
Quando os UFOs começaram a surgir nos EUA em grande escala, durante a década de 40, a maioria das pessoas procurou o governo, os militares e a comunidade científica atrás de respostas para o recente mistério que desafiava a todos. Pesquisadores do assunto, civis, se organizaram logo no início da década de 50, somente após terem constatado que a resposta do governo à problemática ufológica era tão somente um reticente sigilo oficial, uma obscuridade lamentável de ações e uma persistente campanha de desinformação de alto nível. Desde então, o setor privado da pesquisa ufológica cresceu desregradamente, num incrível círculo de pessoas apenas vagamente organizadas e de pequenos grupos de estudiosos, cada um dos quais tentando, através de boletins, exibições, simpósios ou conferências: fazer um bom trabalho de divulgação. Estes grupos prosseguem suas atividades a cada ano, mantendo suas “linhas políticas” condizentes com suas naturezas e com seus próprios fins e filosofias de existência. Chegam a digladiar-se com outros grupos congêneres, defendendo rigorosamente suas posições.
Ufologia: de extremistas à ativistas
Mas, tais divergências, que começaram praticamente no mesmo instante em que se iniciou a Ufologia propriamente dita, desenvolveram-se ao longo dos anos para, hoje, definir um quadro de amplo espectro de linhas políticas, formas de conduta e correntes de pensamento que variam desde os extremistas da Ufologia – tanto para a aceitação imediata de qualquer conceito maluco, quanto para a recusa dos fatos mais estabelecidos – até aqueles que realmente fazem um trabalho sério, sem descartar toda a orla de paranóia que existe em boa parte de nossa comunidade ufológica. Para descrever este quadro, poderíamos separar os grupos e definir suas atividades da seguinte forma:
(a) Os desmistificadores:
Estes defendem que todas as notícias sobre UFOs podem ser facilmente explicadas em termos prosaicos. Afirmam que o planeta Terra não está sendo visitado por seres extraterrestres e que, conseqüentemente, o então chamado Fenômeno UFO não é merecedor de uma consideração científica legítima. Para este grupo, os que estudam os UFOs são, na maioria das vezes, ingênuos ou lunáticos (muitas vezes chamados de UFO-maníacos) e seu trabalho não merece atenção séria.
(b) Os céticos:
Esses, ao contrário dos desmistificadores, ponderam que, se mais detalhes sobre o Fenômeno UFO fossem conhecidos ou avaliados, a maioria dos relatos existentes poderia ser explicada satisfatoriamente como má identificação de fatos comuns. Alguns UFOs, entretanto, para esse grupo, podem ser uma forma desconhecida de fenômeno natural ou o produto de elaborados processos psico-socioiógicos. Em ambos os casos, um estudo adicional, a ser feito por pessoas competentes (que esse grupo considera serem apenas integrantes dele próprio…), é necessário. A hipótese ET para o fenômeno, embora improvável, não seria completamente excluída pelos céticos, até que todos os detalhes envolvidos fossem conhecidos.
(c) Ufólogos “de centro”:
Esta corrente de pensamento é bem coerente, de procedimento objetivo e científico, baseado em evidências orientadas por pesquisadores que trabalham em centros maiores de pesquisa, lidam principalmente com a hipótese ET para os UFOs, além de uma variedade de teorias interdimensionais. O terreno comum desse grupo de ufólogos é a aceitação dos UFOs como um fenômeno absolutamente real que parece ser controlado por alguma forma de inteligência superior. A maioria deste grupo concorda que consideravelmente mais pesquisas deveriam ser feitas antes que quaisquer conclusões possam ser obtidas. Todas as grandes organizações e a maioria dos pesquisadores de renome dos EUA estão nesse campo, que tem ainda a característica de rejeitar elementos dissidentes dele, tanto da extrema-esquerda, quanto da direita radical.
(d) Adeptos da “Nova Era”
Esse grupo aceita que os alienígenas estão inquestionavelmente visitando a Terra e que, basicamente, são seres bons e que querem nos ajudar a salvar o planeta de algum tipo de destruição, conduzindo a humanidade para uma nova era de sentimento e de consciência própria. Certos humanos (chamados de contatados, “canalizadores”, seqüestrados e tipos similares), para este grupo, têm sido selecionados pelos ETs e especialmente programados para auxiliá-los nesse processo, de um modo ou de outro. A maioria dos integrantes desta nova era são elementos de crenças religiosas moderadas.
(e) Os paranóicos:
Esse grupo é o mais extremista de toda a Ufologia e crê que os ETs estão aqui, inegavelmente, mas que são nocivos e querem nos escravizar. Sustentam que determinados elementos e funcionários obscuros do governo dos EUA sabem disso mas mantêm o assunto em segredo, enquanto, paralelamente, tentam tirar proveito da situação, fazendo negócios e intercâmbios com os alienígenas. A meta destes elementos é a escravidão total da humanidade sob um único governo mundial, e nada os deterá até que concluam seu plano, em conjunto com os ETs. Teorias de conspiração e extrema paranóia se manifestam entre os indivíduos que aceitam e apóiam essas crenças. Elementos de facção política de direita radical e cristãos de fundamentalismo extremo também estão presentes.
Os UFOs, para os padrões de alguns pesquisadores, são apenas um assunto controverso que durante um espaço de tempo interessa a um determinado público distinto, tal como vimos há alguns anos passados, e são também o centro de considerável atenção da “mídia de massas” Durante as constantes ondas ufológicas que ocorreram nesse tempo todo, muitas vezes as organizações dedicadas ao assunto e pesquisadores individuais aproveitaram essas excelentes oportunidades (em que a grande imprensa esteve presente), para se auto-promoverem e conclamarem seus grupos como os mais avançados no campo. Sob tais circunstâncias, naturalmente, posições individuais, crenças, filosofias e conclusões tornam-se todas partes de um mesmo “pacote”.
Falta profissionalização e ética na Ufologia
Desde que cada um dos envolvidos em Ufologia possa se auto-definir a vontade como “expert”, especialísta ou “doutor em UFOs”, já que não existem padrões profissionais ou éticos que organizem o setor, é inevitável que a capacidade que o fenômeno tem de gerar a atenção da mídia internacional e de reunir grandes multidões seja também utilizada abertamente por grupos e indivíduos cujos interesses, inconfessáveis, vão bem além de um eventual esforço para conhecer a questão. É também inevitável que agentes do governo (em especial dos EUA) possam reconhecer a liderança de alguns pesquisa
dores nessa área e sua credibilidade inerente junto aos seus respectivos públicos, na condição de promotores da pesquisa ufológica.
Com base nisso, é bem provável que tais agentes, a serviço de algum obscuro departamento oficial, usem os líderes da comunidade “ufófila” para implantar e disseminar cuidadosamente informações mentirosas ou desencontradas sobre a questão – o que a Ufologia Internacional achou por bem definir como “desinformação”. Isso faria com que se mantivesse sempre o assunto na marginalidade, perpetuando-se uma conveniente (para o governo) “cortina de fumaça” envolvendo UFOs – o que é muito proveitosa quando não se deseja que as pessoas levem o assunto a sério. Além disso, tal manobra tem o objetivo de desviar a atenção dos chamados pesquisadores sérios para longe dos próprios esforços secretos que o governo empreende em relação ao assunto, o que deixaria o “establishment” descoberto.
Pode-se estudar UFOs num esforço para se aprender mais sobre eles e seus responsáveis; ou pode se usar o assunto como um conveniente subterfúgio para se atingir objetivos diversos, relacionados diretamente ou não ao fenômeno em si. No entanto, é importante notar que, apesar das cuidadosas e planejadas engendrações armadas contra a Ufologia por entidades obscuras, a disseminação de uma pesquisa séria e digna de crédito sobre UFOs pode ter pouco ou mesmo quase nada a ver com o que realmente está acontecendo no mundo da Ufologia. Talvez um bom exemplo para que o leitor entenda como as coisas funcionam seja a comparação da Ufologia com a indústria tabagista. A maneira pela qual uma indústria de fumo promove a venda de cigarros é exatamente como a situação ufológica. Na propaganda de qualquer marca são apresentadas cenas de impacto, rápidas e bastante coloridas, sempre representando os cigarros como um símbolo de posição social, status, algo suave e excitante, ou refrescante e relaxante, etc. No entanto, essa imagem se desmorona logo quando observamos mais atentamente a situação e percebemos que há grandes malefícios com o consumo do produto e que, inclusive, até as publicações impressas trazem avisos médicos bem claros a esse respeito.
A importância das provas no processo ufológico
Da mesma forma, uma olhada mais atenta em alguns dos principais grupos ou correntes ufológicas norte-americanas, revela uma situação muito semelhante. A diferença entre os ufólogos chamados “de centro” e seus primos chamados “adeptos”, em matéria de evidências, é sensível. Os ufólogos de centro geralmente consideram a obtenção da evidência ufológica como a parte principal de todo o processo de conhecimento do assunto, na medida em que, só assim, tem-se como estudar o fenômeno. Enquanto suas frágeis normas muitas vezes caem por terra rapidamente quando comparadas com as de jornalistas profissionais ou de cientistas, a maioria pelo menos é capaz de basear suas conclusões em particularidades razoavelmente fundamentadas. Em outras palavras, informações grosseiramente inconsistentes, não confirmadas, deturpadas ou derivadas de fontes incertas são regularmente rejeitadas pelos ufólogos de centro, consideradas sem valor. Para tais indivíduos, os UFOs são considerados menos como um sistema de crença e mais como uma questão de conhecimento através de investigações. Suas conclusões devem ser firmemente baseadas em evidências e em argumentos lógicos.
Os “adeptos” dos UFOs, por outro lado, são geralmente pessoas que se julgam portadoras de uma “nova consciência” ou de uma “percepção já bem estabelecida” sobre a natureza e o propósito dos UFOs e de seus tripulantes. Para tais pessoas, é absolutamente desnecessário provar a realidade dos UFOs, pois simplesmente “sabem” que os alienígenas estão realmente aqui, entre nós, e afirmam que estão plenamente preparados para aceitar o fato como uma verdade inquestionável. Mais ainda, aceitam inquestionavelmente as declarações de outras pessoas, de que tiveram contatos com seres extraterrestres e/ou que os mantém de forma contínua e amigável. Do ponto de vista dos ufólogos de centro, o maior problema com os”adeptos” é sua persistente disposição em aceitar e repetir informações bizarras, abusivas e freqüentemente falsas, sem um mínimo de esforço para determinar se o assunto tem qualquer validade ou se a informação possui credibilidade.
O Fenômeno UFO como obra demoníaca
Já denominada orla “paranóica” da Ufologia está ainda mais distante da realidade. Mais ou menos como os adeptos da nova era, essas pessoas também estão convencidas da presença dos alienígenas na Terra, mas imaginam que tais entidades sejam orientadas negativamente, que estejam planejando uma conspiração diabólica contra a humanidade e vêem os ETs como demônios. Para este grupo, o assunto UFO todo é uma conspiração intricadamente tramada para que os ETs possam tomar o planeta e tornar-nos seus escravos (ou coisa pior). Os integrantes desse grupo vêem agentes secretos por toda parte, acreditam que seus telefones estão grampeados, que sua correspondência é adulterada, etc. Muitos ainda acreditam firmemente que os misteriosos e folclóricos homens-de-preto (MIBs, do inglês “Men-in-black”) podem surgir a qualquer momento para silenciar aqueles que falam demais ou chegam muito perto da verdade. Suas reuniões de estudo e a literatura que lêem ou produzem são cheias de narrativas de bases secretas no subsolo terrestre (freqüentemente conectadas por uma rede de túneis), onde crêem que existam seres que passam seu tempo todo rotineiramente raptando humanos e implantando engenhos eletrônicos de controle em seus corpos (normalmente no cérebro).
Mais ainda, acreditam que os extraterrestres estejam firmando acordos secretos e altamente nocivos à humanidade com o governo dos EUA. Infelizmente, tais pessoas acreditam em praticamente tudo o que lhes é dito sobre os ETs, desde que isso alimente suas crenças conspiratórias.
