
Estava sentado numa cadeira plástica, no meio de uma grande escuridão. Havia ao lado todo um conjunto de artefatos eletrônicos amarrados ao meu tórax e braços. Microfones, câmeras, uma caixa que detecta mudanças magnéticas e um contador Geiger etc. Em algum lugar desse aparato também havia uma lanterna à pilha, o único dos dispositivos sobre os quais entendo alguma coisa, mas que não conseguia encontrar. À minha frente, quase conseguia distinguir algumas árvores verdadeiramente esquisitas. Insetos malévolos estavam perturbando meus olhos e ouvidos, neste canto remoto do Utah.
Há pouco mais de 100 m, além de uma cerca de arame farpado, estavam meus colegas estudiosos da paranormalidade, equipados com suas próprias câmeras de vídeo, óculos para visão noturna e outros dispositivos semelhantes. Eles tinham o papel de me vigiar para ver se algo acontecia. Naquela noite, eu era a isca. Mas isca de quê, me perguntava. A esperança não verbalizada na minha própria e inerente estranheza do que estava ao meu redor era o que podia me fornecer algum tipo de conexão com uma certa energia ou entidade inegavelmente estranha, que parecia ter se concentrado naquela comunidade rural remota – e, em particular, nesta pequena fazenda onde me encontrava sentado naquele momento, à espera de algo que anunciasse sua presença. Alguns eventos estranhos aconteceram no exato local em que estava. Foi bem ali que um visitante foi abordado por uma criatura quase invisível que rugia, algo parecido com o predador das telas do cinema.
Foi ali, também, que um doutor em física relatou que sua mente fora invadida e literalmente controlada por algum tipo de inteligência hostil que o advertiu que ele não era bem-vindo no local. Foi ali também que um grupo inteiro de pesquisadores assistiu, com assombro, a abertura de uma porta ou portal brilhante, de onde uma criatura humanóide surgiu e se arrastou rapidamente, antes de desaparecer. E também foi ali que diversos animais – gado e cães – foram mutilados, obliterados ou simplesmente desapareceram.
Foi ali que um visitante foi abordado por uma criatura quase invisível e onde um doutor em física relatou que sua mente fora invadida e controlada por algum tipo de inteligência hostil, que o advertiu que não era bem-vindo
Há muito tempo, pelo que qualquer residente do local se lembraria, esta parte do nordeste do Estado do Utah tem registrado uma atividade paranormal simplesmente inacreditável. UFOs, mutilações de gado, manifestações psíquicas e eventos poltergeist se misturam com a observação de criaturas que não podem ser encontradas em nenhum zoológico ou livro, tais como o sasquatch [Yeti ou pé-grande]. O que o leitor puder imaginar, os residentes daquela localidade já viram. O professor aposentado Junior Hicks é uma espécie de historiador informal da região, registrando todas as coisas esquisitas que lá acontecem. Ele catalogou cerca de 400 incidentes insólitos, na maioria envolvendo avistamentos de UFOs. Mas afirma que milhares de outros casos já ocorreram, não podendo ser registrados. Hicks estima que pelo menos metade dos 50 mil habitantes da região já viu coisas estranhas no céu. Na categoria de discos voadores, lá são comuns as naves em formato de charuto, bolas de luz em zigue-zague, pratos de cor aluminizada etc. São tantos objetos diferentes que a polícia local e a patrulha rodoviária pararam de registrar os casos há muito tempo – e muitos também foram testemunhas dos fatos. O próprio Hicks e membros de sua família tiveram contatos com UFOs ao longo dos anos.
ETs no Folclore Indígena
“A atividade ufológica na região começou realmente a se intensificar no início dos anos 50”, afirma Hicks. “Já houve ocasiões de uma escola inteira – todos os alunos e professores – ver estas coisas pairando sobre a cidade, em plena luz do dia. Nos anos 60 e 70, provavelmente, tivemos mais avistamentos de UFOs que qualquer outro lugar do mundo”. Porém, a ampla gama de fenômenos incomuns nesta área do planeta vai muito além dos incontáveis eventos ufológicos. A tribo indígena Ute está na localidade há muito mais tempo que os colonizadores brancos, e os líderes tribais estão relutantes em falar com forasteiros. Mas sua tradição, transmitida oralmente, é repleta de relatos de estranhas criaturas e avistamentos de curiosos objetos celestes. O folclore indígena do Utah se refere a alguns destes seres como Skinwalkers, enquanto outras culturas os chamam de transmorfos, lobisomens ou pés-grandes.
