Não há tempo, nunca existiu nenhum tempo, e nunca haverá qualquer tempo. Tempo como uma coisa separada não existe. A linguagem, por ela mesma, parece desafiar nossas tentativas de entender o tempo; frases como: “o início do tempo”, ou “quando o tempo chegar”, servem somente para reforçar nossa intuição de que o tempo é eterno, que nunca poderia ter tido um começo. Podem existir diferentes variedades de tempo, como existem diferentes tipos de infinitos, mas o tempo sempre foi, é e deverá ser o tempo.
Para imaginar um tempo sem tempo, um espaço além do espaço — tempo sem eventos e o nada absoluto do espaço, puramente vazio — parece ser impossível e ilógico. Esses tipos de citações, meramente estranhas e curiosas, são destroços de um trem verbal ou elas escondem realidades que podem mesmo ser mais bizarras para o nosso cotidiano? Um jeito casual de supor coisas?
Mentes tão diferentes quanto as de Immanuel Kant, Kurt Gödel e Jorge Luís Borges têm, de um jeito ou de outro, negado a realidade do tempo passante. A ciência desenvolveu uma visão que nega a concepção de tempo de Newton como um recipiente absoluto em favor do tempo, como uma característica do espaço e da matéria, e dependente do movimento de um observador. A questão hoje não é se o tempo é real, mas como é o tempo real.
Mas nossa habilidade para pensar sobre o tempo ainda está equivocada pelo fato de que nós não podemos escapar completamente das idéias desenvolvidas historicamente sobre a natureza do tempo, pois ainda estão remanescentes em nossas mentes. Essas idéias são uma mistura de intuições e noções herdadas que constituem nossos pensamentos, da mesma forma que um programa incompleto de computador. Nós não podemos limpar nossas mentes e pensar de forma renovada sobre o tempo, pois nos encontramos dentro de um sistema de espaço-tempo que não compreendemos totalmente.
TEMPO: PASSADO, PRESENTE E FUTURO
Mesmo as antigas concepções metafóricas de tempo têm a virtude de captar alguns aspectos de como experimentamos o tempo, ou o que nós imaginamos que isto seja. O que a história de nossas concepções de tempo mostra é como uma idéia após outra foi tentada, e inadequada ao crescimento da física experimental, por restrições daquilo que nós imaginaríamos sobre o tempo, em favor do que poderíamos dizer sobre isto, de acordo com a melhor evidência experimental.
Assim como ocorre com os conceitos de espaço, as duas principais intuições sobre tempo são: o tempo é um recipiente eterno e absoluto no qual todas as coisas acontecem. O tempo não é nada por ele mesmo, e não pode ser entendido separado dos processos físicos. Variantes das teorias dos tempos relativo e absoluto têm tentado assimilar ou acomodar características um do outro, de várias maneiras.
Por exemplo, o tempo percebido é uma experiência local de mudança, porém, contrária a uma experiência de tempo absoluto. Os seres humanos sentem a passagem do tempo porque os corpos são nossos relógios correndo. Pare todos os relógios e a eternidade que, mesmo assim, outro tipo de tempo continuará. Em outras palavras, nosso tempo é um tipo de ilusão, requerendo percepção mental e matéria, como corpos com seus relógios internos, para experimentar os eventos. Porém, o tempo não é nada para ele mesmo.
Uma teoria puramente relativa do tempo dá um passo à frente ao reivindicar que não faz sentido falar da experiência do tempo absoluto, no qual o tempo flui, em primeiro plano, e todas as concepções de eternidade e tempo absoluto são meramente construções imaginativas, ilusões psicológicas, que ilustram nossa necessidade de finalizar o processo de questionamento. Tempo absoluto, como um universo fora do universo, simplesmente não faz sentido, não importa o quanto isto mexa com nossa imaginação. Não há nenhum modo, não existe uma forma empírica, direta ou indireta, de demonstrar essa realidade.
Para imaginar o tempo fluindo, pensar sobre isto como uma entidade separada de tudo o mais, é no mínimo uma maravilha de abstração, um longo salto da experiência dada, na qual o tempo é o sentido, como um peso sobre os ombros de alguém, ou velozmente, um curto suprimento, como se estivesse arrastando-se. A Monadologia, por Gottfried Wilhelm Leibniz, opôs-se ao conceito newtoniano de tempo e espaço absoluto, no qual, espaço e tempo são reais, recipientes infinitos onde tudo acontece — tempo sendo um recipiente infinito de duração e espaço, e de extensão.
