Quando, em 2013, um meteoro cruzou os céus da Sibéria e explodiu na atmosfera, provocando um enorme clarão, todos nós tivemos a exata noção do que acontece em situações assim e o que a onda de choque vinda da explosão pode ocasionar. E isso fez os cientistas olharem para o passado, para o evento de Tunguska.
Muito embora haja teorias dentro da Ufologia dizendo que o que chamamos de evento de Tunguska tenha sido a devastadora explosão de uma nave espacial, não há nada que comprove tal hipótese.
Há, também dentro da Ufologia, quem diga que existe na Sibéria um sistema anti-meteoritos muito antigo, que é automaticamente acionado e destrói qualquer coisa que voe por ali, ameaçando o planeta. Esse sistema teria sido construído por uma civilização alienígena que um dia habitou nosso planeta.
Sobre isso também não há qualquer comprovação ou mesmo evidências, embora pesquisadores tenham tentado várias vezes descobrir o local no qual esse sistema estaria enterrado. Mas, então, o que sabemos?
Tunguska
Foto antiga mostrando a devastação em Tunguska
Crédito: Revista UFO
Bem, o que se tem de registro é que no início da manhã de 30 de junho de 1908, algo explodiu sobre a Sibéria. Sim, também na Sibéria. O evento destruiu a quietude normal da taiga escassamente povoada, e a explosão foi tão poderosa que achatou uma área de floresta de 2.150 km2, e derrubou cerca de 80 milhões de árvores.
Os relatos de testemunhas oculares descrevem uma bola de luz brilhante, janelas quebradas, gesso caindo e uma detonação ensurdecedora não muito longe do rio local. O evento de Tunguska foi posteriormente caracterizado como tendo sido a explosão de um meteoro de até 30 megatons, a uma altitude de 10 a 15 km, na atmosfera terrestre.
O acontecimento é conhecido como sendo maior evento de impacto na história registrada, mesmo que nenhuma cratera de impacto tenha sido encontrada.
Pesquisas posteriores revelaram fragmentos de rocha que poderiam ter origem meteórica, mas o evento ainda tem um ponto de interrogação iminente. Foi realmente um bólido? E se não fosse, o que poderia ser?
Passando de raspão
Asteroide passando pela Terra. Crédito: New Atlas
Bem, é possível que nunca possamos realmente saber, mas, de acordo com um artigo recente, um grande asteroide de ferro entrando na atmosfera da Terra, e percorrendo o planeta a uma altitude relativamente baixa antes de voltar ao espaço, poderia ter causado os efeitos de Tunguska, produzindo uma onda de choque que devastou a superfície.
“Estudamos as condições da passagem de asteroides com diâmetros de 200, 100 e 50 metros, consistindo em três tipos de materiais: ferro, pedra e gelo d’água, através da atmosfera da Terra com uma altitude de trajetória mínima no intervalo de 10 a 15 km”, disseram pesquisadores liderados pelo astrônomo Daniil Khrennikov, da Universidade Federal da Sibéria em um artigo .
“Os resultados obtidos sustentam nossa ideia de explicar um dos problemas de longa data da astronomia que é o fenômeno de Tunguska. Argumentamos que o evento foi causado por um asteroide com corpo de ferro, que passou pela atmosfera da Terra e continuou até a órbita quase solar”, diz a equipe.
Sem cratera, sem detritos, sem onda de choque?
Cratera de impacto em Winslow, Arizona, Estados Unidos Crédito: Nikolas_jkd / iStock.com
Os cientistas modelaram matematicamente a passagem de todas as três composições de asteroides em tamanhos diferentes para determinar se tal evento é possível.
De acordo com os cálculos da equipe, o culpado mais provável é um meteorito de ferro entre 100 e 200 m, que voou por 3.000 km pela atmosfera, a uma velocidade mínima de 11,2 km/s e a uma altitude também mínima de 11 km.
Esse modelo explicaria a falta de uma cratera de impacto, por exemplo, já que o meteoro teria passado rapidamente pelo epicentro da explosão sem cair.
A falta de detritos de ferro também é explicada por essa alta velocidade, uma vez que o objeto estaria se movendo muito rápido e estaria muito quente para cair, Qualquer perda de massa seria, disseram os pesquisadores, pela sublimação de átomos de ferro individuais, que se pareceriam exatamente com óxidos terrestres normais.
“Nesta versão podemos explicar os efeitos ópticos associados a uma forte poeira das camadas altas da atmosfera sobre a Europa, o que causou um brilho intenso no céu noturno”, explicam os pesquisadores
Embora os resultados sejam certamente convincentes, há algumas limitações que os cientistas esperam resolver em pesquisas futuras. E eles não lidaram com o problema da formação de uma onda de choque, embora suas comparações iniciais com o meteorito de Chelyabinsk, 2013, permitissem que uma enorme onda de choque ocorresse em Tunguska.
A pesquisa foi publicada nos avisos mensais da Royal Astronomical Society.
Fonte: Scientist Alert
Veja abaixo um vídeo sobre Tunguska: