“Se Condon, um dos mais ferrenhos céticos da questão ufológica, tivesse unicamente sido mais persistente; se sua execrável conclusão de que \’a pesquisa dos UFOs não tinha nenhum valor científico e justificativa para continuar\’ não tivesse sido algum dia emitida; se os preconceitos da ciência acadêmica não tivessem sido abalados, desde que se tentou desmentir a existência dos UFOs, em 1969, nada disso estaria acontecendo…”
Estas vigorosas queixas estão formuladas num notável livro do doutor Terence Meaden, recentemente publicado: The Circles Effect and its Mvsteries (O Efeito dos Círculos e seus Mistérios). Mas, ao contrário do que o leitor pode imaginar, as queixas e o livro não são de autoria de um ufólogo idoso, com algo perto de 4 décadas de ilusões em sua vida de ufólogo etc, Meaden é, na realidade, um estudioso inglês que se dedica á pesquisa dos fenômenos atmosféricos – normais. De reputação reconhecida internacionalmente, o Dr. Meaden é editor da publicação Journal of Meteorology (Revista de Meteorologia) e membro \’senior\’ da renomada entidade inglesa Tornado and Storm Research Organization (Organização para Pesquisa de Tornados e Tempestades). O impressionante em seus comentários, é que ele não os faz como um estudante apaixonado pelos UFOs, mas como um pesquisador sério, metódico, assíduo – por dez anos, aproximadamente – em todos os eventos que se realizaram no setor e, desde o princípio, um grande estudioso do fenômeno mais desconcertante e enigmático da década: os círculos que surgem inexplicavelmente nas plantações do sul da Inglaterra, os chamados “Crop Circles”.
Redemoinhos ilógicos e muitas dúvidas no ar
Normalmente, durante as estações anuais de colheita de trigo e outros cereais na Inglaterra, têm sido descobertas, em campos plantados e crescidos, estranhas marcas no solo, áreas curiosamente achatadas e “redemoinhadas”, sem que se tenha uma explicação lógica de como isso ocorre. O cereal, ao invés de ser quebrado ou amassado quando o círculo é feito (seja lá por quem ou por quê), é simplesmente inclinado quase ao nível do solo, paralelo a ele, e continua a crescer e a amadurecer quase normalmente. Dentro da área dos círculos nada se verifica de anormal, exceto os pés de cereais inclinados, e estes estão geometricamente dispostos com uma precisão impressionante: normalmente, cada círculo é uma circunferência desenhada perfeitamente no solo, como um desenho à lápis feito num papel com um compasso. Só que, no solo, o círculo é feito usando-se o cereal. Às vezes, ao invés de círculos, o desenho no solo desvia-se superficialmente para um formato oval ou ainda elíptico. E há um nítido destaque, uma clara separação entre as plantas (os pés dos cereais) achatadas e o restante do campo, que permanece intacto. Além de tudo isso, para complicar um pouco mais o quadro, algumas vezes são encontrados anéis em volta dos círculos ou grupos de círculos, ou grupos de círculos com anéis etc.
Em muitos casos, os anéis e círculos formam modelos distintos, como um círculo com um anel ao seu redor, ou um círculo com dois anéis, ou grupos geométricos de círculos e, algumas vezes até, formações quíntuplas ainda mais complexas. Cerca de uma dúzia de modelos básicos já foram registrados pelos pesquisadores, até agora. Desde que os primeiros círculos (ou formações) independentes foram relatados, em 1980, a cada ano tem surgido um número cada vez maior de relatos de novos modelos e, também, se constata um aumento significativo de ocorrências. As notícias sobre tais acontecimentos têm sido intensificadas especialmente nas localidades de Hampshire e Wiltshire, com uma marcante quantidade também perto de locais mais remotos como Westbury (também desde 1980), Winchester (a partir de 1981) e ainda com indicação de alguns eventos mais recentes na área de Avebury (desde 1987) – todos pontos situados ao sul da Inglaterra e considerados “assombrados”. Entretanto, temos recebido notícias frescas de novas evidências destas ocorrências, mas desta vez fora de tais áreas, verificadas desde antes de 1980. Isso faz com que o fenômeno passe a ter um histórico diferente do que antes supúnhamos, embora os círculos pré-1980, especialmente em Wessex, tenham sido pobremente documentados.
