O 521º planeta detectado fora do Sistema Solar foi anunciado nesta semana pela Agência Espacial Norte-Americana (NASA). O ritmo das descobertas planetárias já não espanta os cientistas, mas o vazio político nos assuntos supraterrestres começa a provocar algum incômodo.
Em artigo publicado nesta segunda-feira (10) via Internet, Mazlan Othman, diretora geral do United Nations Office for Outer Space Affairs [Escritório das Nações Unidas para Assuntos do Espaço Exterior, UNOOSA] e astrofísica, lançou um desafio aos Estados membros do Comitê para o Uso Pacífico do Espaço, para que façam chegar o dossiê a uma próxima assembléia geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
“Com tantos esforços para encontrar vida extraterrestre e inteligente”, defende Mazlan, “o assunto não pode continuar fora da agenda internacional”. E acrescenta, sobre o possível contato com outras civilizações, que “quando isso acontecer, teremos de ter uma resposta coordenada que leve em conta todas as possibilidades”.
A comunicação interestelar foi discutida pela última vez [Oficialmente(*)] numa assembléia geral da ONU em 1977 [Uma década antes, em 1967, foi selado o Tratado do Espaço Exterior] e a esta altura as recomendações pedidas ao comitê caíram no esquecimento [Oficialmente]. Até hoje a única mensagem com o aval global seguiu a bordo das missões Voyager, no mesmo ano.
O então secretário-geral das Nações Unidas apresentava-se como representante de uma organização de 147 Estados membros, logo, da maioria dos habitantes do planeta, e pedia paz e amizade em nome do povo da Terra.
Desde então, o trabalho está nas mãos de acadêmicos e há um acordo informal conseguido pela Academia Internacional de Astronáutica: se detectarem sinais de vida ou mesmo uma mensagem, e só quando houver certeza absoluta, os cientistas podem difundir a informação como entenderem. Não estão, contudo, autorizados a divulgar, muito menos responder.
Na edição especial da publicação Philosophical Transactions da Royal Society estão reunidos artigos discutidos num encontro sobre vida extraterrestre em Londres, há um ano. A urgência de um plano para lidar com eventuais extraterrestres é consensual.
Martin Dominik, especialista da Universidade de St. Andrews e autor da introdução, sublinhou que se trata de um projeto que vai demorar anos. “Podemos pensar que ainda é cedo para o fazer, mas, se continuarmos à espera, a certa altura será muito tarde”.
A opinião é partilhada por Iván Almár, do Observatório de Konkoly, na Hungria, e co-autor da edição especial, e por Douglas Vakoch, diretor do departamento de composição de mensagens interestelares do Instituto para a Busca de Vida Extraterrestre (SETI).
“Se finalmente detectarmos civilizações extraterrestres, os acontecimentos vão suceder de forma tão rápida que não haverá tempo para pensar com calma nos passos seguintes”, defende o especialista em transpor a essência da humanidade para algoritmos que poderão ser usados em futuras saudações interestelares.
O fato de já terem ocorrido fóruns de análises estabelecidos e legitimidade política pesam a favor da ONU como guardiã do dossiê, mas o fraco envolvimento dos últimos anos é criticado por todos. Na agenda do UNOOSA não está marcada nenhuma discussão sobre o tema para os próximos meses, mesmo o assunto tendo sido discutido recentemente.
O primeiro encontro continua sem previsões dos cientistas. Na segunda-feira (10), ao final do dia, Vakoch sublinhava, ainda assim, a importância da descoberta de um planeta rochoso tão parecido com a Terra. “As oportunidades de sucesso na procura de vida fora da Terra acabam de aumentar dramaticamente”.
O “porém” que por enquanto segue estas notícias voltou a constar do anúncio da NASA: os cientistas \’já sabem\’ que o Kepler 10b, como foi batizado, não está à distância certa da sua estrela para poder abrigar vida, pelo menos como a conhecemos.
(*) O certo é que o envolvimento da ONU com UFOs e possíveis acordos de lideranças mundiais sobre o desacobertamento gradual e efetivo da presença alienígena na Terra já foi tema de discussões bem embasadas extra-oficialmente e forneceu indícios positivos de que as nações estão se abrindo ao assunto, inclusive com a hipótese extraterrestre sendo adotada publicamente por alguns países na questão.