Os grupos de ufólogos (ou ufófilos?) adeptos e os paranóicos têm sido como uma verdadeira corda amarrada ao pescoço daqueles que praticam a Ufologia de centro, e isso desde o início das coisas. Desde o falecido Adamski, que reuniu grupos numerosos em torno de si e explorou-os ativamente durante a década de 50 e o início da década de 60, até o dito “contatado” Billy Meier, este um caso já bem atual, muitas pessoas estão fazen
do com que a Ufologia seja uma corrente sem fim de promoções pessoais cujo ponto-alto é a completa paranóia. A mais recente onda do gênero, porém, juntou algo de novo ao velho jogo do ultra-conservadorísmo político da facção da Ufologia direitista – uma versão onde os UFOs aparecem apenas como um ponto de atração que influencia as pessoas. E isso é feito de tal maneira que, uma vez que a atenção das massas esteja conquistada, os UFOs passam a ser apenas um detalhe secundário da trama
Achar coerência no caos ufológico: um desafio
Ira Einhorn, um guru e hippie intelectual da década de 60. definiu da seguinte forma a situação: “Paranóia é a incrível habilidade que algumas pessoas têm de encontrar coerência no caos”. Essa é, sem dúvida, uma excelente descrição do que a dita orla paranóica da Ufologia tem feito com o verdadeiro caos em que se encontram opiniões contraditórias e detalhes da manifestação dos UFOs. Para estas pessoas, toda a questão é apenas uma manobra, uma espécie de conspiração – claríssima por sinal – engendrada pelos próprios seres extraterrestres, com a participação do governo, dos ricos, dos ávidos pelo poder. etc. O objetivo final de toda essa gente, para esse grupo de ufófilos, é tomar posse de nosso planeta. Esse tipo de ufófilo está tão convencido de que sua própria percepção da realidade constitui a verdade em si que qualquer pessoa que ouse desafiá-la ou atacá-la será automaticamente considerado como parte da própria conspiração.
Colocando de forma mais simples, o paranóico não reconhece ninguém que tente se posicionar acima de sua própria “verdade”, e se alguém o faz será para confirmar ainda mais tal suposta verdade. E isto não é apenas conveniente para o paranóico, mas também para seu promotor, aquele sujeito ou entidade que o mantém, mas que nunca aparece, cujo único objetivo é usá-lo como “boi-de-piranha” para alcançar sucesso em algum empreendimento que necessite uma liderança controlável. Para aqueles que observam a situação á distância, que têm o controle de determinada liderança e que necessitem estar em harmonia com as massas, a fim de difundir uma mensagem, os UFOs são um perfeito instrumento. Para se ter um exemplo, basta que se tome qualquer teoria sobre conspiração que se queira: junte uma boa proporção de declarações do tipo “o verdadeiro poder por trás de tudo é o dos alienígenas, que desejam escravizar o planeta Terra” acrescente bastante fatos confiáveis e amedrontadores para convencer, encantar e fascinar multidões; por fim, lance toda sua reputação na trama, para que a mesma tenha um lastro inquestionável. Está feito: imediatamente, surgirão milhares de pessoas que crêem mas desconhecem a questão ufológica, para ouvir o que você tem a dizer.
A paranóia toma conta de Ufologia nos EUA
Essa fórmula é infalível e está sendo usada hoje, em plenos anos 90, nos Estados Unidos (e já por todo o mundo). Mas, quem está fazendo isso e por quê? Vamos, neste artigo, tratar da situação em seus mínimos detalhes. Primeiramente, a atual corrente paranóica norte-americana, que liga os ETs a algum plano de conspiração contra o planeta e que já está praticamente alastrada pelo globo inteiro, teve inicio em meados de 1987, fomentada por um sujeito chamado John Lear. Se o nome fosse John Smith, ao invés de John Lear, muito pouca gente teria prestado atenção em sua história extravagante sobre seres alienígenas que se alimentam de corpos de humanos raptados e mutilados, ou em seus relatos esdrúxulos sobre acordos secretos entre alienígenas invasores e o governo dos EUA, ou ainda em suas incríveis narrativas de bases subterrâneas secretas, situadas nas montanhas do Nevada e do Novo México. Mas, porque este John em particular é um Lear, filho de um dos mais bem conhecidos pioneiros da aviação civil, Willian Lear, quase todo mundo acreditou em seus contos-de-fada.
Willian Lear, pais deste John, é nada menos do que o fundador e proprietário da maior fábrica particular de aviões a jato do mundo, a Learjet, que fabrica as melhores e mais vendidas aeronaves de pequeno e médio portes do planeta. E este John também é alguém com algum nome, tendo adquirido uma certa reputação como piloto de testes rico e playboy. Teve grandes chances de se tornar político, pois as pessoas o ouviram atentamente contar suas histórias; mas, infelizmente, passaram a desconfiar delas logo em seguida, quando se tornou óbvio – ainda que não para todos – que eram por demais extravagantes e tinham evidências muito fracas. Lear, o filho, foi o primeiro a ser bem sucedido, em larga escala, na condução de histórias em que extraterrestres são grandes vilões que se associam a políticos inescrupulosos para tomar o poder na Terra. Porém, Lear parece não ter feito isso sozinho, ou pelo menos por conta própria: existem revelações impressionantes de que Lear agiu ingenuamente, comandado, sem que soubesse, por uma operação de desinformação do governo dos EUA.
A trama conspiratória da Ufologia é disputada
Acontece que tais fatos só foram conhecidos depois que o playboy fizesse relativamente bastante estrago na Ufologia norte-americana e de outras partes do globo, sem contar o fato de que deixou “sucessores” ao seu trono de falsa glória – um deles é Milton Cooper, personagem ainda mais perigoso e sobre quem falaremos dentro de algumas linhas. Para se ter uma idéia, a Mutual UFO Network (MUFON), uma das mais conceituadas organizações ufológicas do mundo, chegou a nomeá-lo diretor estadual da entidade no Nevada, e até aceitou sua oferta para organizar seu reputadíssimo simpósio nacional anual em Las Vegas (capital do Nevada). Walt Andrus, o coordenador geral da MUFON, extremamente desapontado, foi forçado a reconhecer que agiu apressadamente ao nomear Lear para o cargo, o que comprometeu a entidade toda. Para resolver as coisas, John renunciou à sua posição e resgatou o conceito da MUFON, mas saiu chamuscado: desacreditado, seus seguidores foram sumindo aos montes até que, hoje, não passam de uns poucos fiéis originados da chamada a orla paranóica da Ufologia dos EUA. No entanto, seus pronunciamentos se tornaram cada vez mais orientados politicamente.
