Com uma recente colisão entre satélites no passado recente, participantes de uma reunião em Viena, capital austríaca, realizada nesta semana, discutem maneiras de lidar com destroços espaciais – lixo que está entupindo a órbita da Terra. Alguns sugerem que uma faxina cósmica seria a melhor saída. Outros dizem que energia, recursos e tempo seriam melhor despendidos na redução da probabilidade de colisões futuras, melhorando a partilha de informações.
As discussões informais, nos bastidores de uma reunião do Comitê das Nações Unidas para o Uso Pacífico do Espaço, que começou no dia nove de fevereiro e termina neste final de semana, começaram a partir da preocupação com a colisão de um satélite russo abandonado e um satélite comercial ainda em funcionamento. O incidente de 10 de fevereiro, que ainda está sob investigação, gerou lixo espacial que poderá girar em torno da Terra e ameaçar outros satélites pelos próximos 10 mil anos.
O cientista-chefe da Nasa para detritos espaciais, Nicholas L. Johnson, disse que cerca de 19 mil objetos ocupam as órbitas alta e baixa da Terra – incluindo 900 satélites, mas a maioria do total, lixo. Ele estima que, nessa contagem de 19 mil, há cerca de 1000 objetos com mais de 10 centímetros que foram criados pela colisão da semana passada, além de muitos outros fragmentos menores. Ele prevê que, à medida que o lixo se acumula, a probabilidade de colisões semelhantes – hoje, muito raras – aumentará até 2050.
Para Johnson, a “verdadeira solução”, a longo prazo, é recolher o lixo, ou arremessá-lo para órbitas cada vez mais altas. “O ambiente de hoje é bom, mas vai piorar, e portanto preciso começar a pensar no futuro e como poderei fazer a limpeza”, disse ele. Johnson é um dos líderes do estudo da Academia Internacional de Astronáutica que explora meios de remover os detritos espaciais da órbita terrestre. Algumas das propostas parecem bem extravagantes. Uma delas sugere amarrar balões ao lixo espacial, aumentando seu atrito com as camadas superiores da atmosfera e acelerando sua queda. Outra, diz Johnson, prevê ligar um cabo de 16 km aos detritos, no qual seria gerada uma corrente elétrica que poderia ser controlada do solo para derrubá-los. Mas muitos cientistas se mantêm céticos quanto á possibilidade de uma limpeza.
O chefe da delegação britânica à reunião, Richard Crowther, sugere que tentar extrair o lixo do espaço é caro e perigoso, gerando o risco de provocar novas colisões que, por sua vez, produzirão ainda mais lixo. Crowther, um especialista em detritos espaciais e nos chamados objetos próximos à Terra, sugeriu que seria importante aperfeiçoar a partilha de dados sobre a localização dos objetos em órbita para minimizar as colisões futuras.