Invasão. Se tivéssemos que resumir em uma só palavra os acontecimentos pesquisados pela Força Aérea Brasileira (FAB) na região de Colares, no município de Vigia, no litoral do Pará, nos anos de 1977 e 1978, esta seria a mais apropriada. Como a Revista UFO já divulgou amplamente, a população da região se viu cercada por objetos que sobrevoavam as embarcações, mergulhavam nos rios, embrenhavam-se entre as copas das árvores e atacavam, através de um foco de luz que causava paresia [Paralisia incompleta], hipertermia, cefaléia, queimaduras superficiais, calor intenso, náuseas, tremores do corpo, tontura e astenia [Fraqueza].
Os resultados mais visíveis dos ataques eram minúsculos orifícios na pele das vítimas, que os moradores do local julgavam ser de onde era extraído seu sangue. Por isso, o fenômeno ficou conhecido como “chupa-chupa” ou simplesmente “o chupa”. No vizinho Maranhão os artefatos eram chamados de “aparelhos”. O pavor fazia com que a população passasse noites em claro, acendesse fogueiras e soltasse fogos com o intuito de afugentar aquelas luzes hostis, em vão. Percebendo que a situação era grave e que o povo estava indefeso, o prefeito de Colares dirigiu-se ao I Comando Aéreo Regional (COMAR I), em Belém (PA), a 80 km de Colares, pedindo providências. Foi quando teve início uma parte extraordinária da história oficial da Ufologia Brasileira, que apenas recentemente veio à tona, a ainda assim de forma não completa, através da liberação de documentos ufológicos secretos da Aeronáutica, como resultado da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, conduzida pela Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) através da Revista UFO [Veja edições UFO 148, 150 e 151].
Hoje, a referida invasão fica ainda mais evidente com uma análise detalhada da extensa documentação liberada pelo Governo Brasileiro sobre a missão militar que pesquisava UFOs na Amazônia, a Operação Prato. Realizada pela 2º Seção de Operações de Inteligência da Aeronáutica, também conhecida como A2 do I COMAR, entre setembro e dezembro de 1977, a operação envolveu dezenas de militares que registravam de forma sistemática os relatos de uma população em desespero face à natureza inexplicável de tais fenômenos. Mais do que apenas coletar relatos, os militares envolvidos na operação tornaram-se testemunhas em muitas situações em que se deparavam com objetos voadores gigantescos e sondas ufológicas que realizavam manobras impossíveis de serem feitas por qualquer aeronave terrestre.
Nas páginas da documentação oficial hoje disponível para todos, graças a um intenso trabalho da CBU, é possível saber detalhes até então desconhecidos da Operação Prato, como quais eram os procedimentos adotados, os meios de transporte e de comunicação empregados, os recursos fotográficos, óticos e de registro dos objetos voadores não identificados usados, e até mesmo como era feita a sustentação financeira daquela missão militar. Tudo está nas centenas de páginas que vazaram aos ufólogos nas décadas de 80 e 90 e nas recentes liberações oficiais. Nelas abundam relatos dos moradores e dos próprios militares envolvidos com a operação, além de um riquíssimo material gráfico, com ilustrações que mostram as formas dos objetos pesquisados e mapas com suas rotas, tudo devidamente registrado com informações de dia, hora e local das aparições.
Documentação extra-oficial
Desde 1985, quando foram publicadas algumas fotos feitas pela FAB na Amazônia, pela então revista Ufologia Nacional & Internacional, antecessora da UFO, já era de conhecimento da Comunidade Ufológica Brasileira a existência de uma operação oficial destinada a pesquisar UFOs na Região Amazônica. Nos anos seguintes, mais precisamente em junho de 1997, com a entrevista concedida à esta publicação pelo coronel Uyrangê Hollanda [Veja edições UFO 054 e 055], veio à tona a totalidade dos fatos ocorridos no decorrer da Operação Prato e uma série de documentos que comprovavam sua realização vazaram para os ufólogos. Eles constituíram uma das bases para a idealização do movimento UFOs: Liberdade de Informação Já e hoje compõem, juntamente com a documentação oficialmente liberada, um acervo de textos e imagens de importância ímpar para a Ufologia Brasileira e Mundial.
