Truman Bethurum – um trabalhador próspero que nada indicava ser um sonhador, um visionário ou uni desequilibrado – despontou com uma história fantástica. Numa convenção de discos voadores em Monte Patamar, onde o repórter João Martins o encontrou e entrevistou, ele compunha o trio que monopolizava as atenções, juntamente com George Adamski e Daniel Fry. Enquanto Adamski poderia ser encarado como o “místico” e Fry como o “técnico”, Bethurum era sem dúvida o “social”.
Se os dois primeiros, nos contatos que afirmam ter tido, preocuparam-se com detalhes filosóficos e técnicos, ele, nas onze vezes em que diz ter estado com entidades provenientes do espaço, manteve-se coerente com a sua personalidade e ficou quase restrito a questões corriqueiras, em torno de coisas pequenas e humanas, o que confere à sua narrativa um tom quase doméstico e ainda mais desconcertante. No primeiro encontro, anterior cronologicamente ao caso de Adamski e posterior ao acontecido com Fry, Bethurum estava trabalhando na abertura de um túnel, numa highway (auto-estrada), em Santa Bárbara, Califórnia.
O sindicato local ordenou uma greve e ele se viu temporariamente desempregado, quando recebeu um telefonema de um amigo, Whitey Edwards, solicitando que fosse trabalhar sob suas ordens na construção da 91 Highway Valley Desert, em Mormon Mesa, cidade de Las Vegas. Hesitou em aceitar a proposta, porque do seu local de trabalho até sua casa, em Redondo Beach, a distância era menor e também devido à alta temperatura atingida no deserto, na época de junho de 1952.
Mas Whitey não lhe deu chance de recusar e, no dia seguinte foi buscá-lo. Em pouco tempo, desde a preparação do pavimento, eles se adiantaram demais. A turma que abria e preparava o leito da estrada se atrasou e o resultado é que não havia nada para se fazer. Assim sendo, Bethurum ficou encarregado da manutenção do material mecânico, a partir das 16:00 h, até que tudo estivesse em ordem para o serviço do outro dia. Isso quer dizer que trabalhava, às vezes, 12 horas direto, e não raro ficava no deserto, com as máquinas, até que chegassem os carros-tanques, na manhã seguinte, que iam buscar água no Rio Muddy.
ESPÉCIE RARA – Foi na noite de 27 de junho que viu, pela primeira vez, um disco voador. Segundo ele, naquela ocasião havia terminado o trabalho e saíra em busca de conchas, pois aquela zona tinha sido há muitos séculos o leito de um oceano e ali se encontravam espécies raras. Sua mulher as colecionava, por isso queria dar-lhe algumas de presente. Depois de certo tempo, sem ter achado nada, voltou para o seu vagão, disposto a tirar uma soneca. O clima do deserto, à meia- noite, tinha refrescado. Bethurum havia dormido cerca de uma hora, quando foi despertado por um rumor como se houvesse diversas pessoas falando à sua volta.
Levantou-se, espiou por uma fresta e viu uns oito ou dez homens baixinhos, medindo cerca de 1,50 m de altura. Até aí, não havia nada de extraordinário. “Pensei somente em descobrir quem eram, o que queriam e de onde teriam vindo. Não pareciam com anões: eram homens perfeitamente desenvolvidos, apenas mais baixos do que o normal. Comecei a ficar intrigado, porque, além de não entender uma palavra do que estavam falando, eles vestiam uma espécie de uniforme e usavam um boné pontudo, preto, com uma faixa branca no alto”, declarou.
Os que estavam sem boné tinham o cabelo preto e curto. Todos usavam jaquetas e calças que pareciam cinza-azuladas sob o luar. De acordo com a testemunha, “… suas faces eram azeitonadas e a pele, suave e sem rugas ou cicatrizes, como se tivesse sido esticada sobre os ossos”. Quando o contatado saiu do vagão eles ficaram em volta, em silêncio, observando-o com um ar de curiosidade, sem nenhuma demonstração de hostilidade. Bethurum é que não estava muito tranqüilo. Um dos ETs adiantou-se e disse algumas palavras em uma língua estranha e in-compreensível. Percebendo que seu interlocutor não o entendia, falou outra vez, agora em Inglês, desculpando-se e dizendo que podia expressar-se num dos idiomas mais falados do mundo.
