Os agroglifos estão na mídia e na imaginação das pessoas desde a década de 70, embora existam relatos mais antigos de sua manifestação, e continuam intrigando pesquisadores até hoje. Mas o que são eles, que um dia chamamos de círculos ingleses e os britânicos ainda seguem chamando-os de crop circles? O termo significa círculos em colheitas e em língua portuguesa o fenômeno já recebeu até um verbete no dicionário online Dicio: “Agroglifo é um substantivo masculino que descreve o fenômeno do aparecimento de figuras geométricas ou grandes círculos, sem explicações plausíveis, em plantações de trigo, milho, cevada etc. Estas formas são claramente percebidas à distância e o fenômeno foi amplamente difundido a partir da década de 70, na Inglaterra”.
Mas a grande palavra que define um agroglifo é geometria, pois a forma ordenada com a qual eles se apresentam demonstra um princípio inteligente que se vale de campos de lavouras de grãos para evidenciar um padrão matemático e tentar exprimir alguma ideia, certamente uma forma de comunicação. Mas por parte de quem? Extraterrestres, seres ultradimensionais, espíritos? Não se sabe, mas seguramente não são pessoas de carne e osso, como qualquer um de nós, quem os está produzindo. E sejam quem forem os autores das formações nos campos, é alguém querendo chamar nossa atenção.
Umas das primeiras referências públicas da aparição de um agroglifo deu-se em um panfleto publicado em 1678 e chamado O Diabo Ceifador: Notícias Estranhas de Hartfordshire [The Mowing Devil: Strange News Out of Hartfordshire]. Nele, que era o formato como se noticiavam fatos relevantes na época, um fazendeiro de Hartfordshire, no sudeste da Inglaterra, se recusou a pagar o preço acordado com um camponês contratado para ceifar seu campo, afirmando que a plantação tinha sido colhida pelo diabo em pessoa. Ainda de acordo com o panfleto, na noite anterior, o campo do proprietário aparentou arder em chamas e, na manhã seguinte, estava perfeitamente ceifado de uma forma que “nenhum mortal seria capaz de fazer”, segundo o histórico documento. A ilustração que acompanhava a notícia mostrava um estranho ser fazendo um desenho na lavoura em forma de elipses concêntricas, bem parecidas com os modernos agroglifos. Na ideia reinante na época, só poderia ser o demônio.
Efeitos de tempestades?
Na edição número 22 da famosa revista científica Nature, publicada em 29 de julho de 1880 [A publicação foi fundada em 1869], Sir J. Rand Capron publicou o artigo intitulado Efeitos da Tempestade [Storm Effects], no qual escreveu sobre uma tormenta que acontecera na cidade de Guildford, também na Inglaterra, aproximadamente oito dias antes da publicação na revista. O texto ressaltou que tal tempestade foi violenta e produziu efeitos descritos como muito curiosos, e que Sir Capron, ao visitar o local, viu que o campo de trigo estava parcialmente deitado formando círculos — examinada mais de perto, toda a plantação apresentava a mesma característica, ou seja, tinha alguns caules eretos em um centro, enquanto outros estavam prostrados e com suas cabeças dispostas uniformemente em uma direção formando um círculo ao redor do centro. Curiosamente, fora deles, havia uma parede circular de caules que não sofreram danos. O autor do artigo também fez um desenho do que foi visto no campo, mas ele não foi publicado na revista.
Cavalo Branco de Westbury
Pesquisando muitos outros casos registrados no passado, percebemos que os agroglifos não são um fenômeno recente, embora tenham surgido com muita força no final dos anos 70, começo dos anos 80 — no Brasil, só chegaram em novembro de 2008, com uma bela formação de círculos simples e concêntricos na cidade de Ipuaçu, no estado de Santa Catarina. De acordo com o site Crop Circle Connector [www.cropcircleconnector.com], o fenômeno foi primeiramente divulgado pela mídia em 1980, quando um jornal publicou uma matéria sobre um grupo de círculos que aparecerem logo abaixo da figura do famoso Cavalo Branco de Westbury, uma famosa gravura feita na encosta de um morro de Wiltshire. Desde então, centenas de agroglifos surgiram misteriosamente, e não apenas nas plantações inglesas, mas, com o passar dos anos, também em todas as partes do mundo, notadamente no Hemisfério Norte.
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