Nos documentos conseguidos extra-oficialmente, através de vazamentos diversos, todos tendo como alvo a Revista UFO, outro oficial também merece destaque. Trata-se do sargento João Flávio de Freitas Costa, que esteve antes de Hollanda nos locais das aparições. Na entrevista concedida à UFO, em 1997, o próprio Hollanda comenta sua chegada e contato com os militares que já estavam no local pesquisando os fenômenos: “Eles avistaram mais coisas e acreditavam mais do que eu naquilo. E me pressionavam: ‘como pode você não acreditar?’ Um desses agentes era o sub-oficial João Flávio de Freitas Costa, já falecido, que até brincava comigo dizendo que eu era cético até que uma dessas coisas não viesse parar em cima de minha cabeça. ‘Quando uma nave acender sua luz sobre o senhor, aí eu quero ver’, dizia ele, sempre gozando de meu descrédito”.
É justamente de Freitas a assinatura no primeiro relatório da missão, que compreende o período de 20 de outubro a 11 de novembro de 1977. Além deste documento, existe um segundo compreendendo o período entre 25 de novembro a 05 de dezembro de 1977, assinado pelo então capitão Hollanda, chefe de operações do A2 do I COMAR. Estes relatórios são divididos em itens básicos: Parte Operacional e Parte Informativa. No primeiro era descrito o assunto tratado [“Aparecimento de luzes de procedência desconhecida no espaço aéreo inferior”], a missão militar, os nomes dos agentes, os meios utilizados e uma descrição das atividades realizadas, tais como deslocamentos, com dia e horário de chegada e saída, se era feito contato com moradores, horários de vigília e descanso.
Parafernália para pesquisa ufológica
O “espaço aéreo inferior” citado no relatório compreende como limite inferior o solo ou a água, no caso de rios, e como limite superior o nível de vôo 245, inclusive. Este dado é citado como “FL 245” nos documentos, abreviação em inglês de flight level, e que corresponde a 24.500 pés ou cerca de 7.400 m. Ainda segundo o documento, os oficiais utilizavam viaturas descaracterizadas, comunicavam-se através de transreceptores portáteis, possuíam câmeras Minolta SRT 101 com teleobjetiva e zoom de 100/200 mm, gravador de vídeo UHER, binóculos X5 e um teodolito met
eorológico – equipamento utilizado para medir a elevação e distância dos objetos observados. Enfim, uma parafernália exemplar para pesquisa ufológica.
Os oficiais se dividiam em equipes que eram distribuídas em locais onde os moradores comentavam o aparecimento das luzes com maior freqüência, ocorrendo, inclusive, situações em que o mesmo objeto fora fotografado por mais de uma equipe, em pontos diferentes. Nos relatórios também existem descrições de centenas de passagens de corpos luminosos em várias direções, praticamente todo o tempo em que os oficiais da Operação Prato estiveram presentes. Obviamente, os militares tinham o conhecimento necessário para distinguir tais objetos luminosos de meteoritos, satélites e aeronaves. Isso fica evidenciado em algumas ocorrências em que certas luzes observadas eram classificadas como satélites artificiais. Mas a grande maioria das aparições era de luzes que os oficiais não conseguiam identificar, conforme consta no relatório: “Deixaram-nos dúvidas e falta de explicação, baseadas nos nossos padrões de conhecimento”.
Um fato curioso que pode ser observado na documentação oficial liberada, assim como na que vazara antes – e há interpolação entre ambas –, era que, no início, o objetivo da missão militar na selva era desmistificar o que se dizia ocorrer na região. O próprio coronel Uyrangê Hollanda não acreditava que as luzes tivessem algo de extraordinário. Isso também fica evidenciado em algumas atividades feitas pelos militares, como em 30 de outubro de 1977, na vila de Colares, quando os moradores foram reunidos para apresentação de slides com imagens da chegada do homem à Lua, talvez com o intuito de demonstrar à população que o homem já caminhava para a conquista do espaço e que as tais luzes que eram vistas nada mais eram do que satélites construídos aqui mesmo na Terra.
Para este mesmo objetivo, no dia 01 de novembro de 1977, conforme consta no relatório oficial, foi realizado um vôo com um helicóptero militar, modelo UH–1H, para o que se chamou de “teste da população”, uma simulação para ver sua reação diante da aeronave nos céus – vale lembrar que aquela era uma região remota e nem todos os habitantes estavam familiarizados com helicópteros. Mas o que se registrou foram relatos de luzes não identificadas acompanhando o aparelho em pleno vôo – as inteligências que provocavam os fenômenos na Amazônia não davam tréguas.