“Os utes levam isto muito a sério”, diz Hicks. “Eles acham que os Skinwalkers são espíritos poderosos que estão aqui por causa de uma maldição jogada sobre eles pelos navajos. E o grande centro desta lenda é esta fazenda. Os utes dizem que a fazenda é o ‘Caminho do Skinwalker’”. Os membros da tribo são estritamente proibidos de pisar na propriedade, e assim tem sido por muito tempo. A fazenda em questão é constituída de 192 hectares de pasto rico e bem irrigado e de algumas áreas cobertas de algodão. Ela é dividida em três partes, cada qual com uma casa de fazenda. Há um matagal alto e um riacho de um lado da propriedade, e um cume rochoso e pitoresco do outro – o Cume do Skinwalker, como é chamado pelos utes. O único caminho para dentro ou fora da fazenda é uma longa estrada de terra.
Skinwalkers são espíritos poderosos que estão no Utah por causa de uma maldição jogada sobre os homens brancos pelos navajos.O grande centro desta lenda é a fazenda em questão. Os índios utes dizem que a fazenda é o ‘Caminho do Skinwalker
O proprietário da terra não quer ser identificado com seu nome real, mas consentiu em ser chamado de Tom Gorman, segundo minha sugestão. Ele a comprou em 1994, após ter ficado desocupada por uns sete ou oito anos. Quando se mudaram para a fazenda, Gorman, sua esposa e dois filhos ficaram imediatamente curiosos sobre a impressionante quantidade de trancas ao redor das portas e janelas da casa-sede, deixadas pelos proprietários anteriores. Havia trancas em ambos os lados das portas e até os armários da cozinha tinham travas. Ao lado da casa também haviam sido enterradas estacas de ferro com correntes grossas. Gorman imaginou que os moradores anteriores tivessem posicionado grandes cães de guarda tanto na frente quanto no fundo da residência, mas não tinham idéia do por quê.
Lobo à Prova de Balas
No dia em que os Gormans fizeram sua mudança para a propriedade, eles tiveram seu primeiro vislumbre dos eventos que seguiriam. Avistaram um lobo imenso no meio do pasto, em frente a casa. O animal cuidadosamente atravessou o campo e, para a surpresa de todos, esgueirou-se entre os membros da família, agindo como se fosse um animal de estimação. Havia chovido naquele dia e os Gormans recordam-se que o lobo cheirava como um cão molhado, quando eles o alisavam. Depois de alguns minutos, o lobo foi lent
amente para o curral e agarrou um novilho pelo focinho, tentando puxá-lo pela grade do curral. Gorman e seu pai começaram a bater nas costas dele com pedaços de pau, mas ele não soltava o novilho. Gorman, então, agarrou sua potente Magnum 357, que estava no caminhão, e atirou no animal à queima-roupa. O disparo não teve qualquer efeito visível sobre o bicho.
O homem deu um outro tiro no lobo, que então soltou o novilho, mas ficou de pé, olhando para a família como se nada tivesse acontecido. Gorman deu mais dois tiros com a poderosa arma e o animal moveu-se um pouco para trás, mas ainda assim não mostrou qualquer sinal de medo ou sofrimento – nem mesmo sangue. O fazendeiro, intrigado, apanhou um rifle de caça e disparou no lobo novamente, uma vez mais a pequena distância. Ele não apenas é um atirador experiente como também é um caçador esportista de considerável reputação. Cinco tiros deveriam ter sido suficientes para derrubar um alce, imagine então o que fariam a um lobo. Pelo que contam os Gormans, o quinto disparo chegou a arrancar uma mecha de pêlo e rasgar um pouco o corpo do lobo, mas o animal ainda não parecia incomodado. Finalmente, após um sexto tiro, o animal correu pelo campo até um mato lamacento. O fazendeiro e um dos filhos perseguiram a besta por aproximadamente 1,5 km, seguindo suas pegadas na lama. Mas os rastros desapareceram subitamente, como se o animal tivesse simplesmente se elevado no ar.
O homem deu um outro tiro no lobo, que então soltou o novilho, mas ficou de pé, olhando para a família como se nada tivesse acontecido. Gorman deu mais dois tiros com a poderosa arma e o animal moveu-se um pouco para trás, mas ainda assim não mostrou qualquer sinal de medo ou sofrimento – nem mesmo sangue. Gorman ainda desferiu mais alguns tiros no resistente animal, agora com um rifle, mas mesmo assim ele não morreu
Ao retornar para a área do curral, Gorman examinou o pedaço do corpo do lobo que havia sido arrancado com o tiro, constatando que tinha a aparência e cheiro de carne podre. Ele passou a inquirir a vizinhança a respeito do animal, mas ninguém tinha visto qualquer lobo manso de tamanho anormal na área. Poucas semanas mais tarde, a esposa de Gorman encontrou outro lobo, que era tão grande que suas costas ficavam da altura do topo da janela quando ele encostou ao lado do carro. O lobo estava acompanhado de um animal que se parecia com um cão, mas que ela não pôde identificar ao certo.