Para Leibniz, o espaço-tempo de Isaac Newton era inexplicável. Sua alternativa para o espaço-tempo absoluto era uma teoria radical que não tinha que explicar espaço e tempo, a ação da gravidade sobre a distância, matéria, energia, ou qualquer coisa real com a qual um físico devesse tratar. Leibniz diz que a realidade é feita de mônadas pré existentes, entidades mentais que não têm extensão ou duração.
As mônadas — seres como você e eu — são indestrutíveis e existem eternamente, pois todas as coisas foram programadas por Deus. Elas têm sua experiência programada, que inclui todas as coisas que venham a nos acontecer – tudo o que nós chamamos de percepção e companheirismo de outras mônadas. Estas experiências programadas se entrecruzam, sem se encontrarem, para nos dar o mundo que nós conhecemos, no qual pensamos ver uma árvore ou receber uma chamada telefônica.
Nesse surpreendente monismo unificado esteticamente, todos os problemas para se explicar espaço e tempo aparentemente são abolidos. O tempo que nós experimentamos na Física de Leibniz é simplesmente a duração do programa que nos foi dado por Deus. Nós estamos literalmente em fita, experimentando um mundo fornecido por Deus — como se estivéssemos vendo isto de um jeito usual —, mas o mundo vivo de onde este foi gravado não existe. Não há nenhum mundo fora do programa que foi depositado dentro de cada mônada.
Eu tenho a percepção de outra pessoa programada dentro de mim e nós nos ajustamos desse modo. E desnecessário criarmos um outro mundo. Pois este é o mundo criado, tão real quanto ele consegue ser. E, no sentido do realismo ingênuo, esse mundo lá fora é tão real quanto qualquer outro mundo constituído de espaço-tempo e matéria poderia ser, desde que isto seja concedido por um agente externo.
A atração do mundo de Leibniz é que parece nos fornecer todas as respostas como “de que é feito o universo? Como ele funciona?”. Mas isso apenas nos leva de volta à necessidade de fornecer, desde que estes objetos mentais requeiram, no mínimo, uma explicação, assim como qualquer realidade material necessita. No sentido usual da realidade, nada existe absolutam
ente. Todas as coisas são feitas de substância mental.
Lembrando uma citação famosa de James Jean que diz: “O universo começa a se parecer mais com um grande pensamento do que com uma grande máquina”, o universo de Leibniz é a simulação perfeita, um jeito de ter um universo, sem ter que criar alguma coisa do nada. O único problema com isto é que não há uma verificação empírica desta verdade além da argumentação prévia. Contudo, podemos ser capazes de criar um universo para nós mesmos na realidade virtual do ciberespaço. E existem aspectos da Psicologia de Leibniz que podem ser úteis um dia. No entanto, os cientistas concluiriam que, na sua monadologia, Leibniz estava brincando.
Kant é menos subjetivista do que Leibniz. Para ele, espaço e tempo são as formas pelas quais a mente coloca as coisas dentro delas mesmas. Como essas coisas existem fora de nossas mentes perceptivas, elas não têm qualidades espaciais ou temporais dentro de si mesmas. O universo que vemos salta dentro da existência somente quando a mente trabalha, inconscientemente, em coisas como elas são — naquilo que chamamos de percepção. Esse não é um universo arbitrário, desde que não possamos simplesmente inventar o que percebemos. Somente coisas dentro de nós mesmos é que são absolutamente reais e infelizmente, desconhecidas. Albert Einstein parece pertencer a esta mesma escola idealista na qual a realidade é uma condição subjetiva de eventos, especialmente, na negação da simultaneidade.
EVENTOS SIMULTÂNEOS
Relógios separados um ano-luz, por exemplo, nunca poderiam ser sincronizados, porque a comunicação entre os relógios está limitada pela velocidade da luz. Similarmente, eventos que podem parecer simultâneos para dois observadores que estão juntos não irá parecer tão simultâneo para um terceiro observador que está distanciando-se deles, viajando numa velocidade que corresponde a de uma grande fração da velocidade da luz.
Mas, esse aspecto subjetivo da teoria espacial é deixado de lado na teoria geral, na qual a geometria do espaço-tempo é apresentada como uma realidade newtoniana literal – que serve para explicar a gravidade. Einstein acreditava num universo real e fora de nossas mentes, com o intuito de enfatizar os aspectos aparentemente subjetivistas em seu trabalho e esquecer os fundamentos da Física.
Subjetivista ou idealista, as tendências na história da Física são importantes, porque enfatizam de forma estranha, sobretudo, a importância do observador, a entidade que experimenta o esquema da realidade. Nós nos esforçamos para diferenciar o que está dentro de nós e o que está fora. Ou mais propriamente, entre o que nós imaginamos ser o universo e o que ele é de fato.