No início, John Lear tinha muitas coisas a seu favor: um nome famoso, recordes mundiais de velocidade em aviões a jato, uma quantidade conside
rável de amigos em altos escalões do governo e uma habilidade ímpar para atrair a atenção de multidões e da mídia de massas. Todos, no entanto, esperavam que Lear pudesse fornecer respostas coerentes e confiáveis sobre as questões que ele próprio levantou, a respeito da atuação dos UFOs por décadas seguidas em nosso planeta. Para os pertencentes à aia “séria” da Ufologia (pelo menos nos Estados Unidos), Lear só demonstrou seu interesse por UFOs quando passou a fazer enigmáticas chamadas telefônicas para vários pesquisadores, desde o início de 1987. Eu mesmo recebi uns dois telefonemas seus, e o encontrei pela primeira vez numa conferência em Washington, no mesmo ano. Era um cara cheio de opiniões, do tipo “conspirador misterioso” e, de certa forma, hesitante. Mas, pareceu ser um indivíduo socialmente aceitável.
As “verdades” que as elites escondem da humanidade
Da maneira como Lear procurava respostas para o Fenômeno UFO, buscando-as ávida e persistentemente em todas as partes, notava-se que estava agindo da mesma forma desembaraçada com que fez praticamente tudo em sua privilegiada vida: tinha que ser o primeiro, o maior e o melhor em tudo o que realizasse! Se houvesse um mistério, John era a pessoa capaz de resolvê-lo. E para implantar suas histórias, tudo o que teria que fazer era viajar pelo país, ou mesmo pelo mundo, extraindo informações e fatos dos ufólogos, de testemunhas oculares de avistamentos de UFOs, de pessoas ligadas ao fenômeno, enfim, para poder montar sua trama. Uma vez coletados todos esses dados, ele passou a usá-los para enfrentar e atrair seus amigos nos altos escalões do governo, para organizar sua estratégia Ligando ponto-a-ponto as informações coletadas e já devidamente destiladas, Lear escreveu o famoso “Relatório John Lear” sobre UFOs um documento envolto em controvérsia desde o momento de sua realização, e que seria usado como matéria prima por gente como Milton Cooper, logo depois. No relatório, o rapaz ousadamente afirma, por exemplo, que as seguintes “verdades” (abaixo) têm sido sistematicamente escondidas do conhecimento da humanidade pelos políticos de todo o mundo, para que não desafiem a “estrutura social estabelecida”:
“Os alemães recuperam uma nave extraterrestre acidentada em seu território, em 1939. Com isso, Hitler iniciou um projeto secreto para desenvolver um armamento inédito que funcionasse com o mesmo tipo de energia e tecnologia que tinha o UFO acidentado, mas a guerra terminou antes do trabalho ter sido completado.”
“O secretário de Defesa dos EUA. James Forrestal, mergulhou para a morte jogando-se do 16° andar da janela do hospital em que estava internado, assim que soube que \’pequenas criaturas extraterrestres, repulsivas, perigosas e de aparência semelhante à de um inseto predador, mais avançadas que os terrestres em talvez um bilhão de anos, estavam tentando dominar o planeta Terra\’.”
“Muitos discos voadores haviam caído em nosso planeta e foram recuperados pelas autoridades norte-americanas. Eles estariam estocados na Base de Wright-Patterson, no Estado de Ohio, e em outras bases próximas aos locais das quedas. Um dos discos era tão imenso que não pôde ser transportado e foi enterrado no próprio local do acidente, continuando até hoje lá.”
“Em 30 de abril de 1964, teria ocorrido a primeira comunicação formal entre os alienígenas e o governo dos EUA, realizada durante uma reunião das partes num local próximo da Base Aérea de Holloman, no Novo México. Três naves pousaram numa área previamente arranjada, onde foi mantido em encontro entre os seres e vários oficiais da Inteligência do governo norte-americano.”
“Durante o período entre 1969 e 1971, o governo dos EUA fez um acordo com os extraterrestres segundo o qual os seres proveriam tecnologia avançada aos EUA em troca de alguns favores nossos. Entre esses favores, os EUA concordariam em ignorar as constantes abduções (seqüestros) de humanos, as mutilações de animais e outras peripécias dos extraterrestes. Ainda como parte do acordo, os ETs submeteriam relatórios periódicos de suas abduções ao Conselho de Segurança Nacional norte-americano (o poderoso NSC, mais importante que a própria CIA).”
“Alguns dos humanos abduzidos foram mortos pelos ETs ou pelo governo. Em alguns casos porque foram considerados uma ameaça à segurança do acordo ETs-EUA: noutros porque seus tecidos biológicos foram usados em experiências genéticas.”
“Os alienígenas, atualmente, estão passando por uma grave doença digestiva de ordem genética que só poderá ser controlada usando-se enzimas e secreções hormonais obtidas diretamente de tecidos extraídos de vítimas humanas e, em alguns casos, de animais Os alienígenas absorvem seus alimentos através da pele e segregam resíduos da mesma forma.”
“Gado e seres humanos são, geneticamente falando, semelhantes entre si e para os propósitos macabros dos seres extraterrestres. No caso de um desastre nacional, sangue de gado poderia até ser usado nos humanos.”
“A CIA e os seres extraterrestres, conjuntamente, habitam e operam um laboratório subterrâneo próximo à cidade de Dulce, no Novo México. Existem ainda muitos outros laboratórios semelhantes espalhados pelos EUA e pelo mundo todo. Um dos mais importantes está sob a região Groom Lake, no interior do Estado de Nevada.”
“Em 1979, os alienígenas começaram a desrespeitar o acordo firmado com os EUA, resultando em uma catástrofe. Em 1984 houveram violentas confrontações nos laboratórios subterrâneos, entre tropas dos EUA e forças alienígenas. Durante tais combates, muitos soldados norte-americanos foram mortos.”
“Algumas das muitas crianças desaparecidas misteriosamente nos EUA estão atualmente sob guarda de seres extraterrestres, na condição de vítimas inocentes da quebra do acordo. Muitas delas foram simplesmente mortas e partes de seus corpos e fluidos estão armazenados nas bases subterrâneas, para uso posterior.”