Querendo mostrar-se amigável, o contatado estendeu-lhe a mão. E foi aí que levou o susto: seu coração disparou ao avistar um disco voador. Era enorme, devia ter uns 90 metros de diâmetro por uns 6 de altura. A cor era como a do aço polido. Circundando-o, havia uma espécie de arco de bordas agudas de uns 60 centímetros de largura. O UFO não estava pousado no solo, mas planando a mais ou menos um metro de altura. Enquanto ele apertava a mão dos homenzinhos, que pareciam estar se divertindo muito com aquela situação, seu cérebro funcionava a todo vapor para tentar saber a origem e intenção deles.
VIAJANTE INTERPLANETÁRIA – Truman perguntou se eles tinham um comandante e se podia falar com ele. O mesmo ser com quem havia conversado no início, respondeu- lhe: “Naturalmente”. E segurando o seu braço direito com a mão esquerda, foi conduzindo-o em direção ao aparelho. Embora, o humanóide fosse uns 30 em mais baixo e ter uns 25 quilos a menos, a impressão da testemunha era de que caso quisesse se soltar, não poderia. Da porta, na parte superior do disco, que era a única abertura visível, descendeu uma escada com um só corrimão.
“Vi-me num corredor e, depois de uns quinze passos, num grande compartimento. Aí é que meu espanto cresceu. O comandante era uma mulher, e que mulher! Sua pele era de um azeitonado-rosado, muito suave, os olhos castanhos, os cabelos pretos, curtos e ondulados. Um tipo latino. Era ainda mais baixa do que os homens. Não usava maquilagem nem jóias. Estava em pé atrás de uma larga e bojuda mesa ou escrivaninha, com as mãos apoiadas sobre ela. Sua blusa era de um material preto semelhante ao veludo e calças de lã vermelhas. Fiquei abobalhado e imóvel”, afirmou.
Então ela sorriu e disse: “Fale, meu amigo”. E ele perguntou, hesitante: “Você é de algum país europeu ou asiático?”. A extraterrestre, calmamente, respondeu-lhe que era uma viajante interplanetária que só recentemente havia descido ao nosso solo. Ela fez com que ele se sentasse num banco ou divã, ao longo dos dois lados da cabina, forrado com um tecido irreconhecível e marrom. Truman quis esclarecer as coisas ainda mais: “Você quer dizer nosso solo, aqui nos Estados Unidos, ou na Terra?”. Ela confirmou que era na Terra mesmo.
O diálogo entre Bethurum e a formosa comandante da nave prosseguiu, quase sem que ele exprimisse em palavras as perguntas que deliberava fazer a ela, pois “a mulher tinha olhos que pareciam ver e entender tudo, inclusive as perguntas que eu ainda não havia formulado”. Soube por ela que, em matéria de fé, venerava uma Suprema Sabedoria, onipotente e onisciente, e que os seres a cuja raça pertencia “eram cautelosos e evitavam entrar em luta com os povos guerreiros da Terra”.
Além disso, a alienígena contou-lhe que os ETs estavam aptos a entender e falar todas as línguas aqui existentes, não possuíam máquinas nem motores de propulsão. Em suas naves não havia monstros e os tripulantes não usavam armas nem o que quer que fosse met&aacu
te;lico. A sedutora comandante prometeu nova visita e o disco voador partiu dali.
O comandante era uma mulher. Sua pele era rosada e muito suave, os olhos castanhos, os cabelos ondulados. Era mais baixa do que os homens. Estava em pé atrás de uma larga e bojuda mesa com as mãos apoiadas sobre ela. Sua blusa era preta e aveludada
Naquele dia, quando Bethurum encontrou-se com seu chefe Whitey, e contou-lhe o que havia acontecido. Este espalhou a notícia a outros, e o resultado é que todos acharam que ele estava com insolação. No máximo, admitiram que, se ele houvesse visto gente com essas características, deveriam ser russos.