Já na Parte Operacional do relatório da Operação Prato eram registrados apenas os contatos feitos com as testemunhas, mas não um detalhamento dos relatos que elas davam dos fatos ocorridos, assim como as observações de objetos voadores não identificados feitas pelos militares também não eram detalhadas – isso tudo foi registrado na segunda parte do relatório, chamada de Parte Informativa. O material conseguido extra-oficialmente ainda possui um resumo sintético cronológico com relatos e observações realizadas nos anos de 1977 e 1978, com 33 páginas e aproximadamente 280 registros. Há ainda muitos relatórios de missões de menor escopo a partir de dezembro de 1977 e em todo o ano de 1978 envolvendo Hollanda, o sargento Freitas e diversos outros agentes. Isso demonstra que, apesar do encerramento oficial da Operação Prato ter ocorrido em dezembro de 1977, as pesquisas de objetos voadores naquela região continuaram por, no mínimo, mais um ano – o envolvimento daquelas equipes com as pesquisas chegou a tal ponto que existem relatórios entre junho e julho de 1978 feitos no período de férias dos oficiais.
O envolvimento do SNI
Recentemente, novos documentos sobre a Operação Prato foram liberados pelo Governo, desta vez tendo uma origem inusitada: o antigo e temido Serviço Nacional de Informações (SNI), órgão então ligado ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), hoje sucedido pela Agência Brasileira de Inteligência (ABIN). Ou seja, dos porões da Ditadura Militar (1964-1985) saíram páginas e mais páginas de documentos sobre pesquisas de objetos voadores não identificados com a chancela governamental. Os documentos são identificados através da sigla ACE, de Arquivo Cronológico de Entrada, e possuem uma numeração, ACE 3253/83 e ACE 3370/83. Desde a histórica entrevista do coronel Uyrangê Hollanda a A. J. Gevaerd e Marco Petit, editor e co-editor da Revista UFO, em 1997, já se sabia do envolvimento do SNI nas missões da Operação Prato, mas nenhum documento jamais fora revelado sobre isso.
Diferentemente da documentação extra-oficial vazada para os ufólogos, os relatórios do SNI têm sua autenticidade reconhecida e estão disponíveis nas pastas da Coordenadoria Regional do Arquivo Nacional, em Brasília, assim como no Portal UFO [ufo.com.br]. Neles há inúmeros relatos da manifestação ufológica na selva e como e por quem foi investigada. Por exemplo, de tais pasta consta a passagem pelo A2 do I COMAR do repórter da revista Homem, Palmério Dória Vasconcelos, em 25 de janeiro de 1978. Conforme o documento Informação 0171/119/ABE/78, do SNI, Vasconcelos tinha como objetivo apurar o que a Força Aérea Brasileira (FAB) havia descoberto de concreto sobre o aparecimento de UFOs nos céus do Pará. Obviamente, o oficial que o atendeu não lhe deu nenhuma informação, como consta no material: “Procurou-se despistar [O repórter], não lhe fornecendo nenhum dos dados solicitados”.
Um segundo documento, intitulado Informação 1802/320/ABE/77 e datado de 29 de novembro de 1977, embora com apenas cinco páginas, traz um resumo sobre a missão militar na região de Colares, o que a motivou, quais as conclusões a que se chegou e alguns dos principais relatos de testemunhas. Dentre eles figura o da médica da unidade sanitária de Colares na época, a doutora Wellaide Cecim de Carvalho, e do pároco da cidade, o mexicano naturalizado norte-americano e depois residente na Amazônia Alfredo de La Ó [Veja edições UFO 114 a 117]. O documento termina indicando que uma nova empreitada estaria sendo preparada: “O I Comando Aéreo está organizando uma nova missão para prosseguir nas investigações”. Esta passagem indica o que já se sabia: que antes da Opera&ccedi
l;ão Prato propriamente dita, que teve início em setembro de 1977, outra, de menor proporção e mais informativa, foi conduzida pelo I COMAR.
Vigilância da Ditadura Militar
Outro importante documento do SNI associado ao registro da casuística ufológica do Pará é um requerimento da vereadora Dalgiza de Alcântara Garcia, da cidade de Maracanã, que trata de forma alarmada dos aparecimentos de UFOs e ataques. Levando o número 71/77, nele são solicitadas às autoridades competentes “providências que o caso requer, em caráter de urgência”. Como se vê, o serviço de informações da Ditadura mantinha vigilância sobre as manifestações de todos os tipos sobre os assuntos de seu interesse – e discos voadores na Amazônia era um deles. E não foram poucos os prefeitos, vereadores, lideres comunitários e autoridades de todos os tipos que pediam ao Governo do Estado e à Aeronáutica que buscassem resolver a questão.