Entropia ou flechas do tempo, fluindo em uma direção somente, causam a precedência do efeito, e nossa realidade subjetiva – que nos foi dada – não pode ser modificada. Além disso, somos partes do universo e nossos esforços para entendermos devem ser levados em consideração. Nossos corpos são relógios, fixados por circunstâncias evolucionárias para um certo ritmo biológico. Nós vivemos dentro de um grandioso relógio, o universo, o qual está correndo abaixo, na direção da desordem e da morte quente, e mais lento do que nosso corpo relógio.
Se fosse concebível, o universo relógio poderia ser rebobinado após o grande colapso. A matéria comprimida, depois de o universo ter atingido sua maior extensão e gravidade, puxando a matéria de volta, poderia ser o processo de rebobinamento pelo qual a entropia é derrotada, pelo menos, para outro ciclo. Ou então, o universo poderia expandir-se eternamente, crescendo gelado e vagaroso, nunca sendo rebobinado.
O que nós chamamos de tempo começou com a expansão de nosso universo. O tempo anterior era diferente. Em algum lugar, deve existir uma eternidade que nossa intuição nos diz ser real, a fim de suportar os diferentes tipos de tempo. A alternativa é imaginar um tempo quando não existia absolutamente nada, nem tempo ou espaço, ou matéria — o que parece impossível para nós. Para evitar isso, imaginemos uma eternidade existindo necessariamente de alguma maneira, sem começo ou fim, apesar de muitos desejarem modificar isto interiormente. Na visão de Platão, a necessidade do tempo vem da nossa incapacidade de agarrar todas as coisas de uma vez só. Sucessão e mudança “é o movimento, a imperfeita imagem da eternidade”. O tempo é o relacionamento que nós temos com o universo. Somos um dos relógios medindo um tipo de tempo, mas animais e aliens podem medir isto de forma diferente. Nós mesmos poderemos ser capazes de modificar a maneira de marcar o tempo algum dia. e abrir novas esferas de experiência, na qual um dia atual representará um milhão de anos.
Mas, se nos fixarmos na relatividade geral, na Teoria Quântica e ondas mecânicas, poderemos fornecer respostas sobre a natureza do tempo, que são restritas a teorias físicas, experimentos e Matemática Descritiva. Apesar de que tudo isso não vem a satisfazer nossa ingênua intuição, a qual, como temos visto, está condicionada por um museu inteiro de especulações do passado.
O constrangimento da relatividade geral, da Teoria Quântica e das ondas mecânicas obriga-nos a rejeitar o espaço-tempo absoluto. O tempo não pode ser abstraído dos eventos físicos, que, de fato, são uma parte do espaço-tempo em expansão. Assim, fica separado do espaço-tempo, não podendo ser significativo ou estar além do nosso horizonte de compreensão. Num universo, onde nada está em posição de descanso, o movimento e a percepção da ordem causal (causa precede efeito) podem ser ditas fantasiosamente com a intenção de criar a experiência do tempo para observadores, como um pedaço de ferro gera um fluir de eletricidade quando passa através de um campo magnético.
Nós apenas podemos conhecer aspectos do tempo, mas não o próprio tempo, o qual é uma ilusão conceituai. Somente os aspectos específicos são reais. Absolutos, eternos, espaço e tempo infinitos podem existir, files não são impossibilidades lógicas, entretanto, nos fundamentos da Física, isto não é o que a ciência experimental descobriu. Vivemos em uma vasta esfera, ou melhor, numa máquina de espaço-tempo, a qua
l gera em nossas mentes uma sensação de espaço e tempo passante. Nossos corpos são padrões complexos de espaço-tempo (de acordo com Rudy Rucker) e são, de fato, máquinas do tempo, retendo aspectos do passado e pensando no futuro.
A superioridade da ciência de hoje, com seus métodos matemáticos e experimentais, acima da especulação pitoresca do passado, é óbvia neste intercâmbio. Num programa de televisão chamado Exposição Nordeste, onde algumas pessoas expuseram suas opiniões sobre o que é o tempo, alguns responderam que o tempo é uma roda, girando eternamente, ou que é um rio, ou o tempo é apenas o tempo… O senso comum e a intuição são derrotados. As duas primeiras citações, são pitorescas. A terceira é sem esperança. Ferramentas mais formidáveis são requeridas.
Vamos tentar de novo. Imaginem um carro de brinquedo movido peto vento, em descanso. O vento o movimenta. Fie corre uma certa distância e pára. A distância que ele corre, do início até o momento em que pára, é o tempo. Criado pelo movimento do carro através do espaço. Desta forma, tentamos descrever como o tempo é gerado.