Coisa Grande e Embaçada
Ao longo dos dois anos seguintes, uma quantidade de estranhos animais foi vista pelos membros da família e seus vizinhos. Certa vez, enquanto entravam de carro na fazenda, numa tarde ensolarada, Gorman e sua esposa observaram algo atacando um de seus cavalos. Eles descreveram aquilo como “tendo altura pouco acima do chão, sendo pesadamente musculoso, com uns 90 kg, pêlos ruivos cacheados e um rabo bem peludo”. O inusitado animal tinha uma aparência que lembrava de longe uma hiena musculosa, que parecia estar agarrando seu cavalo, quase brincando com ele. Gorman chegou a se aproximar cerca de 15 m do bicho, mas disse que ele literalmente desapareceu diante dos seus olhos. Sumiu, como num passe de mágica. Os Gormans verificaram o cavalo e identificaram numerosas marcas de garras em suas pernas. Poucos meses depois, a esposa de um policial local relatou ter visto uma besta avermelhada e musculosa, semelhante àquele animal, correndo pela propriedade.
Outro visitante da fazenda teve um encontro mais ameaçador ainda em sua área central, no mesmo lugar em que eu fui posicionado como isca, naquela noite que descrevi. O visitante, bem como Gorman e seu filho, avistaram uma “coisa grande e embaçada movendo-se em meio às árvores”. O visitante descreveu que a tal coisa apareceu movendo-se suavemente entre as árvores, pelo pasto, cobrindo uma distância de quase 10 m em segundos. Disse que quando ela o alcançou, produziu um forte rugido, muito semelhante ao de um grande urso, daqueles que se ouvem a quilômetros de distância. “Mas aquilo não era um urso”, insiste o visitante. De acordo com os Gormans, o animal era quase invisível, lembrando o ser camuflado do filme O Predador.
O homem ficou tão apavorado que se agarrou ao fazendeiro e não o largou de jeito algum, depois deixando a fazenda para nunca mais retornar. Outras criaturas e seres não identificados também foram vistos naquela região do Utah, incluindo pássaros exóticos multicoloridos que não eram nativos da região e não podiam ser reconhecidos. Houve também numerosos encontros próximos com criaturas descritas como bestas escuras de até 3 m de altura, que lembravam o mitológico sasquash. Como se as experiências visuais não bastassem, a família também alega ter tido outros sentidos desafiados por estranhos eventos. Muitas vezes, ficavam surpresos ao sentir cheiros fortes de almíscar. Igualmente, os pastos inexplicavelmente se clareavam durante a noite, como estádios de futebol. Os Gormans alegam terem visto feixes de luz que aparentemente emanavam do solo. Eles e outros fazendeiros da região dizem também já terem ouvido barulhos que pareciam ser de maquinário pesado, operando sob a terra. E já ouviram vozes, muitas delas. Seu filho Tom e um sobrinho relataram que uma vez ouviram uma conversa alta, sem uma origem física aparente e numa língua ininteligível. As vozes eram masculinas e desencarnadas. De acordo com as testemunhas, falavam em um tom debochado e pareciam emanar de uns 10 m acima de suas cabeças, mas eles nada viram. Os cães que acompanhavam as vítimas grunhiam e latiam para as vozes, quando então fugiram em pânico.
Houve também manifestações físicas que não são facilmente explicáveis. Por exemplo, certa vez, enquanto verificava o gado na terceira área da fazenda, Gorman percebeu que alguém havia escavado seu pasto. Quase uma tonelada de terra havia sido retirada de buracos escavados no solo. “Suas extremidades se pareciam com círculos concêntricos perfeitos, como se alguém tivesse enfiado um cortador de biscoitos gigante no chão”, disse o homem. Várias outras marcas de escavação menores também foram achadas.
UFOs e Outros Fenômenos
Os Gormans também relatam fenômenos semelhantes aos círculos ingleses, descobertos na propriedade. Uma formação encontrada no seu pasto consistia de três círculos de mato amassado, cada qual com aproximadamente 3 m de diâmetro. Estavam dispostos num padrão triangular, tendo cada círculo cerca de 10 m de distância dos demais. Vale ressaltar que há apenas uma estrada de acesso à fazenda e que qualquer pessoa entrando ou saindo da propriedade seria certamente notada pelos Gormans ou seus vizinhos.
