Ser ufólogo não é, como muitos pensam, uma ocupação simples ou mesmo inútil. A estes estudiosos voluntários e apaixonados do Fenômeno UFO deve-se praticamen-te tudo o que o mundo sabe sobre uma das questões mais polêmicas e importantes para a Humanidade: estar sendo constante e historicamente visitada por seres de outros mundos. Para informar a população sobre isso, pessoas de todos os tipos estudam, analisam e investigam detidamente nossos “visitantes”. Os governos, é lógico, estudam a matéria também, mas não se dignam a informar a população sobre seus achados. Os militares – a quem deveria caber a responsabilidade imediata de esclarecer o mundo sobre as visitas constantes de ETs à Terra – dedicam-se a reservar o estudo do Fenômeno UFO apenas a seus quartéis.
Os cientistas, como se sabe, arvoram-se em seus preconceitos pseudo-intelectuais e não querem ser vistos analisando (ou sequer considerando) a questão – as vezes o fazem apenas a nível individual e em segredo. Por fim, a igreja, aqui representada pelas maiores expressões religiosas de nosso tempo, excomunga a Ufologia assim como excomunga o demônio, com justificável receio de perder a razão em muitos momentos ditos “santos” de nossa história, que em realidade são ocorrências ufológicas mal interpretadas por nossos antepassados.
Os governos não in-formam a população o que sabem sobre os UFOs. Os militares mantêm a questão dentro de seus quartéis. Os cientistas arvoram-se em seus preconceitos e não analisam a questão. A igreja excomunga a Ufologia assim como o demônio. Enfim, todas as maiores forças do planeta têm interesse em manter a questão ufológica um mito
No meio desse jogo de empurra entre governos, militares, cientistas, religiosos etc, o trabalho de investigar o Fenômeno UFO fica mesmo é para um batalhão de abnegados que, sem recursos ou mesmo preparo adequado, descem e sobem morros e pastos atrás de testemunhos, fotos ou vestígios da passagem de UFOs. Já se disse sobre os ufólogos que, um dia, se a ciência tiver a humildade de reconhecer o Fenômeno UFO, esta terá que reconhecer também que deve muito a estes pioneiros. De qualquer forma, ninguém está sentado aguardando que isso aconteça: os ufólogos nunca páram: estão sempre em atividade. Mesmo num país com extremas dificuldades como o nosso, pessoas de todos os tipos – de contínuos a engenheiros – continuam a dedicar-se à apaixonante causa ufológica. Sempre que podem, vão ao campo para investigar casos in loco. Ou, se não podem, jamais deixam de fazer seus estudos de gabinete, que, em matéria de Ufologia, são tão importantes quanto a atividade anterior, já que o fenômeno permite várias formas de interpretação. Se alguém achar que pode investigá-lo num laboratório, que o faça. Se achar que pode analisá-lo num centro espírita, que o faça também. Tudo é permitido, desde que, quando apresentados os resultados, se veja que os experimentos foram feitos com honestidade e seriedade – isso se forem produzidos, de fato, resultados.
Resultados insignificantes – De qualquer forma, a Ufologia não é matéria simples: os ufólogos que realmente honram este título não têm vida boa. Trabalham – e muito – para atingirem resultados as vezes insignificantes, mas altamente compensadores, e devem estudar imensamente o assunto para poderem compreender um mínimo razoável do Fenômeno UFO. O ufólogo Carlos Reis, infelizmente afastado da pesquisa há vários anos, uma vez disse algo certíssimo sobre a mesma: “para entender alguma coisa sobre Ufologia, o candi-dato precisa, antes de mais nada, refazer seus conceitos sobre todas as coisas da vida, desde suas idéias sobre a sociedade até seus conhecimentos históricos, passando por suas experiências religiosas, políticas, científicas, culturais etc”. De fato! Se o candidato não tomar esta providência antes de ingressar na Ufologia, terá que fazê-lo, com certeza – embora com um pouco de dificuldade a mais –, quando estiver galgando seus degraus. Não há um único pesquisador do Fenômeno UFO que não admita que suas atividades nesta área o levaram a ver o mundo de forma diferente.