Por via das dúvidas, Truman escreveu um bilhete antes de dormir em seu quarto de hotel, em Overton, com a seguinte mensagem: “Se eu for achado morto é porque o meu coração não agüentou a terrível emoção de ter visto e entrado num disco voador”. Bethurum ficou vários dias na incerteza: será que tinha visto mesmo alguma coisa? Ou estava ficando maluco? Diante das gozações com relação ao assunto, ele não se sentia com coragem de reportar os fatos a jornalistas nem a autoridades. Até que, na noite de 03 de agosto, viu algo que parecia um meteoro.
HEMISFÉRIO LUNAR – Mas a luz era, em princípio, verde-azulada, depois alaranjada. Parecia ter baixado num local a cerca de 800 m para leste de onde havia encontrado o disco pela primeira vez. Nesse caso ele não teve dúvidas: seguiu para lá e, ao chegar, viu o aparelho, e homenzinhos andando perto dele. Nesse segundo encontro, Bethurum se achava mais controlado. Perguntou à comandante de onde ela vinha. Esta respondeu advir de Clarion – segundo ela, um planeta localizado atrás da Lua e por isso desconhecido dos habitantes da Terra (o lado oculto da Lua era um dos lugares apontados por muitos que defendiam a origem interplanetária dos discos voadores, servindo de trincheira para as criaturas de outros mundos).
“Pelo visto, ou nós temos dois satélites girando ao redor da Terra com a mesma velocidade, ou ela quis dizer que vivia no hemisfério da Lua que desconhecemos”, especulou Bethurum, perguntando a respeito de como é a vida naquele lugar. “Nós não temos os aborrecimentos que vocês têm aqui”, disse a comandante na sua voz firme, alta e musical. “Não temos doenças, nem médicos, nem enfermeiras, nem sofrimento. Também não temos problemas ou classes sociais”, completou.
CONTATO REAL – Quando o disco se foi, Bethurum notou que o seu relógio havia parado. Em seu primeiro contato havia acontecido a mesma coisa, e o relógio tinha estragado. Quando retornou ao local onde o UFO estava, novamente contou o caso ao seu chefe, e escreveu à sua esposa pedindo para que ela viesse a seu encontro, pois não podia narrar-lhe o episódio por carta. Porém, ela respondeu que não estava disposta a ir, devido ao calor e alguns compromissos que assumira. Bethurum ficou desapontado, mas continuou em seu trabalho, até que, à 01h30 do dia 18 de agosto, o disco reapareceu pela terceira vez. Bethurum, enfim, lembrou-se de perguntar o nome da comandante. Chamava-se Aura Rhanes. Duvidando da realidade do que via, pediu permissão para tocá-la e, assim, certificou-se de que se tratava, realmente, de um ente de carne e osso.
Depois, desabafou, contando-lhe a respeito de sua vida e família. A comandante Aura revelou-lhe que era avó, apesar de sua aparência jovem. E, deixando os assuntos pessoais de lado, disse-lhe que podiam viajar a velocidades superiores à das estrelas cadentes, por exemplo. E também que podiam parar no espaço. E que aterrissavam em vários planetas e em diferentes lugares da Terra. Aqui, desciam para aumentar os seus conhecimentos e para renovar os tanques atmosféricos. No espaço, voavam fechados de forma hermética e perfeitamente isolados contra a temperatura exterior. As luzes coloridas dos discos apareciam devido ao oxigênio e a outros gases da atmosfera. Confirmou que vários outros planetas são habitados, provindo os UFOs de pelo menos quatro mundos diferentes.
“Marte é habitado, altamente industrializado e sua atmosfera é semelhante à da Terra. Os cientistas terrenos se enganam a respeito dos outros planetas. Provavelmente, se vivessem em outro corpo celeste, diriam também que a Terra era inabitável. Isso porque, até que se esteja relativamente perto de um planeta, nada se pode discernir nele, nenhum sinal de vida. A atmosfera forma uma espécie de lente distorcedora. O que se vê é uma reflexão, uma miragem da verdadeira superfície esclareceu Aura.
