Pressionados pelos seus seguidores, que exigem respostas prontas e imediatas para tudo, alguns seguimentos religiosos mais ortodoxos atribuem ao Fenômeno UFO um caráter diabólico, relacionando-o aos reinos infernais. Outras correntes mais liberais, ante a dificuldade em tratar da espinhosa questão da possibilidade de vida em outros planetas e da visita de extraterrestres à Terra, simplesmente evitam tais questões ou, por inércia, adotam a linha dos que combatem. É preciso admitir, no entanto, que alguns relatos nos transmitem exatamente essa idéia. Mas se essas correntes estivessem certas, os ufólogos não passariam de modernos demonólogos que se limitariam ao estudo dos veículos utilizados pelos diversos tipos de demônios. Mas será que a Divina Comédia [Alusão ao maior poema épico do cristianismo, escrito pelo italiano Dante Alighieri entre os séculos XIII e XIV] que nos envolve se resume apenas a isso, ou seja, uma eterna batalha de anjos, demônios e nós, pobres humanos, no meio das artimanhas e do fogo cruzado de ambos os lados?
Estudiosos como o escocês Graham Hancock e cientistas do porte do astrofísico francês Jacques Vallée, chegaram a conclusões muito próximas ao considerarem a possibilidade desses fenômenos estarem de alguma forma correlacionados a questões místicas. Visões de coisas sobrenaturais como duendes, fadas, espíritos ou luzes seriam amoldadas pela cultura local e impulsionadas por estados alterados de consciência, em decorrência da formação espontânea e momentânea de bolhas ou de campos eletromagnéticos. Essa tese soa perfeitamente válida se considerarmos que determinados fenômenos costumam surgir muitas vezes em horários pré-estabelecidos e em locais que possuem determinadas características. Mas que outros parâmetros levaram alguns pesquisadores a aventarem a possibilidade de os ocupantes dos UFOs não serem alienígenas e sim demônios? Devemos esclarecer que este artigo não pretende dar uma resposta final a essa questão, mas procurará avançar sobre um território nebuloso, não menos intrigante e que, por coincidência ou não, acaba interferindo e confundindo o ambiente ufológico.
Ambiente ufológico
Há ocasiões em que o ufólogo deve ter a coragem de afirmar que certos assuntos atribuídos ao Fenômeno UFO absolutamente não o são. Diversas foram as vezes em que, convidados para alguns trabalhos de campo, tivemos de dizer que não havia nada de anormal, e isso quase sempre causou insatisfação por parte de pessoas crentes de terem estado próximas a algo extraordinário, quando na verdade não teriam estado. Lembro também do final de uma bela apresentação de um colega em um congresso, quando este enunciou que tudo aquilo que havia exposto nada tinha a ver com manifestações ufológicas. A platéia, quase que em coro e em voz alta, perguntou então quais eram os verdadeiros UFOs.
Na maioria das vezes, lamentavelmente, os interessados no Fenômeno UFO não compreendem que é tão importante explicar o que não faz parte do ambiente ufológico, quanto apresentar as ocorrências genuínas. É isso que demonstra a seriedade do trabalho realizado pelos tantos pesquisadores desse tema. A casuística ufológica tem sido revisada, e o rigor empregado tem gerado a desclassificação de diversos casos tidos como irrefutáveis e autênticos. Casos clássicos como o de Gulf Breeze, nos Estados Unidos, ou de Eduard “Billy” Meier, na Suíça, são bons exemplos. É o que nos propomos neste trabalho, o de demonstrar que algumas ocorrências são confundidas com fenômenos ufológicos autênticos quando na verdade não o são.
Há poucos anos, quando ouvíamos relatos acerca de visões de naves e de abdutores que introduzem implantes, de pronto os associávamos a alguma forma de contato com seres de outro planeta. É altamente provável que muitos desses casos não tenham sido contatos com autênticos alienígenas, tampouco experiências secretas de cunho militar ou governamental. Se já era complicado entender o que realmente se passara com a vítima e se de fato ela teria tido alguma forma de contato com um ser extraterreno, agora muito mais, já que entravam em cena atores de características completamente distintas e outros planos de realidade.