Na primaver
a de 1995, os Gormans começaram a ver coisas estranhas no céu. “Eram verdadeiras esquisitices aéreas”. Enquanto verificavam o gado, Gorman e seu sobrinho observaram o que parecia ser um pequeno veículo parado na propriedade. Eles começaram a se aproximar do objeto, achando que o motorista poderia estar com problemas mecânicos. À medida em que acercavam tal veículo, este se afastava silenciosamente. Gorman e o sobrinho tentaram mais uma vez chegar perto, e novamente o objeto se afastou. Eles subiram então numa cerca para tentar obter uma visão melhor do veículo, quando perceberam que não era nada semelhante ao que conheciam. O objeto levantou vôo por sobre as árvores e lentamente foi embora, sem fazer qualquer som. “Com certeza aquilo não era um helicóptero”, disse Gorman. As testemunhas puderam ver tal artefato com bastante clareza e garantiram que tinha o formato de um refrigerador, com uma luz na frente e outra vermelha atrás.
Fenômenos semelhantes aos círculos ingleses também já foram descobertos na propriedade. Por exemplo, uma formação foi encontrada no pasto e consistia de três círculos de vegetação amassada, cada qual com cerca de 3 m de diâmetro. Eles estavam dispostos num padrão triangular, tendo cada círculo cerca de 10 m de distância dos demais
Já por algum tempo, antes disso, a família vinha observando estranhos objetos aéreos. A esposa do fazendeiro afirma que algo parecido com um caça a jato Stealth, rodeado de luzes piscantes e em forma de disco, pairou silenciosamente a uns 7 m acima de seu veículo, antes de partir em alta velocidade. Cada membro da família fez repetidos avistamentos de uma inusitada nuvem que geralmente pairava do lado de fora da propriedade. A tal nuvem foi descrita por eles como tendo “luzes de árvore de Natal piscantes” ou “mini explosões silenciosas dentro dela”. Dentre os objetos voadores não identificados vistos pelos Gormans, seus vizinhos e outras testemunhas, estão também os clássicos aparelhos em forma de disco voador – ou “sombreiros voadores”, como são chamados –, de bastões iluminados como lâmpadas fluorescentes e uma nave em forma de charuto, com o gigantesco comprimento de vários estádios de futebol.
De longe, os objetos mais comuns testemunhados por eles foram esferas flutuantes de diferentes tamanhos e cores. Em 1995 e 1996, os Gormans e outros moradores da região relataram 12 incidentes separados, quando viram grandes círculos alaranjados voando acima das árvores da área central da fazenda. Tom Gorman alega que, ocasionalmente, buracos se abriam nos círculos e outras esferas, menores que as anteriores, saíam de seu interior. Um fazendeiro vizinho informou ter tido seus próprios encontros com o que chamou de “uma bola de basquete voadora alaranjada”.
Artefatos Inteligentes
No início de 1996, os avistamentos de esferas alaranjadas deram lugar às de coloração azul na fazenda, e se tornaram muito comuns. Estes objetos pareciam ter tamanho um pouco maior do que uma bola de futebol, eram feitos de material que lembrava vidro e preenchidos com líquidos azuis borbulhantes, que pareciam girar dentro deles. Os Gormans dizem que em abril daquele ano assistiram a uma destas esferas azuis circular repetidamente ao redor da cabeça de um de seus cavalos, que ficou iluminado por uma intensa luz azul. O homem lembra que ouviu um ruído que parecia com eletricidade estática no ar – mas sem aparecer os correspondentes raios. O artefato parecia ter um controle inteligente: quando Gorman se aproximou do cavalo com uma lanterna a pilha, ele lançou-se para longe, manobrando pelos galhos das árvores com velocidade e destreza.
Gorman diz ainda que as esferas azuis pareciam gerar um efeito psicológico em sua família. “Todos sentiam ondas de medo circularem pelo corpo, muitíssimo além do que seria normal, quando os objetos apareciam”, declarou. Foi a aparição de uma dessas esferas azuis que o convenceu finalmente a vender a fazenda. Num entardecer de maio de 1996, o homem estava do lado de fora da casa com três de seus cães quando notou uma esfera azul voando pelo campo próximo. Gorman ordenou que os cães seguissem o artefato, ao que eles obedeceram e quase o pegaram. Mas o objeto se desviava e manobrava de tal forma que fugia do alcance dos animais com facilidade. A sonda ufológica – o que mais poderia ser? – atraiu os cães pelo pasto adentro e, depois, por um mato denso que circunda o campo. O fazendeiro diz que ouviu os cães darem três latidos terríveis e, então, silenciarem. Gorman chamou por eles, mas não responderam.
