
A essência da fenomenologia ufológica ou paranormal reside num corpo de evidências que não é facilmente descartável e que é realmente digno de estudos. Os cientistas convencionais, mesmo os mais tradicionais, reconhecem que um encontro confirmado com outras civilizações do universo seria o evento mais profundo da história da humanidade, que mudaria simplesmente tudo. E usam tal argumento para justificar os gastos que se fazem com o Programa de Busca por Inteligências Extraterrestres [Search For Extraterrestrial Intelligence ou SETI], por exemplo. Para muitos, tal esforço é respeitável, mas procurar por evidências de ETs tão perto de casa, como os ufólogos fazem, é uma perda de tempo, não importando quanto os dados confirmados sobre o Fenômeno UFO sejam intrigantes. Pensam que, afinal, como nós não podermos ir a outros sistemas estelares, alienígenas também não podem vir à Terra.
Este tipo de visão é uma forma preconceituosa de ver a situação, típica de mentes tão fechadas quanto a dos fanáticos religiosos, que nada admitem além das fronteiras de suas crenças – estas sim, altamente questionáveis. Nesta linha de raciocínio, é notório que muita gente argumente que a ciência é uma nova forma de religião, com seus mandamentos contra pensamentos ou comportamentos “proibidos”. No caso da fazenda do Utah, a obediência ao método científico tem sido uma regra – e uma necessidade. O conselho científico do National Institute for the Discovery of Science [Instituto Nacional para a Descoberta da Ciência, NIDS] tem pressionado enfaticamente a equipe de trabalho deslocada para a propriedade, insistindo para que apenas colete informações e não tente tirar conclusões precipitadas sobre seres extraterrestres carnívoros ou campos de pousos dimensionais para naves alienígenas.
O conselho do NIDS foi, inclusive, muito duro com seu próprio fundador, Robert Bigelow, exigindo dele uma justificativa sobre seu interesse na propriedade do Utah, a ponto de comprá-la por 200 mil dólares [Cerca de R$ 590 mil]. Bigelow, que raramente consente que informações sobre as experiências ufológicas e paranormais desenvolvidas com seu patrocínio sejam publicadas, mostrou-se excessivamente eufórico com o que vem sendo registrado naquele local. Mas até mesmo em conversas pessoais Bigelow é relutante em dizer o que pensa que pode ser a causa das absurdas ocorrências na fazenda. Ele, bem como seu pessoal, apenas afirma que mais estudos são necessários, antes de se poder chegar a qualquer conclusão. E provavelmente está certo. O físico nuclear Stanton Friedman não se cansa de repetir que, quanto mais extraordinários forem os fenômenos, mais devemos a eles nos dedicar. “Explicações ousadas precisam de evidências igualmente ousadas que as apóiem”.
Assim, então, é fácil entender o procedimento do NIDS e pensar em alguma relação de suas teorias e as ocorrências estranhas na fazenda do Utah. Seu pessoal não dirá o que se quer ouvir na comunidade ufológica norte-americana e mundial, que os eventos podem estar ligados a algum tipo de passagem para outras realidades e dimensões, e que aliens operariam tais portais. Isso parece muito esquisito, por mais que seja uma hipótese da qual não possamos fugir. Assim também pensam os membros do NIDS, e esta é a razão pela qual mantêm o assunto com o máximo de reserva. Mas, como infeliz reação ao seu zelo, acabam provocando na referida comunidade ira e frustração. E isso leva alguns de seus membros a espalharem boatos que só afastam a verdade, como aquele que alega que a instituição está ocultando grandes segredos, de que é um disfarce da CIA e que Bigelow almeja controlar o mundo com tecnologia alienígena.
Quando publicado nos Estados Unidos, este meu artigo teve o intuito de mostrar a realidade e objetividade da pesquisa conduzida na fazenda, e ajudar para que os rumores não venham resultar em danos à pesquisa, que tem seguido estritamente todos os protocolos científicos. Espero que o mesmo ocorra no Brasil. Em vez de serem criticados por seus colegas de outras instituições, os técnicos e cientistas do NIDS deveriam ser parabenizados por terem a coragem de prosseguir em áreas tão polêmicas, explorando novos territórios e aceitando os desafios. Afinal de contas, é assim que todo progresso é conquistado.