Falsos alienígenas
Os seres a que nos referimos atuam em uma dimensão paralela, mas interferem diretamente na nossa. Na falta de um termo melhor, os chamamos de seres espirituais, embora, na maioria das vezes se comportem tipicamente como ufonautas. Houve uma época em que era comum ouvirmos que extraterrenos estavam “baixando” em centros espíritas. Pessoas se dirigiam a tais locais na esperança de experimentar um possível contato com um ser alienígena. Em muitos casos houve sessões de cura, de mensagens intermináveis, quase sempre recheadas de conceitos de moral e ética e de decisões de “conselhos estelares” que, arbitrariamente, decidiam o futuro de populações inteiras de diversos planetas.
Cabe salientar que praticamente todas as promessas e vaticínios de cunho profético jamais se confirmaram. Outra incongruência é que quando inquiridos sobre sua região de origem, sempre procuraram disfarçar ou tiveram dificuldades em nos informar. E aqueles que passaram algum nome ou localização, via de regra, confrontaram nossos conceitos científicos. No campo da comunicação, raramente se utilizaram da fala ou da telepatia, e sim do contato mediúnico, se aproximando do campo mental do mediador, ou então da chamada canalização, que segundo informações colhidas entre canalizadores, seria propiciada graças à introdução de um tubo azulado de matéria sutil no bulbo da pessoa que receberia a informação. Tal prática, a da canalização, muitas vezes deixa graves seqüelas, causando danos irreversíveis no cérebro da pessoa usada como instrumento de comunicação, tais como falhas de memória e, em alguns casos, dificuldades de raciocínio em conseqüência da quantidade inadequada de energia empregada na emissão das mensagens.
Em certa oportunidade, num conhecido local de estudos esotéricos, o qual teve suas atividades encerradas há alguns anos, nos reunimos para um pretenso encontro com extraterrenos. Dois médiuns ou canais seriam os interlocutores desse contato. Eram mãe e filho, sendo que o filho faria o contato com um ser ultraterrestre, milhares de anos mais avançado do que nós, e a mãe receberia um marciano. Ambos fizeram suas exposições iniciais, até que chegou a hora dos questionamentos por parte do público presente. Foi aí que os tais “ETs” entraram em conflito, e o marciano acabou vencendo o ultraterrestre. Há casos em que tais entidades se revelam como não sendo na verdade extraterrenos, e sim entidades como exus e congêneres, alegando que a população há muitos anos vêm t
endo contatos com eles, mas que se apresentariam como entidades espirituais para serem mais bem aceitos em nosso meio, aproveitando nossa cultura religiosa.
Essa questão não se limita a mensagens mediúnicas ou canalizadas. Em muitos casos, o tal ser consegue provocar algum efeito físico como forma de provar sua presença no local. Há casos em que o ser consegue alterar a temperatura em áreas restritas de certos recintos, como pudemos presenciar em uma oportunidade em que os presentes foram convidados a se dirigirem até certo canto da sala e experimentarem alguma diferença térmica. Nesse particular, o local indicado tinha de fato uma temperatura bem mais baixa do que o restante da sala. Até uma silhueta foi materializada, causando grande impressão na platéia, e houve casos em que pessoas puderam tocar no corpo do suposto alienígena.
Implantes astrais, uma realidade
Não obstante, estudiosos desse campo dos fenômenos espirituais sabem muito bem que tais efeitos podem ser obtidos pela entidade que quer se passar por determinado personagem utilizando o ectoplasma [Substância supostamente visível que emana do corpo de certos médiuns, ou energia condensada] tanto da pessoa que ele utiliza como comunicador, como do conjunto das demais pessoas presentes. Na literatura espiritualista há informações sobre essa prática utilizada por tais seres, seja na forma de captação das vibrações dos assistentes, nos locais onde haja instrumentos de percussão, que servem para acelerar o ritmo, seja absorvendo a energia anímica dos convivas.