No início de 1996, os avistamentos das estranhas esferas alaranjadas deram lugar às de coloração azul na fazenda, e se tornaram muito comuns. Estes objetos pareciam ter tamanho um pouco maior do que uma bola de futebol, eram feitos de um material que lembrava vidro e preenchidos com líquidos azuis borbulhantes, que pareciam girar dentro deles
Na manhã seguinte, o homem saiu para procurar os cães. Mas o que encontrou foram apenas três curiosas marcas circulares de vegetação desidratada e fragilizada. Em seus respectivos centros havia um grumo negro e gorduroso, o que fez Gorman supor que os cães haviam sido incinerados por algo. Os cães nunca mais foram vistos novamente e seu desaparecimento levou os Gormans a pensarem seriamente em irem embora dali.
Mutilações de Animais
Ao contrário do que o leitor poderia supor, Tom Gorman não era um simples fazendeiro caipira. Ele possuía cursos universitários e treinamento em pecuária, era considerado um especialista em inseminação artificial e tinha planos de criar gado híbrido de última geração na pitoresca fazenda. Seu rebanho tinha em torno de 70 cabeças, com vacas reprodutoras caras e de primeira qualidade. E ainda, havia quatro touros de quase uma tonelada cada, campeões em exposições de gado. Desde o dia em que ele mudou-se para a fazenda e levou consigo seu gado, suas expectativas e seus animais pareciam sobressaltados. As bolas de luz que eram tão freqüentemente vistas na propriedade pareciam ter interesse especial no gado e eram comumente registradas rondando suas cabeças.
Às vezes, o gado reagia violentamente à sua aproximação, com o rebanho subitamente dividindo-se ao meio, como se alguma força invisível estivesse agindo entre os bichos. Isto logo piorou. Embora os Gormans fossem sempre cuidadosos com o gado, algo começou a provocar terríveis baixas e grandes prejuízos. Uma vaca foi encontrada morta no campo com um buraco estranho num dos olhos. Não havia traços de sangue e as testemunhas não entendiam o que poderia produzir tal efeito. Gorman notou um cheiro almiscarado e forte ao redor da carcaça, um odor que ele viria a conhecer mais tarde, até bem demais. Outros animais sofriam incisões cirúrgicas inexplicadas, como de bisturis. A família estava registrando um significativo número de mutilações de gado, tais como tantas que vinham sendo relatadas nos Estados Unidos, por v&aac
ute;rias décadas. Nos casos típicos, as orelhas, olhos, úberes e genitália dos animais eram removidos com extrema precisão. Os animais dos Gorman estiveram sujeitos a todos esses procedimentos.
Como um experiente fazendeiro e caçador, Gorman era mais do que familiarizado com as habilidades dos predadores naturais, de forma a reconhecer quando um deles atacasse seu gado. Mas aquilo que acontecia ao rebanho não estava sendo feito por coiotes ou leões da montanha, relativamente comuns na região. A chacina era simplesmente limpa demais, precisa demais e misteriosa demais – e nenhum sangue era derramado nos locais dos ataques. Outros animais da fazenda também sofriam os ataques. Seu cavalo predileto teve as pernas retalhadas, como se fosse por instrumentos afiados ou garras – e o enigmático odor de almíscar ainda estava no ar quando ele encontrou o animal machucado. Seus cães pareciam ter desenvolvido algum tipo de paranóia. Eles ficavam enfurnados em suas casinhas em um certo horário do dia, medrosos demais para saírem, até para comer. Seis dos gatos da família chegaram a desaparecer numa mesma noite.
Vacas Levitadas
Logo, cabeças de gado também começaram a desaparecer. Um destes animais sumiu de um campo que estava coberto por neve. Gorman rastreou as pegadas do animal pasto adentro, até o ponto em que os rastros simplesmente pararam, como se o animal tivesse levitado. “Uma vaca de 600 kg tem que deixar pegadas na neve. Mas a que desapareceu não deixou. O que pode ter acontecido com ela?”, pergunta o fazendeiro. Ao todo, 14 dos animais premiados de Gorman simplesmente desapareceram em poucos meses. Houve uma ocasião em que uma vaca foi encontrada mutilada apenas cinco minutos após seu filho tê-la examinado. Algo havia feito um buraco de 15 cm de largura por 45 cm de profundidade ao redor do ânus do animal. A cavidade da seção removida estendia-se para dentro do corpo da vaca, mas, no entanto, não havia sangue sobre o couro ou no chão gramado ao redor.
