Os casos ufológicos envolvendo embarcações civis e militares abundam na Argentina. Um exemplo é o ocorrido com o navio mercante Naviero quando regressava do porto de Zëebrugge, na Bélgica, onde havia embarcado pólvora para fins militares, detonadores para a empresa YPF — a estatal argentina dedicada à exploração, refino e venda do petróleo e derivados, hoje Repsol — e colchonetes para a Aeronáutica. O Naviero seguia com tripulação de 40 pessoas quando, às 18h15 de 30 de julho de 1967, encontrando-se ao sul de Santa Maria Grande, a cerca de 280 km da costa brasileira, algo inusitado ocorreu. O capitão Julián Lucas Ardanza, com mais de 20 anos de navegação, jantava com a tripulação em sua cabine quando recebeu um chamado do primeiro oficial Jorge Montoya, da sala de comando, subindo imediatamente.
Ardanza observou que deslizava sobre as águas um objeto voador não identificado escuro que já vinha sendo visto por outros membros da tripulação, que faziam conjecturas sobre sua natureza. Não tinha periscópio, como os submarinos, e não podia ser uma baleia porque não demonstrava curvas ao movimentar o corpo — e ainda porque tais animais se afastam ante o ruído das máquinas dos navios. “Era um corpo sólido navegando e obedecendo as leis de velocidade e deslizamento marítimos”, disse o capitão, ainda que não fosse possível saber se era tripulado. O UFO era grande, tinha forma de chapéu e dele surgia uma densa luz variando entre azul-celeste e branco. Navegava à altura da proa do Naviero e desenvolvia seu deslocamento silenciosamente, sem produzir rastro, senão uma leve fluorescência. Ardanza estimou que teria 30 m de largura e 5 m de extensão.
Após uns 15 minutos, o misterioso acompanhante realizou um movimento de retrocesso, colocando-se à metade da altura do cargueiro, e então girou para direita, aumentou subitamente sua velocidade e passou por debaixo do casco. Temendo serem atacados, os marinheiros correram, mas ainda tiveram tempo de vê-lo desaparecer a grande velocidade. Calculou-se que a distância inicial do artefato foi de 30 m e que ele passou por baixo do casco do Naviero a uns 15 m de profundidade. A embarcação atracou em Porto Nuevo em 02 de agosto, às 23h15, e a notícia do avistamento foi transmitida pelo operador de rádio Elías Rabinovich às autoridades argentinas, como também brasileiras, por ter ocorrido dentro de nossas águas territoriais. O navio não contava com sonar para detectar corpos submersos e os testemunhos do fato foram os únicos registros disponíveis do episódio.
Desaparece um avião militar
Outra ocorrência estarrecedora se deu em 03 de novembro de 1965 com uma aeronave Douglas DC-4 pilotada pelos comandantes Renato Felipa e Miguel Moyano e levando 69 pessoas entre tripulantes, oficiais e cadetes da Escola de Aviação Militar Argentina, em viagem de encerramento de curso. O avião simplesmente desapareceu misteriosamente ao sobrevoar as selvas de Talamanca, na Costa Rica, local próximo ao famoso Triângulo das Bermudas. Em conferência dada meses depois, o oficial argentino Dante Cafferatta, ao relatar a perda de quatro aviões norte-americanos em 1958, falou do sumiço do Douglas DC-4: “O fato com as aeronaves dos Estados Unidos se deu exatamente onde desapareceu nosso avião com 69 pessoas a bordo. A Força Aérea revelou que a última mensagem do piloto dizia: ‘O rádio morreu’. E toda forma de energia da aeronave tinha desaparecido do nada”. O DC-4 voava sobre uma espécie de zona morta, exatamente a mesma onde tinham sido avistados discos voadores que, em princípio, pareciam atuar na selva profunda.
Cafferatta declarou ainda acreditar firmemente que os tripulantes, oficiais e cadetes da Escola de Aviação Militar, estavam vivos e foram raptados por extraterrestres. “Com ajuda militar ou sem ela, devemos tentar entrar em contato com esses estranhos visitantes para saber quem são e o que buscam na Terra”, disse. Embora suas afirmações sejam difíceis de serem comprovadas, elas causaram impacto no país. Tanto que, nove anos mais tarde, em novembro de 1974, por determinação do Poder Executivo Nacional, foram dadas ordens estritas de se impedir a emissão de qualquer comentário oficial sobre o ocorrido, e assim segue sem explicação o incidente.