Um desafio aos cientistas e ufólogos mais ortodoxos
Existem enigmas, mesmo dentro do estudo ufológico (que já é um grande enigma em si), que todos os pesquisadores têm um dia que encarar. Nós, ufólogos britânicos e outros colegas de vários outros países, estamos tendo uma oportunidade ímpar para testarmos nossa sensibilidade e bom senso científico com esse fabuloso enigma dos círculos. É frente a desafios dessa ordem, seja ele ligado ou não aos UFOs, que os ufólogos têm a chance de reformular ou reestruturar suas teorias, abrindo espaço em suas mentes para algo superior ainda que tudo aquilo que já sabiam. Agora, para auxiliar nosso trabalho, 3 livros sobre os círculos foram publicados na Inglaterra, onde são feitas três abordagens distintas do problema. O primeiro livro é o de Meaden, acima mencionado e sobre o qual falaremos mais abaixo; o segundo é o Circular Evidence (Evidências Circulares), de uma equipe de dedicados pesquisadores de campo baseados em Hampshire, que tiveram de depender muito dinheiro e esforço para estudar o assunto, desde a década de 80 até agora – mas estão colhendo frutos de seu trabalho, diretamente, ao verem o livro fazer parte da lista dos mais vendidos no país; e o terceiro livro é o Controversy of the Circles (Controvérsia dos Círculos), da competente pesquisadora Jenny Randles e do ufólogo Paul Fuller, ambos do British UFO Research Association (BUFO-RA), ou Associação Britânica de Pesquisa Ufológica (Editor: alguns meses depois que este artigo foi escrito, dezenas de outros títulos sobre o assunto foram lançados).
O livro Circular Evidence é magnificamente ilustrado e contém as mais notáveis prestações de esclarecimentos sobre os tais “redemoinhos” e “desenhos” nas plantações onde os círculos se mostram – e é um indispensável guia de campo para observadores dedicados aos círculos neste e noutros países onde têm se manifestado (principalmente nos EUA, já que o fenômeno deu um salto transatlântico decisivo e passou a surgir até nos campos de grãos do seu centro-oeste). O livro especula amplamente a questão e contém o que se pode chamar de valiosas e corajosas sugestões de esclarecimento para boa parte dos “fenômenos estranhos” relatados por ai.
Fenômenos auditivos e luminosos observados nos locais dos círculos, comportamentos peculiares de diversos tipos de equipamentos, manifestações de poltergeits (Editor: expressão que quer dizer “espíritos brincalhões”, em alemão, e que rela
ciona o fenômeno com manifestações espíritas de desencarnados) etc, são abordados no livro para sugerir explicações aos círculos. Particularmente a questão da manifestação espírita é estudada no Circular Evidence, e é o tipo de coisa que perturba gravemente o sossego de excelentes organizações (eminentemente respeitáveis, por sinal) dedicadas a este tipo de estudo, como Society for Psychical Research (Sociedade de Pesquisas Psíquicas). Mas, mesmo assim, o livro é mais recomendado por seu valor gráfico e suas excelentes ilustrações, do que propriamente por seu rigor científico. Suas conclusões mais prudentes são de que “as respostas finais para o enigma dos círculos estão a grande distância daqui e de hoje”.
Os autores da BUFORA, Jenny e Fuller, emitiram uma boa quantidade de comentários basicamente céticos a respeito do assunto. Eles crêem que muitos dos grupos de círculos surgidos em Wessex (nome que podemos dar ao velho Reino Anglo-Saxão do sul da Inglaterra, inicialmente centralizado em Winchester) refletem a presença em Hampshire e em Wiltshire de pesquisadores de campo entusiastas, atingidos pelo excesso emocional e fanatismo intencional, perdendo seu bom senso e pendendo suas opiniões para concordarem com a imprensa nacional mais sensacionalista. Jenny e Fuller têm estado muito interessados em poder eliminar qualquer tipo de ligação que pudesse haver entre UFOs e os círculos – para tentarem, em vão, serem os primeiros a explicarem tais fenômenos – que não enxergam mais nada! Isso, a despeito de várias e conclusivas evidências de que este elo entre os dois assuntos realmente existe. Seu livro foi impresso antes que tivessem tempo para considerar as novas e revolucionárias teorias de Meaden, publicadas em seu livro, o que, acredito, deve tê-los deixado um tanto atrapalhados… Excesso de precipitação e ceticismo.
