas dispersas. Viggiani acredita que isto faz parte de um plano governamental deliberado para manter este assunto debaixo de envolturas, pois isso inibe o avanço de potenciais testemunhos. “O fator ridículo é extremamente poderoso”, diz.
Como qualquer guru de relações públicas saberia, ter uma celebridade famosa patrocinando sua causa ajuda bastante. Viggiani achou o “campeão” dele em Paul Hellyer, que era o ministro de defesa federal da equipe de Lester B. Pearson e que também concorreu para a liderança do Partido Liberal contra Pierre Trudeau, em 1968. “Eu penso nesse significado – e eles estão provavelmente exagerando isto – mas eu sou a primeira pessoa de graduada de um gabinete presidencial dos G8 a ter saído, abertamente e inequivocamente, para dizer que a presença extraterrestre é real”, disse Hellyer, que explicou que o interesse dele não deriva de nada que aprendeu enquanto era o ministro de defesa. Disse que atualmente está revisando seus arquivos enquanto era ministro, “mas realmente não me diz muito” a não ser que a maioria dos avistamentos possa ser explicada através de fenômenos naturais enquanto outros não podem. Porém, isso também ajuda a conduzir qualquer passo na direção certa.
Em maio, a Exopolitics Toronto, em nome da entidade Canadian Exopolitics Initiative, enviou uma carta à presidente do Canadá, apresentando muito material documentado e pediu para que ela se encontre com peritos notáveis para discutir políticas de revelação e diplomacia. O secretário do escritório dela respondeu duas semanas depois e sugeriu que as preocupações apresentadas na carta seriam melhor respondidas se esta for enviada para a Agência Espacial Canadense e para o Serviço de Inteligência de Segurança Canadense. Em um kit de imprensa que ele entrega para os repórteres e para as outras pessoas de mídia, Viggiani informa que esta resposta é uma “importante inovação nas iniciativas de revelação no Canadá”.
“É fato que ela sabe agora, ou que o escritório dela sabe, que nós nos preocupamos com isto e que isso nos dá a oportunidade para descobrirmos mais dentro do governo canadense”, disse Viggiani em uma entrevista, enquanto afirma ao mesmo tempo que “é uma resposta genérica, não há nenhuma dúvida sobre isto”. Stephen Bassett, diretor executivo do Paradigm Research Group em Washington, D.C., disse que ele notou uma mudança do modo em que são cobertos os tópicos extraterrestres ultimamente nas mídias. “Eles ainda têm que aplicar o mesmo tipo de fraseologias com um toque de sutileza e de humor e – eu adivinho você poderia chamar isto de ridículo – mas eles têm toda a informação”, disse Bassett se referindo em particular a três recentes histórias publicadas no Washington Post.
Mas a carência de cobertura séria faz com que Bassett suspeite se realmente os editores e as forças de segurança nacionais estão trabalhando para manter as coisas ocultas. “O fracasso das principais mídias americanas na cobertura de assuntos extraterrestres é um dos grandes fracassos de todo o jornalismo”, ele disse.