Não obstante, o irmão de um dos cadetes envolvidos no acontecimento comentou anos depois suas suspeitas, que eram compartilhadas também por seu pai, de que militares norte-americanos souberam e investigaram o desaparecimento do Douglas DC-4. Isso suscitou uma polêmica envolvendo os Estados Unidos, desaparecimentos misteriosos de embarcações e o Triângulo das Bermudas. Chegou-se a cogitar que boa parte das histórias em torno do lugar pudesse ser mesmo verdade, mas que os EUA teriam achado um meio de se beneficiar de tais ocorrências montando uma operação de contrainteligência no local — uma hábil e eficaz maneira de ocultar toda sua ação bélica secreta que desenvolvia na região. Em outra ponta desta política estaria a manobra de acusar o regime de Fidel Castro de estar por trás dos sumiços, visto que Cuba também está próxima do Triângulo das Bermudas.
Disparos em alienígenas
Os fatos ufológicos progrediam na Argentina até que, pouco antes de 02h00 de 19 de julho de 1968, uma grande unidade militar próxima de Tapalqué, em Olavarria, província de Buenos Aires, foi iluminada por um forte clarão acompanhado de um estranho zumbido que ficava cada vez mais intenso. O cabo Sergio Menéndez, que nesse momento procedia ao socorro a seu companheiro de guarda do Segundo Regimento de Atiradores da Cavalaria Blindada, assombrado e acompanhado de outras testemunhas, advertiu o oficial de serviço sobre o raro fenômeno. Armados com metralhadoras e a bordo de um jipe descoberto, militares se dirigiram ao local do evento e observaram, com grande surpresa, que a poucos metros de altura havia um objeto ovalado fazendo evoluções e emitindo raios multicoloridos. Era plano e parecia ter “patas” curtas nas bordas.
De repente, com movimentos inteligentes e à vertiginosa velocidade, o UFO girou de forma vertical para reaparecer momentos depois atrás do grupo. Assim, interpôs-se no caminho da guarda, pousando próximo a alguns arbustos e detrás da pista de pouso e decolagem existente no local e utilizada em ocasiões de emergência — outras versões indicam que o artefato pousou na própria pista. Ao virarem o veículo para acompanharem as manobras do aparelho, os militares viram a estranha nave de cor prateada, que diminuíra sua extraordinária luminosidade durante um instante. Próximos dela estavam p
arados três seres de aspecto humanoide e com mais de 2 m de altura, usando uniformes prateados e demonstrando instabilidade ao andar, bamboleando em passos lentos. Fizeram certo gesto de avançar sobre os militares e, reagindo com o nervosismo do momento, o cabo Menéndez teria apertado o gatilho da metralhadora, disparando cinco tiros contra os ocupantes do UFO.
Os desconhecidos, então, levantaram suas mãos, nas quais havia pequenas bolas iluminadas. Estranhamente, no mesmo instante, os homens passaram a sentir grande cansaço e se viram incapacitados de utilizar novamente as armas, possivelmente como resultado da ação das tais esferas. De acordo com as versões obtidas do fato, todas coincidentes, os tripulantes teriam caminhado de novo para a nave sem que se pudesse saber se foram atingidos pelos projéteis disparados. Então entraram no UFO, que decolou a grande velocidade. Os militares recuperaram sua mobilidade e retornaram a Olavarria para relatar o fantástico acontecimento aos seus superiores. Encontrava-se de guarda o major Alberto Catani, e o chefe da unidade naquela época era o coronel Luis Máximo Prémoli.