Precipitação e energia plasmática
Mas o livro crucial sobre o assunto dos círculos é o de Meaden, The Circles Effect and its Mysteries, no qual faz somente um apresentação que ataca diretamente o tema – e de maneira cientifica, baseada no complexo de problemas que os círculos representam. Meaden tem, desde o início de suas atividades no setor, procurado por uma interpretação em termos de física atmosférica, que é sua especialidade e qualificação. Mas, após o que parece ter tido vários pontos de partida nos anos anteriores, Meaden lançou uma teoria que agora postula firmemente: os círculos seriam provocados por um fenômeno atmosférico inteiramente novo, que denomina “plasmavortex”. Sua teoria não é aleatória, já que ele próprio viu, algumas vezes, uma força capaz de gerar uma grande bola de matéria plasmática que produziu estranhos fenômenos. Os detalhes desse assunto são de difícil compreensão e até visualização para os leitores não familiarizados com conceitos de Física Avançada, mas, mesmo assim, suas implicações são notáveis!
Se Meaden estiver certo, nossa atmosfera é capaz de produzir um efêmero e vigoroso redemoinho: um distúrbio com fortes propriedades elétricas, algo que um leigo compreenderia como uma analogia de algo entre um relâmpago em forma de bola e um mini-tornado. Dependendo das condições, esta transitória forma de energia pode se manifestar como um globo de luz, muitas vezes associado a sons. Pode ainda ser capaz de interferir com o sistema de ignição de automóveis e, talvez até, afetar testemunhas próximas. Descendo ao nível do solo, poderia, segundo Meaden, fazer um círculo num campo plantado, tal como os do sul da Inglaterra. E, mais vigorosamente, causaria danos mais violentos, em formatos circulares. Resta saber por que tais círculos se manifestam principalmente no sul da Grã-Bretanha e como possuem formas geométricas tão precisas, isso sem falar nos complexos pictogramas – figuras formadas por vários círculos, anéis e outras formas precisamente desenhadas – que passaram a aparecer de uns tempos para cá…
Redefinindo a Ufologia e os discos voadores
Em resumo, um bom meteorologista, cujo interesse único tem sido investigar círculos em plantações, terminou descrevendo uma enorme quantidade de fenômenos similares aos manifestados em observações comuns de UFOs, em todo o mundo – e sem saber que estava fazendo isso! Não podemos deixar de nos divertir vendo ufólogos de verdade como os integrantes do BUFORA, por assim dizer, tentando desfazer qualquer idéia de que haja uma ligação entre UFOs e os círculos misteriosos, enquanto um físico atmosférico que devotou toda sua vida à ciência tenta desesperadamente provar tal vínculo… É óbvio que os círculos nada têm a ver com o ridículo dos “homenzinhos verdes” que a imprensa sensacionalista publica desafinadamente, mas uma ligação com inteligências superiores é algo não só provável como muito possível! 0 BUFORA está, na realidade, diretamente interessado em manter a imprensa cercada por per iodos de estagnação, na tentativa de, mais tarde, sobrecarregar a si próprio com teorias simplistas para explicar os círculos. Fuller e Jenny reconhecem, agora, que o livro de Meaden oferece notáveis possibilidade para uma nova definição racional do fenômeno, talvez uma nova faceta do que nós entendemos por UFO.