Ainda constam da documentação do SNI recentemente liberada mapas com as localidades onde os discos voadores e sondas ufológicas teriam aparecido com mais freqüência, assim como uma ilustração com o formato de um UFO descrito por vários moradores de diferentes regiões, e diversos recortes de jornais que noticiaram as aparições do chupa-chupa no Pará e no Maranhão, com destaque para a notícia da morte de um pescador, após ser atingido por uma forte luz que penetrou no porão da embarcação em que passava a noite, o Caso da Ilha dos Caranguejos, que se tornou célebre na Ufologia Brasileira [Veja detalhes no livro Perigo Alienígena, código LIV-014 da coleção Biblioteca UFO. Confira na seção Shopping UFO desta edição e no Portal UFO: ufo.com.br].
Dentre os recortes de jornais da época, percebe-se também que existiu uma tentativa por parte dos militares de esconder da população a natureza e dimensão da manifestação ufológica. Em entrevista ao Província do Pará, em 05 de novembro de 1977, o tenente-coronel Camilo Ferraz, oficial assistente do I COMAR, diz que “tudo não passou de uma mera ilusão de ótica da população, que é de baixo nível intelectual. Os moradores confundiram os satélites artificiais existentes na região e os meteoritos que piscam nos céus com extraterrestres”. Analisando os relatórios da Operação Prato fica evidente que esta declaração não demonstra a realidade dos fatos. Tratou-se de mais um golpe da política de acobertamento, em vão. Felizmente, a abertura iniciada no Brasil e em muitos outros países começa a mudar tal realidade.
Especificamente com relação à Operação Prato em si, e não quanto à casuística ufológica geral do Pará, a documentação oriunda do SNI contém um relatório com ocorrências somente da vila de Colares. Mas seu conteúdo de 18 páginas, compreendendo casos no período de 20 de outubro a 10 de novembro de 1977, é semelhante ao que consta na documentação extra-oficial conseguida anteriormente pela Revista UFO. As datas e horas dos acontecimentos, assim como os nomes das testemunhas, são praticamente os mesmos nos dois materiais. A diferença fica por conta da forma utilizada para descrever os fatos, sendo que o texto do relatório que foi liberado oficialmente parece ser mais informal. Por exemplo, a palavra “luz”, constante no documento do SNI, é substituída no material extra-oficial por “corpo luminoso”.
Outro detalhe que diferencia um documento do outro é que nem todas as ocorrências registradas no relatório do SNI constam na documentação extra-oficial, que parece ter apenas os acontecimentos mais relevantes. Ao que parece, trata-se de um texto preliminar e outro final da mesma missão. Ainda no pacote do SNI há ilustrações de UFOs feitas pelo militares da Operação Prato, baseadas em seus relatos, nas quais é possível ver até tripulantes e as evoluções feitas pelos objetos.
Documentar para ser perpetuada
“Documentar para perpetuar”. Este é o slogan do Centro de Documentação e Histórico da Aeronáutica (Cendoc), órgão fundamental no processo de abertura ufológica do Governo Brasileiro, acionado pela campanha UFOs: Liberdade de Informação Já da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), que tem feito as principais liberações oficiais. É dele que foi liberado recentemente um ofício datado de 14 de fevereiro de 1979, do major-brigadeiro-do-ar Protásio Lopes de Oliveira, na época comandante do I Comando Aéreo Regional (COMAR I), em que o oficial, atendendo à solicitação de seu Estado-Maior, enviava à Brasília uma pasta com 159 folhas referentes aos registros de observações de UFOs no Pará, no período de setembro de 1977 a novembro de 1978, todos ocorridos na área de jurisdição do I COMAR. Esta é mais uma evidência de que o fim da Operação Prato, em dezembro de 1977, definitivamente não decretou o encerramento das pesquisas ufológicas oficiais no norte do país.
Oliveira é figura-chave em toda esta história. Foi ele quem determinou a criação da operação, que designou o então capitão Uyrangê Hollanda para comandá-la e quem decretou seu encerramento – pelo menos no formato em que foi concebida – logo após Hollanda lhe revelar um contato direto com um tripulante de um UFO cilíndrico de grandes proporções às margens do Rio Guajará-Mirim, que banha um dos lados da ilha de Colares, em meados de dezembro de 1977. Recentemente, sua filha, a pedagoga Nahima Lopes de Oliveira Gonçalves, revelou à Revista UFO que seu pai eventualmente trazia para casa, para a família e amigos assistirem, filmes de objetos voadores não identificados sobre os rios da Amazônia, obtidos durante a Operação Prato. “Dava para ver luzes em todos os sentidos”, declarou. Disse ainda que o pai sempre acreditou em vida extraterrestre.