O fantástico Caso Niotti
Uma ocorrência ufológica argentina envolvendo militares é especialmente interessante por três razões fundamentais. Primeiro, a testemunha foi o capitão da Aeronáutica Hugo Francisco Niotti, que na data do fato, 03 de julho de 1960, prestava serviço na Escola de Suboficiais de Córdoba. Niotti observou um cone escuro em posição horizontal e a baixa velocidade se dirigindo para o povoado de Yacanto. O objeto acelerou bruscamente, levando-o a percorrer vasta área em três segundos e à altura de 10 a 15 m. O militar teve tempo, no entanto, de realizar uma foto do artefato em filme de 35 mm. Em segundo lugar está a primeira análise da imagem obtida por Niotti, feita em agosto daquele ano por técnicos do Serviço de Informações da Aeronáutica. Os resultados foram surpreendentes: houve o registro factual de um objeto como o descrito pelo oficial. O formato de cone do UFO também foi notado na foto, porém poderia ser atribuído “à sensibilidade da película fotográfica por influência de radiações não compreendidas no espectro luminoso e de natureza desconhecida”, segundo o laudo.
Em terceiro lugar está uma segunda e final análise nos negativos de 35 mm, efetuada pela hoje extinta instituição ufológica norte-americana Ground Saucer Watch (GSW), por meio de um programa de análise computadorizada. A partir de sistemas de ampliação e reforço de imagens, como feita em fotos obtidas por satélites, o sistema torna coloridos os pixels da imagem original e analisa a densidade do objeto registrado, sua temperatura e projeção espectrográfica, assim determinando seu tamanho real e a distância que estava com relação à câmera. Desse exame se concluiu que Niotti fotografou um “aparelho autopropulsado volumoso, denso, constituído por ligas metálicas indetermináveis e com sistema de impulso não convencional, já que manifestava um halo periférico fortemente energético não semelhante a nenhum dos sistemas de transporte conhecidos”, conforme os resultados apresentados pela GSW.
São raros os casos de ocorrências ufológicas, especialmente com fotos, que passaram por exames tão rigorosos, e isso ocorreu não apenas com o Caso Niotti, mas também com vários outros episódios em que militares estiveram envolvidos com avistamentos ufológicos. O mais inusitado neste evento foi que os militares argentinos à frente das investigações, como os técnicos do Serviço de Informações da Aeronáutica, recorreram a uma entidade ufológica civil e norte-americana, a Ground Saucer Watch (GSW), que na época era dirigida por William Spaulding e estava em alta diante da Comunidade Ufológica Mundial por seu novo e revolucionário método de exame de imagens.
O que estamos investigando?
Saber o que são estas aeronaves não identificadas e altamente tecnológicas é preocupação compartilhada por todos, tanto por pesquisadores e organismos civis como militares. Assim, não seria estranho se juntássemos o melhor dos dois segmentos com a intenção de nos aproximarmos de uma resposta e termos, finalmente, conhecimento sobre algo que está mais além de nossa realidade cotidiana. Enquanto isso não ocorre, os pesquisadores civis vão acumulando grande volume de informações de fatos ocorridos no meio militar, que vazam de quartéis e bases aéreas permitindo se chegar a uma ideia mais completa sobre a presença alienígena na Terra. Entre tais dados, alguns qualificados como confidenciais pela Aeronáutica Argentina causam surpresa. Tratam-se de cinco casos já verificados e cujas fontes consultadas são tidas como absolutamente confiáveis — mas os nomes de seus protagonistas não podem ser revelados.
O primeiro episódio ocorreu em meados de abril de 1982, durante o conflito militar das Ilhas Malvinas [Ou Falklands, para os ingleses]. Três oficiais do Exército se deslocavam em um caminhão Unimog nas proximidades de Comodoro Rivadavia, província de Chubut, ao sul do país, quando o motor começou a falhar sem uma causa aparente. Já anoitecia quando os faróis do veículo militar, ainda rodando com problemas, iluminaram à frente três seres de aparência humanoide. A descrição das criaturas feita pelos homens a seus superiores é coincidente com a de seres que em Ufologia conhecemos como do Tipo I, ou seja, entidades pequenas, de aproximadamente com 1 m de altura e crânio superdesenvolvido.