Por outro lado, costumamos dizer algo que tem muito a ver com o desabafo de Reis: “por mais que alguém conheça a fundo a Ufologia, esta pessoa pode ainda estar a anos-luz de distância da verdade. É como se, ao juntarmos tudo o que sabemos sobre os UFOs de uns 4 mil anos para cá, digamos, consigamos ter posse de apenas uma meia dúzia de peças de um fantástico quebra-cabeças. Um quebra-cabeças de mais de 1 milhão de peças…” Ou seja: nem todo esse esforço nos dará recursos para termos uma idéia completa do que é esse tal de Fenômeno UFO. Mesmo assim, os ufólogos não desistem, pois saber bem pouco sobre o assunto é melhor que saber nada sobre ele. E mesmo assim as pessoas que se dedicam à causa o fazem por uma necessidade interior, intelectual, espiritual e até transcendental de estarem envolvidos com uma questão tão palpitante. Afinal, o que pode ser mais importante para o conjunto de homens e mulheres que compõe esta Humanidade do que saber que estão sendo visitados por várias outras “humanidades”?
É querendo mostrar, nesta edição especial de UFO, o quanto o trabalho dos ufólogos é importante que apresentamos, como exemplo da persistência e perspicácia desses indivíduos, o caso da famosa foto de um UFO no Oregon, EUA. A foto em questão, apresentada nesta matéria, freqüenta congressos, publicações e livros de Ufologia há mais de duas décadas. Sempre, ao longo de todo este período, alguém esteve analisando-a e, nessa tarefa, revezaram-se dezenas de estudiosos e analistas de fotos ufológicas, além de sumidades no setor, entre elas até o próprio Dr. J. Allen Hynek. A história da foto é interessante. O ufólogo norte-americano Paul Cerny, reconhecidíssimo expert em investigação de campo, conseguiu a foto das mãos de um bio-químico californiano, em 1971. Este senhor, com títulos que vão desde Ph.D. até oficial da Marinha dos EUA, disse que a obteve em Willamette Pass, no Estado do Oregon, em novembro de 1966. Segundo seu relatório, que Cerny ouviu atentamente, o bioquímico apenas viu um UFO discoidal com uma cúpula superior, de cor esbranquiçada. Quando tirou a foto, no entanto, constatou que mais de uma imagem do tal UFO aparecia na mesma: ao todo, 3 imagens estavam visíveis, dando a impressão de que o objeto fez um movimento ascendente em extremíssima velocidade, dando ao fotógrafo a rara e inusitada chance de flagrá-lo em pelo menos 3 momentos, mas na mesma foto.
Foto bizarra – Isso é um tanto quanto bizarro, especialmente sabendo-se que o momento do acionamento da câmera – o “click” – &ea
cute; da ordem de menos de um centésimo de segundo, geralmente. Se alguém fizer o cálculo da velocidade do UFO, levando-se em conta seu possível tamanho, a distância entre as imagens do mesmo na foto e a velocidade do disparo da câmera, descobrirá algo perto de 6.700 km/h. Dezenas de estudiosos chegaram à esta conclusão e outros continuaram debruçados sobre a foto por muito mais tempo. Era a única no gênero e, certamente, transcendia a tudo o que existia antes. Assim, a foto tornou-se obrigatória em qualquer congresso de Ufologia que se realizasse, era publicada em capas de revistas pelo mundo afora e descrita em livros de autores renomados. Mesmo dada como absolutamente genuína até por Hynek, alguns ufólogos mais determinados continuaram desconfiando do bioquímico e de sua foto fatal, e não se cansaram em tentar descobrir meios para analisá-la melhor. Um dia, isso aconteceu.