As orelhas, olhos, úberes e genitália dos animais eram removidos com extrema precisão. A chacina era limpa demais, precisa demais e misteriosa demais – e nenhum sangue era derramado nos locais dos ataques. Outros animais da fazenda também sofriam os ataques
A perda de 14 animais caros de um rebanho de 70 cabeças é significativa para um proprietário rural – 20% do rebanho. Isto deixou Gorman à beira de um colapso financeiro. Numa tarde de abril de 1996, o fazendeiro e sua esposa foram rapidamente à cidade comprar suprimentos. Ao passarem pelo curral e ver os quatro touros premiados, comentaram que teriam um problema realmente sério se algo acontecesse a algum deles. Esse era um temor que se confirmaria. Quando retornaram à fazenda, menos de uma hora depois, os quatro animais haviam sumido. Os Gormans começaram uma busca frenética pelos touros desaparecidos, mas não encontraram nenhum traço deles. Por excesso de zelo, Gorman decidiu então olhar num trailer de metal que ficava dentro do curral. Ele achava muito improvável que os touros estivessem lá, pois havia apenas uma porta para o trailer, vinda do curral, e estava segura por um cabo de metal grosso, que claramente ainda permanecia no lugar. O fazendeiro ficou chocado ao encontrar os quatro animais dentro do trailer, espremidos como sardinhas dentro de uma lata. Quando gritou para sua esposa que os havia encontrado, os touros aparentemente despertaram de um estado de torpeza e começaram a se jogar uns por cima dos outros feito loucos.
Mistérios Desafiadores
“Simplesmente, não havia nenhuma maneira de alguém conseguir colocar aqueles animais dentro do trailer”, declarou o cientista Colm Kelleher, um microbiólogo que viria a conhecer bem os Gormans em inúmeras visitas de pesquisa que fez à fazenda. “Já seria bastante difícil colocar apenas um deles, mas os quatro? Seria virtualmente impossível. O único caminho do curral para o trailer estava fechado com cabos. E ainda havia teias de aranha intactas no lado de dentro da porta, o que provava que ela não havia sido aberta. É como se alguém tivesse escutado secretamente as preocupações dos Gormans com os touros, e tivesse decidido pregar uma peça neles”.
Kelleher não se deu conta disto em 1996, mas a fazenda dos Gorman logo viria a se tornar uma espécie de segundo lar para ele, de tantas viagens que fez ao local. Ele é o administrador-chefe do National Institute for the Discovery of Science [Instituto Nacional para Descoberta da Ciência, NIDS], uma organização de pesquisas baseada em Las Vegas, fundada pelo empresário local e milionário Robert Bigelow. Bigelow nutre intenso interesse por assuntos ligados ao paranormal e à Ufologia, o que o levou a reunir um grupo de físicos, engenheiros, psicólogos e outros profissionais com o propósito de investigar tais manifestações de forma científica – ao contrário de como são tratadas pela ciência tradicional.
No meio daquele ano, os Gormans estavam prontos para largar tudo e partirem do Utah. Quem conhecia Tom Gorman dizia que ele culpava a si mesmo pela estranha cadeia de eventos que arruinaram seu trabalho na fazenda e quase o levaram à falência. Ele não queria desistir, mas sentia-se amaldiçoado por aquela absurda sucessão de mistérios e estava disposto a entregar os pontos pelo bem de sua família. Em um momento atípico de sua vida, amargurado, Gorman contou partes de sua história a um jornalista respeitado da cidade de Salt Lake, capital do Estado, que esteve na fazenda conversando com a família. Fotos foram publicadas em jornais e uma agência de notícias espalhou a história pelo país. Foi assim que Bigelow ouviu falar da fazenda, para onde se dirigiu imediatamente.
Ninguém conseguia dormir mais naquela fazenda. Quando os Gormans tinham umas poucas horas de sono, eram assolados por violentos pesadelos, que, depois descobriram, ocorriam a todos os membros da família. Os dois filhos do casal, considerados excelentes alunos antes de chegarem à fazenda, tiveram suas notas deterioradas. A esposa de Gorman perdeu seu emprego num banco local por suas repetidas faltas ao trabalho e por seu repertório de intenso terror. Na esperança de sentirem-se mais seguros, os membros da família passaram a dormir no chão da sala todas as noites
Ele e sua equipe pegaram um avião para Utah e se apresentaram aos Gormans. O pessoal do NIDS verificou a história, entrevistou vizinhos e avaliou os relatos aparentemente inacreditáveis dos moradores da fazenda. Aquilo tudo era tão incrível para os cientistas que assessoravam Bigelow que ele prontamente se ofereceu para comprar a fazenda e transformá-la num laboratório de paranormalidade interativo, um experimento em andamento que poderia trazer alguma luz sobre questões que eram vistas com ceticismo científico. S
urpreendentemente, ele não somente comprou a propriedade como convenceu os Gormans a permanecerem na fazenda como zeladores.