Ao virarem o veículo para acompanharem as manobras do UFO, os militares viram a nave de cor prateada, que diminuíra sua luminosidade durante um instante. Próximos dela estavam parados três seres de aspecto humanoide e com mais de 2 m de altura
Ao notarem a presença do veículo, os três estranhos subiram em um aparelho similar a uma nave, que não emitia nenhuma luminosidade e permaneceu suspensa no ar a poucos metros do solo, projetando uma espécie de tubo ou corredor de luz que surpreendeu a todos. Os pequeninos flutuaram por aquele tubo e, em poucos segundos, algo semelhante a uma porta se abriu, eles entraram na nave e desapareceram de vista dos atônitos militares — de imediato o disco voador se distanciou, até sumir por completo. A conexão deste caso com o conflito das Malvinas está no fato de os militares serem combatentes. Naquela época, duran
te toda a guerra, foram incontáveis as ocorrências ufológicas registradas em toda a Argentina, em especial no sul, em locais mais próximos das ilhas.
Mancha nas telas de radar
A segunda história tem conexão com outros casos relatados em Bahia Blanca e no litoral da província de Buenos Aires, especialmente os ocorridos nas proximidades da Base Aeronaval de Punta Índio. Corria o ano de 1963 quando, em uma das muitas ações na região, um avião Gloster Meteor se encontrou em voo com um disco voador. O contato via rádio da aeronave com a base, para relato do fato, foi bastante precário, mas ambos os aparelhos — em princípio separados por uma considerável distância — eram captados com clareza pelos radares, sendo o UFO representado por uma “mancha” muito maior na tela. Em dado momento os “ecos” nos equipamentos da base começaram a se aproximar perigosamente, até que, para surpresa dos técnicos da torre de controle, as duas manchas na tela se converteram em apenas uma, que se afastou a grande velocidade, permanecendo fora do alcance dos radares.
Durante boa quantidade de tempo tentou-se rastrear o avião desaparecido. Porém, um mistério ainda maior envolveu o destino da aeronave e do piloto. Suspeitando-se que os radares estavam defeituosos, foram analisados e acabaram por se mostrar em perfeitas condições. Durante as investigações do incidente, descobriu-se que o piloto do Gloster Meteor havia atravessado uma espessa camada de nuvens antes de ver o objeto voador não identificado, o que impedia todo contato visual com o avião a partir da terra. Mas o UFO, por ser muito maior e brilhante, podia ser visto. O mais surpreendente é que os militares esperavam uma grande colisão entre a aeronave e o outro artefato, conforme iam se juntando os ecos na tela dos instrumentos, mas nada disso ocorreu.
Outra ocorrência se deu no início da década de 70 com um avião militar modelo Guarani com quatro tripulantes, que realizava voo entre a província argentina de Paraná e a Base Aérea de Morón, próxima de Buenos Aires, quando foi perseguido por um UFO. O piloto se recorda bem de como era a nave: elíptica e aparentando não ter luz própria, mas refletida, embora não soubesse precisar a partir de onde. Segundo seu testemunho, em dado momento, tanto ele como seus companheiros de voo “perderam contato com a realidade”, conforme se referiram a uma estranha sensação que tiveram, o que durou muito tempo, até que despertaram uns 200 km depois de onde ela havia começado e avistaram novamente o estranho objeto se distanciando de sua aeronave. É simplesmente surreal imaginar um avião com seus motores roncando atravessar a atmosfera ao lado de um silencioso acompanhante, com quatro homens inconscientes em seu interior.
As únicas recordações dos momentos em que o informante deste fato “perdeu contato com a realidade” foram dos instantes iniciais e finais do avistamento, já que as sessões de hipnose — que realizou por exigência de seus superiores, a fim de extrair tudo que tivesse registrado em seu subconsciente — misteriosamente não apontaram qualquer dado. Em poucas palavras, a memória da testemunha havia sido permanentemente apagada. Mas resta uma incógnita que ganha peso quando se observa que aquele tipo de avião não tem piloto automático. Como, então, seguiu voando na altura e direção corretas? Para os ufólogos mais antigos, o caso lembra o do piloto Carlos Nuñez, que em 1978 viveu experiência similar próximo ao Aeroporto Internacional de Acapulco, no México. Todavia, por se tratar de um piloto civil em voo comercial, transcendem outros detalhes, como a gravação feita pela torre de controle, na qual consta um diálogo com suposta inteligência extraterrestre que controlava a aeronave.