Cerny, um desses desconfiados, conheceu um tal Dr. Irwin Wieder, um físico que se interessou pela foto de imediato. Segundo Wieder, ou a foto era uma fraude espetacular, ou era uma peça de evidência fantástica que, se explorada corretamente, poderia dar indícios do funcionamento ou dos meios de propulsão de UFOs. E pôsse a trabalhar na mesma. Tentou, tentou e nada conseguiu. Com o passar dos anos, já em 1982, desistiu de analisá-la e deixou-a de lado. Mas, por razões que a própria razão desconhece, em 1989 voltou a trabalhar com a imagem, desta vez determinado a provar que não se tratava de um UFO. A idéia era simples: se não conseguisse provar que não era um UFO, a foto tinha grandes chances de ser de um UFO de fato! Isso é apenas um exemplo do ponto a que pode chegar o trabalho de um ufólogo. Obstinado, Wieder tentou vários recursos para “desmascarar” a foto, até decidir interpretar melhor o testemunho do bioquímico que a obteve e que garantia, por todos estes longos anos, que a tinha obtido do lado de fora de seu carro – nunca com o veículo em movimento. Wieder, num lance de astúcia, ponderou que o bioquímico poderia estar mentindo, e que obteve a foto com o carro em movimento. Nesse caso, todos esses anos de investigação foram perdidos, pois se estudava a foto como se tivesse sido obtida sobre uma circunstância, enquanto foi obtida sob outra! Era como se, de repente, para desvendarem um crime, seus investigadores não soubessem se a arma utilizada pelo criminoso tinha sido um revolver calibre .22 ou .32. Assim como na história policial exemplificada aqui, na Ufologia as informações prestadas devem ser cuidadosamente checadas. Introduzia-se na pesquisa do Fenômeno UFO, assim, um detalhe importante: nunca se deve aceitar a credibilidade de uma foto sem que a do fotógrafo tenha a sua também examinada.
Contribuição inestimável – Wieder, um físico, deu imensa contribuição à Ufologia, mas não pára por aí seu trabalho. Ele começou a estudar meios de desmascarar a foto e, num de seus rompantes, imaginou que, se de fato o fotógrafo tivesse obtido a foto com o carro em movimento, o UFO poderia ser algo parado no acostamento de uma estrada. Assim, foi até uma fábrica de placas de trânsito em Salem, no Oregon, e descobriu qual era o tipo de placa sinalizadora que estava afixada no acostamento da região onde o tal UFO foi fotografado, em Willamette Pass, exatamente num ponto que indica o Pico Diamante (veja foto). Num segundo passo, analisou os relatórios meteorológicos de novembro de 66 e descobriu, pela quantidade de neve nos picos das árvores (neve esta que estaria até encobrindo parcialmente a placa da estrada), que o dia mais provável em que a foto foi tirada era o dia 22. Um verdadeiro trabalho de detetive. Aliás, em muitos aspectos a pesquisa ufológica ora pode ser comparada a um trabalho de detetive, ora com as atividades de um perito criminal, desses que lotam os departamentos de Polícia Técnica pelo Brasil afora.
De posse de seus dados, Wieder foi ao local indicado com seu carro e gastou alguns tanques de combustível e rolos de filme fazendo o movimento de vai-e-vem na estrada, dirigindo a várias velocidades e tirando fotos da placa em diferentes circunstâncias. Resultado: numa dessas fotos, apresentada no texto, aparece “um outro UFO” na região de Willamette Pass, desta vez sem neve! O físico conseguiu provar por A mais B que o que parecia ser o movimento ascendente do UFO nada mais era do que a imagem das linhas de texto da placa fotografada com o efeito de movimento do carro. E a cúpula esbranquiçada do tal UFO também tinha uma explicação prosaica: era apenas a ponta do toco sobre o qual a placa, de metal, está pregada. Como esta ponta é bem menor do que as linhas de texto da placa, é evidente que, com o carro em movimento, apareceriam em menor espaço na foto, como uma verdadeira cúpula.
Risos da ufologia – Resumindo: o tal bioquímico deve ter passado mais de 20 anos rindo dos ufólogos. A Ufologia demorou demais para compreender que precisava levar em consideração mais a palavra de um fotógrafo do que a beleza ou complexidade de sua foto. O valor do testemunho foi enriquecido e, em parte, os ufólogos passaram a ver que uma foto nem sempre vale mais do que mil palavras. Para se ter idéia, quantos ufólogos que defendiam a foto tiveram suas posições abaladas agora, com a apresentação do trabalho do físico Wieder no periódico Journal for Scientific Exploration (volume 7, n° 2, de 1993)? O próprio Dr. Hynek, falecido em 1986, deve estar se mexendo no túmulo… Enfim, apresentando esse caso aqui, de um fato que se repete às dezenas em todos os lugares do mundo, a todo instante, quisemos mostrar ao leitor o quanto o trabalho de um ufólogo é complexo e depende, além de muita obstinação, de esclarecimento e astúcia. Mais que isso, é um trabalho persistente e paciente, que o pesquisador deve desenvolver com imparcialidade, sempre avaliando novos pontos de vista. No caso da foto em questão, em vez de os ufólogos que a sustentaram serem humilhados por isso, eles próprios acataram as conclusões de Wieder e agradeceram a este a oportunidade de reverem suas posições. Com isso, evoluiu a Ufologia, evoluíram os ufólogos, evoluiu a imensa platéia ufófila que a tudo acompanha.