Indubitavelmente, isso não era novidade, nem mesmo naquela época. Bethurum soube que a tripulação do disco era constituída de 32 homens, cada qual com uma deter-minada responsabilidade e todos eles mestres em seus respectivos setores de atividade. Lamentando o estado de atraso em que via a Terra, a viajante de Clarion, com pessimismo, observou: “Mas, tão longe quanto eu possa ver no futuro deste planeta, a água em seus desertos será apenas a de lágrimas”. Após esse terceiro encontro, Bethurum quis convencer alguns companheiros a passar as noites no deserto com ele, para testemunharem alguma futura aparição, mas ninguém aceitou.
Na iminência de um próximo contato, ocorrido na noite de 25 de agosto, o construtor de estradas muniu-se de um caderno de notas, uma caneta esferográfica e uma máquina fotográfica caixão. A conversa não trouxe nada de especial. Quanto ao registro das imagens, a comandante objetou, alegando: “Eu sei que você quer mostrar algo aos seus amigos. Mas a foto mostrará apenas uma mulher num quarto. Não provará nada”. Causa maior estranheza, destarte, o fato de Bethurum não ter solicitado permissão para fotografar o engenho voador por fora, perdendo uma excelente oportunidade para obter um registro documental do disco, que parecia não estar desempenhando outra missão além de visitar, com desconcertante freqüência, o privilegiado contatado.
ÁCIDO CORROSIVO – Na saída, Bethurum perguntou o peso do disco. Bia disse, em tom de brincadeira: “Não é muito pesado. Você pode levantá-lo. Experimente”. Ele meteu o ombro esquerdo debaixo do aparelho, o qual se elevou a alguns centímetros do chão. Os outros tripulantes riram da sua experiência. A roupa, que ele mandou lavar, voltou dias depois com um pedaço faltando, como se tivesse sido corroída por um ácido: justamente no lugar onde ele havia apoiado o corpo no disco.
No dia seguinte, Bethurum estava em companhia de Whitey num restaurante em Glendale, quando viu, no outro extremo da sala, uma mulher e um homem. Eram, sem dúvida, a comandante Aura Rhanes e um dos tripulantes. Whitey, que já a conhecia pelas descrições que Bethurum havia feito, também ficou impressionado. Resolveram que Whitey sairia e, do lado de fora, esperaria até o momento em que os dois saíssem e os seguiria. Enquanto isso, Bethurum foi até junto da mulher e perguntou: “Desculpe-me. mas nós não nos encontramos antes?” Ela respondeu calmamente que não. “A senhora me lembra muito alguém que conheci em Mormon Mesa”, insistiu ele. Outra negativa. O homem não disse nada.
Truman voltou para o seu
lugar. Minutos depois, os dois tomaram o caminho da porta. A garçonete veio então dizer-lhe que “aquela senhora pediu-me para lhe falar que o conhece, que sente muito e que a resposta às suas perguntas é sim”. O casal já estava a alguns passos da porta. Bethurum voltou-se para pagar a conta e não mais os viu. Do lado de fora, ao sair, encontrou Whitey. “Onde estão eles? Por que não os seguiu?” O outro respondeu, desconcertado: “Eles não saíram. Sinceramente, Truman, não vi alma alguma passar por essa porta”.
PRODIGIOSA COMANDANTE – O contatado escreveu de novo à sua mulher, desta feita, contando-lhe todos os detalhes do falo. A resposta que recebeu foi decepcionante. Na melhor das hipóteses, ela considerava aquilo uma brincadeira de mau gosto. E, se não o fosse, achava que ele estava sendo afetado pelo calor. Ou então que estava zangado porque ela não atendera ao seu primeiro chamado e estava querendo provocar-lhe ciúmes, narrando encontros com uma bela mulher misteriosa.
Por outro lado, entre o pessoal da construção da estrada e das cidadezinhas próximas, a história tinha se tornado conhecida, e isso estava trazendo-lhe péssimos resultados. Muitos achavam que Bethurum mantinha encontros com agentes russos, e já havia boatos de que grupos armados vinham sendo organizados. Ele, que era antes um tipo alegre e social, estava se tornando um homem solitário e deprimido, cheio de preocupações.