É claro que para obterem êxito em seu empreendimento, devem assumir uma apresentação condigna com os parâmetros atuais, travestindo-se de ser extraterreno e, de preferência, de elevada posição cósmica e espiritual. Assim, muitos deles se apresentam como reptilianos, grays [Cinzas] ou como santos e arcanjos. Há casos extremos de pessoas que apresentam seus corpos feridos e que, dizendo-se atacadas pelos reptilianos, se submetem a tais seres, passando a servi-los na esperança de se libertarem das tais sessões de tortura. Em alguns casos, atuam como gurus de determinados profissionais, principalmente na área da saúde, onde passam a ministrar sessões de cura, atendimento psicológico e, se necessário, dependendo do caso, utilizam o apoio de outros pretensos extraterrenos que se valem de tais locais como base de suas atuações. Mas sempre, invariavelmente, lançando mão de artifícios que prendem e escravizam suas vítimas a esses seres.
Implantes não são novidades no meio ufológico. Pesquisadores como o médico e cirurgião norte-americano Roger Leir se especializaram na identificação e extração desses minúsculos objetos, inseridos nos corpos das vítimas. Diversas são as pessoas que procuram a ajuda do Estado se dizendo vítimas da inserção de implantes em seus corpos e de perseguição e monitoramento por parte de extraterrenos. Tamanha é a intensidade desses casos que já foi até matéria do Diário Oficial do Estado de S. Paulo. No entanto, as delegacias, o Ministério Público e o Judiciário não estão preparados para esse tipo de atendimento, e as pessoas que a eles recorrem não encontram o devido respaldo.
Mas se já é difícil identificar e localizar implantes físicos nos corpos das vítimas, o que se dirá dos chamados “implantes astrais”? Esse é um assunto que tem gerado muita preocupação e demandado a atenção de diversos pesquisadores. Ainda não sabemos o quanto esses “aparelhos” afetam a vida de seus hospedeiros. Especula-se que é por meio desses implantes que os seus introdutores manipulam a vítima, escravizando-a ou sugando-lhe suas energias de forma vampiresca. Pesquisadores como a mexicana Patrícia Opala asseveram que tais seres, dado a sua natureza, não mais se alimentariam de produtos materiais, como minerais, vegetais ou animais, e sim de energia sutil. Os tais implantes é que permitiriam isso com a manipulação das mentes das vítimas e a indução de certas práticas, como as sexuais, que gerariam a quantidade de energia necessária para alimentá-los. Dessa forma, as vítimas se tornariam zumbis ou autômatos que atenderiam plenamente as necessidades desses seres.
Em muitos casos, eles orientam a sua vítima para a formação de grupos de estudos ou até religiosos, utilizando-se dos artifícios já mencionados e estimulando, entre outras práticas, as de vibração coletiva para aos poucos irem aumentando o número de fornecedores de energia anímica. Temos acompanhado diversos casos com essa conotação, nos quais a vítima tem sua personalidade e sua vida social quase que totalmente transformadas. No limiar do transe, a vítima adquire um olhar distante e muitas vezes inicia um diálogo, como se de fato estivesse em contato com algo, passando a transmitir uma informação.
Entrantes ou ladrões de corpos
Para o pesquisador Greg Mize, a função desses implantes é praticamente idêntica àquela descrita por Patrícia, só que ele vai bem mais além, acrescentando que são resultados de sucessivas reencarnações, sendo que em cada uma mais um é acrescentado, diminuindo ainda mais o grau de evolução da pessoa: “Os implantes e dispositivos de limitação espiritual são barreiras vibratórias no caminho de ascensão que bloqueiam seu progresso para a plena autofacultação. Eles bloqueiam seu caminho pondo-lhe vendas e criando falsas realidades em sua consciência, portanto limitando seu acesso para seu ser superior. Representam padrões cármicos coletivos que têm sido impostos externamente pelas forças escuras num esforço por controlar o pensamento e as respostas emocionais da humanidade”.