ESPAÇO E GRAVIDADE: UM RELACIONAMENTO
O que a situação descrita fala, numa forma enérgica, é que o tempo, assim como o espaço e a gravidade, deve ser expresso como parte de um relacionamento cujos termos não podem ser definidos independentemente. O tempo não é compreensível como uma entidade separada. Esta é uma qualidade que emerge quando nós temos as condições iniciais do universo. Uma qualidade? Mas que é isto? Um termo num conjunto de equações? Este é o único tempo que nós podemos conhecer; tudo o mais é especulação e imaginação.
Que tempo há fora das condições de nosso espaço-tempo? Pode existir algum, e este pode ser o único. Ou o tempo absoluto reina eterno, num infinito super espaço, dando suporte ao nosso plano tempo real e nada existe fora desta realidade. Quando a ciência corre contra os infinitos, tenta eliminá-los. Porque uma proliferação de entidades acaba transformando-se em inimigos da explicação. Um infinito temporal e espacial está simplesmente além de nossa razão. A imaginação nos conduz ao interior de deliciosas e intrigantes confusões. Metáforas e semelhanças permanecem na base de todas as linguagens e podem ser pensadas como equações qualitativas, escritas dentro de um vasto sistema. Rudes e evocativas, elas são de uma visão matemática.
Equações matemáticas isoladas desconhecem quantidades e as fazem trabalhar com a dinâmica dentro de um relacionamento, com termos mais bem definidos do que nós conhecemos, mas não podem nos dizer o que são realmente esses termos, exceto o que eles fazem dentro desse relacionamento. Nós aprendemos o valor numérico de algo desconhecido, mas não o que isto é realmente. A resposta é sempre em termos de algo mais. A resposta para uma investigação cientifica, nos diz que isso é assim porque nós o temos medido e observado repetidamente, e leito predições que se concretizaram. Entre muitas possibilidades imaginativas e especulativas, nós encontramos algumas que comportam nossa experiência (um experimento de forma organizada).
ORDEM CAUSAL DOS EVENTOS
Em nosso universo, o tempo é a parte da ordem causal dos eventos. Podemos dizer que é formado por esses eventos em seqüência. Nossos relógios podem parecer arbitrários, mas todos os tipos de relógio que nós já inventamos parecem medir o mesmo tempo, e suas imperfeições nos permitem fazer correções, em relação ao que deveria ser a verdadeira medição.
Qualquer que seja o tipo de escala que nós utilizemos, o plano inclinado de Galileu será o mesmo. No entanto, nossos relógios são limitados, pelo fato de que nós estamos dentro da natureza e não podemos fazer observações transcendentais. Relógios são pane de um sistema que eles tentam medir. E fazem isso com relativa objetividade. Apesar de existir uma convenção, os relógios são genuínas escalas de tempo. Questões transcendentes falham quando tentam produzir respostas convenientes ou específicas, não sendo esse o caso da matemática experimental.
Nós podemos encontrar o método da matemática experimental em termos gerais de todos os aspectos de nossas vidas. Numa equação ou um caso amoroso, o contexto específico gera todo o significado. Quando nós questionamos coisas transcendentais, do tipo ideológico ou cosmológico, sentimos que elas não se adaptam à nossa experiência. Em ciência, a riqueza de termos específicos, derivados de observações, medições e experimentos, como também de uma definição arbitrária, dá-nos equações mais fáceis de serem manipuladas. De forma que poderemos fazer melhores predições para elaborarmos testes científicos. E, quanto mais estes termos específicos parecerem estar justificados, mais conhecimento contextual nós acumularemos.
Puxe um fio, e um braço inteiro de um traje pode se desfiar. Esta é a limitação de viver dentro de um sistema e a carência da luxúria de um ponto de vista incondicional. Em se tratando de uma questão transcendental como, “por que nada existe?” ou “o que existe fora do universo?”, as pessoas são levadas a suspeitar de que não existe nada que possa responder a essas questões. Tempo e gravidade são descritos dentro de um contexto e nada existe além disso. Não devemos esperar uma resposta que nos leve à fase fixa do universo e revele o trabalho atrás do lindo cenário. E então poderemos dizer: “era isso o tempo todo, que curioso! Eu nunca poderia pensar que fosse isso”. Não sei se nós ficaríamos satisfeitos se tivéssemos que nos defrontar com tal revelação. Seria algo específico e desapontador, colocando um fim à curiosidade e a todas as questões mais distantes.
