O Fenômeno UFO, nem sempre apropriadamente definido através desta sigla, já que sua manifestação é mais ampla do que a mera presença de um objeto aéreo não identificado, tem sido tema de muitas discussões e controvérsias. Desde o primeiro avistamento confirmado, bem como após sua contínua incidência nos mais variados lugares do planeta, tal evento vem sendo estudado pelos ufólogos e sua manifestação tem sido noticiada pela imprensa e a mídia em geral, inclusive, às vezes, pelos órgãos governamentais. É certo que até agora não ocorreu uma resposta definitiva, de forma razoável e científica, como se deseja – aliás, explicação evitada por alguns e simplesmente desprezada por outros.
Enigma ou mito moderno, o fato é que o fenômeno é real, pois é objeto de minuciosa análise das autoridades, além de pesquisas de especialistas e técnicos, chegando a dividir suas opiniões. Buscam-se explicações dos mais variados tipos e graus, para que se obtenha uma resposta satisfatória ao nosso nível racional, diante de todo o conhecimento e tecnologia que a humanidade adquiriu, a bagagem psíquico-social que o homem carrega através de sua civilização e o desenvolvimento cultural armazenado nos longos anos de sua história. Assim, naturalmente, existem inúmeras teorias ou explicações para a fenomenologia ufológica, cujas teses implicam até na criação da humanidade por outras civilizações, bem como em nossa aptidão para a realização de um contato oficial – já que a tese mais difundida e provável é de que ditos objetos são tripulados por seres avançados não oriundos da Terra.
No afã da pesquisa e no período que representava o auge das maiores incidências do fenômeno, surgiram grupos e pessoas que passaram a divulgar tanto sua própria experiência quanto suas idéias, trazendo com isso uma nova mensagem – se é que podemos assim chamar – sobre o caráter e a intenção destes seres. E como não poderia deixar de ser, alguns defendem a posição de que não estamos preparados para um contato, devido à parca evolução espiritual dos humanos, enquanto outros trazem à tona a questão da insegurança representada por tais seres, através de uma hipotética invasão e da agressão à liberdade humana no caso das abduções alienígenas. Tais grupos e pessoas se caracterizaram por rótulos passados ao público, sendo muito conhecida a divisão entre a chamada Ufologia Científica, de um lado, e Ufologia Mística, de outro.
Esta célebre separação, um choque notório, provocou extensas polêmicas, inclusive rivalidades e até processos judiciais. Além do que, vários defensores do lado místico também se tornaram grandes aproveitadores da inusitada situação, ganhando dinheiro, fama e notoriedade com a exploração do tema e a pregação de suas teses. Paradoxalmente, os adeptos do chamado materialismo não se propunham a explorar economicamente a situação, e embora cobrassem por seus trabalhos, geralmente apresentados na forma de obras literárias e intelectuais, não formaram seitas nem quaisquer movimentos que viessem a solicitar valores de seus adeptos ou seguidores. Porém, também foram célebres e respeitados, aparecendo na mídia e em inúmeras reportagens sobre o tema. Alguns ocupam lugar de destaque em suas profissões – geralmente são físicos, professores, engenheiros, médicos etc. Entre os mais próceres encontram-se até grandes personalidades.
Defesa das convicções
Os adeptos ou divulgadores da Ufologia Mística sempre sustentaram a tese da boa intencionalidade dos seres extraterrestres, bem como sua evolução espiritual, baseados no visível avanço tecnológico observado no fenômeno e fundamentados na premissa de que tais seres, por possuírem avançado grau tecnológico, estariam muitos anos além do nosso estágio evolucionário – o que, em princípio, parece ter lógica. Isso se não fosse a evidência dos fatos que vieram se acumulando ao longo dos anos de pesquisa, inclusive com o surgimento das abduções ou seqüestros, que redundavam quase sempre numa história narrada e aprovada em pesquisas como tendo autenticidade. Como exemplos de casos em que se chancelou a veracidade dos alegados fatos estão as experiências sofridas por Antônio Vilas Boas, Betty e Barney Hill, Travis Walton, Charles Hickson e Calvin Parker etc.
Aliado a esta pureza de propósito por parte dos alienígenas, os chamados místicos divulgavam inúmeras mensagens, praticamente evangélicas em seu conteúdo, anunciando abertamente a necessidade de mudança comportamental do ser humano, fazendo um alerta quanto ao perigo das guerras nucleares e ao desrespeito ao meio ambiente, denunciando a falta de evolução espiritual das pessoas e a necessidade de um severo aprendizado e treinamento. Já os materialistas não diziam sim nem não, apenas procuravam entender o fenômeno – por si só insólito –, chegando a formular suas teses voltadas mais para o lado realístico dos acontecimentos, como as marcas deixadas no solo, os vestígios de uma aterrissagem, a comprovação dos efeitos físicos nas testemunhas, a influência eletromagnética, radiação etc. E no lado humano, o interesse do pesquisador ortodoxo prende-se à mudança comportamental do abduzido, bem como ao trauma resultante de sua experiência.