Enquanto que os implantes materiais ou biológicos são extraídos mediante cirurgias, esses implantes astrais são retirados através de sessões chamadas de apometria [Termo derivado do grego apo, que significa afastamento, separação ou oposição], que a grosso modo funciona como um bombardeio energético sobre o implante, saturando-o com essa energia até que se dê o seu esfacelamento. Mas outros recursos, tais como mantras, reiki etc, também são empregados. Segundo alguns pesquisadores, uma outra maneira de bloquear o funcionamento desses implantes seria a utilização de peças de prata e principalmente de ouro, j&aa
cute; que esses metais preciosos praticamente anulariam a comunicação de tais engenhos. Embora a realidade apresentada aqui seja por demais assustadora para alguns, estejam certos de que tem seduzido e enganado a muitos.
Outra questão não menos polêmica é a das possessões, seja por meio de implantes ou demais formas de domínio, nas quais a vítima é capturada para os mais diversos fins. Na acepção de pesquisadores como Ruth Montgomery, é uma forma de intervir beneficamente em nosso mundo ou realidade. No chamado walk-in, ou entrante, atuar-se-ia no sentido de auxiliar nossa humanidade. Os hospedeiros viveriam até a adolescência de maneira normal, somente passando a tomar consciência de sua situação com o passar do tempo.
Entrementes, se o hospedeiro passar por alguma experiência extrema, correndo risco de morte, por exemplo, a entidade ou ser aproveita a oportunidade e assume o corpo em definitivo. Já nas possessões maléficas, o entrante apenas deseja obter o corpo de alguém para a consecução de suas finalidades. É o caso dos solokai, pesquisado pelo ufólogo catalão Andreas Faber-Kaiser. Tais seres, por serem de pequena estatura, medindo em torno de 30 cm, e terem a pele esverdeada e às vezes parda, são confundidos com gnomos. Habitariam alguns grotões das ilhotas de Ponhpei, no Pacífico, e ficariam à espreita para atacar suas vítimas.
Manifestações de aparência luminosa
Seres essencialmente espirituais se utilizariam de veículos? Citaremos alguns exemplos de seres ou manifestações de aparência luminosa que têm sido confundidos com fenômenos de caráter ufológico. Na literatura espiritualista e religiosa encontramos diversas alusões a seres espirituais que se valem de veículos de locomoção e transporte ou que possuem corpos luminosos. Na Ufologia, algumas manifestações luminosas, propiciadas por condições ambientais ou bolhas, como explicamos anteriormente, são facilmente confundidas com sondas e naves. Muitas vezes esses fenômenos podem ser registrados ou captados em filmes e câmaras digitais. Em trabalhos de campo já tivemos a oportunidade de observar diversas manifestações de pequenas esferas luminosas, de aproximadamente cinco centímetros de diâmetro acompanhando o leito de rios e matas.
Corpos luminosos
Em locais como o Rio das Ostras, no Rio e Janeiro, colhemos diversas narrativas dando conta de esferas e formas luminosas ovais, normalmente esverdeadas, que se entrelaçam dentro do ambiente onde o ser se manifestará. Invariavelmente se apresentam em número de três veículos ovais, que segundo testemunhas não passariam de 40 cm de comprimento, e um deles aumentaria de tamanho, de onde sairia o ser visitante para então se manifestar. Na região de Apiaí, município no Vale do Ribeira, sul do Estado de São Paulo, são relatadas manifestações de corpos luminosos azulados que permanecem principalmente nas copas das árvores, e que, segundo os munícipes, seriam extremamente agressivos, causando danos a veículos e transtornos às pessoas que passam em certos locais. Por essa razão, muitos evitam passar por certos caminhos, principalmente à noite. Não teriam uma forma definida, mas flutuariam por entre os galhos das árvores.
Não podemos esquecer os famosos merkabahs, que seriam corpos luminosos de humanos que atingiram certo grau de espiritualidade e consciência, e que segundo espiritualistas, para observadores menos avisados seus corpos também podem ser confundidos com naves. Nesta categoria também poderíamos citar os que são por alguns chamados de “seres energéticos”, manifestações de seres evoluídos que se deslocariam em altíssima velocidade se apresentando em diversas cores.
Como procuramos demonstrar nestas linhas, a gama de informações sobre essas tantas manifestações formam limites muito tênues entre as manifestações genuinamente ufológicas, em que seres materiais se manifestam e deixam suas marcas, e aquelas outras manifestações que ficariam mais apropriadas a outras áreas do conhecimento.