“O programa Guerra nas Estrelas, ou Iniciativa de Defesa, defendido energicamente pelo governo Reagan, mas ainda não instalado, está sendo desenvolvido não com o propósito de defender o continente norte-americano de ataques soviéticos, mas sim de ataques alienígenas.”
“Vários respeitados cidadões e autoridades norte-americanas estão ao par destas impressionantes informaçõ
;es, entre elas o Dr. Edward Teller, o ex-secretário de Estado Henry Kissinger, o Prof. Bobby Inman e possivelmente, o almirante Poindexter, envolvido no caso Iran-Contras.”
“A coisa toda é conhecida como “A Grande Decepção” e tem como objetivo final a tomada do planeta Terra pelos seres extraterrestres e a escravidão da raça humana. Isso ocorrerá num futuro bem próximo. caso nada seja feito para se impedir a ação dos ETs.”
Os ETs manipulam os seres humanos
Como se isso tudo não fosse o bastante, Lear fez um pronunciamento. em dezembro de 1987, afirmando ter esclarecido outro mistério relacionado ao Fenômeno UFO, sobre os famosos “canais mediúnicos” ou “canalizadores”, pessoas que teriam a pré-disposição e a aptidão de canalizar informações e mensagens extraterrestres (entre outras), por processo psíquico – estas pessoas, por sinal, estão muito em moda nos EUA e em todo o mundo, onde são conhecidos até como “representantes dos ETs na Terra”. De acordo com Lear, esses tais “canais” são um verdadeiro disparate, um jogo criado pelos ETs para atrair um certo segmento da população terrestre para, paralela e obscuramente, por um outro lado, cavar informações reais sobre as pessoas – suas futuras vítimas. Essa conclusão de Lear é particularmente curiosa, principalmente se observarmos que as informações (se as podemos chamar assim) obtidas por tais canais, para a comunidade ufológica “séria”, só é de interesse dos chamados “adeptos” da nova era, como já vimos antes. Estes, por sinal, fazem muito pouco ou nenhum esforço para verificar ou provar as informações que obtém. Portanto, Lear choveu no molhado. Mas, ao insistir em suas declarações, passou a chover também dentro de um copo d’ água.
Essa é a essência, enfim, do relatório de John Lear. Seu conteúdo ê uma mistura de fantasia, fatos e ficção. Tudo o que Lear escreveu ou falou é resultado de informações enfadonhas, juntadas aos poucos em suas visitas a dezenas de pesquisadores e testemunhas de UFOs. De acordo com o pesquisador Clifford Stone, íntimo de John, esse passou “mais de uma semana” sentado numa sala de estar teorizando e especulando sobre o que o Fenômeno UFO poderia ser… “Após tanta meditação”, confidenciou Stone, “Lear armou uma história, foi para casa e tratou de encaixar em sua lenda cada uma das teorias e especulações que havia ouvido em suas visitas, como se fossem realmente originais”. Naturalmente, John possuía seu lado oculto e, cedo ou tarde, ele viria a ser descoberto, o que ocorreu e fez com que passasse a trabalhar duramente em defesa de sua credibilidade. Houve até rumores, mais tarde comprovados, de que seu milionário pai o havia repudiado e deserdado, motivado por extremo desapontamento e desgosto.
John Lear, com suas afirmações excessivas e insubstanciais sobre UFOs e ETs, colocou sua credibilidade pessoal e capacidade profissional abaixo dos mais baixos padrões possíveis e, com isso, fez alguns estragos óbvios e de difícil saneamento dentro da Ufologia. Seu declínio, entretanto, para ele, parece ter afetado apenas sua pessoa. É como se nada tivesse ocorrido e o legado da conspiração paranóica continua, agora levado a diante por outros perigosos indivíduos, cujas teorias são ainda mais incríveis e menos substanciais que as de John. Entre esses ardilosos paranóicos, em primeiro lugar, está um camarada chamado Milton Willian Cooper, que parece ser o tipo do sujeito que confirma o ditado de que “a criatura sempre se volta contra o criador”.
O “evangelho ufológico” segundo o William Cooper
A maneira como esse personagem coloca sua idéias, a forma explosiva e insistente como as defende e a maneira impressionante como ataca quem à elas se contrapõe nos leva a dizer que “o evangelho ufológico”, segundo o “santo William Cooper”, é uma série completa de supostas revelações esdrúxulas e afirmações infundadas e insanas – muitas das fantasias usadas por seu ex-sócio na trama, o próprio Lear, só que muito mais abusivas ainda. Vejamos alguns trechos desse obscuro evangelho:
“Existe um pacto secreto entre os alienígenas e o governo dos EUA. Os seres estão operando com autonomia e absoluta impunidade bases subterrâneas em várias partes do mundo, de onde planejaram conquistar a Terra.”
“As eleições presidências norte-americanas de 1988 podem ter sido as últimas realmente democráticas que este país teve… pode ser que haja ainda uma outra, no máximo, mas essa será a derradeira, pois os ETs não nos deixarão viver nossa vida livremente.\’\’
“Os alienígenas \’abastecem\’ rotineiramente o governo dos EUA com enormes listas dos seres humanos que planejam abduzir (seqüestrar) e usar em seus experimentos genéticos, de natureza e características horríveis. E o governo, também de forma rotineira, sempre as aprova!”
“O presidente Kennedy foi assassinado por seu chofer (que pertencia ao serviço secreto dos EUA), justamente porque estava planejando revelar ao povo americano e ao mundo, a verdade sobre os UFOs e sobre os planos dos ETs. Seu assassino disparou uma pistola pneumática com balas que continham pequenos grãos de chumbo que causaram a implosão do cérebro do presidente. Por isso, durante a autópsia. o crânio de Kennedy estava vazio.”
“Numa conspiração internacional, banqueiros associados aos alienígenas planejam criar um único governo mundial e tornar escrava a maioria da população do planeta. As pessoas – especialmente os cientistas – estão sendo raptadas regularmente e levadas para bases secretas já estabelecidas em Marte e na Lua.”