Sargento sequestrado no sul
Já o fato seguinte se assemelha, e muito, ao episódio chileno conhecido como Caso Armando Valdéz, o cabo do Exército daquele país que foi sequestrado por um UFO diante de seus homens, em um episódio que envolveu uma estranha aberração temporal. Trata-se de um acontecimento registrado em Pampa Del Castillo com três suboficiais do Exército Argentino que aproveitavam uma folga. O local se situa na província de Chubut, entre Colônia Sarmiento e Comodoro Rivadavia, no sul do país. Em determinado momento, já no início da noite, os homens observaram o deslocamento de uma nave com grande luminosidade, que pousou próxima do lugar onde estavam. Um sargento foi ao encontro do objeto, mas sua luz se fez tão intensa que obrigou os outros dois a fecharem os olhos. Quando voltaram a abri-los, descobriram que tanto a nave como seu companheiro haviam sumido — após procurá-los por um bom tempo, decidiram voltar ao quartel para relatar o fato aos seus superiores.
Três dias mais tarde, a 150 km do lugar dos acontecimentos, o sargento foi finalmente encontrado caminhando meio tonto e sofrendo um tipo de amnésia parcial. Submetido a longos estudos, sua mente se mostrava completamente desconectada da realidade. Mas o que ocorrera naqueles três dias? Nunca se soube. O homem permaneceu algum tempo naquele estado, sem se recordar de nada do que lhe acontecera, até que foi gradualmente voltando à normalidade — sem ainda, contudo, lembrar-se dos fatos. Hoje não se sabe mais de seu paradeiro e acredita-se que viva próximo daquela região.
Sobrevoo do navio
Eis agora mais uma história obtida em regime de confidencialidade com seus protagonistas. O fato surgiu a partir do contato com certo tripulante de um navio da empresa Líneas Marítimas Argentinas. Soube-se, então, que uma embarcação que sulcava o mar na altura de Guayaquil, no Equador, com pessoal argentino a bordo, começou a registrar uma falha inexplicada na sala de máquinas. Em poucos instantes, uma grande luz cobriu todo o navio, fazendo com que a noite praticamente se convertesse em dia. O capitão, sem esperar, decidiu ordenar todos os marinheiros para que vestissem seus coletes salva-vidas e saíssem a tempo de presenciar o impressionante espetáculo. “Era uma luz pequena que se deslocava indo e vindo da proa à popa e da popa à proa”, disse. A evolução do UFO durou cinco minutos, até que, da mesma maneira que havia surgido, desapareceu lentamente, perdendo-se no mar.
Por fim, o último caso a apresentar neste rol surgiu por meio de um Formulário de Informação Técnica sobre Objetos Voadores Não Identificados, um questionário que os militares argentinos usaram para registrar casos ufológicos ao longo dos anos, produzido pela Divisão Gráfica da Secretaria da Marinha e pelo Serviço de Inteligência Naval. O exemplar em questão tem a nume
ração 2.630 e sua primeira página contém o texto: “Este formulário foi confeccionado para você prestar toda a informação possível a respeito de avistamentos de objetos voadores não identificados, definidos como quaisquer objetos em voo que, por seu funcionamento e características aerodinâmicas, não possam ser descritos como projéteis, aviões e fenômenos atmosféricos conhecidos. As informações que você fornecer serão utilizadas com propósitos de investigação e consideradas confidenciais. Uma vez preenchido, este formulário deve ser enviado ao Serviço de Inteligência Naval, no endereço Rua Bartolomé Mitre 1465, Buenos Aires”.