A melhor percepção que conheço sobre a natureza do tempo vem de Hans Reichenbach, na obra A Filosofia do Espaço e Tempo, onde diz que o tempo é mais fundamental do que o espaço. Devemos finalizar reconhecendo que a ordem do tempo representa o modelo da propagação causal. Conseqüentemente, devemos descobrir o espaço-tempo, pois, durante todos os tempos, existe um sistema coordenador de espaço-tempo. o qual distingue direções espaciais e temporais. E isso é “complementado pela luz do mundo de tinhas. Enquanto for verdade que a ciência subtrai o conteúdo emocional, a fim de proceder a análises lógicas, também será verdade a ciência abrir novas possibilidades. As quais, algum dia. poderão nos levar a conhecer emoções nunca experimentadas antes”.
E a
inda, o que pode estar lá? Nós continuamos a perguntar, “além das funções das ondas de quantum mecânicas, pode se descrever um multi verso no qual o elétron nos conduz a todas as trajetórias possíveis?”. Na mesa do laboratório de Newton, talvez nosso multi verso, enclausurado numa esfera cristalina, sonha que é tudo.
UFO patenteado no Brasil: caso raro, mas verídico
Parece mentira ou, quem sabe, piada de mau gosto… Mas não. É verdade! Ainda duvidam? E se acrescentasse que foi um presidente militar da década de 60 que assinou o decreto, outorgando a um cidadão brasileiro a patente para construir um disco voador? Essa pérola descobri por acaso, arrumando meus arquivos, e foi publicada na revista Espaço e Vôo, ano II nº 2. Trata-se de uma matéria sobre pedido, no Departamento Nacional de Propriedade Industrial, no Rio de Janeiro, para a concessão da patente de invenção de um novo modelo de aeronave (disco voador) ao cidadão brasileiro Wander Rodrigues Vieira, no dia 4 de abril de 1961. No dia 11 de dezembro de 1969, era publicado no Diário Oficial, página 7463, o decreto do presidente da República, concedendo a patente ao senhor Wander.
É sabido que, para um registro comum, de qualquer patente, marca ou invenção, o processo é sempre demorado, para que se atenda às exigências indispensáveis de estudo, prazo, pesquisa etc. Imaginemos, então, o que não foi feito pelos técnicos daquele departamento com a patente do senhor Wander. Certamente, houve consultas aos mais especializados setores da Aeronáutica, e até, quem sabe, de áreas da administração federal. Mas o processo andou, mesmo que, para isso, tenha demorado nove anos. E, naquele dia de dezembro, o senhor Wander Rodrigues Vieira estava, portanto, reconhecido oficial e legalmente, pelo menos cm nosso país, como o primeiro brasileiro inventor de um novo modelo de disco voador.
Nunca se teve notícia de que esse aparelho houvesse sido construído. Porém, na extensa descrição que o senhor Wander anexou ao seu pedido de patente, consta que a característica principal do objeto era a de “dois discos iguais, superpostos, simetricamente opostos, sendo um inferior e outro superior (…) Ambos os discos são giratórios, de modo que o seu conjunto de engrenagem (que imprime os movimentos de rotação dos discos) e a parte inferior constituem o motor alimentado por meio adequado”.
O senhor Wander Rodrigues Vieira ainda explicou que seu aparelho funcionava através do movimento dos dois discos superpostos, cada um girando em sentido contrário ao do outro, o que não deixa de ser uma idéia genial. Em cada disco, havia remos e flaps alternados. “Os ditos flaps são constituídos por porções do disco que, acionados do interior da cabine, movimentam-se para cima e para baixo, móveis em torno de um eixo. Deixando, ao se movimentarem, uma abertura na superfície dos discos, por onde penetrará o ar atmosférico, possibilitando o controle ascensional do disco voador”, conclui senhor Wander no relatório. Além disso, no centro da nave, também estariam a cabine e o motor imóveis.
Apesar das tentativas de curiosos em saber, na época, se ele chegou a experimentar seu invento ou não, não se tem conhecimento desse fato, pois o senhor Wander sempre se recusou a dar entrevistas. Não ficamos sabendo se seu invento teria sido aproveitado de alguma forma. Ou para fabricarem aviões supersônicos, ou para que os extraterrestres se inspirassem no modelo do senhor Wander para construírem seus UFOs… Quem diria que o governo militar daquela época assinaria esse decreto? Afinal, não foram poucos os que, por muito menos, tiveram que sair, como já dizia a música, “num rabo de foguete”… Ou será que acharam o disco voador mais rápido e seguro?
Alberto Romero, consultor