A Ufologia rendendo lucros aos paranóicos que a usam
Francamente, é quase impossível acreditar que alguém possa afirmar coisas desse gênero em plenos anos 90 – e principalmente num pais como os Estados Unidos… No entanto, o senhor Milton Cooper conseguiu fazê-lo, atraindo para si a atenção de uma platéia de quase 1000 pessoas (a maioria das quais inclusive adorou o que ouviu), que pagaram 15 dólares cada, sem contar o assédio da mídia sensacionalista. O evento ocorreu em novembro de 89, justo aqui em Hollywood, numa escola de segundo grau, e o orador afirmou até ter sido membro de um super-secreto “Esquadrão de Inteligência da Marinha”, que supostamente esteve sob as ordens de um almirante da Esquadra Americana no Pacífico, durante 1973.
Tais ocupações super-secretas poderiam constituir uma boa folha de serviços para Cooper – isso se ele conseguisse prová-las. No entanto,
quando questionado sobre suas funções, apresentou versões cada vez mais contradizentes e sequer conseguiu explicar porque, durante o tempo que esteve (de lato) na Marinha, foi rebaixado de posto para uma graduação bem inferior. Igualmente, não conseguiu explicar como obteve suas “preciosas” informações na Inteligência da Marinha (o que significa “espionagem”) se suas atribuições eram tão somente patrulhar o porto de Da Nang, no Vietnam, a bordo de uma canhoeira. Pior ainda foi que, quando questionado. Cooper não conseguiu sequer lembrar o nome do almirante ao qual esteve subordinado durante a guerra. Enfim, seu passado ê totalmente obscuro e nada tem a ver com o que ele afirma ser. Entre os pretensos fatos que apresenta, aliás, este são uns dos tantos detalhes que se chocam flagrantemente com a realidade.
Mas as contradições continuam, provando que Milton Cooper é tanto paranóico quanto mentiroso – e nem sequer é original em suas histórias! Foi o já enterrado John Lear quem o “incentivou” a criar suas próprias elocubrações, mas Cooper plagiou-as quase totalmente. Em 1988, o pesquisador e autor Bill Steinman apresentou Cooper para Lear e, desde então, tudo o que o primeiro vem falando em público e publicando na mídia geral não é nada mais e nada menos do que o que o segundo falava, porém, com uma evolução significativa dos fatos e algumas mudanças sensacionalistas – o que, no fim das contas, indica que Lear não conseguiu ser o maioral desta vez, pelo menos no que se refere a mentir sobre a questão ufológica. Cooper, segundo seus assessores mais chegados confessaram, adotava uma metodologia segundo a qual o importante era conectar ou relacionar os pontos mais ou menos semelhantes da questão ufológica e modificar os fatos quando for necessário que se encaixem melhor.
Contradições enriquecem o repertório de Cooper
Isso significa trabalhar com fraudes e distorções brutais, o que só poderia resultar – como de fato resultou – num dano quase que irreparável à Ufologia. Por exemplo, comparemos uma declaração publicada por Cooper, em dezembro de 1988. com uma segunda declaração que publicaria três semanas mais tarde, em janeiro de 1989. O assunto em questão envolvia os chamados “acadêmicos de Jason” (Jason Scholars) e seu suposto envolvimento no acobertamento ufológico patrocinado pelo governo dos EUA. Curiosamente, em sua primeira declaração, nada é dito sobre a participação dos Jasons no processo; mas, na segunda, estes passaram figurar com destaque a “lista dos vilões” do cover-up nos EUA (termo que significa acobertamento ou desinformação).
No processo de escrever e publicar seu livro sobre mutilações de animais, o best-seller Alien Harvest, a pesquisadora e produtora de TV Linda M. Howe conduziu uma entrevista com Cooper, em meados de novembro de 1988. Linda registrou partes de tal entrevista à página 212 do livro, onde encontramos a seguinte pergunta para Cooper: “Havia algo nos documentos (que você checou) sobre o que o governo estaria tentando fazer para repelir a atuação dos ETs?” Como resposta, Cooper declarou: “O presidente disse – só não me recordo qual presidente – que havia formado uma comissão para examinar cuidadosamente a questão…” Ora, como Cooper não se lembraria do nome do presidente dos EUA envolvido em algo tão importante – e vital para a credibilidade de sua própria narrativa. Essa è mais uma de suas inúmeras incongruências: outra delas, uma publicação similar de Cooper, datada de dezembro de 1988 e reproduzida à página 183 do mesmo livro, também mostra hesitação e falta de memória quanto ao nome do presidente envolvido em novas situações com os ETs.
A “obra definitiva” de Cooper e sua real origem
Somente em 1989, Linda soube de fato, através do pesquisador canadense Grant Cameron, detalhes sobre Sociedade Jason e sobre as questões que Cooper falseara. Entre os detalhes sobre os enigmáticos acadêmicos de Jason estava uma lista com nomes de 32 indivíduos conhecidos por estarem conectados com o grupo e envolvidos no cover-up. Mas, erroneamente, o número total da confraria era, na realidade, 55, como o próprio Cameron informou á Linda. Mesmo assim, em 10 de janeiro de 1989 e ignorando um erro colossal – esse. aliás, era o método de Cooper para criar fatos ou para enfeitá-los, se achasse que não estavam suficientemente bonitos para encantar o público – Cooper se encontrou com Linda e, naquele mesmo dia, escreveu e passou a distribuir aos seus seguidores o que ele chamou de sua “obra definitiva”. onde encontramos o produto final de seu encontro com a autora:
“O Presidente Einsehower constituiu uma comissão de pessoas pertencentes á uma sociedade secreta conhecida como Sociedade Jason (os acadêmicos de Jason ou Jason Scholars) para examinar a questão da invasão extraterrestre à Terra”.
Cooper passou, então, a explicar que “a sociedade era composta por 32 dos mais proeminentes homens do país”, uma elaboração absolutamente fajuta, baseada em fatos irreais Quando Cameron soube da usurpação do material que havia dado à Linda, que por sua vez o deu a Cooper e onde haviam evidências de que o número de 32 integrantes era incorreto, decidiu ligar para o apressado articulista e questioná-lo sobre a matéria. Cameron nos garantiu que, ao falar com Cooper sobre sua dita obra definitiva, este afirmou que não podia se lembrar do nome de nenhum dos acadêmicos, apesar de insistir no número 32 e de ter a lista. Como ele se esqueceria de dados tão importantes, justamente ao mesmo tempo em que conseguia lembrar-se sem problemas de um sem-número de nomes de projeto secretos do governo, cada um mais bizarro do que os outros?
Quando Cameron perguntou-lhe sobre quais universidades os acadêmicos freqüentavam. Cooper mencionou Yale e mais algumas outras Em conexão com Yale. mencionou ainda a organização intelectual e semi-secreta Skull & Bonés, entidade supostamente usada para pesquisa ufológica reservada devido à reconhecida capacidade de seus integrantes, e curiosamente envolveu George Bush na conversa. Como Yale nunca foi freqüentada pelos tais acadêmicos, era óbvio que Cooper estava desinformado sobre o assunto, o que sugere que não decorou nem mesmo seu próprio documento! Cameron também perguntou se a entidade Magic tinha algo a ver com a manobra de desinformação e sobre as pessoas que estavam diretamente envolvidas na questão, já que Cooper fez estranhas declarações de que Majic seria mais elevada do que Maji (sem o “c”). Mas o ardiloso guru não fazia a menor idéia do que era aquilo, apesar de incluí-lo em seu documento. Oras, Majic era um projeto de decifração de c&oa
cute;digos da Marinha e foi quem desvendou o famoso código Púrpura dos japoneses… Como Cooper, que foi da Marinha, não sabia nada a respeito?
Informações emprestadas de terceiros
O material de Cooper está literalmente repleto de incongruências e de “informações emprestadas” de terceiros, convenientemente dispostas para satisfazer um fim ideal: formar uma trama a mais chocante possível, para que tenha o impacto desejado. É típico dele, também, usar alguns pontos relativamente obscuros de determinados documentos reais sobre certas situações. Um exemplo è o documento do Conselho de Segurança Nacional (NSC) – o item 54-12 – que ainda se encontra em uso e relativamente secreto, embora tenha sido erigido em 1954 para garantir procedimentos e cobertura à ações de espionagem e tenha sido amplamente denunciado em vários livros e publicações especializadas, mas sobre o qual, em verdade, relativamente poucos conhecem. Cooper usou o material para construir um argumento abusivo e totalmente inverídico sobre a atuação governamental face aos UFOs. Quem quiser verificar, descobrirá que o 54-12 tinha o objetivo único de proteger o governo em suas manobras de inteligência e nunca tratou do Fenômeno UFO.
Mas muito pouca gente terá acesso ao tal documento, o que protegerá ainda mais Cooper, já que ninguém conseguirá verificar coisa alguma… Nesse ponto, percebemos que seu jogo, demonstrado em tantas outras ocasiões, é do tipo que ou se aceita em confiança a Cooper ou pelo conhecido comportamento humano do “querer crer”, ou se afasta do homem. No entanto, parece que o querer crer é mais forte, principalmente porque, nos EUA, Cooper fala para a já tão mencionada orla paranóica da Ufologia. Aqueles dispostos a aceitar tudo em confiança são os únicos apreciadores de Cooper. De passagem, vale a pena citar que a figura tem o dom da palavra, pois é um pastor e orador fundamentalista.
Apesar de Cooper raramente oferecer evidências para provar suas extravagantes declarações, sua técnica de convencimento, assim como em sua igreja, é admoestar freqüentemente os ouvintes de suas platéias a checar pessoalmente suas afirmações. Isso causa efeito e resultados! Aqueles que o seguem por mais tempo, entretanto. logo descobrirão que a narrativa de Cooper é totalmente literária e separada em várias partes, amarradas entre si estranhamente – e que não é mais do que uma coleção de teorias confusas de correntes conspiratórias da facção política direitista e de uma fantasia total. Seu sucesso está consolidado no fato de que seu personagem é totalmente inexpugnável. Qualquer pessoa que tente desafiá-lo com base em evidências, tanto pessoalmente ou através da imprensa, será total e facilmente descartado por seus fiéis e taxado como um “agente de desinformação” do governo tentando fazê-lo parar de dizer a verdade ao povo. Essa é uma defesa bem conveniente que, pelo menos até agora, tem-lhe servido adequadamente.
A paranóia está solta na comunidade norte-americana
Numa análise final, entretanto, o fenômeno Lear-Cooper è somente a mais visível exibição da abundante atividade paranóica que existe dentro da comunidade ufológica dos Estados Unidos, como deve ser em qualquer outro país. Ambos os personagens tiram proveito das motivações e ingênuas crenças de seus ouvintes. Um evidência disso é o fato de que Cooper iniciou suas longas narrativas para pequenos grupos de interessados gratuitamente e, menos de dois anos depois, já que suas histórias agradaram, passou a cobrar – e bem – por elas! Em Hollywood e em Las Vegas o ingresso foi de 10 dólares, com mais de 1700 ouvintes, somadas as apresentações. Já em San Diego, o ingresso era de 20 dólares e, na Geórgia, passou para 50 – isso sem contar vendas de fitas de áudio e de vídeo, camisetas, livros etc. Agora. Cooper está lançando um livro – em âmbito nacional – com um contrato simplesmente milionário.
É importante notar nisso tudo que. politicamente, todas as declarações de Lear e Cooper se apóiam em crenças consistentes com o movimento de extrema-direita da política radical dos EUA. Os escritos de Lear e os relatórios de Cooper, além de um amontoado de material relacionado às suas declarações e colocado em circulação por um estranho grupo que se intitula “Os Pesquisadores Aéreos”, do Nevada, e uma variedade de amigos viajantes que ambos Lear e Cooper instalaram pelo país afora, contêm referências que podem ser vinculadas à teorias de conspiração paranóica que circulam justamente entre os ultra-direitistas dos EUA – e já por várias décadas. A única coisa realmente nova em tudo isso è a conveniente inclusão da questão extraterrestre no quadro. Porém, constatada a manipulação de Lear e Cooper, resta-nos saber quem está por traz destas tristes figuras e porquê?
Descobre-se quem manipula Lear e Cooper
Segundo pudemos descobrir, a organização política envolvida no processo é um tal de “Centro para a Ação”, uma entidade obscura estabelecida no Estado de Nevada, criada com fartas reservas monetárias e destinada a promover a curiosa filosofia econômica e política do milionário Paul Fischer. Embora defenda e apóie uma lista enorme de movimentos e facções de direita, a organização de Fisher não faz nenhuma questão de manter segredo sobre seu suporte financeiro a um revolucionário general do sudeste asiático e de algo que esse militar-de-plantão chama de “seu governo da nação Shan no exílio”. Enquanto esse estado de coisas ocorre, Cooper tem o cinismo de fazer continuadas e fortes declarações contra o vasto comércio ilegal de drogas que afirma estar sendo auxiliado por ninguém menos do que o atual presidente George Bush e outros membros de sua administração. Uma ironia sem paralelo!
