Quase 30 anos após o início das manifestações do chupa-chupa na Região Norte do país, uma testemunha surge para relatar novos casos e revelar o clima de pânico que tomou as populações locais. No dia 01 de janeiro de 2013, o entrevistado desta edição Vitório Peret conversou com uma nova testemunha dos fenômenos ocorridos em Colares durante a década de 70. Cláudio Siqueira, então com 17 anos, morava em Vila Itajurá, daquela cidade, quando ouviu relatos e presenciou episódios ocorridos por toda a região, notadamente em Ariri, Genipaúba, Tabocal, Icajatuba, Maracajó e outras cidades.
Ele diz ter sido perseguido em quatro oportunidades pelos “aparelhos”, como eram descritos os objetos voadores não identificados naquela época. Na primeira vez, a testemunha estava deitada em uma rede na casa onde vivia com a avó quando, por volta das 20h00, um artefato passou voando sobre a residência. Ele descreveu o UFO como “uma nave quadrada que voava baixo e fazia vento, balançando suavemente a copa das árvores”. Esses corpos emitiam um foco de luz nas cores amarela e vermelha que podia paralisar pessoas. A luz era fixa, intensa e não piscava.
Naqueles anos, na Praia do Machadinho, em Colares, as ocorrências eram comuns a partir das 17h00 — os eventos chamavam tanta atenção que repórteres de Belém chegaram a tentar uma comunicação por rádio com os discos voadores, porém sem sucesso. Pescadores descrevem ainda objetos vindos da floresta em direção ao mar e que acabavam entrando na água do rio à frente. “Os acontecimentos eram diversos e ocorriam na praia toda noite e todo dia”, segundo Siqueira. Certa vez, um artefato pousou em uma rua da Vila São Raimundo do Borralho. Quando os moradores correram para ver mais de perto, ele levantou voo e partiu, deixando um cheiro de gás de cozinha no ar. Na mesma localidade a testemunha fala de uma vítima atingida no seio pelo que já era conhecido como “chupa-chupa”. Outra pessoa foi paralisada pelo facho de luz quando tinha uma arma em punho pronta para disparar.
Temor contagiante
Narrando uma das vezes em que foi perseguido, Siqueira descreveu o aparelho como sendo “grande, com mais ou menos três metros e com uma janela na frente, como se fosse um espelho”. Muitos familiares da testemunha também tiveram avistamentos. A testemunha foi entrevistada até mesmo pelos militares que chegaram à região para investigar o fenômeno e afirma que as manifestações na praia continuam ocorrendo até hoje. Esse foi um período de grande incômodo para a população local, que vivia aterrorizada. Naquela época, era comum que as pessoas se reunissem para dormir juntas em uma mesma casa com medo das luzes emitidas. Talvez por isso, até hoje muitas vítimas têm receio de falar sobre as experiências vividas naquele tempo a fim de não relembrar os sofrimentos. Esse sentimento é comum entre os ribeirinhos, que muitas vezes têm suas vidas transformadas pelas experiências vividas — que são às vezes particularmente traumáticas.