Esse momento que a Ufologia mundial e, em especial, a Brasileira estão atravessando é particularmente oportuno para revermos muitos de nosso conceitos. Um deles diz respeito ao divisor invisível e indeterminado de águas que separa a Ufologia Brasileira em Mística e Científica. Até então, a chamada Ufologia Mística ou Esotérica era reduto de fanáticos ou misticóides exagerados que, a título
de discutirem Ufologia, precisavam vestir-se de roupas extravagantes, queimar incenso e recitar mantras. Durante esse período, os ufólogos místicos foram justificadamente rechaçados da comunidade ufológica brasileira, embora continuassem a abocanhar grande fatia deste público – especialmente angariando adeptos com parafusos a menos na cabeça e grande carência emocional. No entanto, agora a situação é diferente mas não é diferentemente tratada. Hoje, a maioria dos grupos de Ufologia Mística do Brasil daquela época estão acabados e soterrados e, em seus lugares, surgiram organizações complexas e estruturadas, que interpretam ao pé da letra a mística e o esoterismo de grandes mestres, entre eles Helena P. Blavatski, e o aplicam à Ufologia de maneira comedida e séria.
A Ufologia Científica não percebeu o crescimento e a seriedade com que a Ufologia Mística trabalha. Fica se digladiando com os místicos num processo que resultará no parcial esfacelamento da Ufologia e conseqüente perda da qualidade das pesquisas.
Estes grupos proliferam em todo o Brasil e no exterior, são compostos de profissionais de várias áreas e profundos conhecedores de disciplinas paracientíficas, além de terem seu funcionamento regulamentado por estatutos e procedimentos apurados. A maioria deles tem sedes organizadas, membros cadastrados e operantes, personalidade jurídica e funcionamento exemplar e de dar inveja a muitos grupos de Ufologia Científica. Mesmo assim, esta outra corrente ufológica – científica mais por nome do que por método – ainda não parou para perceber o crescimento e a seriedade com que seus “concorrentes” tratam a matéria. Em vez disso, fica ainda se digladiando com a oposição, num processo que resulta no parcial esfacelamento da Ufologia e conseqüente perda da qualidade das pesquisas. Se os ufólogos ditos científicos se dedicassem a pesquisar novos casos com o mesmo tempo e afinco que empregam para combater os místicos, a Ufologia em geral seria a grande beneficiada. No entanto, perde-se um tempo considerável atacando grupos que, de formas não ortodoxas, tentam chegar ao mesmo resultado.
Fachada de picaretas – É certo – absolutamente certo – que ainda existem dezenas de agremiações místicas que não passam de fachada para atividade de picaretas de todos os tipos. Mas faz parte da evolução da matéria ufológica, e dos grupos e seus dirigentes, observarem a situação e terem condição de separar o joio do trigo. Se não conseguirem isso, ficarão eternamente onde estão, desprezando o trigo por não conseguirem tirá-lo do meio do joio. Nessa mesma linha de raciocínio, fica claro ver que a Ufologia Brasileira precisa – ou, mais que isso, merece – ser melhor tratada por seus representantes. Se estes têm a persistência e a força de vontade que demonstram em praticar o estudo do Fenômeno UFO, que continuem a aplicar tanto esforço na tentativa de atingir uma coesão na área. De qualquer forma, vemos o descortinamento de uma nova fase atingir em cheio a pesquisa e estudo dos discos voadores e seus tripulantes no Brasil e no mundo. A cada dia que passa fica mais claro que o objeto de nossas preocupações, os próprios ETs, faz parte desse processo, interagindo ainda de forma não totalmente compreendida com seus contactados e estudiosos. Enfim, estamos vivendo momentos interessantes de serem vividos.