Pesquisadores da Agência Espacial Norte-Americana (NASA) encontraram 19 tipos diferentes de aminoácidos em um meteorito proveniente do asteróide 2008 TC3, que “não deveriam existir”.
Estudos indicam que o meteorito foi formado da colisão entre dois asteróides, que elevariam a temperatura da pedra acima de 1000°C, o que extingüiria qualquer tipo de organismo com vida.
A maior contribuição desse trabalho é a probabilidade de existir um meio alternativo de formação de aminoácidos no espaço. Antes se acreditava que era preciso água e temperaturas baixas, mas agora indica que podem ser criados em altas temperaturas.
Essa descoberta pode ser mais importante do que a recente e controversa bactéria baseada em arsênio. Além de poder comprovar a possibilidade da existência de vida extraterrestre, ela dá força à teoria de que cometas podem prover as substâncias necessárias para começar vida em um planeta, nos convencendo cada vez mais de que não estamos sozinhos.
Cientistas de todo o mundo estão realizando um segundo e mais amplo estudo dos restos do asteróide com tamanho de um carro que explodiu em 2008 sobre o deserto da Núbia, no Sudão. A investigação inicial centrou-se na classificação dos fragmentos do meteorito que se recolheram entre dois e 5 meses após a explosão. Foram recuperados 280 pedaços do objeto.
Agora, em uma série de 20 artigos para um número duplo especial da revista Meteoritics and Planetary Science, publicada em 15 de dezembro, os pesquisadores ampliaram seu trabalho para demonstrar a diversidade destes fragmentos, com envolvimentos importantes para sua origem.
Na primeira rodada da investigação, o cientista Doug Rumble, de Carnegie Geophisical, em colaboração com Muawia Shaddad, da Universidade de Jartum, examinou um fragmento chamado 2008 TC3 e determinou que era de uma categoria muito rara de meteorito chamado ureilita.
Os ureilitas têm uma composição muito diferente da maioria de meteoritos. Sugeriu-se que todos os membros desta família meteórica poderia se ter originado da mesma fonte, chamada a “casa matriz ureilita”, um suposto proto-planeta.
Rumble expandiu seu trabalho para examinar outros 11 fragmentos de meteoritos, centrando na presença de isótopos de oxigênio. “Os isótopos de oxigênio podem ser utilizados para identificar o corpo do meteorito progenitor e determinar se todos os fragmentos vieram da mesma fonte. A cada corpo celeste que dependem os meteoritos no Sistema Solar, incluída a Lua, o grande asteróide Vesta e Marte, existe uma “assinatura distintiva” dos isótopos de oxigênio que pode ser reconhecida, inclusive quando outros fatores, como a composição química e o tipo de rocha, são diferentes”, explicou Rumble.
Ele e sua equipe examinaram pequenas “migalhas” destes 11 pedaços e carregaram-nas em uma câmera de reação onde foram esquentadas com um laser e se submeteram a reações químicas que liberam oxigênio. Depois utilizaram outro dispositivo, chamado espectrômetro de massa, para medir as concentrações destes isótopos de oxigênio.
Os resultados mostraram que a gama completa dos isótopos de oxigênio conhecidos por estar presentes nos ureilitas também estiveram presentes nos fragmentos estudados. “Já se sabia que os fragmentos no deserto de Nubia vieram do mesmo asteróide. Tendo isto em conta, estes novos resultados demonstram que na fonte do asteróide, a matriz ureilita, também tinha uma grande diversidade de isótopos de oxigênio”, disse Rumble.
A diversidade dos isótopos provavelmente surgem das circunstâncias dos objetos espaciais precursores. Rumble teoriza que os componentes de rocha deste corpo matriz do qual dependem se esquentaram até o ponto de fusão e depois se enfriaram em cristais com tanta rapidez que os isótopos de oxigênio presentes não puderam chegar a uma distribuição de equilíbrio.
A descoberta permite que astrônomos relacionem a composição química do meteorito com sua órbita e reflectância no céu durante o rastreamento. “O grande desafio na área de asteróides é associar um determinado meteorito e sua composição detalhada à um certo tipo de objeto”, disse Donald Yeomans, astrônomo que gerencia o Programa de Objetos Próximos da Terra (NEO, na sigla em inglês) no Jet Propulsion Laboratory, em Pasadena, Califórnia.