Só para se ter uma idéia da manipulação da radical extrema-direita norte-americana sobre a dupla Lear – Cooper, com passagens por partidos políticos de nomes bizarros mas de grande violência, um dos escritores ligados à dupla é franco ativista de uma movimento partidário neo-nazista nos EUA e por várias vezes publicou material sobre ufologia sob o pseudônimo “Número 7”. Para quem conhece história, esse era o pseudônimo usado pelo próprio Adolph Hitler e representava o número de sua filiação ao Partido Nazista da Alemanha. Qualquer nazista que se preze e admire as obras de Hitler usa, vez por outra, o estranho pseudônimo numerológico – é uma forma de respeito (sic). Todo esse movimento e as ações do Centro para a Ação foram lançados através do show popular Billy Goodman Happening, levado ao ar á noite pela estação de rádio AM KVEG, de Las Vegas, e ativo por quase um ano. Os incontáveis ouvintes da KVEG nunca souberam que Goodman, &ac
irc;ncora do programa, jamais fora empregado ou contratado pela estação. Pelo contrário, Goodman era do Centro para a Ação, que comprou nada menos do que 3 horas diárias da estação para difundir suas cartilhas evangélicas e outras doutrinas menos recomendáveis, todas naturalmente ligadas ao fanatismo religioso é outros exageros.
O que é ruim não se sustenta na Ufologia
Apesar de que Goodman era muito cuidadoso em exibir opiniões negativas e questões embaraçosas à sociedade e aos seus ouvintes – evidentemente levava ao ar questões que lhe proporcionavam boa audiência e ibope – seu show passou a se auto-destruir por não ter mais bases de sustentação. Já em março de 1990 passou a ser apresentado em horário mais tardio e resumido, quando então fracassou totalmente, no início de abril. Evidentemente, Goodman, a exemplo de Lear e Cooper, explicou o fechamento do programa a seus seguidores como sendo devido à ação de forças malignas e conspiradoras do governo, que o silenciaram. A história se repete.
Por traz de tudo isso, de tantas artimanhas e de tamanho estrago realizado no seio da pesquisa ufológica séria, existe somente um fenômeno sociológico que está sendo ardilosamente explorado por meia dúzia de espertalhões radicais e sem grandes potencialidades intelectuais ou expressão pública, nada mais. Por que grandes segmentos da população desejam pagar para ouvir essa espécie de coisa, não posso sequer imaginar. Estamos lidando com pessoas perigosas e que julgam ter uma “missão” especial: a de salvar o mundo contra supostas forças de opressão, algo que só existe em suas mentes. É como uma cruzada: ou você está com eles, ou está contra eles e deverá ser descartado. Esse não é um movimento que procura pela verdade, mas sim um movimento quase religioso que acredita já tê-la encontrado, e os UFOs são apenas um argumento conveniente para que promovam sua triste mensagem.
Governo secreto: a posição da revista UFO
Em nossa décima edição, de julho de 90, publicamos uma matéria extremamente polêmica, que atraiu a atenção de nossos de leitores de forma absolutamente inédita para nós. Foi o artigo “O Governo Secreto do Mundo e os UFOs”, no qual seu autor, Milton Cooper, fazia declarações impressionantes e, ao mesmo tempo, incríveis. Tal material, recebido em nossa sede sob forma de dois relatórios, já se encontrava pronto para publicação há mais de seis meses, tempo que gastamos para analisar a conveniência ou não de sua divulgação e quais seriam suas repercussões, dado ao caráter excepcional de seu conteúdo. Ao mesmo tempo, procedemos à uma intensa checagem internacional sobre não só as desconcertantes declarações de Cooper, como também sobre sua pessoa, seu passado e conduta.
Como a única publicação brasileira de Ufologia e, desta forma, cumprindo uma verdadeira “missão” de porta-voz de nossa comunidade, UFO tinha evidentemente que dar vazão ao material de Cooper, por mais incríveis que fossem suas declarações. Mas, deixamos claro desde o início que não assumíamos posição em relação ao seu conteúdo. Quando empreendemos nossa pesquisa sobre este autor, encontramos, em diversos países, todos os tipos de posicionamentos quanto aos seus explosivos relatórios, que literalmente sacudiram a Ufologia mundial. Encontramos pesquisadores renomados e distintos grupos de pesquisas que o apoiavam inteiramente; outros, o apoiavam apenas parcialmente; e outros, ainda, o rejeitavam completamente.
Assim, avaliando tais posicionamentos segundo em método próprio nosso, concluímos quase matematicamente que as chances de Cooper estar com a razão no que afirmava eram de cerca de 90%. Isso quer dizer que, segundo nossa avaliação, baseada nos pareceres dos principais grupos e pesquisadores internacionais, algo perto de 10% do conteúdo do artigo que estávamos publicando ou era falso, ou engano de Cooper ou ainda inverificável. Assim, assumimos uma postura de neutralidade, publicamos Cooper na integra (inclusive os 10%, para não mutilar suas idéias) e abrimos o debate para que a comunidade ufológica nacional e internacional tirasse suas próprias conclusões, aceitando, rejeitando e debatendo a questão. Agora, damos inicio a esse debate, publicando dois artigos sobre assunto, um de William Moore, rejeitando-o, e outro de James Hurtak, endossando-o. Em breve, outros experientes ufólogos terão espaço em nossa revista.
Observação: A referida edição número 10 da Revista UFO pode ser obtida através do encarte das páginas centrais desta edição.
Os projetos ufológicos secretos dos Estados Unidos
Segundo as impressionantes declarações de Milton Cooper, publicadas em UFO 10, dezenas de comissões e órgãos foram criados nos Estados Unidos, por ordens governamentais, para a pesquisa oficial e secreta da questão ufológica. Abaixo está uma relação resumida dos principais programas desenvolvidos. segundo Cooper:
Majestic-12 ou MJ-12 – Esse é o nome de um grupo para-governamental ultra-secreto que controla os principais segredos sobre os alienígenas, como suas nefastas atividades na Terra, por exemplo, e