Como se vê, trata-se de um questionário destinado a inquirir a população acerca de avistamentos, e estima-se que centenas — se não milhares — tenham sido preenchidos e repousem hoje em algum arquivo governamental. Até agora se conhece muito pouco do que a Marinha recolheu e investigou, mas alguns desses formulários vazaram e um deles merece citação aqui. Foi uma ocorrência registrada em julho de 1962, quando um estranho objeto voador desceu no aeródromo de Punta Chamba, na província de Corrientes. O diretor do local, Luis Harvey, ordenou imediatamente que se liberasse a pista de aterrissagem para o possível pouso. Em poucos momentos o artefato, que era perfeitamente redondo, se aproximou a grande velocidade, deteve-se no ar e permaneceu estável durante três minutos. Apesar de a Aeronáutica ter sido alertada, não foi tentada nenhuma interceptação. Porém, infelizmente, alguns presentes, excitados, correram em sua direção para olhá-lo mais de perto e o disco voador decolou e partiu.
Naquele mesmo ano, em 22 de dezembro, houve uma aterrissagem inusitada também no Aeroporto Internacional de Ezeiza, em Buenos Aires. Ao amanhecer, um DC-8 da companhia Panagra estava efetuando sua aproximação para pouso quando os pilotos se assombraram ao ver um artefato em forma de disco pousado no extremo da pista. Ao chamar a torre de controle, o capitão soube que o veículo acabara de aterrissar. E como o UFO estava bloqueando a pista, o capitão arremeteu para tentar outra aproximação em seguida, fazendo uma volta ao redor da área. Durante mais de um minuto o aparelho permaneceu em terra, iluminado pelas luzes de Ezeiza. Os pilotos do DC-8 puderam ver os veículos do aeroporto se aproximarem cuidadosamente do disco, mas ele se elevou lentamente e subiu até se perder de vista.
Triângulo também na Argentina
Em 1978, este autor publicou pela Casa Editorial Cielosur, de Buenos Aires, o livro, Triângulo Mortal en Argentina, no qual são descritas “janelas” insólitas ou hot spots de UFOs no país, análogos ao Triângulo das Bermudas. Para compor a obra, percorri milhares de quilômetros entrevistando testemunhas civis e militares, juntando grande quantidade de depoimentos. Um deles se refere a um acontecimento de 22 de maio de 1962, quando uma formação de aviões da Marinha que voava próxima da Base Aeronaval Comandante Espora, a poucos quilômetros de Bahia Blanca, observou vários objetos não identificados fazerem voos rasantes durante 35 minutos. O piloto Eduardo Figueroa viu um artefato alaranjado que se movia oscilante por debaixo do horizonte de seu avião. Ele tentou persegui-lo, porém o objeto escapou.
Já o também piloto Roberto Wilkinson, voando a 1.200 m, informou que sua carlinga foi subitamente iluminada pela luz de outro aparelho atrás do avião — o UFO então passou por debaixo da aeronave, perdendo-se de vista sobre a cidade. Durante a observação, o rádio da aeronave deixou de funcionar. Ao perguntar ao comandante da esquadrilha se via algo no céu, os funcionários da torre de controle ouviram-no confirmar que havia um disco ou objeto luminoso e circular ali, de cor alaranjada e diâmetro semelhante ao da Lua, a uns 30º sobre o horizonte da Bahia Blanca. O UFO então se deslocou para o sul, perdendo-se de vista e aparentemente submergindo nas águas do Oceano Atlântico.
Segundo o comandante, era uma luz pequena que se deslocava indo e vindo da proa à popa e da popa à proa. A evolução do UFO durou cinco minutos, até que, da mesma maneira que havia surgido, desapareceu lentamente, perdendo-se no mar
Em 02 de novembro de 1963, a partir da popa do navio da Marinha Argentina Punta Médanos, foi vista uma enorme aeronave que também não foi possível identificar. O imenso UFO era arredondado, movia-se a grande velocidade e não mostrava luzes de posição nem emitia o menor ruído. Quando surgiu, as agulhas das bússolas da embarcação se desviaram súbita e simultaneamente, apontando para o aparelho desconhecido — a energia que causou a interferência eletromagnética foi emitida pelo UFO, que, segundo o informe da Marinha, se encontrava a 2.000 m do navio. Quando o aparelho desapareceu, os indicadores voltaram ao normal e o comandante se comunicou por rádio com seu superior, que ordenou o Serviço Hidrográfico Argentino que efetuasse uma investigação. Novamente há indicação de que o veículo submergira.