A esta altura dos acontecimentos, a família se encontrava em frangalhos. Como se já não bastassem os avistamentos de UFOs, a invasão de bolas de luz, os sasquatchs e pés-grandes, as mutilações de gado e o desaparecimento de animais, ainda havia as lendas indígenas dos skinwalkers. Tudo isso, somado, fez com que começasse a ocorrer uma série de eventos mais pessoais com os Gormans. Coisas inacreditáveis passaram a acontecer dentro de sua casa, que os impossibilitavam de levar uma vida normal. Eles viam aparições, criaturas escuras e difíceis de identificar na janela. Suprimentos, ferramentas e itens de uso diário moviam-se sozinhos e desapareciam em pleno ar.
Violentos Pesadelos
Ninguém conseguia dormir mais naquela fazenda. Quando os Gormans finalmente tinham umas poucas horas de sono, eram assolados por violentos pesadelos, que, depois descobriram, ocorriam identicamente a todos os membros da família. Os dois filhos, considerados excelentes alunos antes de chegarem à fazenda, tiveram suas notas deterioradas. A esposa de Gorman perdeu seu emprego num banco local por suas repetidas faltas ao trabalho e por seu repertório de intenso terror. Na esperança de sentirem-se mais seguros, os membros da família passaram a dormir no chão da sala todas as noites. Sua situação era precária e desesperadora. O pessoal do NIDS oferecia apoio moral, emocional e financeiro a eles. E mais que isso, Bigelow tinha um plano para os Gormans. A fazenda se apresentava como uma chance única de se estudar legitimamente um cardápio inteiro de atividades paranormais e ufológicas. O NIDS queria fechar a fazenda, cercá-la com equipamento de monitoramento de última geração, colocar observadores treinados 24 horas por dia e ver o que aconteceria.
Mas algo conspirou contra os planos de Bigelow e seus cientistas. Alguns residentes do local passaram a desconfiar das atividades daqueles esquisitões de Las Vegas e a suspeitar sobre o que realmente tinham em mente. Um golpe de algum tipo era uma possibilidade que não se podia ignorar. Enquanto detalhes das operações do NIDS circulavam pelos Estados Unidos, ufólogos mais radicais lamentavam que Bigelow estivesse à frente de tais pesquisas. O milionário era suspeito de ter conexões com a CIA e os ufólogos temiam que ele tentaria de alguma forma controlar o tema, impedindo que o que fosse descoberto na fazenda se tornasse de conhecimento público. Eles exigiam que o tudo que ocorresse na propriedade fosse imediatamente disponibilizado para avaliação. Já céticos de plantão previam que a equipe do NIDS voltaria de mãos vazias, porque os eventos fatalmente murchariam sob a luz de um escrutínio científico.
Passei várias noites naquela propriedade, em vigília e em permanente espera por quaisquer luzes estranhas ou quaiquer outras manifestações que pudessem ocorrer. Ninguém que tenha pesquisado o rosário de fatos misteriosos que cerca aquela fazenda de Utah pode dizer com segurança o que está ocorrendo lá. Não se pode dizer com segurança que são ETs, mas também não podemos afirmar o contrário. Nenhum outro lugar do mundo parece ser tão incomum
No fim das contas, os três grupos estavam errados. O NIDS realmente isolou a fazenda e impediu o acesso de observadores externos a ela, mas não sem grandes gastos financeiros. Nem a CIA nem qualquer outra entidade governamental teve qualquer influência sobre as coisas que ocorreram sob a vigilância da turma de Bigelow. Nem o fenômeno em si desvaneceu ou evaporou-se sob o rigor das investigações. Ao longo dos últimos seis anos de atividades no local, os eventos na fazenda têm sido permanentemente analisados. Testemunhas, incluindo cientistas reconhecidos e autoridades, têm documentado uma gama enorme de atividade incomum. Porém, todas as informações sobre o local estão em quase completo sigilo. Em função de um acordo com Bob Bigelow, este autor obteve a primeira permissão de acesso à fazenda e aos cientistas que fazem parte da equipe do NIDS. Lá estive e conduzi entrevistas com o pessoal residente na fazenda, bem como com membros da comunidade local, que haviam relatado eventos incomuns.
Alienígenas ou Fantasmas?
