Os filmes de ficção científica são muito mais charmosos do que a realidade quando o assunto são as naves espaciais. Na realidade virtual, motores que emitem apenas luz aceleram as naves a velocidades de dobra espacial e levam nosso heróis para mundos distantes, senão num piscar de olhos, pelo menos no tempo de um intervalo comercial.
Agora, cientistas do Instituto Bae, Estados Unidos, construíram o primeiro motor de foguete movido apenas pela luz, trazendo para mais perto da realidade o que a ficção não se cansa de apregoar. E como não poderia deixar de ser, movido pela luz de um raio laser.
Fótons
As partículas de luz, os fótons, têm sido considerados ineficientes para produzir empuxo ou propulsão porque eles têm massa igual a zero e não possuem carga elétrica. Mas, na ciência, as leis não existem para serem sempre seguidas, mas para serem modificadas – e isso vai acontecer sempre que elas restringirem a imaginação dos cientistas.
Embora não tenham elaborado nenhuma nova teoria revolucionária da física, a equipe do Dr. Young Bae deu um jeitinho para que as teorias atuais não os atrapalhassem. Eles resolveram o problema da ineficiência inerente aos fótons fazendo com que esses fótons ficassem refletindo inúmeras vezes entre dois espelhos.
Propulsão de luz
Utilizando um laser fotônico e um sofisticado sistema de amplificação do feixe de fótons, os cientistas demonstraram que a energia fotônica pode gerar uma propulsão amplificada entre duas espaçonaves fazendo com que os fótons fiquem refletindo milhares de vezes entre as duas.
Com um fator de amplificação de 3.000, a propulsão fotônica é equivalente ao empuxo que atualmente só pode ser gerado por aparatos de laser enormes e com consumo de energia elevado demais para serem utilizados em pequenas sondas espaciais ou satélites artificiais.
Vôo em formação
Embora a propulsão a laser agora demonstrada tenha um sem-número de aplicações futuras, os objetivos do Dr. Bae são bastante imediatos. Ele quer utilizar a propulsão por fótons para construir conjuntos de pequenas naves espaciais capazes de fazer vôo espaciais em formação, com uma precisão nanométrica.
Integrando a propulsão por luz nas chamadas espaçonaves ancoradas – umas ancoradas às outras – será possível a construção de gigantescos telescópios espaciais, muito mais poderosos do que os atuais.
A NASA e a Agência Espacial Européia já têm feito experiências com esse tipo de vôo coordenado de sondas espaciais, mas as tecnologias de propulsão atuais são muito rudimentares para o nível de precisão exigido, por exemplo, de um telescópio espacial cujas imagens são formadas por inúmeros sensores espalhados por centenas de metros.
A propulsão a laser agora demonstrada tem uma precisão 100.000 vezes maior do que a precisão dos experimentos de vôos espaciais em formação já testados ou em estudos.