Predições futurísticas
Qualquer das duas correntes esperava uma resposta ou uma definição mais satisfatória para o início do chamado Terceiro Milênio. Os místicos difundiam a idéia de que nesta ocasião a humanidade já estaria mais preparada para fazer alguma espécie de contato – e já que a intenção dos extraterrestres era a ajuda ao planeta e ao ser humano, seria este o marco inicial da vinda de nossos “mentores espaciais”, com o propósito de aprimoramento vivencial e ajuda em nossa evolução. Já a Ufologia Científica não via nisso qualquer valor, mas paralelamente defendia uma evolução dos acontecimentos, pois o fenômeno se apresentava cada vez mais audaz, sendo a cobertura da mídia mais intensa do que nunca, as provas já fartamente acumulada, além da mudança de comportamento das autoridades governamentais, de militares e até de clérigos, que passaram a admitir a possibilidade de vida fora do planeta. Assim, a realidade do Fenômeno UFO foi se materializando. Mas, não havendo o que a Ufologia Mística preconizava, todos se decepcionaram, especialmente seus adeptos, que praticamente contavam com a grande revelação.
Sem qualquer explicação e curiosamente quase às portas da virada do milênio, o fenômeno recuou drasticamente em
todos os lugares do planeta. Uma das últimas e mais notórias manifestações, cuja repercussão atingiu nível internacional, foi o célebre Caso Varginha, de 20 de janeiro de 1996, que na época tentou ser explicado pelos maiores investigadores brasileiros, já que sua ocorrência se deu no sul de Minas Gerais. A região apresentava, pela estatística, alta incidência de manifestações ufológicas, levando sua intensidade a despertar o interesse de alguns ufólogos pátrios de altíssimo nível, como o líder da pesquisa varginhense, que lá sempre residiu, Ubirajara Franco Rodrigues [Veja entrevista na seção Diálogo Aberto desta edição].
Assim, a abstinência do fenômeno, até onde se sabe, não encontrou justa explicação na pesquisa, sendo certo que sua pouca ou nenhuma ocorrência trouxe um sério hiato nas teses dos ufólogos místicos, que se viram contraditos em suas predições para o terceiro milênio, já com vários anos de vigência. Também é fato que o apregoado contato extraterrestre em nível público jamais veio a ocorrer – e talvez nunca o aconteça, como defendem outros. Paralelamente a uma nova descoberta da pesquisa ufológica, a um novo avanço nas informações e a mais uma evidência comprobatória da existência real do fenômeno, sempre houve uma contra-informação, uma explicação – nem sempre convincente – apregoada pelas autoridades. Nesta área, elas quase sempre se expressaram através de suas Forças Armadas, notadamente a Aeronáutica, que é a instituição que detém o controle do espaço aéreo navegável dentro de nosso território. Tanto os serviços de inteligência desses órgãos como as chamadas agências de informação e segurança interferiram durante décadas diretamente na divulgação do Fenômeno UFO, evitando que ele se tornasse de conhecimento público e que fosse aceito como uma realidade contemporânea.
Se quisessem, ETs poderiam invadir nosso espaço aéreo quando bem entendessem
Se isso ocorresse, em seu raciocínio, haveria uma afronta direta ao sistema político mundial – inclusive ao sistema econômico –, bem como a toda forma religiosa de pensamento ou autoridade fundamentada em um sistema religioso. Por isso mesmo, é do interesse destes órgãos e instituições que a verdade não venha a público, devendo ser acobertada qualquer possibilidade de expressar a existência de seres extraterrestres. E muito mais ainda, qualquer prova ou notícia sobre um possível contato entre humanos e eles.
Mas não fica apenas aí o empecilho ao contato, que parece já ter acontecido em situações particulares ou individuais, bem como no nível colegiado entre os manipuladores das informações, podendo se acreditar que os visitantes alienígenas talvez também não desejem que sua presença seja conhecida ou aceita como uma verdade inquestionável. Segundo esta ótica, isso mudaria o conceito humano sobre a realidade do universo, como foi no passado a teoria heliocêntrica, por muito tempo protegida do público pelo comando dos povos medievais. A questão crucial é saber a razão da não existência de um contato oficial e quais as hipóteses para que nossos visitantes não se deixem aparecer em definitivo, à parte do interesse governamental de ocultá-los em definitivo.
Hipóteses plausíveis
Há várias décadas, quase no começo das pesquisas ufológicas, mas no auge da manifestação do fenômeno, os serviços secretos e alguns investigadores ligados a instituições governamentais informaram a seus superiores a realidade da presença alienígena na Terra, operada através de incursões de objetos voadores não identificados. Também relataram ao establishment o fato de que a intenção de nossos visitantes obviamente não era uma invasão e que eles não representavam uma ameaça de invasão da Terra – pois, se assim quisessem, já o teriam feito, devido à altíssima tecnologia por eles manipulada, que aos olhos da ciência parece simplesmente uma mágica.
