
Vamos falar de um dos casos que você menciona em seu livro, o incidente no Aeroporto O’Hare, de Chicago. O que poderia nos dizer sobre ele? O Caso Aeroporto O’Hare, um dos mais movimentados dos Estados Unidos, aconteceu em 07 de novembro de 2006, justamente na hora do rush da tarde, quando há mais vôos chegando e partindo. Entre as 16h00 e as 16h30, pilotos, técnicos e mecânicos da empresa United Airlines, que operavam em várias posições em um de seus terminais, olharam para cima e viram um objeto de formato discóide pairando logo abaixo de um bloco de nuvens, a cerca de 600 m de altitude. Era um dia comum e com boa visibilidade, de cerca de seis quilômetros, e os ventos também estavam calmos, na casa dos 7 km/h. De acordo com as testemunhas, o disco tinha aparência metálica e seu tamanho foi estimado em algo entre 7 e 26 m de diâmetro. Ele pairava sobre a área do portão C-17 do terminal da United.
Como surgiu a notícia de que havia um disco voador sobre o local? Um piloto anunciou o avistamento para as tripulações de todos os aviões que estavam no solo, e um mecânico da United, que estava movendo um Boeing 777 de posição, escutou a conversa pelo rádio e também olhou para cima, testemunhando o fato. Em instantes, vários pilotos que aguardavam para decolar abriram as janelas de suas cabines para também verem o objeto — houve furor na base da United Airlines no O’Hare. Um funcionário da gerência recebeu por rádio uma chamada a respeito do disco e correu para fora para ver o que se passava, gritando para outros empregados. Foi ele quem então chamou o centro de operações da companhia e informou o fato para a Administração Federal de Aviação (FAA) dos Estados Unidos, para que tomasse providências. Em minutos o caso ganhou enorme proporção. O evento durou até 15 minutos, com muitas pessoas observando o disco, e então ele disparou a uma velocidade incrível e sumiu em menos de um segundo, deixando um buraco nas nuvens — do mesmo tamanho do objeto.
Você conheceu as testemunhas do caso? O que pode nos dizer sobre elas? São de alta credibilidade e que descreveram exatamente a mesma coisa: um disco pairando sem fazer qualquer ruído, que partiu em alta velocidade e produziu uma brecha nas nuvens. As únicas diferenças entre os testemunhos são com relação às estimativas do tamanho do UFO — entre 7 e 26 m de diâmetro — e no fato de algumas pessoas terem tido a impressão de que ele rodava sobre seu eixo, o que não foi visto por todos os observadores. Também existe uma gravação da chamada que uma supervisora da United fez para a torre de controle de tráfego aéreo, que foi liberada pela FAA.
O que contém a gravação? Um curioso diálogo. Ele começa com a supervisora perguntando ao pessoal da torre: “Ei, vocês viram um disco voador na altura do portão C-17?” Ela se identifica como Sue e podem-se ouvir as risadas do operador da torre, de nome Dave, e de uma segunda pessoa. “Isso foi o que os pilotos na área da rampa do portão C-17 nos disseram”, continua Sue. “Eles viram um disco voador pairando sobre eles, mas nós não o vemos daqui”. Mais tarde, Sue fez uma segunda chamada a outro operador na torre, e informou novamente que havia um disco voador sobre o portão. Quando lhe perguntaram mais a respeito, ela disse que era “uma coisa parecida com um UFO”. Sue diz na gravação que uma foto foi batida, mas a imagem nunca foi divulgada. Mesmo assim, o áudio é extremamente importante para a comprovação do caso.
O Caso Aeroporto O’Hare, um dos mais movimentados dos Estados Unidos, aconteceu em 07 de novembro de 2006, justamente na hora do rush da tarde, quando há mais vôos chegando e partindo
É relativamente raro pilotos comerciais se envolverem em ocorrências ufológicas, como essa. O que diz a respeito? Sim, é. Há um estigma entre pilotos e pessoal de aviação em geral, que enfrentam a possibilidade de que, se vazada, sua história pode chegar à imprensa e a companhia aérea na qual trabalham pode desaprovar suas manifestações públicas — talvez levando a sanções punitivas. Eles se preocupam em manter seus empregos, e por isso foi muito difícil extrair qualquer coisa das testemunhas do Caso Aeroporto O’Hare, apesar dos dados que validam o episódio e das legítimas preocupações com a segurança aérea expressadas por muitos deles.
Objeto físico e sólido
As investigações do caso já estão encerradas? Quais foram as conclusões a que se chegou? Houve autoridades aeronáuticas envolvidas? O National Aviation Reporting Center on Anomalous Phenomena [Centro Aeronáutico Nacional de Registros de Fenômenos Anômalos, Narcap], liderado pelo doutor Richard Haines, conduziu um estudo em profundidade sobre o episódio e concluiu que o disco voador visto sobre o O’Hare era um objeto físico e sólido, comportando-se de maneira que não poderia ser explicada em termos convencionais [Veja entrevista com Haines em UFO 168, agora disponível na íntegra em ufo.com.br]. O UFO penetrou um espaço aéreo restrito de classe B, ou seja, um grande aeroporto, e sem utilizar um transponder, instrumento obrigatório. O relatório do doutor Haines afirma: “Em qualquer situação em que um objeto aéreo paire por vários minutos sobre um aeroporto movimentado, mas não seja detectado por radar ou avistado pela torre de controle, isso constitui ameaça potencial para a segurança dos vôos. A identidade do artefato permanece desconhecida e uma investigação oficial do governo deveria ser realizada, a fim de avaliar se a atual tecnologia de detecção aérea é ou não adequada para proporcionar segurança no caso de um futuro incidente como esse”.
O que o doutor Richard Haines aponta é uma preocupação legítima, pois de fato poderia ter ocorrido um grave acidenteno local. Mas o que as agências aeronáuticas dizem a respeito? Inicialmente, um porta-voz da Administração Federal de Aviação (FAA) tentou explicar o incidente como sendo luzes do próprio aeroporto refletidas na parte inferior das nuvens. Entretanto, o fato ocorreu em pleno dia e os refletores do local ainda não tinham sido acesos! Em uma segunda tentativa, outro porta-voz descreveu o acontecimento como um “fenômeno meteorológico raro”, o que também não convenceu. Quando eu pedi mais detalhes sobre esta inusitada ocorrência ao porta-voz da FAA, ele disse que o que ocorreu no O’Hare foi um fenômeno de buraco nas nuvens [Hole-punch cloud], um evento natural incomum que ocorre quando cristais de gelo caem de uma nuvem que está acima, causando um buraco na que está abaixo. Entretanto, sabe-se que o tempo estava quente demais no aeroporto naquele dia para que isso ocorresse. Enfim, nenhuma das “explicações” faz sentido e a impressão que temos é de que as au
toridades aeronáuticas não realizaram qualquer investigação do fato e apenas forneceram desculpas quaisquer para o que aconteceu…