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Depois do início da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, que pede o fim do sigilo sobre a presença dos UFOs e seus tripulantes em nosso país, em 2004, algumas fases de importância inquestionável no processo acabaram por nos levar à reunião histórica de 18 de abril de 2013, no Ministério da Defesa, como uma espécie de consequência natural. Uma reflexão sobre o memorável encontro com militares das Forças Armadas naquele órgão nos faz avaliar toda a trajetória do movimento, desde os seus primeiros momentos até aqueles em que houve a adesão e participação dos principais ufólogos do país. Como se sabe, em pouco tempo a campanha para o fim do acobertamento já estava em todo o Brasil, em jornais, rádios, revistas etc.
Como primeira consequência desse trabalho, o comando da Força Aérea Brasileira (FAB) convidou a Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), em maio de 2005, para visitar as instalações do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta) e do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra), em Brasília, onde se pôde ver documentos registrando a presença de UFOs no espaço aéreo nacional. Em outro expressivo resultado da campanha, em 2007, protocolamos na Casa Civil da Presidência da República, do então Governo Lula, o chamado Dossiê UFO Brasil, no qual incluímos nossas primeiras solicitações agora com o uso da legislação. Foi apenas após essa medida que finalmente teve início a gradativa liberação de documentos antes classificados como sigilosos e secretos nos arquivos da FAB [Baixe-os aqui: ufo.com.br/documentos].
Difícil acesso
Apesar desses êxitos consideráveis, a verdade é que a CBU passou por um período de dificuldades na obtenção de confirmações oficiais de casos ufológicos de vital importância para a história passada e recente da Ufologia Brasileira. Ao mesmo tempo em que o Comando da Aeronáutica instituía a Portaria 551/GC3, em 2010, democraticamente determinando a remessa para o Arquivo Nacional de documentos ufológicos, os membros da CBU perceberam barreiras intransponíveis para o acesso aos arquivos da Marinha e do Exército, que ainda não se manifestaram. Apesar do trabalho do coordenador da Comissão, o coeditor da Revista UFO Fernando A. Ramalho, e do apoio do deputado Chico Alencar, essas armas insistiam em afirmar que não possuíam tais registros.
Após o histórico encontro estamos finalmente vivendo um novo tempo para a Ufologia Brasileira. Devemos agradecer a atenção que o Ministério da Defesa está dando à causa ufológica, o que nos garantiram partir de sua figura máxima, o embaixador Celso Amorim
Assim, a reunião histórica em Brasília era revestida de grande esperança, porque ali estariam integrantes tanto do Exército quanto da Marinha, os quais os integrantes da CBU poderiam questionar. Na ocasião em que isso ocorreu, foi solicitada a este autor uma apresentação sobre as dificuldades de acesso ao Caso Varginha e ao Caso Ilha da Trindade, de responsabilidade daquelas corporações militares, respectivamente. Minhas declarações foram dirigidas buscando a atenção do secretário de Coordenação e Organização Institucional do Ministério da Defesa e mediador do evento, doutor Ari Matos Cardoso, que se fazia acompanhar pelo diretor do Departamento de Organização e Legislação do Ministério, doutor Adriano Portella — meu objetivo documentos existiam e não eram uma simples ficção criada pelos ufólogos.
Em relação ao ocorrido em Trindade, ressaltei a importância da liberação de um inquérito militar produzido pelo serviço secreto da Marinha nas semanas seguintes ao incidente, ainda em 1958, que nunca fora desclassificado. Ele contém imagens obtidas pelo fotógrafo Almiro Baraúna documentando a presença de um objeto de forma discoide e entrevistas com testemunhas civis e militares que já haviam sido apresentadas em um programa sobre Ufologia na extinta TV Rio. Solicitei ao representante da Marinha presente na reunião ministerial de 18 de abril que levasse nossas solicitações ao seu Comando para uma possível busca por aqueles papéis, e estamos aguardando. Fiz o mesmo ao representante da Força Aérea, ressaltando que vários militares — incluindo o próprio comandante da Operação Prato, o coronel Uyrangê Hollanda — haviam nos informado que nem todos os arquivos relativos aos fatos constatados na Amazônia tinham sido remetidos para Brasília na ocasião do encerramento daquela missão militar.
Caminho aberto
Já em relação ao Caso Varginha, afirmei a certeza que temos da natureza ufológica do evento ao representante do Exército presente ao encontro. Descrevi o contato que tive com testemunhas chaves do evento e os depoimentos prestados por membros não só da Escola de Sargento das Armas (ESA), como da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros do Estado de Minas Gerais — todos envolvidos na captura e transporte de seres extraterrestres já mortos por instalações hospitalares daquela cidade. Também expus aos presentes que havia sido o responsável pela gravação em vídeo de um desses relatos, prestado por um membro do Exército que havia participado diretamente de vários momentos dos procedimentos. Este é, sem dúvidas, um material de conteúdo exclusivo e que deveria provocar alguma reação.
E de fato. Enquanto fazia a exposição, não foi difícil perceber a importância com que as autoridades civis e militares ali presentes passaram a ver o caso. Como resultado, no fim da reunião os membros da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) receberam a promessa de que seria criado um canal de comunicação direto entre o grupo e as Forças Armadas, por meio do Ministério da Defesa, para a busca não só de documentação de interesse ufológico como também do estabelecimento de mais transparência em todo o processo de pesquisa sobre o tema no país. Também ficou claro pela postura do coronel da Aeronáutica Alexandre Spengler, responsável pelo Serviço de Informações ao Cidadão do órgão, que o caminho para o entendimento estava aberto.
Após o histórico encontro estamos finalmente vivendo um novo tempo para a Ufologia Brasileira. Devemos agradecer a atenção que o Ministério da Defesa está dando à causa ufológica, o que nos garantiram partir de sua figura máxima, o embaixador Celso Amorim. “O ministro determinou que o assunto fosse tratado com toda a seriedade”, disse Matos Cardoso. Independente do que será conquistado a seguir, os ufólogos brasileiros saíram do encontro com a promessa de que documentos ainda hoje mantidos em sigilo ser&at
ilde;o liberados e enviados ao Arquivo Nacional em pouco tempo, onde estarão disponíveis para o público. Estamos aguardando estas providências.