O documento enviado pelo major-brigadeiro-do-ar Protásio Lopes de Oliveira é uma compilação de 130 registros de observações contidas em 139 páginas que também foram liberadas, junto de outros papéis. São casos devidamente cadastrados com um número de registro, a descrição do local de ocorrência, incluindo coordenadas geográficas, data e hora, além de detalhes do objeto observado, tais como cor, forma, tamanho, movimento, velocidade, altitude, distância etc. Os nomes dos observadores também constam do material, assim como ilustrações dos cenários e dos UFOs, mapas com as rotas dos objetos pesquisados e dezenas de fotos que mostram esferas de luz e objetos em forma discóide. Outras 20 páginas com recortes de jornais da época estão nos arquivos do Cendoc, deste que é um dos principais casos ufológicos do Brasil e do mundo.
Montando o quebra-cabeças
A documentação disponível hoje sobre as pesquisas ufológicas desenvolvidas pelo I COMAR, que inclui a Operação Prato, veio de várias fontes, oficiais e extra-oficiais. Por seu volume, constitui um verdadeiro quebra-cabeças o trabalho de classificar todos estes documentos, identificar páginas em duplicidade e organizar toda a documentação, de forma que seja possível reconstituir os passos desta histórica operação militar realizada na Amazônia, considerada como a maior de todas as iniciativas militares a fazer semelhante trabalho, em todo o planeta. As informações ainda estão fragmentadas porque nem todos os documentos que se supõe existirem foram liberados oficialmente, nem mesmo os registros em filme que foram citados por Hollanda em sua entrevista à Revista UFO, que totalizariam 16 horas em películas formato super 8 mm e 16 mm. E, infelizmente, algumas páginas já liberadas ou vazadas têm trechos praticamente ilegíveis – são fotocópias que sofreram a ação do tempo e que posteriormente foram digitalizadas.
Com relação à Operação Prato, o que temos procedente da Força Aérea Brasileira (FAB), através do Cendoc, são relatórios da missões ocorridas entre setembro e dezembro de 1977, sendo seu encerramento prematuro ainda um mistério. Após este período, as pesquisas continuaram em todo o ano de 1978, mas através de incursões menores, com menos agentes envolvidos e por períodos menores de tempo. A partir deste ponto cessam os registros e, no início de 1979, foi feita uma compilação dos principais casos, que resultaram numa pasta que foi enviada para o Estado-Maior da Aeronáutica, mais precisamente em 14 de fevereiro daquele ano. Montar este quebra-cabeças, não só da Operação Prato, mas também de outros casos que vieram a público através da abertura ufológica, será um trabalho que deverá ser exercido por uma nova classe de pesquisador: o ufólogo historiador. Ele terá que trocar seus equipamentos de pesquisa de campo por documentos, pastas, fichas e arquivos.
Os fatos sobre a Operação Prato
REALIZAÇÃO: Missão militar conduzida pela 2º Seção de Operações de Inteligência da Aeronáutica, também conhecida como A2 do I Comando Aéreo Regional (COMAR), entre setembro e dezembro de 1977, envolveu dezenas de militares que registravam de forma sistemática os relatos de objetos voadores não identificados pela população, resultando em inúmeros contatos dos próprios militares com o Fenômeno UFO, inclusive com tripulantes.
DOCUMENTAÇÃO: Mais de 2.000 páginas foram geradas, das quais se conhecem cerca de 450, entre vazadas e liberadas oficialmente. Os relatórios conhecidos são divididos entre Parte Operacional e Parte Informativa.
Relatórios operacionais: Aqueles em que era descrito o assunto tratado, a missão militar, os nomes dos agentes envolvidos, os meios utilizados e uma descrição de todas as atividades realizadas, tais como deslocamentos de um local para outro, com dia e horário de chegada e saída, se era feito contato com moradores, horários de vigília e descanso.
Relatórios informativos: Os arquivos em que havia detalhamento dos relatos das testemunhas, assim como as observações de objetos voadores não identificados feitas pelos militares. Mapas, croquis, fotografias (estima-se que foram obtidas mais de 500) e levantamentos aéreos estão incluídos.