O disco de Clarion não cessou, porém, suas visitas a Mormon Mesa. Nas noites de 05, 06, 16 e 23 de setembro, 02 e 12 de outubro e 02 de novembro, Bethurum teve o privilégio de reencontrar a comandante e os demais tripulantes, sem que conseguisse obter um só elemento de prova. A certa altura, o contatado teve o bom senso de perguntar à Aura por que ele, um simples mecânico, fora escolhido para esses encontros, quando havia tantos cientistas e tantas autoridades mais credenciadas para isso. Ela sorriu e explicou: “Bem, assim são as coisas. Nós procurávamos um lugar para aterrissar sem perigo e aconteceu de você estar por perto”.
Como Bethurum preocupava-se com o perigo que os estranhos visitantes corriam ali, pelo fato de haver, entre a gente da região, a crença de que eles eram mandatários de alguma potência terrestre com propósitos agressivos para com os Estados Unidos, a prodigiosa comandante replicou: “Nós não temos medo do seu povo, mesmo em multidões. Mas não queremos ser forçados a fazer-lhe mal. Nós sabemos como são as pessoas, quando vêem e ouvem coisas que não compreendem. O medo e o pânico produzem efeitos estranhos e perigosos. Por outro lado, o povo da Terra não pode nem imaginar os poderes que controlamos”.
Para exemplificar com qualquer objeto aquilo que aconteceria àqueles que hostilizassem os viajantes de Clarion, Aura Rhanes fez desaparecer, como por prestidigitação ou mágica, a lanterna elétrica de matéria plástica que, a pedido dela, Bethurum conservava sobre a palma da mão aberta. Certamente, como ela dissera, não matariam quem os atacasse. “Nós não os mataríamos. Nunca matamos ninguém”. declarou, limitando-se a usar seus poderes de desintegração material.
Numa outra ocasião, Bethurum estava numa cadeira de barbeiro, em Las Vegas, quando viu passar na rua uma mulher que, sem dúvida nenhuma, era a comandante do disco voador. Saiu feito um maluco, entretanto não mais alcançou aquela elegante figura. A razão dessas visitas às cidades nunca ficou bem esclarecida. De qualquer modo, lá pelo oitavo encontro. Aura disse a Bethurum que a Terra não apresentava quase nada de interessante para as civilizações dos outros planetas, a não ser nos últimos anos, com o advento da força atômica, pois em nossa ignorância poderíamos causar prejuízos incalculáveis aos outros: “Se vocês fizerem explodir o seu mundo, vai haver muita confusão em torno do espaço”. E naturalmente por esse motivo estavam nos vigiando com mais atenção e freqüência.
Como se vê, a enigmática astronauta não se mostrou muito lisonjeira para com o progresso terrestre, e porque nós supúnhamos ser – ó vanitas vaitatum – a maravilha máxima do universo. Ao mesmo tempo, o que pareceu penalizá-la não foi a explosão do nosso mundo, e sim a confusão que provocaria nos respectivos arredores espaciais. Querendo tirar a limpo a afirmativa que lhe tinha sido feita antes, de que eles podiam entender e falar todas as línguas da Terra, Bethurum pediu a uma moça de Glendale que escrevesse um bilhete em Francês, idioma que ele não compreendia. Num dos encontros com a comandante Aura, entregou-lhe o bilhete e solicitou uma resposta. Na mesma ocasião, pediu-lhe que escrevesse algo em Chinês. Os dois pedidos foram atendidos logo de imediato pela entidade.
RODAS OCAS – Ela respondeu à moça com uma correspondência, que era nada mais nada menos do que uma mensagem feminista, e rabiscou algo praticamente ilegível, que depois foi traduzido do Chinês, em que dizia: “As mulheres chinesas prendem seus maridos com correntes, caso não possam prendê-los com o amor”. Em outra ocasião, Bethurum teve conhecimento de que os discos voadores eram chamados pelos ETs de “rodas ocas” e produzidos com metais extraídos em Marte.
A viagem de Clarion à Terra tinha a duração de dois dias dos nossos. Os tripulantes do disco eram movidos por força magnética e tinham a faculdade de ver através das paredes aparentemente opacas. Notou ainda que em dois dos encontros, com exceção da comandante Aura, a tripulação era inteiramente nova. Certificaram-lhe de que vários outros planetas habitados tinham relações amistosas entre si e se comunicavam por linhas aéreas através do espaço. Mas o que interessava mesmo a Truman eram os pequenos detalhes.