Passei várias noites na propriedade, em vigília e permanente espera por quaisquer luzes estranhas ou outras manifestações que pudessem ocorrer. Ninguém que tenha pesquisado o rosário de fatos misteriosos que cerca aquela fazenda de Utah pode ainda dizer com segurança o que está ocorrendo lá. Os pesquisadores do NIDS não fazem nenhum tipo de afirmação de que sejam ETs, fantasmas ou skinwalkers, como afirmam as tradições dos utes. Eles ainda estão coletando dados e tentando encontrar explicações. Isto pode não ser muito confortante para quem passou noites inteiras sentado numa cadeirinha plástica, no meio de uma gélida escuridão, esperando que algo aconteça.
A mente certamente pode pregar peças num ambiente destes, mas será que tantas testemunhas poderiam estar completamente erradas? Ficando loucas? Se esse não é o caso, então algo realmente extraordinário está acontecendo naquela misteriosa fazenda em Utah. Os fatos registrados preencheriam a lista mais cumprida que os ufólogos ou parapsicólogos pudessem elaborar – e eles também ocorrem (e assustam) os cientistas do NIDS. Tais situações incluem a perseguição e tiro em criaturas desconhecidas, destruição de equipamentos eletrônicos por algo invisível, surgimento de círculos desenhados no gelo e na neve, e a abertura do que alguns podem chamar de um portal para outra dimensão. Esta longa lista de bizarros acontecimentos será detalhada na segunda parte desse artigo.
Continua na Próxima Edição
Um jornalista obstinado pela verdade
George Knapp é repórter da emissora KLAS TV de Las Vegas, afiliada à rede norte-americana CBS. Entusiasta da Ufologia há décadas, é provavelmente o jornalista que mais contribuiu com seu crescimento e aceitação nos EUA. Suas atividades na área o levaram a muitos pontos onde UFOs estavam sendo registrados, como a fazenda descrita nesse artigo, no Estado de Utah. Knapp esteve também em vários países pesquisando casos, inclusive a Rússia, e nutre especial interesse pela casuística brasileira, com a qual teve contato através das palestras do editor da Revista Ufo A. J. Gevaerd, feitas em seu país. Suas maiores pesquisas envolvem dois personagens conhecidos da Ufologia Norte-Americana, o piloto de testes John Lear e o físico Bob Lazar. Ambos teriam trabalhado na chamada Área 51, uma base secreta no Deserto do Nevada que Knapp investiga obstinadamente há anos. Lear teria feito testes em aeronaves extraterrestres acidentadas nos EUA e recuperadas por cientistas lotados na base, entre eles Lazar. Em 1989, Knapp produziu o documentár
io UFOs: The Best Evidence, que traz detalhes da atuação de Lear e Lazar, assim como das operações secretamente conduzidas na Área 51. O presente artigo, que terá continuidade em nossa próxima edição (98), foi adaptado do texto Path of the Skinwalker [Caminho do Skinwalker], publicado pelo periódico Las Vegas Mercury.
A situação atual da fazenda
por Robert Gates
Embora George Knapp tenha assumido com os antigos proprietários da fazenda o compromisso de não revelar seus nomes enquanto estivessem vivos, hoje se sabe, por vias indiretas, que o casal que passou por tantas experiências são Terry e Gwen Sherman – ele é identificado como Gorman no texto. Sua fascinante história já é relativamente conhecida nos círculos ufológicos norte-americanos, graças à publicação – com e sem sua autorização – de seus depoimentos em periódicos como Spirit Magazine e Desert News. A publicidade que não queriam atrair acabou por lhes atropelar, tendo que se proteger em sua antiga fazenda dos verdadeiros exércitos de curiosos que o procuravam. Na propriedade havia, como ainda há, vários sinais de “não entre, não ultrapasse”, em todas as partes.
Hoje também se sabe que o milionário de Las Vegas, Bob Bigelow, comprou a fazenda dos Shermans por 200 mil dólares [Cerca de R$ 590 mil], e está satisfeito com o investimento que fez. No entanto, Bigelow raramente consente que informações sobre as experiências ufológicas e paranormais desenvolvidas em sua propriedade sejam publicadas. Terry Sherman, após vender-lhe a fazenda, permaneceu como seu capataz por algum tempo, mas depois se mudou com a família para outra, menor.
Apesar de todo sigilo que se tenta impor a esse fantástico repertório de absurdos, vários ufólogos independentes e grupos de pesquisas norte-americanos têm conseguido bons resultados em suas investigações do local – incluindo imagens, que são praticamente proibidas. Algumas das fotos desse artigo foram obtidas pelo grupo The Utah UFO Hunters [Caçadores de UFOs do Utah, ou UUFOH], dirigido por Dave Rosenfeld. Seu site abriga detalhes de muitas ocorrências no local: http://www.aliendave.com.