Faleceu na madrugada de 14 de dezembro mais um importante integrante da Comunidade Ufológica Brasileira — um de seus últimos pioneiros. Carioca de Resende e morador de Brasília desde sua fundação, Roberto Affonso Beck morreu aos 77 de complicações resultantes de uma cirurgia. Integrante da Equipe UFO desde o começo de suas atividades, nos anos 80, Beck ocupou várias posições nas revistas UFO e UFO Especial, de consultor a conselheiro especial. Mas desligou-se das publicações por razões particulares, em 2010.
Sua participação nos trabalhos foi fundamental para o desenvolvimento da UFO e crescimento da Ufologia Brasileira. Entre suas mais importantes contribuições à área está sua atuação no movimento UFOs: Liberdade de Informação Já, lançado pela Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), da qual ele era ilustre integrante. Foi nessa condição que Beck compareceu ao encontro histórico entre ufólogos e oficiais da Aeronáutica, em 20 de maio de 2005 [Veja edição UFO 111, agora disponível na íntegra em ufo.com.br].
“Além de parceiro na campanha pelo fim do acobertamento militar ao Fenômeno UFO no Brasil, Beck fez parte de um dos momentos mais memoráveis da história da investigação ufológica no país quando participou do grupo do general Alfredo Moacyr de Mendonça Uchôa, que manteve inúmeros contatos com sondas ufológicas na Fazenda vale do Rio do Ouro, em Alexânia (GO), nos anos 60 e 70. Sentiremos muito a sua falta”, declarou o coeditor da Revista UFO Marco Antonio Petit.
Legado de ricas experiências
“Beckoso”, como era carinhosamente chamado pelos amigos, foi autor do livro Ufologia à Luz dos Fatos, da coleção Biblioteca UFO, e participou de outro título do mesmo acervo, O Pensamento da Ufologia, Parte I [Respectivamente código LIV-015 e LIV-016. Confira na seção Shopping UFO desta edição e no Portal UFO: ufo.com.br]. “Beck deu significativa contribuição para a Ufologia Brasileira. Excepcional investigador de campo, verdadeiro pioneiro na área, homem íntegro e sincero, deixou em Ufologia à Luz dos Fatos seu legado de ricas experiências”, disse o editor de UFO A. J. Gevaerd.
Conferencista afiado, foi durante sua palestra no I Fórum Mundial de Ufologia, realizado em Brasília, em 1997, que tive a honra de conhecê-lo pessoalmente e dele tornar-me amigo por quase duas décadas — nas quais muito aprendi com esse notável ser humano. Foi a convite dele que fiz parte da Entidade Brasileira de Estudos Extraterrestres (EBE-ET), o grupo de pesquisas que ele fundou. Beckoso sempre dizia que eu era seu filho postiço, e meu carinho por ele será eterno. Há alguns anos, diferenças de pensamento separaram nossos caminhos — mas nunca deixei de respeitá-lo, admirá-lo e amá-lo.
Roberto Affonso Beck era uma personalidade incomum: sempre inquieto, incisivo e decidido em suas opiniões, tinha momentos de teimosia em aceitar posições contrárias, mas era inexoravelmente transparente.Em sua carreira de ufólogo, realizou mais de 1.200 vigílias e investigações. “Meu filho, quando a investigação de campo acabar, acaba também a Ufologia”, dizia-me ele. Ainda que abaixo de críticas — inclusive as minhas —, pesquisou intensamente o fenômeno dos rods e ninguém no Brasil conhecia melhor as sondas ufológicas do que ele. Beckoso [Na foto ao lado, mostrando documentos liberados pelo Governo] me ensinou muito, e se hoje sou ufólogo, devo isso a ele, que me incentivou e acreditou em meu potencial. Quem o conhecia perdeu um amigo, sua família perdeu um ente amado e eu perdi um pai.