Assim, ficou ciente de que lá em Clarion os veículos não podiam dar batidas, mesmo que os condutores quisessem, e que havia igrejas, escolas, danças e casamentos. Também que seus habitantes gostavam de nadar, passear etc, tal como aqui. Chegou mesmo a obter a promessa de uma viagem de fim-de-semana até o desconhecido planeta de onde vinha o disco, para ele e para um grupo de amigos, mas, peio menos. até o dia em que João Martins o encontrou no Monte Palomar, ele ainda não havia saído da Terra…
Os encontros com os seres do espaço acabaram depois que o seu traba
lho no deserto findou, e ele voltou para sua casa em Redondo Beach, na costado Pacífico. Aliás, terminaram em tempo, pois certa vez escapou por pouco de ser apanhado por um grupo de exaltados, que continuavam vendo nele um homem que se comunicava com agentes “inimigos”.
Sua esposa, por muito tempo, continuou a nem querer ouvir falar daquela história. Mas o caso foi se espalhando de boca em boca Jornalistas, cientistas e autoridades foram ouvi-lo, fizeram uma gravação da sua narrativa e ele se tornou uma figura famosa. Conheceu Adamski, falou numa convenção de discos voadores em Hollywood, e parece que toda aquela glória fez com que a sua mulher acabasse gostando do acontecimento. Escreveu um livro narrando as aventuras nos 11 contatos, ou melhor, deu elementos para que um “escritor fantasma” — Mary Kay Tennison, de Los Angeles – o escrevesse,já que seus recursos literários eram muito limitados.
Assim surgiu a obra Aboard a flying saucer (A bordo de um disco voador). Depois disso, e até 16 de janeiro de 1956, Bethurum anunciou ter recebido mais duas vezes em sua residência, em Prescott, a visita enigmática de Aura Rhanes. Numa delas, a “milenária” jovem do planeta Clarion aconselhou-o a fundar uma organização que levaria o nome de Santuário do Pensamento – uma espécie de seita que deveria congregar os que professassem idéias comuns com relação à paz mundial.
Truman Bethurum
NASCIDO EM 1898, o contatado era, antes de mais nada, um homem comum. Cheio de saúde, alegre, olhos vivos, com a pele queimada de quem passava parte do tempo trabalhando ao ar livre, não possuía uma educação aprimorada, nem uma elevação de espírito muito acentuada, embora também não fosse rude. Era simplesmente um tipo semelhante a milhares de outros, bom sujeito, simpático e estabanado, Em suma, um “americano médio”, típico representante do trabalhador especializado dos EUA, bem sucedido e satisfeito com o alto nível de vida que tinha.
Nasceu no Estado da Califórnia, numa zona de mineração de ouro onde seu pai andava em busca de fortuna. Quando Bethurum chegou à maioridade, tornou-se ajudante na oficina de ferreiro da família, que até então não tinha angariado lucros com a busca de minério. E ainda assim fez parte de vários grupos escolares. Mais tarde trabalhou em outras espécies de atividades, sendo até funcionário de fábricas de material de guerra. Casou-se, teve duas filhas e se divorciou. Posteriormente casou-se de novo, em 1945, e começou a trabalhar em construção de estradas, e em reparo e manutenção de máquinas.
HOMEM DIGNO – Certa vez, a Local Union n° 12, da International Union of Operating Engineers, em Los Angeles, deu a seguinte referência acerca de Truman Bethurum: “Este senhor é maquinista desde julho de 1942, trabalhando sob a nossa jurisdição. Nossas fichas o apontam como um homem digno e realista. Eficiente em reparos de material pesado e como soldador e mecânico. Sempre aceitou com satisfação empregos em áreas remotas e tem sido solicitado por empregadores por sua habilidade em manejar arcos elétricos e por seu trabalho da mais alta qualidade”. Trumam escreveu Aboard flying saucer, em 1954, considerado um clássico da Ufologia, pois se passou numa época em que os contatos eram eventos extraordinários. Sua importância principal é um exemplo de como os indivíduos têm tentado explorar o Fenômeno UFO em seu próprio benefício, aproveitando-se dele para atingir fama e sucesso pessoal.