Conexão entre UFOs e sumiços
Outro caso intrigante envolvendo militares argentinos ocorreu em maio de 1973, quando um avião de combate da Base Aérea de Puerto Belgrano, também a poucos quilômetros de Bahia Blanca, desapareceu sobre o mar sem que jamais se descobrisse seu paradeiro. O interessante é que, dois meses antes e dois posteriores, foram obtidas seis fotografias de corpos luminosos não identificados que sobrevoavam a localidade, precisamente no local do desaparecimento, aludindo a uma conexão entre os fatos. Comentários militares extraoficiais informavam que periodicamente os radares registravam ou pilotos em voo observavam e perseguiam UFOs sobre aquela região, sugerindo que o avião de combate que sumiu havia encontrado um. O desaparecimento foi o que desencadeou uma reação inesperada dos militares, que incrementaram as investigações que já realizavam das ocorrências ufológicas no país.
Em outra ocasião, na fria noite de 14 de agosto de 1965, um avião Lancaster procedente da Inglaterra e que havia feito pouso no Aeroporto Internacional de Ezeiza, em Buenos Aires, avançava pelos claros céus da província de Mendoza quando sua tripulação teve uma surpresa. Seu destino era Santiago, do outro lado das imponentes Cordilheiras dos Andes. Próximo da meia-noite, a aeronave sobrevoou o aeródromo militar de El Plumerillo e, minutos mais tarde, c
ruzava as montanhas. Até aí, tudo normal. Mas uma hora depois, a poucos minutos de deixar de ser monitorado pelo controle de tráfego aéreo argentino para passar para o chileno, o Lancaster passou a apresentar problemas e suas comunicações via rádio foram afetadas por uma estranha interferência. Entre chiados e ruídos dissonantes, chegava debilmente a voz do comandante: “Algo se passa com os instrumentos. Não podemos controlá-los”.
Nesse exato momento, junto com o crescente som do alarme da aeronave, uma voz solene e dura surgiu nos rádios da torre de controle de Santiago, de maneira forte e clara: “Stendek. Stendek. Stendek”. Esta é uma palavra que não tem significado algum em qualquer idioma ou dialeto da Terra. Porém, aos operadores da torre que a registraram, lhes pareceu uma ordem imperativa dada por alguém — se assemelhava a uma senha ou voz de comando que dá início a certa ação, mas não se sabe qual. Logo depois, o Lancaster desapareceu. Durante três semanas, aviões e patrulhas terrestres chilenas e argentinas, assim como uma esquadrilha de pilotos acrobáticos ingleses que se encontrava em giro pela América do Sul, participaram de uma busca infrutífera.
Mais mistérios ainda
Os militares perguntaram aos camponeses da vasta região sobre indícios que poderiam orientá-los a encontrar o avião, que se imaginava sequestrado e pousado em algum ponto das cordilheiras. Mas as respostas obtidas nada tinham a ver com qualquer aeronave, e sim com fenômenos e corpos luminosos inexplicáveis que os moradores rurais descreviam ver voarem sobre suas terras. O que eram eles? Surgiu também a hipótese de que o Lancaster fora arrastado pelos ventos e teria caído no Oceano Pacífico. Contudo, para tanto, deveria ter atravessado a zona mais densamente povoada e transitada do Chile, com corredores aéreos comerciais constantes e dezenas de aeródromos e pistas de aterrissagem, e em nenhum desses locais o avião foi visto — ele simplesmente não podia ter voado a uma altura da qual não pudesse ser avistado, já que teria explodido por descompressão e, então, haveria indícios de desastre.
Para adicionar mais mistérios ao cenário do desaparecimento do Lancaster, ele também não poderia ter evitado as barreiras de radar e teria que ser detectado. Por fim, também se pensou que a aeronave derivara pela cordilheira para o norte ou para o sul. Contudo, tanto os controladores aéreos argentinos como os chilenos informaram que qualquer corpo que se deslocasse sobre as montanhas não poderia deixar de ser rastreado. E o maior mistério: de quem seria e de onde viria a voz registrada pelos rádios da torre de controle de Santiago em idioma desconhecido na Terra? Enfim, não há nenhum fenômeno terrestre capaz de explicar o desaparecimento do Lancaster.