Mas os extraordinários enigmas circulares permanecem e o “UFO plasmático de Meaden” ainda mostra uma extraordinária e inexplicada simpatia por certas áreas muito bem localizadas ao sul da Inglaterra. Isso sem mencionar que está havendo um capricho cada vez maior, de ano para ano, na elaboração dos círculos, e que o número destes tem avançado significativamente desde 1980 – o que sugere uma ampliação da grandeza desde fabuloso enigma. O ano de 1989 foi o mais pródigo até agora, mas 1990 não perdeu para ele, a considerar-se as estatísticas até hoje. Aliás, 1990 registrou mais ocorrências do que antes, principalmente na assombrada Wessex, e uma delas contradiz frontal e positivamente a declaração feita por Meaden sobre seu plasmavortex, de que tal fenômeno faria com que “anéis independentes ao redor de círculos fossem formados por forças que sempre giram num sentido oposto àquele dos círculos em si, fazendo com que as plantas fiquem inclinadas naquele sentido (oposto a como estão dentro dos círculos)”.
Teorias que desmoronam como castelos de areia…
Não tem sido assim tão fácil após junho de 1989… Outros novos modelos e conjuntos de círculos têm sido descobertos desde esta data, com formação absolutamente diferente das anteriores: alguns não são apenas círculos, mas elipses, retângulos, triângulos e trapézios, o que nos faz pensar em outras teorias. Aliás, tem sido assim desde o início: quando conseguimos achar alguma explicação que valha a pena e que dá
alguma consistência para a montagem de uma teoria, o fenômeno passa a se manifestar diferentemente, pondo abaixo as já tênues regras do jogo e forçando-nos a recomeçar. Meaden fez um trabalho excepcional, chegou bem perto de uma resposta mas, em poucos dias, viu desmoronar todos os seus argumentos com novos círculos que insistiam em contrariar as regras do jogo e se comportar diferentemente. Uma rápida passada de olhos por um álbum de fotos de círculos recentes nos coloca em situação absolutamente desagradável – isso nós, ufólogos, acostumados à situações constrangedoras. Pensando assim, não é de se admirar que a ciência acadêmica trema de medo só de chegar perto dos círculos (“Círculos? Que círculos?”, disse-me um cientista após mostrar-lhe um pequeno álbum…). Pessoalmente, em sã consciência, não podemos desconsiderar qualquer teoria e, de modo geral, até as sugestões psíquicas e espirituais relatadas anteriormente e defendidas por pesquisadores como Colin Andrews e Pat Delgado.
Necessitamos considerar todos os possíveis fatores envolvidos no mistério e localizar, urgentemente, outros ainda não aventados até agora -tudo para tentarmos explicar, da melhor forma possível, o que está acontecendo. Tudo isso pode ser algo simplesmente terrestre, algo preso às forças naturais da Terra (telúricas?); ou pode estar ligado à algo que, da Terra, atraia UFOs de algum lugar do espaço; ou ainda, pode ser que parte dos fenômenos sejam de fato os “UFOs-plasmavotex” de Meaden, ou algo que os atraia ao sul da Inglaterra. As “sombras”, segundo as teorias de Paul Devereux, publicadas no livro Earth-liqht, não estão fora de cogitação; como também não estão excluídas as teorias de Michael Persinger, as “Marfa Lights” (Luzes de Marfa) de Dennis Stacy etc. Tudo deve ser considerado, pois ainda estamos muito longe da verdade para nos darmos ao luxo de excluir esta ou aquela teoria. Talvez o plasma dos “UFO de Meaden” possua características mais fantásticas do que as que ele está divulgando até agora, como alguma inusitada habilidade para influenciar testemunhas humanas, por exemplo.
Termino este pequeno texto de alerta com a impressão de que vivemos tempos interessantes e que tudo isto demonstra que tal fase se prolongará por alguns anos (final dos tempos?). Clichês à parte, porém, creio que estamos à beira de novos avistamentos de UFOs em grande quantidade e que os círculos vão aumentar ainda mais, mostrando-se mais como sinais e mensagens fantásticas do que como efeitos físicos insensíveis e sem vida. Em nosso pequeno mundo, porém extraordinário e à beira da integração global da inteligência humana, é possível que os círculos representem um convite para que também nos integremos a “eles”.