Essas civilizações extraterrestres podem invadir nosso espaço aéreo quando bem entendem, chegando anônimos ao nosso planeta, como informam os serviços secretos. Assim, se aspirassem, sem dúvidas também poderiam fazer contato com o público, com as massas. E de nada adiantariam as forças antagônicas, a que nos referimos anteriormente, quererem abafar seu plano, pois a tecnologia que foi observada pelos próprios pesquisadores da fenomenologia ufológica chega às raias do inimaginável e poderia, sem dúvidas, neutralizar qualquer ação das forças terrestres opostas – como obstruir suas comunicações, parar seus meios de transporte, interferir nos mísseis balísticos etc.
Inteligências muito superiores
O documentário norte-americano Strange Haverst [Estranha Colheita, 1986] apresenta o caso de um militar que, servindo em uma base de mísseis nucleares nos Estados Unidos, esteve presente na ocasião em que um UFO pairou alguns minutos sobre as instalações, próximo a um dos silos atômicos. Seu depoimento dá conta de que, após o desaparecimento do objeto não identificado, os militares puderam constatar que a programação das ogivas explosivas havia sido alterada, sem qualquer explicação plausível. Isso também se verifica no extenso trabalho do ufólogo Robert Hastings, autor de Terra Vigiada [Código LIV-025 da coleção Biblioteca UFO. Veja artigo nesta edição]. Está aí a prova, para quem dela carece, de que estamos diante de inteligências muito superiores.
Aparentemente, são “eles” que não desejam um contato direto com a população terrestre, e quem sabe não possam fazê-lo por motivos biológicos, de contaminação ou qualquer outro impedimento físico. Podemos imaginar que uma ou mais civilizações existentes na vastidão do universo, milhares de anos adiantadas em relação ao ser humano, tenham passado por mudanças naturais em seu habitat, tais como explosões de estrelas ou resfriamento de sóis, de forma que tivessem que abandonar essas longínquas plagas para se aventurarem, em pequeno número de sobreviventes, na busca de outros mundos – talvez apenas realizando experiências necessárias à sua própria sobrevivência, já ameaçada.
Deste modo, em menor número, ainda que com avançadíssima tecnologia, um contato direto com as massas terrestres, que em nosso planeta representam bilhões de indivíduos, talvez possa ser altamente prejudicial para eles – e até temeroso, caso uma grande quantidade de pessoas venha
em um só momento se acercar deles e de seus incríveis aparelhos. Nossa reação poderia – e talvez seja – totalmente inesperada, no sentido de agredi-los ou danificar seus veículos. Assim como o ser humano detém supremacia sobre os animais inferiores, inclusive com o poder de vida e morte sobre eles, talvez nossos visitantes estejam para nós em uma escala evolutiva próxima desta comparação, não a ponto de nos extinguirem, mas de também nos prejudicarem sem intenção, o que nos faria reagir de modo abrupto, como formigas, pisadas no seu formigueiro, mordem nosso corpo, em nítido esforço de defesa.
Existem ainda outras teorias que podem explicar a razão pela qual um contato final com nossos visitantes extraterrestres ainda não tenha ocorrido, bem como o recuo do fenômeno nos últimos tempos. Deixando este tema para uma discussão futura, friso apenas que não parece ser apenas a falta de evolução espiritual do ser humano que impede tal contato. Segundo as pesquisas do renomado autor Zecharia Sitchin, especialista na extinta civilização Suméria, tal raça teria origem em um povo vindo do espaço. Isso encontra paralelo nas pesquisas de Javier Cabrera, que, embora médico, dedicou-se ao estudo das chamadas Pedras de Ica e concluiu ter havido uma civilização pré-incaica no Peru, que, além de conviver com animais pré-históricos, realizava até cirurgias de transplante de órgãos, cesarianas etc, com altíssimo nível tecnológico, dando uma reviravolta na história da humanidade. A este respeito, Cabrera publicou o livro As Mensagens Gravadas das Pedras de Ica [Melhoramentos, 1980], também formando um acervo de cerca de 12 mil delas em museu particular naquela cidade. Tudo isso também confirma os estudos de Robert Charroux, apresentados em seu livro a História Desconhecida dos Homens [Círculo do Livro, 1981], que defende ter havido forte interação entre homens e ETs no passado.
Portanto, se essas teorias estiverem corretas, sem dúvida a humanidade foi abertamente visitada por estes seres quando ainda não possuía elementos suficientes para entender o que significavam tais visitas e nem quem eram os forasteiros – que foram considerados verdadeiros deuses, como os tratou Erich Von Däniken, autor de Eram os Deuses Astronautas? [Melhoramentos, 1970], inaugurando discussões sobre este aspecto da presença alienígena na Terra que até hoje se encontram em aberto. Tudo isso exposto, pode-se facilmente concluir que o tão aguardado contato final será infelizmente adiado indefinidamente, a contragosto de todos nós, para ocorrer apenas e tão somente quando desejarem os alienígenas.